Resumo do livro: ''As origens da Pós-modernidade'' de Perry Anderson

Por Angeli Rose do Nascimento | 06/08/2016 | Resumos

I - Introdução

Este relatório consiste num resumo do livro "As Origens da Pós- Modernidade", de Perry Anderson, obra de referência para as discussões iniciais do grupo constituído de pesquisa, tendo em vista a pertinência de se estruturar um banco de dados para futuros trabalhos a serem desenvolvidos pelos atuais e novos integrantes da investigação coordenada pelo professor Leandro Konder.

A proposta é apresentar, em linhas gerais, os aspectos mais significativos que compõem a análise desenvolvida pelo autor do livro, de modo a contribuir para reflexões mais aprofundadas posteriormente, considerando que a obra, segundo P. Anderson, tratava-se inicialmente de um prefácio ao texto de Fredric Jameson, "The Cultural Turn", e que pela extensão acabou tornando-se um ensaio em forma independente de livro.

II - Breve biografia do autor

Perry Anderson, nascido em 1938 na Inglaterra, é professor titular de história da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Foi editor da "New Left Review" durante vinte anos, a partir de 1962. É autor de uma extensa obra, traduzida em vários países, historiador de formação, já tendo visitado o Brasil para participar de conferências.

Alguns títulos do autor:

  • Considerações sobre o marxismo ocidental;
  • Passagens da Antiguidade ao Feudalismo;
  • Arguments with English Marxism;
  • In The Tracks of Historical Materialism;
  • English Questions e A Zone of Engagement.

Sendo deste último extraído "O fim da história: de Hegel a Fukuyama", publicado no Brasil.

III - Organização da obra de referência

Prefácio

O objetivo do ensaio, segundo P. Anderson, "é fornecer um relato mais histórico das origens da ideia da pós- modernidade do que os atualmente disponíveis: um balanço que identifique de forma mais precisa suas diversas fontes nos respectivos cenários espaciais, políticos e intelectuais, com maior atenção para a sequência cronológica - e também para os enfoques locais - do que tem sido costumeiro”.

1 - Primórdios

Este primeiro capítulo do livro explora a categoria espacial de modo a apresentar ao leitor as condições e os elementos que em diversas localidades possibilitaram o surgimento da ideia de "pós - modernidade". Contudo, o "Pós -modernismo" como termo e ideia, supõe o uso corrente de "modernismo'", e ao contrário do que se poderia pensar, ambos nasceram na "periferia distante" do centro do sistema cultural da época. Os termos não vêm da Europa ou dos Estados Unidos, mas da América hispânica.

Lima/Madrid/Londres

O termo pós - modernismo apareceu usado por Frederico de Onís, amigo de Unamuno e Ortega, para falar do "refluxo conservador dentro do próprio modernismo". Onís contrastava esse modelo com o do ultra modernismo, expressão de uma série de vanguardas com uma poesia contemporânea mas de alcance universal. Os nomes máximos representantes desses ultra modernistas eram Llorca Vallejo, Borges e Neruda. No entanto, o termo "pós -modernismo" usado com precisão por Onís como um estilo bem definido por ele no meio "hispanófono", só vinte anos depois aparece no mundo anglófono, assim mesmo para datar uma época e não uma estética.

A corrente modernismo, iniciada pelo poeta nicaraguense Ruben Dario, em 1890, por conta de um "embate literário" no Peru, inspirou -se em várias escolas francesas (romântica, parnasiana, simbolista), designando um movimento estético. A ideia de modernismo surge para fazer uma "declaração de independência cultural" em relação à Espanha e ao passado das letras espanholas. Em inglês, o termo só passou a figurar meio século depois ligado ao desenvolvimento metropolitano.

A ideia de um "pós - modernismo" apareceu pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 30 do século XX, sendo uma geração antes do seu aparecimento na Inglaterra e nos Estados Unidos. 

A partir de importante estudo do historiador Arnold Toynbee, Anderson observa que a análise inicial de Toynbee, de 1934, sobre o Ocidente, considerou "duas poderosas forças" moldadoras da história o Ocidente, o industrialismo e o nacionalismo, no entanto, estas forças entraram em "destrutiva contradição mútua, quando a escala internacional da indústria rompeu as barreiras da nacionalidade", o que inclusive origina a Grande Guerra. Tal processo aponta para uma "nova era" na história do Ocidente, uma vez que a categoria de nacionalidade não podia mais ser "autossuficiente". Sobre este novo movimento seguem-se os estudos de Toynbee, de 1939 a 1954, destacando que houve duas evoluções presentes na história do Ocidente, "a ascensão de uma classe operária industrial e o convite de sucessivas intelligentsias fora do Ocidente a dominar os segredos da modernidade e voltá-los contra o mundo ocidental". Contudo, baseado ainda nos estudos de Toynbee, Anderson destaca que embora uma classe média do final do século XIX considerasse que uma "vida sadia, segura e satisfatória" parecesse ter chegado para ficar, as duas guerras subsequentes e a iminência de uma guerra fria, fizeram os historiadores e um específico Toynbee reavaliarem a própria categoria de civilização para falar da história da humanidade.

"Em certo sentido (segue Anderson) a civilização ocidental  como primado desenfreado da tecnologia - tinha se tornado universal, mas prometia enquanto tal apenas a ruína mútua de todos. Numa autoridade política global, baseada na hegemonia de uma potência, era a condição de uma saída segura para a guerra fria.

Para Toynbee, "só uma religião universal que seria necessariamente uma fé sincrética - poderia garantir o futuro do planeta". Tal conclusão profética do historiador, mostra-nos Anderson, serviu para isolar a sua obra uma vez que trazia erros empíricos. 

[...]

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