Resumo da obra Cartas chilenas e Marília de Dirceu
Por Maria Jacqueline Alves dos Santos Matos | 21/09/2010 | ResumosResumo de Maria Jacqueline A. dos Santos matos
Tomás Antônio Gonzaga nasceu em Portugal, na cidade de Porto no dia 11 de agosto de 1744, filho do brasileiro João Bernardo Gonzaga e da portuguesa Tomásia Isabel Clarque. Gonzaga é o último de uma família de seis irmãos, e foi entregue aos cuidados dos tios, após o falecimento de sua mãe.
Em 1752 veio para o Brasil, para a cidade do Recife com seu pai. Passou a infância na Bahia, onde estudou em um colégio jesuíta até 1759. Amigo de vários poetas arcadistas mineiros que tinha como mestre o poeta Cláudio Manuel da Costa. Gonzaga escreveu um poema satírico, as Cartas Chilenas (1788-1789).
As cartas chilenas foram escritas para satirizar os abusos e as pesadas arbitrariedades do governador Cunha Meneses em Vila Rica, no período de 1783 e 1788. Um governador repugnante por sua corrupção e maldade. O nome Cartas Chilenas deve-se ao artifício usado para situar os acontecimentos no Chile. O poema está dividido em treze cartas dirigidas pelo poeta Critilo a seu amigo Doroteu ; das cartas 7ª e 13 ª só ficaram fragmentos.
Cunha Meneses foi satirizado sob o pseudônimo Fanfarrão Minésio, e Joaquim Silvério dos Reis, que viria a delatar os inconfidentes, aparece como Silverino; todos os personagens reais, já devidamente identificados pelos estudiosos, aparecem com pseudônimos.
As cartas começaram com a narrativa da chegada de Cunha Meneses, a Vila Rica, isto é, do Fanfarrão Minésio ao Chile. Surgem os retratos caricaturas do governador e de seus cúmplices mais chegadas. Ainda conta-se a posse do Fanfarrão e sua atitude prepotente, humilhando, as outras autoridades.
"Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa das pestanas carregadas
o pegajoso humor, o sono ajunta.
Critilo, o teu critilo é quem te chama;
Ergue a cabeça da engomada fronha,
Acorda, se ouvir queres causas raras."
Na segunda carta, os atos do governador são apresentados como demagógicos, caprichosos e arbitrários, tomando decisões que deviam caber à justiça. A partir de terceira carta, surgem em episódios atos de desmando desprezo e humilhação às outras autoridades e aos ilustres da terra.
A restrição mais freqüente feita às Cartas refere-se a suas desigualdades de estilo aos excessos de alusões circunstanciais ou indignações panfletárias. Tais restrições têm contribuindo para a subestimação da sátira; no entanto, bem vistas as coisas são argumentos insustentáveis quando se compara esse pretenso rigor à tolerância com que são aceitas tantas insignificâncias sentimentais do Romantismo brasileiro.
Escritas às vésperas da rebelião da Inconfidência as Cartas Chilenas são narrativa crítica de um período importante da sociedade colonial.
A terceira Carta contam as injustiças e violências que Fanfarrão executou por causa de uma cadeia, a que deu principio.
" Agora, Doroteu, ninguém passeia,
todos em casa estão, e todos buscam
divertir a tristeza que nos peitos
infunde a tarde, mais que a noite feia."
" Pretende, Doroteu, o nosso chefe
erguer uma cadeia majestosa
que passa escurecer a velha fama
da torre da Babel e mais dos grandes,
custosos edifícios que fizeram,
para sepulcros seus, os reis do Egito. "
A quinta carta contam as desordens feitas nas festas que se celebraram nos desposórios do nosso sereníssimo infante com a sereníssima infanta de Portugal.
Marília de Dirceu
Esta obra se e enquadra no estilo Neoclássico, chamado por outros de Arcadismo. Composta por três partes, onde sua primeira edição constando apenas a I parte (23 liras ) foi editada em Lisboa em 1792, saindo a II Parte também em Lisboa, em 1799. A III Parte saiu no Brasil.
A I parte foi escrita por Gonzaga antes de ir para prisão. Nele o poeta mostra- se cheio de esperanças, fazendo projetos conjugais, defendendo o ideal de vida burguês. A uma decorrência da volta do passado clássico e um predomínio quase que total da atmosfera pastoril nas liras.
" Eu não sou, minha Nise, peguereiro,
que viva de guardar alheio gado,
nem sou pastor grosseiro,
dos frios gelos e do sol queimado,
que veste as pardas lãs do seu cordeiro
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela! "
Nessa parte denota preferência pelos versos leves.
" Se alguém te louvava
de gosto me enchia;
mas sempre o ciúme
no rosto acendia
um vivo calor.
Marília, escuta
Um triste pastor."
A presença da natureza idealizada nas liras é constante .
" Daquele penhasco
Um rio caia;
ao som do sussurro
que vezes dormiam!
Agora não cobrem
Espumas nevadas
As pedras quebradas
Parece que o rio
o curso voltou."
Na parte II o poeta navega mais na esfera do sonho e da imaginação; da emoção e do subjetivismo. Essa parte começou a ser escrita na prisão, pois em 1788, Gonzaga foi denunciado de participar de uma reunião conspiratória contra o governo português onde envolvia outros participantes dentre eles Tiradentes, Alvarenga Peixoto e Toledo. Gonzaga é preso e fica incomunicável. Passa então a escrever as liras de Marilia de Dirceu. A II parte traz a marca dos dias de masmorra, o poeta já preso, longe de sua pastora e de seu rebanho descreve o seu estado na prisão. No decorrer do poema o poeta refere-se as calúnias e perseguições a alusão ao deus da riqueza, Pluto. Manifesta esperança em seu futuro, mostra seu romantismo, tristeza e despedida.