Revolta dos Macabeus

Por Luiz Eduardo | 04/09/2011 | Bíblia

Quando Antíoco III, o Grande, vence os exércitos dos Ptolomeus, os judeus de Jerusalém o apóiam nesta luta, segundo Flávio Josefo1. O partido selêucida em Jerusalém está mais forte do que o ptolomaico. Por isso, Jerusalém é contemplada com um decreto de Antíoco III, em 197 a.C., que contém as seguintes especificações:
1. Que seja dada uma contribuição real para os sacrifícios, em animais, vinho, óleo, incenso, flor de farinha, trigo e sal;
2. A madeira retirada da Judéia e do Líbano para os trabalhos de construção do Templo e dos pórticos está isenta de taxas;
3. Todos os membros do povo judeu devem viver segundo
as leis de seus pais;
4. O senado (gerousia), os sacerdotes, os escribas do Templo e os cantores do Templo, ficam isentos da capitação, do imposto coronário e da taxa sobre o sal, isenção de impostos.
5. Três anos para os atuais habitantes da cidade e para aqueles que vierem nela morar até determinada data, para que a cidade seja repovoada mais depressa.
É interessante observarmos as medidas de Antíoco III sobre os impostos. A madeira para a restauração do Templo está isenta do imposto alfandegário, que incide sobre todas as mercadorias em circulação. O senado e os funcionários do Templo ficam isentos da capitação, imposto pessoal recolhido dos adultos. Ficam isentos também do imposto o que antes era espontâneo acaba institucionalizado e tornado obrigatório, podendo somente o rei conceder a isenção. Ainda: o senado e o Templo ficam isentos da taxa sobre o sal. Esta taxa é conhecida na Palestina e na Babilônia. Provavelmente paga-se determinado valor ao governo, ou talvez, na Palestina, que tem boas salinas, se aceite o produto "in natura".
Os habitantes da cidade, finalmente, são isentos durante 3 anos do phóros, o tributo, em prata ou em produtos, exigido de uma província, de um templo, de um éthnos ou de uma cidade, este último sendo o caso de Jerusalém.
Deve-se observar que, com este decreto, Antíoco III reforça o papel da aristocracia, associada há muito ao poder através da gerúsia e que, sob outro aspecto, liga o destino doethnos (nação) judeu às decisões reais. Pois as leis dos antepassados (a Torá) devem ser obedecidas não porque assim o decidem os judeus, mas porque o quer o governo selêucida2.
Apesar de parecerem benevolentes, estas medidas não devem, entretanto, nos enganar, pois não superam as decisões comuns tomadas em relação a outras cidades, naquela época.
Apesar de tudo isso, é preciso ir além na interpretação dos fatos. Além das razões estratégicas e políticas dos Selêucidas para incentivar a helenização dos judeus, razões já apresentadas, há motivos econômicos para o conflito que o processo desencadeia. Antíoco Epifanes (diferente do lll que é o grande) queria transformar Jerusalém numa cidade grega. Impôs editos contra a religião judaica; proibiu a observância do Shabat; a mitzvá da circuncisão e o estudo da Torá. Construiu um altar no Templo, e obrigou os judeus a fazerem oferendas aos deuses gregos. Também em toda Jerusalém foram construídos altares aos deuses gregos. O ressentimento entre o Povo Judeu foi se acumulando, e em 167 a.e.c. estourou a revolta contra o governo grego na Judéia. A revolta começou no povoado de Modiin. Encabeçando os rebeldes, estava o ancião e sacerdote Matitiahu, o Hasmoneu.
Concluímos que a revolta dos macabeus tem em si sementes de conflitos políticos, mudança do status da cidade de ethnos para polis, econômicos, ambição por parte dos mais ricos de enriquecerem por meio acumulação de terras, e culturais, uma vez que a aristocracia judaica via seus próprios costumes como o viam os gregos, como bárbaros e arcaicos. Porem não temos subsídio para negar o que diz o livro dos Macabeus sobre as motivações religiosas. O lema dos combatentes judeus era "Mi Camochá BA Elim, Ado-nai" - Macabi - Quem é como Tu entre os deuses, nosso Deus". Os judeus lutaram com heroísmo. Era uma guerra entre forças díspares: poucos contra muitos, camponeses sem armas contra um exército organizado e treinado. A guerra foi popular e de guerrilhas. Nesta luta caíram muitos judeus, entre eles Eleazar, o Hasmoneu. Yehudá, o Macabeu, deu um duro golpe no exército de Antíoco, e libertou Jerusalém. Ele purificou o Templo, e renovou o serviço sagrado. No dia 25 do mês de Kislev, os judeus inauguraram o Templo e fizeram a primeira oferenda a Deus no novo altar. A festa de inauguração do Templo se estendeu por 8 dias. Depois da inauguração do Templo, continuaram as lutas. Yehudá, HaMacabi, caiu em combate, mas sua luta foi continuada por seus irmãos, Yonatan e Shimon, que fortaleceram o reino, anularam os editos de Antíoco, e transformaram a Judéia num reino independente. Shimon foi o primeiro príncipe da Judéia, e assim começou a dinastia dos Hasmoneus. Os reis Hasmoneus extenderam os limites do reino, e, no período do Rei Alexandre Chaneo, as fronteiras se extenderam desde o deserto, às margens do Jordão Oriental, até o Mediterrâneo, ao Ocidente; desde o Líbano, ao norte, até Rafiach, ao Sul. O país se constitui na maior área históricamente já atingida por Eretz Israel. A dinastia dos Hasmoneus continuou até depois da conquista romana, em 67 a.E.C e até a morte do último Rei da Dinastia, em 37 a.C.