Reticências...

Por JOAQUIM SATURNINO DA SILVA | 27/01/2010 | Crônicas

Reticências...

 

Viver é caminhar sobre reticências...

Isso não é apenas poético, mas contém grande carga de realidade intrínseca, que jamais poderemos negar.

Pois sempre haverá um passo a ser dado, um momento à espera.

Vivemos sempre a expectativa, nada é definitivo, exceto a morte. Por isso as reticências...

Esses três pontinhos sempre nos levam avante, ávidos por novos fatos que, se possível, nos dêem prazer de estarmos vivos.

Estamos seguindo uma cenoura como o burrico da fábula, pois cremos (ainda) que amanhã será um dia melhor. E talvez seja. Esperamos que sim.

Esta é a beleza intraduzível do imprevisível!

Tentar prever o futuro é uma tarefa não só inglória, mas altamente ridícula, pois graças a ela, alguns enriquecem a custa da ingenuidade de muitos.

Quando olhamos o horizonte, temos a ilusão de que a terra encontra-se com o céu no final do alcance de nossa visão. Mas se formos até lá, descobriremos apenas mais reticências...

Isto não é tão ruim, afinal, como possa parecer à primeira vista. Muitos detestam as incertezas, mas elas são tudo que temos. Basta que voltemos um pouco nosso filme particular e veremos que em muitos casos, jamais imaginaríamos o hoje que nos cerca.

Se pudéssemos ter certezas, teríamos a vitória do tédio no médio prazo. Pois sempre nos tornamos desatentos com o que temos, ansiando por algo que não temos. Por isso, aquele que – teoricamente – tem tudo, na verdade tem nada. Porque a matéria prima da vida, do seguir em frente, é o sonho.

E todo aquele que não sonha, de uma certa forma já morreu,  apenas não sabe disso ainda.

Assim, somos movidos pelas reticências até obtermos o ponto final. Entretanto, nesse momento estaremos entrando em um outro plano de existência...

Mas isso é uma outra história!