ROMPENDO BARREIRAS

Por SABRYNA RODRIGUES OLIVEIRA | 19/04/2017 | Educação

INTERDISCIPLINARIDADE

Segundo Ivani Fazenda, a interdisciplinaridade surgiu na França e na Itália em meados da década de 60, num período marcado pelos movimentos estudantis. A interdisciplinaridade teria sido uma resposta a tal reivindicação, na medida em que os grandes problemas da época não poderiam ser resolvidos por uma única disciplina ou área do saber.

No final da década de 60, a interdisciplinaridade chegou ao Brasil, desde então, sua presença no cenário educacional brasileiro tem se intensificado, além de sua forte influência na legislação e nas propostas curriculares, a Interdisciplinaridade ganhou força nas escolas, principalmente no discurso e na prática de professores dos diversos níveis de ensino. Apesar disso, estudos têm revelado que a interdisciplinaridade ainda é pouco conhecida.

Antes de entrarmos na discussão sobre a interdisciplinaridade propriamente dita, precisamos distingui-la de outros termos que têm gerado uma série de ambigüidades por expressarem idéias muito próximas entre si. 

* Níveis de interação entre as disciplinas 

Quando falamos em interdisciplinaridade, estamos de algum modo nos

Referindo a uma espécie de interação entre as disciplinas ou áreas do saber. Todavia, essa interação pode acontecer em níveis de complexidade diferentes. E é justamente para distinguir tais níveis que termos como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade foram criados.

Em seguida, discorreremos sucintamente sobre cada um deles buscando esclarecer as distinções entre tais terminologias. Com isso, esperamos contribuir para um uso mais cuidadoso de tais termos no cotidiano escolar. A classificação apresentada abaixo é a mais comum e foi proposta originalmente por Eric Jantsch e sofreu algumas adaptações de Hilton Japiassú (1976), um dos pioneiros da interdisciplinaridade no Brasil.

1.1 Multidisciplinaridade

A multidisciplinaridade representa o primeiro nível de integração entre os

conhecimentos disciplinares. Muitas das atividades e práticas de ensino nas escolas

se enquadram nesse nível, o que não as invalida. Mas, é preciso entender que há

estágios mais avançados que devem ser buscados na prática pedagógica.

Segundo Japiassú, a multidisciplinaridade se caracteriza por uma ação

simultânea de uma gama de disciplinas em torno de uma temática comum.

A Figura 1 é uma representação esquemática desse tipo de interação, onde cada retângulo representa o domínio teórico-metodológico de uma disciplina.

Observe que os conhecimentos são estanques e estão todos num mesmo nível hierárquico e, além disso, não há nenhuma “ponte” entre tais domínios disciplinares, o que sugere a inexistência de alguma organização ou coordenação entre tais conhecimentos. 

1.2 Pluridisciplinaridade

Na pluridisciplinaridade, diferentemente do nível anterior, observamos a presença de algum tipo de interação entre os conhecimentos interdisciplinares, embora eles ainda se situem num mesmo nível hierárquico. Como o esquema da Figura 2 sugere, há uma espécie de ligação entre os domínios disciplinar e sindicando a existência de alguma cooperação e ênfase à relação entre tais conhecimentos. 

1.3 Interdisciplinaridade

Finalmente, a interdisciplinaridade representa o terceiro nível de interação entre as disciplinas. A Figura 3 ilustra com clareza a existência de um nível hierárquico superior de onde procede a coordenação das ações disciplinares. Dessa forma, dizemos que na interdisciplinaridade há cooperação e diálogo entre as disciplinas do conhecimento, mas nesse caso se trata de uma ação coordenada. Além do mais, essa axiomática comum, mencionada por Japiassú, pode assumir as mais variadas formas. Na verdade, ela se refere ao elemento (ou eixo) de integração das disciplinas, que norteia e orienta as ações interdisciplinares. A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever,

algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários.

Ela pressupõe uma organização, uma articulação voluntária e coordenada das ações disciplinares orientadas por um interesse comum. Nesse ponto de vista, a interdisciplinaridade só vale a pena se for uma maneira eficaz de se atingir metas educacionais previamente estabelecidas e compartilhadas pelos membros da unidade escolar. Caso contrário, ela seria um empreendimento trabalhoso demais para atingir objetivos que poderiam ser alcançados de forma mais simples. 

1) Interdisciplinaridade heterogênea

Vem a ser uma espécie de enciclopedismo, baseada na “soma” de informações procedentes de diversas disciplinas.

Pertencem a esse tipo os enfoques de caráter enciclopédico, combinando programas diferentemente dosados. Tais programas objetivavam garantir uma formação ampla e geral. Entretanto, segundo Japiassú (1976), as idéias gerais são geradoras de imobilismo.

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