RETALIAÇÕES IDEOLÓGICAS

Por Eduardo Henrique Oliveira Lima | 30/05/2011 | Religião

A cada dia, também, surgem grupos novos, como "O Caminho da Meia-Noite", "Relâmpagos", "Os Unitários" , "Só Jesus" e " A Luz Verdadeira", todos abrindo seus templos.
A tônica do governo sandinista no campo religioso tem sido a implacável perseguição às populações miskitas, seguidoras do protestantismo tradicional da Igreja Morávia da costa atlântica e resistente à revolução, e à Igreja Católica, cuja hierarquia recusa, igualmente, a aceitar a tutela do governo, não obstante alguns padres ocupem postos de responsabilidade na alta administração do país.
A sustentação de um confronto ideológico com os Estados Unidos tem provocado retaliações do governo sandinista contra alguns grupos religiosos que tomaram posição ostensivamente contrária à revolução. Os membros da Sociedade Bíblica, de orientação fundamentalista, por exemplo, tiveram que fugir para Miami, enquanto a "Campus Crusade" transferiu-se às pressas para a Costa Rica. Em represália, as duas organizações cancelaram o programa pró-sandinista "A Voz do Evangelho na Revolução", transmitido de uma emissora de propriedade dos dois grupos e produzido por pastores de seitas pentecostais simpáticos ao sandinismo. São os mesmos pastores, aliás, que emitiram, através da Assembléia Geral do Comitê Evangélico para Ajuda e Desenvolvimento (CEPAD), um comunicado, em nome de 37 ritos pentecostais, de apoio aos sandinistas e de exortação aos cristãos americanos para intercederem contra "as atitudes intolerantes e arrogantes dos Estados Unidos em relação à Nicarágua".
O mesmo CEPAD fazia um trabalho de profundidade em favor da nova ordem instituída na Nicarágua, como mobilizar pessoas que não se dispusessem a empunhar armas, mas colaborar com os sandinistas como médicos, enfermeiros, dentistas, engenheiros e artífices em geral, afora apoio logístico, e só retrocedeu no seu plano quando foi ameaçado pelos contra, a facção remanescente do ditador Somoza que, do exterior, luta para derrubar o governo revolucionário.
As seitas pentecostais, a despeito dos reveses políticos, funcionam a pleno vapor na Nicarágua.
A Costa Rica sempre foi uma espécie de zona franca aberta às religiões, sobretudo pela multiplicidade de organizações transconfessionais dos Estados Unidos que fazem base no país para atuar na América Central e no Caribe, sobretudo as mais antigas, como a "Central American Mission" (CAM) e a "Latin American Mission" (LAM), ambas com sede em San José desde as
primeiras décadas deste século. Outras poderosas faith missions, como a "Trans-Word Mission", ali ministram cursos de preparação de missionários para trabalho em várias nações centro-ameri­canas, centralizando também o esquema financeiro de apoio às diversas entidades que operam na região.
Presentemente, 60 por cento dos protestantes costarriquenhos (cerca de 8 por cento da população do país) são pentecostais, sobressaindo-se a Igreja de Deus do Evangelho Completo com, aproximadamente, 250 casas de oração, a Assembléia de Deus, com mais de 200 e a Igreja do Evangelho Quadrangular, também com mais de 200 templos.
O Panamá é o país que tem o maior número de protestantes da América Latina, quase 14 por cento da população. Isso se deve à influência da ocupação americana da Zona do Canal, em 1904, e à imigração de trabalhadores negros das ilhas inglesas do Caribe, já convertidos à fé cristã, durante a época daquela obra. Mas as seitas pentecostais, que já eram 50 por cento dos protestantes do país em 1965, pularam para 71 por cento 20 anos depois, com possibilidade de alcançarem rápido os 90 por cento, devido à imensa força de seu proselitismo.
A Igreja do Evangelho Quadrangular é a mais forte e mantém mais de 300 casas de oração espalhadas pelo país, seguida da Assembléia de Deus.

Bibliografia
Delcio Monteiro de Lima;OS DEMÔNIOS DESCEM DO NORTE.1987
Francisco Alves