Rosae Crucis ? pensamentos: Em uma aldeia das montanhas alpinas...
Por Samuel Delgado Tavares | 19/02/2010 | CrescimentoJamais julgarei que certas impressões constituíram um mero sonho...
Ao terminar um grande e fatigante trabalho de investigação na história dos "Rosa-Cruzes", depois de haver lido as páginas carcomidas de volumes antiqüíssimos e manuscritos empoados que se tornaram ilegíveis com o tempo, passando meus dias e boa parte das noites nas bibliotecas dos conventos e nas tendas dos antiquários, reunindo e compilando tudo que me parecia de valor para o meu objetivo, e tendo finalmente terminado meus estudos, decidi gozar umas férias e passá-las na sublime tranqüilidade dos Alpes tiroleses.
"Queres escalar os montes até o cume?
O bardo vencedor eleva-se sobre o vulgo da humanidade e contempla aos seus pés a multidão e suas míseras tarefas. No alto brilha glorioso o sol com suas refulgências esplendorosas. Abaixo, a terra imensa e o profundo oceano; em torno, rochas de gelo. E a vitória troveja com a tempestade, ao roçar seus elevados cumes."
Por que atribuímos consciência humana e sensação aos objetos inanimados? Por que é que em nossos momentos de expansão não nos sentimos satisfeitos de viver dentro de um corpo e nossa consciência aspira fugir de sua prisão para fundir-se na vida do Universo?
Acaso, nossa consciência nada mais é do que um produto da atividade orgânica do nosso corpo denso, ou é uma fração da vida universal concentrada, por assim dizer, em um recinto no interior da matéria física?
A existência depende de nossa consciência pessoal da vida do corpo e, uma vez desaparecido este, morre com ele, ou, na realidade, existe independentemente da entidade transitória uma consciência espiritual, universal e superior ao homem, unida temporariamente à envoltura física, porém suscetível de uma existência livre dela?
Se, mentalmente, podemos planar sobre o cume das montanhas, deslizar gradualmente nas profundidades e subir novamente às alturas, examinando as coisas que à nossa imaginação se apresentam, por que nos sentimos invadidos por essa sensação de plenitude e de gozo, como se estivéssemos realizando ali, deixando o corpo atrás de nós, já que sua grosseira materialidade o impede de acompanhar o vôo do espírito para as alturas intangíveis?
Verdade é que uma parte da nossa vida e da nossa consciência deve integrar a envoltura material a fim de que possa continuar vivendo, durante nossa ausência, presidindo, ao mesmo tempo, as funções vitais; mas todos conhecemos as narrativas dos sonâmbulos e de pessoas em estado extático, nas quais a alma, acompanhada de todo o seu poder consciente de sensação e de percepção, permanece ausente da forma, morta em aparência, e visita lugares distantes, indo e voltando com a rapidez o pensamento, transmitindo e descrevendo os acontecimentos que ali ocorrem, cuja exatidão é logo provada.
Por que em toda parte descobrimos o hálito da vida, inclusive no inanimado, apenas concentrando-nos em um estado que nos permite percebê-lo, como se na realidade vivessem as coisas inanimadas?
Pode existir matéria inerte no Universo? Não existe a pedra por efeito da coesão de suas partículas e que é atraída ao seio da terra pela lei da gravitação?
E esta coesão e esta gravitação, acaso não são respectivamente energia e alma, o princípio interno chamado força, que produz uma manifestação exterior chamada matéria e que deve ser, em último caso, idêntica à força, à substância, seja qual for o nome com que denominemos um fato, de cuja realidade não possuímos noção alguma?
Se for verdadeiro este ponto de vista, então todas as coisas tem vida, todas tem alma e podem existir outros seres e outras almas, cujas formas exteriores não sejam tão grosseiras como as nossas e que permanecem, portanto, invisíveis aos nossos sentidos físicos, porém suscetíveis de percepção da alma.
EM CONTATO COM A NATUREZA E, LONGE DA "VAIDADE" E DA "FRIVOLIDADE" DA VIDA MUNDANA, É POSSÍVEL DESENVOLVER UMA VISÃO MENTAL MAIS CLARA, UMA CONCENTRAÇÃO DE PENSAMENTO MAIS FIRME E UM MAIS ELEVADO CONCEITO DA VERDADE SOBRE OS MISTÉRIOS DA VIDA E DO HOMEM.
NOSSOS SENTIDOS SE AGUÇARIAM NÃO SÓ NA PERCEPÇÃO DAS COISAS INTERNAS COMO DAS EXTERNAS. QUE ALTOS VÔOS TOMARIAM O CONHECIMENTO DE NOSSA PRÓPRIA NATUREZA! QUE VALOR TERIA ENTÃO A VULGARIDADE DA ESCRAVIZANTE MENTIRA SOCIAL, E QUE NOS IMPORTARIAM OS ACONTECIMENTOS DIÁRIOS DESSE MANICÔMIO CHAMADO MUNDO?
Que é afinal de contas, o ser que chamamos de "homem"? Que é esse animal, este organismo vivente de carne e ossos, que vive algum tempo, depois morre e que a imensa maioria tem em tão grande estima como se fosse seu próprio princípio mortal e pelo bem estar do qual sacrifica até "o amor próprio, a dignidade, a honra e a virtude"?
E que é senão um animal, no qual predomina uma atividade intelectual, de uma ordem mais elevada do que o comum dos animais?
Esta atividade intelectual pode ser resultante das atividades mecânicas, químicas e fisiológicas da matéria inerte?
Mas, se o não é, qual seria a causa dessa atividade e poderia essa existir independentemente da forma?
Que é um homem sem sua inteligência?
Se esta é um atributo do espírito, como deve ser necessariamente, que é, pois, o homem sem espírito e sem inteligência espiritual?
Referências:
F ' . ' H ' . '