Rio De Janeiro: Sede do Império Português, a Chegada da Corte, Rio Londonizado e a Chegada do Protestantismo na América Portuguesa.

Por Gilson Lopes da Silva Junior | 23/12/2012 | História

Rio De Janeiro: Sede do Império Português, a Chegada da Corte, Rio Londonizado e a Chegada do Protestantismo na América Portuguesa.

 

Professor Gilson Lopes da Silva Junior.

Doutorando em Ciências da Educação.

Mestre em Ciências da Religião.

Licenciado em História.

 

Bacharel em Teologia Luiz Carlos Martins.

 

A vinda da família Real Portuguesa para a América portuguesa, escoltada

pela Inglaterra Protestante.

 

Essa obra acadêmica foi produzida com louvor pelo meu aluno Luiz Carlos Bacharel em Teologia, como professor fui seu orientado e participei ajudando-o na sua pesquisa. Esse trabalho tem por finalidade apresentar mudanças radicais que ocorreram no Rio de Janeiro com a Chegada da Família Real e por fim a chegada de protestantes e as primeiras igrejas evangélicas.

 

Durante o início do século XIX, a Europa estava agitada pelas guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no continente europeu. Em meados do século XIX, havia tensões entre as nações europeias que pretendiam aumentar seus impérios e almejavam terras longínquas como regiões africanas e asiáticas, o continente americano era um poço turbulento, muitas províncias europeias estavam se desligando das suas metrópoles e buscavam suas independências, o “Brasil” ainda era uma região portuguesa mas conheceu o rico desenvolvimento devido a chegada da Família Real Portuguesa no Rio de Janeiro em 1808 quando essa cidade se tornou a Sede do Império Português no mundo.

Posteriormente a eclosão da Revolução Francesa em 1789, Napoleão Bonaparte, foi empossado como comandante militar dos exércitos franceses. Em 1799 Napoleão comandou o golpe de 18 de Brumário (no calendário revolucionário francês, 09 de setembro de 1799), que pôs fim a revolução francesa ao dissolver o diretório (O Poder Executivo foi outorgado ao Diretório, uma comissão constituída por cinco diretores eleitos por cinco anos. E, apesar disso, em 1796 a burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas). A partir disso, foi concentrando o poder em suas mãos o que desencadearia, nos 15 anos seguintes, inúmeros conflitos continentais entre as potências envolvidas na disputa pelo controle do comércio mundial. Em dois de dezembro de 1804 torna-se Imperador Francês principiando o que se chamam de Era Napoleônica.

Posteriormente se industrializar e arrojar-se economicamente, a França se tornou uma ameaça para a Inglaterra, que naquela época era a maior potência industrial do mundo. Para enfrentar a França de Napoleão, a Inglaterra aliou-se a Áustria e a Rússia, países que almejavam deter o avanço dos ideais da Revolução Francesa em seus territórios. Pois eram nações que possuíam Coroas absolutistas e temiam o avanço revolucionário liberal da Revolução Jacobina, os ares absolutistas europeu estavam com seus dias contados, porém Áustria e Rússia viam no Reino da Grã-Bretanha uma saída para se posicionarem e manterem seus ideais políticos centralizadores em torno da Realeza.  Com isso, em outubro de 1805, Napoleão tentou medir forças com os ingleses no mar, no entanto a frota francesa foi destroçada na batalha de Trafalgar, a marinha britânica estava sendo comandada por Lorde Nelson, que infringe essa grande derrota aos franceses e assumindo a Inglaterra o controle absoluto dos oceanos. O poder militar naval mundial era de exclusividade da Inglaterra, conhecida como “Senhora dos Mares”, mantenedora de marinheiros altamente profissionais e competentes e navios extremamente modernos pra época e totalmente eficazes no âmbito militar.

Em contrapartida, um mês e meio após essa batalha, o exército napoleônico venceu a Áustria na Batalha de Austelitz e, no ano de 1806, venceu a Prússia na Batalha de Iena. Logo em seguida, Napoleão decretou o bloqueio continental, proibindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas forças francesas comercializasse com a Inglaterra. O objetivo do bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria invadido pelo exército francês. Assim toda a Europa continental iria comercializar com a recente industrializada França e a Inglaterra iria buscar novos mercados consumidores, primeiro alvo seria Portugal com sua rica colônia a América Portuguesa que poderia ofertar aos ingleses plenas condições de comércio mantendo em alto o seu farto setor industrial.

Em 1807, Bonaparte obteve outro sucesso militar e diplomático: após derrotar os russos em território polonês, obrigou o Czar Alexandre I a assinar o Tratado de Tilsit. Nesse acordo, a Rússia se comprometia a respeitar o bloqueio econômico imposto à Inglaterra e reconhecer a hegemonia francesa na Europa.

Todavia, o bloqueio continental contrariava também os poderosos interesses econômicos do continente. Outra fragilidade do bloqueio encontrava-se no fraco desempenho das indústrias francesas, incapazes de ocupar o grande vazio deixado pelo corte de fornecimento britânico. Além disso, tinham os produtos coloniais, cuja distribuição era controlada pela Inglaterra.

Portugal dependia economicamente da Inglaterra. Então havia por parte de D. João uma relutância, pois temia a França mais dependia da Inglaterra. Sem poder responder negativa ou positivamente ao ultimato francês do bloqueio continental, a situação de Portugal refletia com toda a clareza a impossibilidade de manter o “status quo”. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe resistir e sem poder prescindir da aliança britânica, D João, que assumira a regência do reino em 1792, no impedimento de sua mãe, considerada louca, ficava cada vez mais hesitante qual atitude a tomar, pois qualquer opção poderia significar o desmoronamento do sistema colonial ou o que dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que houvesse uma solução viável. Neste contexto, destacou-se o papel desempenhado por Strangford, que como representante diplomático da Inglaterra, soube impor, sem vacilação, o ponto de vista da Coroa britânica.

Para a Corte de Lisboa coloca-se a seguinte situação: permanecer em Portugal e sucumbir a Napoleão ou retirar-se para a América Portuguesa. Sendo a última defendida pela Inglaterra. Napoleão então manda invadir Portugal em 1807, o exército francês comandado pelo general Junot entrou em Portugal pela Beira Baixa, passou por Abrantes e entrou na capital em 30 de novembro, não encontrando mais a Corte Portuguesa que já tinha fugido.                          

 Em Lisboa, assim que se soube da aproximação das tropas francesas, a Corte preparou-se para abandonar o reino e partir para a América Portuguesa, estava pressionada pela invasão e pela Inglaterra, a decisão foi tomada de maneira tão apressada e atabalhoada que muita coisa dos fugitivos ficou para trás. As embarcações vieram tão cheias de gente, sem os cuidados técnicos necessários a uma tão longa viagem, levaria três meses para a travessia do Atlântico, pelo menos duas naus não partiram, pois não conseguiram zarpar e o suprimento dos que zarparam, no dia 29 de novembro, mal eram suficientes para duas ou três semanas. Foi uma fuga apressada e sem a assistência da escolta britânica, a prover quase tudo o que se precisava, a viagem teria um fim desastroso.

 D. João trouxe sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joaquina; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro que veio a ser o Imperador do Brasil, e cerca de 15.000 pessoas entre nobres, militares, religiosos e funcionário dos da coroa portuguesa.

A travessia do atlântico foi penosa, pois os navios eram selados e não preparados para tanta gente, sem acomodações adequadas, e quando chegou aos trópicos o calor fez deles uma sauna, tinham a água e refeições racionadas e condições sanitárias precárias. O escorbuto e outras moléstias ceifaram várias vidas, uma infestação de piolhos obrigou a todos a raspar a cabeça, uma tormenta provocou um desvio de rota que foi retificada a muito custo, sempre com o apoio logístico da Marinha Britânica, e finalmente em 22 de janeiro de 1808 os navios chegaram ao porto de Salvador na Bahia.

Foram recepcionado por João Saldanha Melo Torres Guedes de Brito, sexto conde da Ponte, que governou a capitania da Bahia ente 1805 e 1809. Tornou-se conhecido pela forma autoritária como tratava os escravos, e foi o responsável pela construção do Teatro de São João em Salvador, inaugurado em 12 de outubro de 1813.

No dia 28 de janeiro, uma semana depois de chegar a Salvador, depois de mais uma cerimônia de Te Deum, D. João vai ao senado da câmara assinar seu mais famoso ato em território da América Portuguesa: a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas.         

A partir dessa data, estava autorizada a importação “de todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadorias transportadas em navios estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmonia com a Real Coroa”.

Embora a abertura dos portos tivesse vindo ao encontro dos interesses dos proprietários rurais brasileiros, essa medida tinha em vista apenas o interesse e a conveniência da corte. “Segundo palavras de um jornalista brasileiro da época, Hipólito José da Costa:”. O governo português, quando se mudou de Lisboa para o Brasil, deixou em poder dos franceses, os portos de Lisboa e Porto, os únicos com que o Brasil comerciava na Europa; logo não podendo obter dali o que precisava, precisando recorrer a outros portos, não querendo ir à Inglaterra para trazer o que necessitava, pois precisaria pagar por isso. Logo, a abertura ou franquia deste comércio foi adotada para que o governo não perecesse.

Além disso, a liberação do comércio internacional da colônia era uma dívida que D. João tinha com a Inglaterra. Foi o preço que pagou pela proteção contra Napoleão, devidamente negociado em Londres em outubro de 1807 pelo embaixador português D. Domingos de Souza Coutinho. O acordo não só previa a abertura dos portos, mas também a autorização para a instalação de uma base naval britânica na ilha da Madeira ”A abertura dos portos ao comércio mundial significava na realidade apenas o comércio com a Inglaterra, enquanto durasse a guerra no continente”, segundo o historiador Alan Manchester.

Segundo o historiador Melo Moraes, na véspera da partida, em Lisboa, o representante britânico Lorde Strangford teve uma reunião com o ministro Antônio de Araújo, na qual avisou que o almirante Sidney Smith só levantaria o bloqueio naval e permitiria a saída da esquadra portuguesa mediante as seguintes condições: “A abertura dos portos do Brasil, a Inglaterra, a concorrência livre e reservada para a Inglaterra, desde logo, uma tarifa de direitos insignificante; e até um dos portos do Brasil (o de Santa Catarina) fosse entregue a Inglaterra”. Araújo teria reagido com irritação, mas o fato é que, com exceção do porto exclusivo em Santa Catarina, todas as exigências seriam atendidas depois da chegada da D. João a América Portuguesa. Como Portugal era uma nação mercantilista sua economia girava em torno das suas colônias da América, África e Ásia. Dependiam maciçamente dos Oceanos e consequentemente precisavam da proteção da toda poderosa Marinha Real Britânica, os ingleses como aliados se aproveitaram ao máximo dessas condições e negociaram com Portugal cobrando privilégios no território Português nas Américas, as taxas alfandegárias eram totalmente favoráveis ao governo inglês.

A franquia dos portos teve importantes consequências, pois deu inicio a um duplo processo: o da emancipação política do Brasil e o seu ingresso na órbita de influencia inglesa. Os grandes proprietários escravagistas brasileiros havia muito e reivindicavam o livre comércio com as nações estrangeiras. Assim, não obstante o seu caráter provisório, a medida tornou-se irreversível, pois os grandes proprietários não aceitariam a volta pura e simples à antiga condição colonial.

Além disso, essa camada dominante colonial contava com o apoio da burguesia inglesa, a quem não interessava o fechamento do mercado brasileiro. A família Real vem para o Rio de Janeiro, a nova capital do império, chegando no dia 7 de março de 1808, mas desembarcando somente no dia seguinte. Foram saudados com muitos fogos, tiros de canhões e festas populares era a chegada do “primeiro monarca a terras americanas”.

O povo aglomerou-se no porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a catedral, onde, após a missa em ações de graças, o rei concedeu o primeiro “beija-mão”.

A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro provocou uma grande transformação na cidade. D. João teve que organizar a estrutura administrativa do governo. Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento diversas secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e criou o Banco do Brasil.

Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a cidade digna de ser a nova sede do Império português. O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua residência, o Palácio dos Governadores, no largo do Paço, que passou a ser chamado de Paço Real, para o rei e sua família e exigiu que os moradores das melhores casas da cidade fizessem o mesmo. Duas mil residências foram requisitadas, pregando-se nas portas o “PR”, que significa “Príncipe Regente”, mais que o povo logo traduziu na irreverência como “Ponha-se na Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e conventos também foram ocupados. A cidade passou por uma reforma geral: limpeza de ruas, pinturas nas fachadas dos prédios e apreensão de animais.

As mudanças provocaram o aumento da população na cidade do Rio de janeiro, que por volta de 1820, era de 100.000 habitantes, entre os quais muitos eram estrangeiros, portugueses, comerciantes ingleses, corpos diplomáticos, ou mesmo deslocamento da população interna que procurava novas oportunidades na capital.

As construções passaram a seguir os padrões europeus. Novos elementos foram incorporados ao mobiliário; espelhos, bibelôs, papéis de parede, quadros, instrumentos musicais, relógios de parede.

Com a Abertura dos Portos e os Tratados de comércio e de Aliança e Amizade estabelecendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o comércio cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou seu movimento que passou de 500 para 1200 embarcações anuais. Diversos produtos ingleses que eram novidades no mundo passaram a serem consumidos no Brasil como as elegantes roupas, os finos talheres, os luxuosos relógios, as sombrinhas e as luvas femininas e outros produtos que modificaram a vida dos portugueses residentes na América e mantiveram acessa a economia inglesa mesmo com o Bloqueio Continental imposto por Napoleão Bonaparte.

Para a elite, a presença da Corte e o número crescente de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade com novos produtos e padrões de comportamento em moldes europeus, tanto na cultura como na religião. Sem dúvida, a vinda de D. João deu um impulso à cultura e mudanças profundas no Brasil.

Em abril de 1808, foi criado o arquivo central, que reunia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras públicas. Em maio, D. João criou a imprensa régia e, em setembro surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60.000 volumes trazidos de Lisboa. Foram criadas as Escolas de Cirurgia e Academia de Marinha ainda em 1808, a aula de comércio e Academia Militar em 1810, a Academia Médico-cirúrgica em 1813. A ciência também tomou um grande impulso com a criação do Observatório Astronômico em 1808, do Jardim Botânico em 1810 e do Laboratório de Química em 1818.

As Artes também foram impulsionadas, em 1813 foi inaugurado o Teatro São João (atual João Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, escultores, arquitetos e artesões, chegaram ao Rio de Janeiro para criar a Imperial Academia de Desenho, Pintura e Arquitetura civil.

A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros estrangeiros que fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil, muitos que fixaram residência aproveitando as oportunidades que se colocava, trouxeram informações sobre o que acontecia no mundo e também tornou este país conhecido, por meio de livros e artigos em jornais e revistas que aqueles profissionais publicavam. Foi uma mudança profunda na cidade.

 Quando D. João aporta no Rio de Janeiro as casas dos ricos eram grandes, mas sem luxo, pois era proibido por lei ostentar riquezas, as casa precisavam respeitar regras arquitetônicas, as elites investiam nos templos que eram riquíssimos. Com a chegada da Corte a proibição de exibir riquezas acabou a elite então reformou e aumentou seus palacetes. Nascia então à nova capital do Império Português.

Com todo envolvimento da Inglaterra entorno do reinado de Portugal, houve uma influência muito grande dessa nação sobre o Brasil. Após a abertura dos portos as ”nações amigas” (Inglaterra), no primeiro dia de abril D. João estabeleceu que a alvará de cinco de janeiro de 1785, que determinava a proibição de manufaturas no Brasil, fosse anulado. Com isso, os comerciantes brasileiros poderiam instalar indústrias no país.

Apesar de benéfica, essa ação não viabilizou o desenvolvimento da atividade industrial. A Inglaterra, já nessa época iniciou a dominação do mercado consumidor brasileiro com uma enxurrada de produtos. Com isso, seria praticamente impossível que algum mercador ou comerciante local tivesse interesse ou condições de dispor investimentos que pudessem competir com a qualidade e o preço das mercadorias britânicas.

Para sacramentar essa mudança no cenário econômico brasileiro, as autoridades portuguesas realizaram em 1810, a assinatura do Tratado de Cooperação e Amizade. Esse acordo confirmou a liberação dos portos para as demais nações do mundo. Sob o ponto de vista histórico, a assinatura desse termo simbolizava a vitória da doutrina econômica liberal sobre as antigas diretrizes do mercantilismo.

 A vantagem obtida pelos ingleses nesse acordo ficava claramente percebida nas alíquotas alfandegárias que foram determinadas. Segundo o documento, os ingleses pagariam 15% de imposto sobre as mercadorias que desembarcassem nos portos brasileiros. Em contrapartida, os navios portugueses se submeteriam ao valor de 16% de imposto e as outras nações estrangeiras ficariam com um tributo de 24%. Estava assegurada a hegemonia britânica sobre a economia brasileira.

Os reflexos desse tratado foram bastante distintos de acordo com os interesses de cada uma das nações a serem consideradas. Para o Brasil, a abertura dinamizou a economia, estabeleceu o acesso a novas mercadorias e diminuiu o custo de vida. Para os portugueses, essa decisão representava o fim dos amplos lucros obtidos com a sua mais lucrativa colônia. Por fim, os ingleses, esse seria uma importante conquista econômica que garantiu o incremento de sua receita.

Além dos ganhos econômicos, a Inglaterra também impôs no tratado, clausuras que humilharam a soberania portuguesa, entre elas: o direito da extraterritorialidade, que permitia aos súditos ingleses radicalizados em domínios portugueses serem julgados aqui por juízes ingleses, segundo a lei inglesa; o direito de construir cemitérios e templos protestantes, desde que sem a aparência externa de templo; a garantia de que a inquisição não seria instalada no Brasil, com o que a Igreja Católica perderia o controle das almas.

Em relação à escravidão ficou determinada uma gradual abolição do comércio dos escravos e, também, que os portugueses só os capturariam nas regiões africanas pertencentes a Portugal. A ação repressiva inglesa vai mais além, tentando impor um prazo para o encerramento do tráfico negreiro como, também, a busca em navios que considerasse ”suspeitos”, de comerciar escravos negros.

Houve uma gritaria geral no Rio de Janeiro, e em outros pontos da colônia, pois muitos interesses foram prejudicados, além daqueles antigos colonizadores. Os bispos e padres católicos eram contrários à liberdade de culto para os protestantes; os magistrados não concordavam com a existência do juiz inglês; os traficantes negreiros protestaram contra as limitações impostas à escravidão; os comerciantes sentiram-se totalmente ameaçados nos seus negócios. Para esses grupos, os ingleses estavam se tornando os novos colonizadores. A colônia saia da esfera do colonialismo mercantilista português para ingressar na dependência do capital industrial inglês.

Era sensível a desigualdade do Tratado. Também no capítulo da tolerância religiosa e da liberdade de consciência, que igualdade poderia estabelecer-se entre os ingleses, que obtinham a faculdade de erigir suas capelas, sem forma exterior de templos nem sinos muito embora, e proceder livremente às cerimônias do seu culto ou cultos sem serem inquietados ou percebidos, e os portugueses aos quais, concedendo aquela tolerância e liberdade em matéria espiritual, nenhum favor novo outorgava o governo britânico a Coroa portuguesa.

Desenvolvimento do Rio de Janeiro, promovida pela Família Real e, a permanência constante dos Ingleses no Rio de janeiro e em toda América Portuguesa.

 

Com o nascimento dessa nova capital do Império, a cidade do Rio de Janeiro, a Corte passa a ter uma política de imigração, pois havia uma necessidade de mão de obra para todos os segmentos de produção e serviços que começaram ser necessários para o bom andamento de uma boa economia. O desenvolvimento se fez necessário, pois o Rio de Janeiro passaria a ser a Sede do Império Português em todo o mundo, daqui sairia às ordens que iriam comandar as colônias na África Cabo VerdeSão Tomé e PríncipeGuiné-BissauAngola e Moçambique. Também na Ásia Filipinas, Parte Índia, Macau, Timor Leste.

Sendo a demanda de economia de exportação como se pretendia ser a brasileira neste período, requeria uma mão de obra especializada. O Imperador, buscando ao mesmo tempo expandir a colonização do interior e satisfazer as elites econômicas com o aumento de trabalhadores rurais e urbanos, buscou nos países Europeus e Estados Unidos a população que considerava necessária para o desenvolvimento da nação. Isso foi um dos principais fatores que contribui para a propagação da ideologia protestante no país

O recrutamento de imigrantes começou por volta de 1820, mas atingiu seu apogeu na metade do século, chegando a contar com 133.000 num só ano (1888).  É importante falar sobre o tratado de Comércio e Navegação, pois ele fez toda diferença para que os ingleses pudessem se fixar na colônia portuguesa e ter liberdade de culto. O artigo XII do tratado de Comércio e Navegação e que regulamenta a estadia dos anglicanos e outros acatólicos na América Portuguesa, diz o seguinte;

“Sua alteza real o príncipe regente de Portugal declara, e se obriga no seu próprio nome e no de seus herdeiros e sucessores, que vassalos de sua majestade Britânica, residentes nos seus territórios e domínios, não serão perturbados, inquietados, perseguidos ou molestados por causa da sua religião, mas antes terão perfeita liberdade de consciência e licença para assistirem e celebrarem o serviço divino em honra do Todo Poderoso Deus quer seja dentro de suas casas particulares, quer seja nas suas igrejas e capelas, que Sua Alteza Real agora, e para sempre graciosamente lhes concede a permissão de edificarem e manterem dentro dos seus domínios. Contanto, porém que as sobreditas igrejas e capelas sejam construídas de tal modo que externamente se assemelhem a casas de habitação e também que o uso de sinos não lhes seja permitido para o fim de anunciarem publicamente as horas do serviço divino. Ademais estipulo que nem os vassalos da Grã-Bretanha, nem quaisquer outros estrangeiros de comunhão diferente da religião dominante nos domínios de Portugal, serão perseguidos, ou inquietados por matéria de consciências, tanto no que concernem suas pessoas como suas propriedades, enquanto se conduzirem com ordem, decência e moralidade e de modo adequado aos usos do país, e ao seu estabelecimento religioso e político. Porém se se provar que eles pregam e declamam publicamente contra a religião católica, ou que eles procurem fazer prosélitos, ou conversões, as pessoas que delinquirem poderá, manifestando-se o seu delito, ser mandadas sair do país, em que a ofensa tiver sido cometida”.

Com esse tratado, os ingleses além da parte comercial, conseguiram grandes prerrogativas especiais, como: entrar e sair do país quando bem entendessem fixar residência, adquirir propriedades e possuir um sistema de justiça paralelo para julgar qualquer causa dos cidadãos britânicos. Os próprios ingleses residentes no país elegeriam seus juízes, que só poderiam ser destituídos pelo governo português mediante prévia aprovação do representante da Inglaterra na América Portuguesa. Na prática existiam duas justiças no país: uma para os portugueses e brasileiros, outra só para ingleses, estes inalcançáveis pelas leis locais.

 Este tratado também concedeu aos estrangeiros residentes ou que viessem a residir na América Portuguesa “perfeita liberdade de culto” para praticarem sua fé.                                             Além dos ingleses dominarem a navegação tiveram em seus marinheiros grandes propagadores do anglicanismo, assim na Igreja Anglicana do Rio de Janeiro acusa o nome do capelão W. Meade, do navio Fondroyan, em 1810, em 1816 chegou a primeiro capelão anglicano Robert C. Crane e apesar disso a primeira Igreja Anglicana no Rio de Janeiro, só foi fundada em 1822, aos cinco de maio, poucos meses antes da independência do Brasil. Foi o primeiro edifício erguido para o culto protestante no Brasil de forma oficial reconhecido pelo Estado Português.

No entanto, é necessário lembrar que a Igreja Anglicana no Brasil era e ainda é como todas as Igrejas de confissão anglicana espalhadas pelo mundo, subordinada à Igreja britânica, sob os poderes do arcebispo de Cantuária. Um dos aspectos importantes que também demonstrou a influência dos ingleses no Brasil foi à ajuda que eles deram para formar as tropas brasileiras que expulsaram as tropas portuguesas do país. Uma das peças centrais no comando dessas tropas foi lorde Crochrane, quando se fala na consolidação da independência brasileira aponta para a importância desse Lorde.

A consolidação da independência se deu em poucos anos, mas isso se fez com alguns conflitos militares relativamente graves. Os brasileiros favoráveis à independência reuniram forças consideráveis para lutar contra tropas portuguesas que estavam aqui desde a vinda da família real, em 1808. Os britânicos deram grandes ajuda para a formação da marinha brasileira. Quando o governador do Rio de Janeiro chegou à conclusão de que era preciso uma força naval para defender o país de ataques portugueses e livrar a baía do inimigo luso, ele acionou agentes do governo da Inglaterra a fim de mobilizar oficiais e marinheiros para as tropas. Dentre todas as convocações para se formar a esquadra brasileira houve um convite para Lorde Crochrane para comandá-la no Brasil.

A Inglaterra deu grande apoio a independência do Brasil e criticou com veemência a escravidão dos negros, até porque não era interessante para ela, porque não cooperava com seus interesses econômicos. A marinha Inglesa era um exemplo com pelo menos 880 navios de guerra, com 60.000 homens em tempo de guerra. Para evitar as doenças e a proliferação de pragas, exigia-se que as roupas e as dependências dos navios estivessem sempre limpas, o que explica a disciplina rigorosa que os oficiais mantinham a bordo. Para os marinheiros ingleses, a vida no mar começava cedo, ainda meninos. Aos dezesseis anos, já eram profissionais formados. A alimentação deficiente e o trabalho extenuante, sem folga ou conforto, encurtava a carreira para dez a quinze anos no máximo. A bordo dos navios britânicos, considera-se faltas graves dormir em serviço, desrespeitar um oficial ou fazer necessidades fisiológicas dentro do navio, em vez de usar as rudimentares cloacas. As punições eram severas para quem colocasse a tripulação em perigo, o que incluía não respeitar as regras de higiene e limpeza. Nesse caso, os marinheiros poderiam ser chicoteados. Em casos mais graves, o capitão tinha autonomia para mandar enforca-los.

A importância estratégica do Rio de Janeiro para rotas dos navios de vários países era evidente, tudo depois da chegada da família real, a cidade torna-se sede da Marinha Real Britânica na América do Sul, sob o comando do contra-almirante William Sidney Smith, o mesmo que escoltara a esquadra portuguesa na sua partida de Lisboa em novembro de 1807.

Em 1809 já existiam mais de cem empresas comerciais inglesas operando no Rio de Janeiro, Em 1812, a Inglaterra exportou para cá mais de três vezes o que importou da América Portuguesa. A Inglaterra altamente industrializada vendia suas mercadorias, que estava com a abertura dos portos mudando profundamente os hábitos do povo da terra.

O mercado ficou abarrotado de produtos manufaturados ingleses: ferragens e pregos, peixe salgado, queijos, chapéus, caixas de vidros, cerâmica, cordoalha, cerveja em barris, tintas, gomas, resinas, alcatrão, espartilhos, caixões mortuários, selas e até patins de gelo que nunca deveria ser enviado. A América Portuguesa era o terceiro mercado externo da Inglaterra. Era tão marcante a ponto da influência Britânica, que intelectuais ciosos de nossa brasilidade queixavam-se que se estava “londonizando nossa terra”, a europeização do Brasil se deveu aos ingleses. Podemos incluir então o primeiro telégrafo, bondes e estradas de ferro, os hábitos de tomar banho de mar e o chá das cinco; a substituição das tradicionais venezianas de madeira pelas vidraças, dos sucos de frutas tropicais pela cerveja e chá, dos chalés orientais pelas capas e chapéus e, até mesmo fantasmas de tez e cabelos claros sendo incorporados ao nosso estoque de fantasmas nativos e morenos.

Mas segundo Gilberto Freire: ”São os foguistas, maquinistas e outros Marias-borralheiras da história, que revelam os aspectos menos grandioso, mas mais humanamente significativos das influências culturais”. Com isso há uma troca no modo de viver, tanto nos hábitos cotidianos, até entrando na cultura, religião e política.

Afirmar, por exemplo, que as estradas de ferro unicamente serviram aos interesses do capitalismo britânico e da monocultura escravocrata é se contentar com meias verdades, pois elas também prepararam o caminho para a cultura democrática, para a religião protestante e também para a legislação em defesa do trabalhador.

 Os Ingleses Protestantes.

A Inglaterra era o centro do mundo no século XIX, tudo o que ocorria no Reino da Grã-Bretanha no âmbito da moda, educação, economia, relações internacionais, ciência era vitrine para o mundo inteiro, era glamoroso ser como um lorde inglês, usar objetos ingleses ou ser beneficiar do ramo científico britânico.

Eram muitas as transformações políticas, sociais e econômicas pelo que o mundo passava, no início do século XIX, afetando de grande maneira Portugal, que na visão de um homem falando a D. João diz: “ser Portugal a orelha da Europa”, É o início de um tempo para que de uma de maneira decisiva, grandes paradigmas fossem quebrados. Algumas mudanças foram forçadas pela manipulação das grandes Nações, que infligiam com poderio militar as suas visões e práticas políticas, religiosas e principalmente econômicas, porque já no Século XIX o mundo era globalizado.

Com o advento de Napoleão na Europa, o poderio naval da Inglaterra se sobressai e mostra como era poderosa, sendo conhecida como a Rainha nos mares, é essa marinha que escolta para a América Portuguesa a Corte de D. João, aonde começam as grandes mudanças que transformaria a colônia para sempre, culminando em modernização e até a sua independência, chegando mais tarde a proclamação da republica, isso tudo num espaço de tempo de aproximadamente de 80 anos

O cenário da América Portuguesa no início do século XIX era muito ruim, pois as inovações da Europa e Estados Unidos chegaram com atraso por aqui, mas tiveram um efeito devastador. A América Portuguesa fora mantida até 1808 como uma colônia analfabeta, isolada e controlada com rigor. A proibição de manufaturas incluía a indústria gráfica e a publicação de jornais. A circulação de livros estava submetida a três instâncias de censura. O direito de reunião era vigiado. O analfabetismo tinham índices alarmantes, de cada cem brasileiros menos de dez sabiam ler e escrever. A religião era a católica que controlava, recebia dinheiro do império e mantinha o povo em total ignorância, pois tirava partido dessa situação caótica.

Era uma situação bem diferente da que vivia a Inglaterra e os Estados Unidos, que tinham prosperidade e cultura.

A Inglaterra, em 1808, mostrava que era o maior império que a humanidade tinha conhecido. O poder da nova potência se estendia por todo o planeta. Londres, a sua capital, tinha por volta de 1.000.000 de habitantes e era a maior cidade do mundo. Fortunas se multiplicavam graças às invenções, como a locomotiva a vapor. Nesse ambiente criativo e dinâmico as ideias circulavam livremente, tendo então 278 jornais em circulação na cidade, o que incluía os periódicos como o já notável THE TIMES, e também uma série de jornais em língua estrangeira, que eram publicados ali para fugir da censura e perseguição dos seus países de origem, coso do brasileiro CORREIO BRASILIENSE. A cidade era um centro de debates, pesquisas e inovações, que atraia cientistas, pensadores, escritores e poetas.

Um dos grandes exemplos foi Jorge Gordon Byron, conhecido como Lorde Byron, nascido em Londres em 23 de janeiro de 1788, e foi considerado um gênio poético e um dos principais representantes do romantismo inglês.

Byron morou um tempo em Lisboa, porém uma situação desagradável o indispôs com os portugueses. Foi morar no Oriente aonde morreu em 19 de abril de 1824.

 Também Percy Shelley, grande poeta da segunda geração de românticos, filho de nobres teve seus primeiros estudos realizados junto ao Reverendo Evan Edward, sua obra está impregnada de fé, idealismo e entusiasmo no futuro da humanidade, mas também de melancolia à miséria da existência em que desempenha um papel importante na natureza, concebido como um vínculo entre homem e os valores absolutos.   

E Jane Austen que nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hamphire, sendo filha do Reverendo George Austen, pároco Anglicano local, que era uma espécie de tutor, e suplementava os ganhos familiares dando aulas particulares. Jane foi uma grande romancista, aonde advoga por uma educação liberal par as mulheres, independentes de todos os talentos, como bordar, cozer e etc., pois considera a falta de sensatez um grande risco para a vida social, para a escolha de um futuro favorável, e para a convivência conjugal.

Londres era um centro de cultura. Multidões se reuniam para ouvir palestras, exposições e debates em torno de inúmeras sociedades dedicadas às pesquisas de Geografia, Antropologia e Geologia entre outras áreas da ciência.

Já os Estados Unidos, onde a cultura protestante havia criado uma colônia alfabetizada, empreendedora, habituada a participar das decisões comunitárias e a se manter bem informada sobre as novidades que chegavam da Europa. Em 1776, o ano da independência. O padrão de vida nos Estados Unidos já era superior ao da sua metrópole, a Inglaterra. A circulação de jornais chegava a três milhões de exemplares por ano, marca que o Brasil atingiu dois séculos depois. Como a prática religiosa do protestantismo incluía ler a Bíblia em casa e nos cultos dominicais, até os escravos eram alfabetizados. O índice de analfabetismo era próximo de zero. Havia nove universidades, incluindo a prestigiada Harvard. O espírito empreendedor fizera florescer uma grande indústria naval, Robert Fulton inventa o barco a vapor, e outras invenções vem a reboque de um povo culto e livre.

A Europa e os Estados Unidos se firmam no Liberalismo que combate o intervencionismo do Estado, em todos os domínios. Na economia defende a propriedade e a iniciativa privada, assim como a auto regulamentação econômica através do mercado. Na política preconiza um Estado mínimo confinado a simples funções judiciais e de defesa.

O Liberalismo dominou a política Europeia e dos EUA no século XIX, mas nem sempre foi fiel a seu combate contra o intervencionismo estatal. Na primeira metade do século, os liberais são ferrenhos defensores da propriedade privada, da economia de mercado e da liberdade de comércio internacional. Batalham pelo fim das corporações, a desregulamentação do trabalho, defendem as liberdades políticas, o governo representativo, etc. O Estado devia ser reduzido à sua expressão mínima, limitando-se a assegurar as condições para o pleno desenvolvimento da economia privada, promovendo a criação de infraestruturas (estradas, transportes, etc.), áreas onde as possibilidades de obtenção de lucro eram mínimas.

Na segunda metade do século XIX, os liberais passam a exigir que o Estado garantisse a proteção do mercado interno face à concorrência internacional. No final do século reclamam a intervenção do Estado na conquista de novos mercados internacionais e o acesso a regiões com recursos naturais. O Liberalismo passa a andar associado ao Imperialismo. É nesta fase que o Liberalismo incorpora o "Darwinismo social", isto é, a concepção de que o Estado deve apenas centrar-se em criar as condições para que os mais aptos prevaleçam sobre os mais fracos. O Estado deve estar ao serviço dos ricos e poderosos (os mais aptos) e manter na ordem os mais fracos (os operários, camponeses, etc.). 

A América Portuguesa, colônia de Portugal, sofre com a política mercantilista implantada, que implicava com ampla intervenção do estado, instaurando as seguintes medidas: estocar metais preciosos, reduzir a entrada de manufaturados estrangeiros, facilitar a entrada de matérias primas, reduzir a saída de matérias primas produzida no Brasil e aumentar a exportação de manufaturados.

Para manter essa política mercantilista a cabo, os portugueses precisavam afastar os estrangeiros, até porque eles queriam que essa imensa colônia desse lucro somente para a Metrópole, e não para outros países. No entanto, a Coroa Portuguesa não conseguia afastá-los, pois apesar de ser pioneira na expansão marítima, Portugal não tinha condições financeiras de manter o monopólio do comércio colonial e acabava precisando de ajuda estrangeira.

A Inglaterra era no início desse século o maior parceiro comercial e político de Portugal, isso foi se desenhando através de dois séculos. Já em 1654. Os dois países firmam o Tratado de de Cromwel, o que garantia aos ingleses o direito de negociar com a América Portuguesa. Com o advento da descoberta de metais preciosos em Minas Gerais, à Inglaterra enriqueceu muito à custa da América Portuguesa, Portugal já devia muito dinheiro aos britânicos, e esses metais aliviaram momentaneamente as dívidas. Economicamente, Portugal era muito inferior à Inglaterra que era um país industrializado, e Portugal altamente agrícola. Na virada do século XVIII, a dependência de Portugal com relação à Inglaterra era um fato consumado. Foi firmado então em 1703 o Tratado de Methuen pelos dois países, esse tratado tinha apenas dois artigos, que eram altamente lesivos a Portugal.

Artigo 1°- Sua Sagrada Majestade El Rei de Portugal promete, tanto em Seu próprio Nome, como no dos Seus Sucessores, admitir para sempre de aqui em diante, no Reino de Portugal, os panos de lã e mais fábricas de lanifícios de Inglaterra, como era costume até o tempo em que foram proibidas pelas leis não obstante qualquer condição em contrário.

Artigo 2°- è estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Britânica, em Seu próprio Nome, como de Seus Sucessores, será obrigada para sempre, de aqui em diante admitir na Grã Bretanha os vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja paz ou guerra entre os Reinos de Inglaterra e de França) não se poderá exigir direitos de Alfândega nesses vinhos, ou debaixo de qualquer outro título direta ou indiretamente, ou sejam transportado para a Inglaterra em pipas, tonéis ou qualquer outra vasilha que seja, mais que o que se costuma pedir para igual quantidade ou medida de vinho de França, diminuindo ou abatendo terça parte de direito de costume.( Bóris Fausto), História do Brasil.

Esse acordo bem simples, pois era a compra de vinho Português em troca de tecidos ingleses, entretanto era altamente nocivo a Portuga, pois trazia um desequilíbrio tanto em termos de quantidade como de valor, importava-se mais tecidos do que se exportava vinho, e as manufaturas portuguesas foram eliminadas da concorrência inglesa, essa diferença foi paga pelo ouro que saia da América Portuguesa. E abriu-se um canal para a transferência da riqueza produzida pela grande e rica colônia portuguesa para a Inglaterra.

O poderio inglês só aumentava e o sistema colonialista não interessava para os britânicos, porque não ajudava no desenvolvimento do comércio e, com a revolução industrial a Inglaterra experimentou um incrível desenvolvimento industrial, agrícola e comercial, controlando o comércio internacional. Como virou a maior potência mundial de então, a Inglaterra impunha o livre comércio e o fim do mercantilismo. Em suas relações com a América espanhola e portuguesa abrem-se brechas cada vez maiores no sistema colonial, por meio de acordos comerciais, contrabando e aliança com os comerciantes locais.

Ao mesmo tempo em que a Inglaterra se torna cada vez mais poderosa, Portugal, por ser muito atrasado, dependia da proteção deles diante da França e da Espanha.

Como já sabemos isso vem culminar com a vinda da Família Real para a colônia sob a proteção da poderosa Inglaterra, que exige a abertura dos portos aonde ela é a maior beneficiada, mais com isso se dá uma grande influência que vem mudar para melhor a América portuguesa, pois com os ingleses e posteriormente outros estrangeiros, a colônia começa a ser influenciada  principalmente pela cultura protestante vigente nesses países.

“Ainda que não existisse alma, nem inferno. Nem céu, seria preciso ter escolas para satisfazer nossas necessidades como habitantes deste mundo (...)”. Martinho Lutero (1520).

A educação é uma das tônicas do Protestantismo, pois, é a religião que seus seguidores se veem forçada a ler a Bíblia, tanto em casa como nos templos, porque nas suas liturgias sempre há a presença da leitura e, sem a alfabetização fica muito difícil e complicado segui-la.

A questão da educação e da pedagogia sempre esteve presentes no protestantismo, sendo que ao longo da história do mundo, pode se ver os resultados excelentes dessa questão, em países como Alemanha, França, Inglaterra, estados Unidos, Suécia e muitos outros, e também no Brasil aonde foi de extrema importância, à entrada do protestantismo, pois muitas áreas foram mudadas com a presença dos protestantes.

No mundo temos uma mudança a partir de 1517, quando Martinho Lutero afixa na catedral de Wittenberg suas noventa e cinco teses, pois isso não mexeu só com a religião que era predominantemente católica, mas com todo o contexto social, pois a reforma prega a liberdade de ideias. Havia um contexto de necessidade de uma religião que estivesse mais próxima do povo. Muitos pensadores da época apesar de criticarem a Igreja ocidental eram religiosos e professavam sua fé. A arte e a ciência eram vistas pelos protestantes como vocações divinas.

Lutero traduz a Bíblia para o alemão, acabando com o distanciamento do povo imposto pelo catolicismo romano, que tinham suas missas em latim e, a Bíblia era somente para os sacerdotes. A bíblia torna-se o livro mais lido na Europa no século XVII, na Inglaterra, havia uma transformação religiosa que abalava a parte social como um todo. A possibilidade de discussão levava o homem a questionar, alimentando esse discurso em cima da igualdade e da liberdade, que é a mensagem do protestantismo.

Vários são os exemplos de homens protestantes que agiram em prol da educação trazendo progressos e bens que perduram até hoje. Podemos citar Jan Komensky mais conhecido como Comenius. Esse homem é considerado o criador da didática moderna e um dos maiores educadores do século XVII, a sua ideia era partir dessa nova estrutura na educação para formar uma figura que se encaixasse nos moldes do “bom cristão”. (COMENIUS apud CUNHA, 2005). 

Outro grande nome é Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), que idealiza um ensino mais humano baseado no amor e na afetividade, usa suas crenças e valores para transformar a educação em um ato de amor, há outros exemplos de protestantes que envolveram a educação baseados naquilo que professavam como crença. (ARCE apud FERRARI, 2004, p. 30-32)

Na América Portuguesa, desde sua descoberta até a entrada dos protestantes, através das imigrações e depois com as missões, o ensino era dominado pela Igreja Católica através dos jesuítas, que dominaram essa parte até 1759, o que dava cerca de cento e cinquenta anos, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal, que reforma toda a estrutura econômica, administrativa e educacional do Império.

A Reforma Pombalina é um marco na história da educação brasileira, pois quando se analisa o século XIX, consegue-se ver o quanto houve de transformação gerada por essa Reforma. Claro que não tão boa como era esperado, mas que trouxe consequências que repercutiram no ensino na América Portuguesa e também em Portugal.

Talvez o ato mais importante e comentado dessa Reforma foi a expulsão dos jesuítas e o fechamento de suas escolas, havia nesse ato um grande interesse político, pois os Jesuítas tinham o poder religioso sobre as fronteiras, onde estavam  sete missões, o que Pombal pretendia era que os índios fossem libertos da tutela religiosa e se miscigenassem para assegurarem crescimento populacional que permitiria o controle do interior nas fronteiras, cujo posicionamento havia sido acordada no Tratado de Madri. O choque se deu devido à política protecionista dos Jesuítas com os índios, que vieram contrariar o interesse da Coroa Portuguesa.

A política educacional era lógica, prática e centrada nas relações anglo-portuguesas, sendo entendido que tal Reforma é um imperativo das próprias circunstancias históricas.

Com a expulsão dos Jesuítas, que tinham 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras, que foram extintos, abre-se uma lacuna na educação no Império Português, tomando o Governo a responsabilidade de suprir esse ensino.

Pedagogicamente não houve nenhum avanço, o Estado tomou conta do ensino pecando por não ter pessoas preparadas, e servia poucos, na maioria filhos das elites coloniais. Citações tiradas do site http://www.histedbr.fae.unicamp.br, visitado no dia 01/07/2011, do artigo de Ana Paula Seco e Tânia Conceição Iglesias do Amaral.

Com a vinda da Corte no início do século XIX, os protestantes começam a ter um importante papel na reestruturação da educação na América Portuguesa. Com sua ética que valorizava o ensino, pois é considerada a religião da palavra, as doutrinas reformadas, oferecem o acesso à escrita.

Nesta época as escolas públicas eram precárias, funcionando muito mal em todos os aspectos, professores sem habilidades para ministrar as aulas, os alunos tinham idades diferentes e  conhecimento em graus diferentes, e o currículo adotado era extremamente fraco, enquanto havia um ensino basicamente protestante na Europa e principalmente nos Estados Unidos, que não se estagnou, e se tornaram essenciais na educação e pedagogia que temos até hoje. Precisamos entender que para a penetração do protestantismo na América Portuguesa e posteriormente Brasil, a educação passa a ser um grande instrumento de aproximação com o povo.

As escolas dominicais foram em sua essência de contribuição primordial para a alfabetização no território brasileiro. No Brasil a primeira escola dominical foi fundada em Petrópolis, cidade do Estado do Rio de janeiro, pelo casal de missionários escoceses Sarah e Robert Kalley, proporcionando os ensinos bíblicos, usando uma pedagogia inovadora.

Muitas dessas escolas dominicais nas Igrejas viravam classes de alfabetização, mudando o perfil dos membros, pois as camadas populares se juntou a reduzida classe baixa que já fazia parte do corpo de membros. 

Num âmbito geral, a educação protestante servia como instrumento de ligação e de aproximação da sociedade brasileira com as religiões reformadas, ela é na verdade um grande instrumento de evangelização, que foi amplamente utilizado pelas missões norte-americanas.

Na metade do século XIX começa uma grande entrada de missionários norte-americanos: batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais, que trazem um desejo de evangelizar e também educar a jovem nação brasileira.

Em uma carta relatório, o missionário metodista, Justin Spaulding, enviada para a Sociedade Missionária da Igreja Episcopal em 1836, ele indaga: “Por que não se cultivam aqui as artes e ciências como na Inglaterra e América do Norte?”. (Reily,1984:35)

Havia no Brasil de então ignorância, ausência das artes e da ciência e miséria religiosa, esse quadro era a análise que faziam os missionários em relação ao povo.

 “Num âmbito geral, a educação protestante serve como instrumento de ligação e de aproximação da sociedade brasileira com as religiões reformadas, ela é na verdade um grande instrumento de evangelização utilizado pelas missões norte-americanas. Será esse êxito na área pedagógica produzida por esses missionários que irá contribuir para a implantação do protestantismo no Brasil”.( Barbosa, 2002, p.55) citado por Stella Garrido

Com a chegada dos Presbiterianos em 1859, mais especificamente com o Reverendo Ashbel Green Simonton no Rio de Janeiro, forma-se então a primeira escola, o primeiro seminário e o primeiro jornal protestante. Em 1860 viajou para São Paulo, e escrevendo para a Junta diz que é sempre bem recebido pelos brasileiros. Atesta também nas viagens ao interior o abandono cristão e educacional da população em geral e em especial dos protestantes imigrados que não podiam casar-se, batizar seus filhos ou enterrar seus mortos nos cemitérios, pois o que vigorava eram os preceitos católicos, onde os rituais protestantes eram proibidos.

Simonton observa que no interior havia muitos alemãs que precisavam ser pastoreados, pede a Junta, que envia o Reverendo Christopher Scheneider, alemão naturalizado americano, que vai para Campinas e depois para Limeira, fixando-se depois em Rio Claro.

Rio Claro contava na época com 2.500 pessoas, virando então uma grande propagadora das ideias protestantes, trazendo educação e ideias democráticas e liberais.

Em 1855 chega em Rio Claro um imigrante suíço chamado Tomas Davatz, pois veio para trabalhar como lavrador na cultura do café, como tinha algum estudo verificou a ignorância em que estavam os filhos dos imigrantes e começou a ensinar alemão para crianças e jovens. Registrou certa vez em seu diário: “Existem, com efeito, escolas nas cidades, mas de pouco adiantam. Igrejas ricamente adornadas também é coisa que não falta; o serviço religioso, no entanto, é pouco mais do que uma estridente música instrumental, uma cerimônia sem vida em que se administra o Santíssimo Sacramento segundo o rito católico. O ensino religioso mal se faz e, na opinião das pessoas informadas, os padres são tão incultos quanto indignos, especialmente no que se refere à castidade”. (Davatz, 1980:75).

Davatz entra em acordo com a administração da fazenda par abrir uma escola para crianças. A escola foi inaugurada em outubro de 1856 e funcionou até 1857.

Em 1864 o Reverendo George W. Chamberlain chega a São Paulo, vindo do Rio de Janeiro sua esposa começa em sua sala uma classe para meninas. Dessa iniciativa surgiu o Mackenzie College, que existe até hoje com o nome de Instituto Presbiteriano Macckenzie.

Em 1870, chega a Rio Claro o Reverendo João Fernandes Dagama, aonde organiza a Igreja Presbiteriana e logo depois a Escola Americana, em 1877 fundou o externato e internato para órfãos que funcionou até 1866.

Em Curitiba com os luteranos, que fundaram escolas aonde estudavam tanto luteranos quanto católicos. E outros exemplos mais.

Para concluir a importância do protestantismo na educação citaremos Maria Nascimento:” O governo imperial atribuía às províncias a responsabilidade direta do ensino primário e secundário, através de leis e decretos que vão sendo criados e aprovados, sem que sejam aplicados pois não existiam escolas e poucos eram os professores.” (Nascimento,2004,p.95)

Com essa realidade podemos afirmar que as escolas protestantes ajudaram na evangelização e, tiveram um peso importante para a transformação da pedagogia em solo brasileiro.

Mais os protestantes tipicamente os imigrantes e os missionários, tinham dificuldades no dia a dia, pois o catolicismo era a religião oficial, com isso como disse o Rev. Simontom havia dificuldades até para se enterrar um protestante.

Em 1811 D. João, ordena a fundação da Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, na fazenda Ipanema na época na localidade de Sorocaba.

Em 1815, vieram trabalhar na fábrica suecos e alemães, todos protestantes. Um deles sentiu depressão por saudades de sua terra deu fim a sua vida. Os Padres católicos não quiseram enterrá-lo num cemitério católico, foi pedida então permissão a D. João para construção de um cemitério protestante. Com a anuência do Príncipe Regente, construiu-se então o que talvez seja o primeiro cemitério protestante.

  Há outros que foram espalhados pelo Brasil, como o cemitério dos Ingleses na Gamboa, bairro do Rio de Janeiro, o cemitério dos ingleses no Recife, o cemitério dos Luteranos em Petrópolis e etc..

Nos lugares em que não havia os cemitérios era problemático, os historiadores narram que muitos eram sepultados no mar, perto das praias ou em cemitérios de escravos .

Os cemitérios municipais só começaram a ser usado em 1850

Independência do Brasil, sua Constituição e Lei das Terras, no processo de implantação do Protestantismo.

 

Em 1822 é proclamada a independência brasileira por D. Pedro I, a Constituição Imperial sai em 1824 trazendo em seu conteúdo benefícios aos não católicos, pois o catolicismo continuava sendo a religião oficial do Reino, que com isso puderam se reunir com mais tranquilidade.

O Brasil é nesse momento um país altamente agrícola dependente da mão de obra escrava, com pressões externas para que os escravos fossem libertos, principalmente vindo da Inglaterra. Há então uma grande carência de mão de obra, pois já era fato que os escravos não eram os ideais, entram então muitos estrangeiros, até mesmo tendo a passagem paga pelo Império, pois era do interesse do reino o crescimento da nação brasileira, a maioria desses estrangeiros professavam a fé reformada.

Em 1850 a cultura do café teve uma marcha para o sul, apesar de no Rio de Janeiro ainda haver grande produção, mas o solo do Rio começou a cansar devido a grande produção e em decorrência da sua topografia.

Os solos da província do Rio de Janeiro foram progressivamente exauridos pelo cultivo intensivo de café, com a topografia montanhosa ajudando a acelerar a erosão. Mas o Brasil não tinha falta de terras não ou (sub) utilizada. Embora a produção do Rio permanecesse em alta, em meados do século o dentro do cultivo do café muda-se para o sul e oeste do Rio. Ele se espalhou pelas províncias de São Paulo e Minas Gerais, onde o solo revelou-se tão produtivo quanto o melhor solo do Rio. (Skdimore, Uma História do Brasil, p.76)

Um fato curioso e de extrema grandeza ocorreu quanto cessou o plantio de café no Rio de Janeiro, após anos de desmatamento intenso foi mandado fazer um reflorestamento, no que hoje é a floresta da tijuca. Isso foi um ato pioneiro em toda a América Latina.

O homem que foi apontado por D. Pedro II, em 1861, foi o major Gomes Archer, o primeiro administrador da floresta, plantou em treze anos 100.000 mudas. O replantio foi feito com espécies em sua maioria, nativas da mata atlântica.

Houve em 1840, na corrida pelo café escassez de mão de obra em São Paulo o que leva alguns fazendeiros a importar europeus para o trabalho nas lavouras, trouxeram então alemães e suíços, mas não os davam condições dignas de trabalho o que levou mais tarde a Suíça a proibir os seus cidadãos de virem para o Brasil. Em 1850 é promulgada a lei da Terra, decretando que a terra pública só poderia agora ser adquirida por compra do governo ou por pagamento de impostos para regularizar os acordos da terra já feitos. (Skdimore, Uma História do Brasil, p.77)

Isso favoreceu os grandes proprietários, principalmente os que exportavam, e essa era a intenção, essa lei promove as grandes plantações. Para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, também há uma grande invasão de imigrantes formando mesmo colônias, aonde tinham seus costumes e professavam sua fé protestante.

O protestantismo no Brasil(implantação das Igrejas Protestantes).

 

Dois fatos de nossa história são destacados por Earle Caims como importantes para o futuro do protestantismo no Brasil. Primeiro a vinda da família real portuguesa para a América Portuguesa em 1808 e toda uma série de transformações políticas e econômicas resultantes desta transferência, mudaram consideravelmente a estrutura religiosa brasileira. Segundo as pressões externas exercidas pela Inglaterra forçando a assinatura de tratados comerciais com o Brasil. A posição hegemônica da Inglaterra lhe possibilitou não só a obtenção de vantagens econômicas, mas também de privilégios religiosos, garantindo aos ingleses o direito de professarem a religião que desejassem. (Cairns, p. 361)

O protestantismo entra de duas maneiras: primeiro por imigração e depois pelas missões, que na sua maioria vieram dos Estados Unidos.

Com a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro e, com as necessidades inerentes de um progresso que se advinha e, por falta de mão de obra especializada, começam a chegar diversos imigrantes de várias nacionalidades, sendo que muitos professam a fé reformada, chegam também pastores, reverendo, e capelães que vinham principalmente da Marinha Britânica e com a liberdade de culto dada pelo estado, o protestantismo começa a ser implantado em terras da colônia que era essencialmente católica.

Nesse tempo a Inglaterra era a maior parceira comercial do Império Português, o que resulta ser a Igreja Anglicana a primeira a ser implantada no Brasil na cidade do Rio de Janeiro.

Assim o primeiro registro histórico sobre os Anglicanos no Rio de Janeiro, data de 1810, com o capelão W. Meade que estava no navio Fondroyant, os marinheiros ingleses eram em grande parte Anglicanos, e com a queda de Napoleão, houve uma diminuição da marinha Inglesa, e muitos ficaram desempregados ou com o soldo reduzido, assim foram contratados pelo império português para guardar as costas brasileiras e também para lutar mais tarde contra Portugal pela independência do Brasil.

Em 1818 chega o primeiro capelão consular, Robert C. Crane: durante a sua capelania, no dia 18 de agosto de 1819, lançou-se a pedra fundamental da Igreja de São Jorge e São João Batista honrando assim os soberanos respectivamente da Inglaterra e Portugal. (Reily, 1984, p.33).

Foi inaugurada em 1819, em solo brasileiro a primeira capela não católica romana, a Christ Chruch, na Rua Real Grandeza, em botafogo, no Rio de Janeiro, os cultos eram em inglês e eram frequentados pelos britânicos, eles não tinham preocupação proselitistas, pois entendiam que os católicos e os evangélicos deveriam buscar seu crescimento espiritual em suas próprias igrejas.

Posteriormente abriram-se outras: St. Paul’s em São Paulo, Holy Trinity em Recife, St. George em Salvador, St. Mary em Belém, All Saints em Niterói, capela dos Marinheiros em Santos e a Capela da companhia de Mineração em São João Del Rey em Minas Gerais.

Somente em 1889 começa a fase missionária do Anglicanismo no Brasil. Em 1889 chegam ao Rio de Janeiro dois norte- americanos: Lucien Lee Kinsolving e James Watson Morris passam também por São Paulo e fixam-se em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde realizam o primeiro culto em português para brasileiros em primeiro de junho de 1890, com a igreja já com o nome de Igreja Protestante Episcopal, dos Estados Unidos da América.

A colônia de fala alemã mais antiga no Brasil foi fundada em 1819, em Nova Friburgo.

O Rei D. João VI, deixara construir, em morro queimado uma casa para imigrantes, chegaram Já nesse ano cerca de 1700 suíços, em grande maioria de fala francesa. No entanto a maioria deixou a região.

 Assim buscaram-se alemães para substitui-los, chegando 334 alemães vindos de Hessen, em 3 de maio de 1824. Estavam acompanhados do Pastor Friedrich Oswald Sauerbronn, nomeado por Dom Pedro I.

Os primeiros cultos foram celebrados numa pequena casa na esquina da Rua São Clemente com a Praça Marcílio Dias. Dez dias após a chegada houve o primeiro óbito na colônia, era o filho do Pastor Sauerbonn, com a não permissão para que fosse sepultado no cemitério local, pois esse era católico, exigiu-se que se fundasse um cemitério protestante, o que ocorreu com o sepultamento da criança em 14 de maio de 1824.

O primeiro matrimônio se realiza em 30 de maio de 1824 e o primeiro batismo em 6 de junho. Em 1833, a comunidade dispunha de uma sala de orações que ameaçava cair, foi então demolida pelo governo. Assim, a comunidade construiu outro local para seus cultos, localizado na Praça do Pelourinho. Este prédio também foi demolido alguns anos depois pelas autoridades, devido ao seu estado precário. Somente em 2 de setembro de 1857, foi adquirido um terreno na Praça marcílio Dias para a construção de um templo. O Pastor Sauerbonn inaugurou o templo, nesse mesmo ano, que era simples de “pau-a-pique”, sem torre, mas com altar, crucifixo e castiçais.

 O Pastor Saeurbonn veio a falecer em 4 de dezembro de 1864, após 40 anos de dedicação pastoral em Nova Friburgo. Desde 1861, Johann Caspar Meyer, teólogo suíço, auxiliava Sauerbonn no pastoreamento em Nova Friburgo, chegou ao Brasil em 1854, atuando no comércio de Petrópolis e Carmo, em 1860 atuou como professor em Friburgo.

Em 1° de junho de 1864, Meyer foi eleito pelo presbitério sucessor de Sauerbonn. Expandiu o trabalho paulatinamente para Amparo, José de Ribeirão, Macaé de Cima, Lumiar, Sessenta e Um, Córrego D” Antas, Boca do Mato, Bom Jardim, Cantagalo até Santa Rita do Rio Negro.

A partir de 1876, passou-se a usar a língua portuguesa nos cultos em Nova Friburgo, usando-se a língua alemã nos cultos nos distritos.

A Comunidade Evangélica de Nova Friburgo é a mais antiga das atuais comunidades da IECLB.

Passaremos agora a história da Igreja Luterana de Petrópolis no Estado do Rio de Janeiro, que também se dá pela imigração. Em 1828, o major Jorge Antônio Schaeffer, recrutou na Europa militares para suprir a ausência dos oficiais portugueses, chega então em julho do referido ano, a galera Harmonia, com um contingente de 185 soldados, comandados pelo  oficial Júlio Frederico Koeler, engenheiro, nascido em Mains na Alemanha, que se torna em 1833, encarregado da Seção do Centro das Obras Públicas da Província do Rio de Janeiro e, seu mais importante trabalho torna-se o melhoramento da Estrada da serra da Estrela. Em 1837, é encarregado de grandes obras mais sente falta de mão de obra especializada, então em 12 de novembro aporta no Rio de Janeiro, o veleiro Justine a caminho de Sidney na Austrália, com 238 alemães a bordo, como houve desentendimentos a bordo, esses resolveram ficar no Brasil. Koeler consegue então leva-los para suas obras com o governo pagando suas passagens, foram instalados no Itamarati, hoje o 2° distrito de Petrópolis, sendo que a maioria dos alemães era luterana, consta então que 1840 realizou-se o primeiro batizado evangélico.

O governo Provincial mandou então um Pastor protestante, para administrar os socorros religiosos aos colonos protestantes, era um homem chamado Ludwing Neumann, conhecido no mundo literário brasileiro como uma eminente pessoa.

Consta que houve um grande efeito positivo com a vinda dos passageiros do Justine para Petrópolis, pois o fato do emprego dos alemães por Koeler contribuiu decisivamente para a mudança de mentalidade que se operou nos meios governamentais da Província.

Por decreto é celebrado o primeiro culto divino em Petrópolis, em 16 de março de 1843, o Imperador Dom Pedro II, tendo 17 anos e sendo noivo, determina que seja construído um palácio de veraneio em Petrópolis, na antiga Fazenda do Córrego Seco que herdara de seu pai, sendo entregue o projeto ao Major Koeler e também o seu acompanhamento.

O governo da Província encarregou à firma Charles del Rue, de Duquerque, para trazer 600 famílias alemãs para trabalharem nas obras da província.

O primeiro embarque dos alemães chegou ao Rio de Janeiro em 13 de junho de 1845, era o veleiro Virgine que vinha de Dunquerque com 161 passageiros a bordo, chegou a Petrópolis em 29 de junho de 1845, considerado o dia da colonização Alemã em Petrópolis.

Em fins de 1845, existiam em Petrópolis 1921 alemães, sendo 711 evangélicos protestantes. Há algumas cartas do administrador desses novos cidadãos para o Presidente da Província, mas registraremos uma de bastante significância. O seu oficio de n° 68 diz: Ilmo. Exmo. Senhor Candido Batista de Oliveira, D. Presidente da Província.

“Hoje morreu uma criança alemã que já vinha doente do navio e mandei-a enterrar no local que demarquei para Cemitério protestante. Torna-se, por isso, urgente que venha a Petrópolis o Pastor da Igreja Protestante da Corte, o Reverendo Doutor Ave Lallemant, não só para abençoar este cemitério, como para fazer alguns batismos e casamentos. Eu tratei com ele a sua vinda para Petrópolis, à razão de 20$000 de indenização de cada vez, o que me parece razoável, visto que tem que gastar três dias em ida, estadia e volta. Julgo que bastará que venha duas vezes por mês. Digne-se, pois V. Excia, aprovar esta medida e oficiar ao Diretório da Comunidade Alemã Protestante da Corte, pedindo-lhe que o referido Pastor, à requisição minha, venha uma ou duas vezes por mês à Petrópolis, exercer seu sagrado Ministério, pois o que o mesmo Pastor me declarou, que de outra maneira não poderá fazer. Eu sei que o Diretório não porá a menor dúvida. O Pastor Protestante mora na Rua dos Borbonos n° 26 e por meio dele V. Excia. Pode dirigir o referido ofício ao Diretório”.

Petrópolis, 25 de julho de 1845. Fica evidente nessa carta a participação bastante ativa da Corte na implantação do protestantismo no Brasil. Assim no dia 29 de agosto de 1845, com a presença do Pastor Dr. Frederico Ave Lallemant, pároco da Igreja Evangélica Germânica do Rio de Janeiro, fundou-se a Comunidade Evangélica de Petrópolis.  O primeiro Pastor residente, Pastor Dr. Julius Friederich Lippold, só chegou em 1846. O templo iniciado em 1863 era apenas uma casa, que se distinguia das outras por ter uma escultura de um cálice e pães.

O Pastor Lippold, cidadão alemão, tinha 50 anos quando adoeceu, o Imperador doou 500$000, o que era uma vultosa quantia para que ele se pudesse operar, no Rio de Janeiro, o que aconteceu com êxito, morre, porém de febre amarela, em 1852.

Com a morte do Pastor, ao qual havia sido prometida pelo Imperador, a doação de um terreno para a construção do templo, os fiéis ficaram desesperançados quanto ao templo.

Com a ausência do Pastor, o Professor Pedro Jacoby, não só ensinava a religião evangélica, como também celebrava cultos de leitura.

Em 1862, chega ao Brasil o Pastor George Gottlob Stroele, formado no Seminário da Missão da Basiléia, que já nesse mesmo ano resolve aceitar a conselho de moradores do Rio de Janeiro, o convite para ser Pastor da comunidade de Petrópolis.

Logo nos primeiros meses conseguiu animar os membros a comprar um terreno na então Rua Joinville, atual Av. Ipiranga, ao preço de 1.000$000.

A pedra fundamental foi lançada com toda pompa que merecia no dia 10 de agosto de 1862.

A sua inauguração se deu no dia de Pentecoste, em 24 de maio de 1863.

Em junho de 1827, foi fundada a Comunidade Protestante Alemã-Francesa do Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul da Prússia Wilhelm Von Theeremin, que teve como primeiro Pastor Ludwing Neumann, alugaram o primeiro santuário em 1837, e inauguraram um próprio em 1845.

A maior parte dos imigrantes alemães foi para o sul do país, cerca de 4.800 entre 1824 e 1830, sendo que 2.800 eram protestantes, por falta de ministros ordenados, os luteranos organizaram sua vida religiosa. Colocaram leigos para serem seus pastores e professores. Em 1850, a Prússia e a Suiça começaram a enviar missionários e ministros, criando assim uma Igreja Institucional e europeia.

Logo depois começou o Protestantismo de origem missionária, pois a lei era de liberdade e havia muitos imigrantes, o que facilitava a vinda desses missionários.

Chegam também as sociedades Bíblicas: Britañica e Estrangeira(1804), Americana(1816).

Com os missionários surgem, as Igrejas Metodista do Brasil, Igreja Presbiteriana, Igreja Batista e muitas outras que vieram a reboque da liberdade de culto que existia no Brasil, fruto da abertura dada pelo Império.

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