Resumo: Artigo: Indagações sobre o Currículo: Currículo, Conhecimento e Cultura
Por Elienai Carvalho Cardoso | 17/02/2017 | EducaçãoRESUMO
Artigo: Indagações sobre o Currículo: Currículo, Conhecimento e Cultura. Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental- (DPE), à Secretaria de Educação Básica – SEB, Ministério da Educação – MEC,
Autores do texto utilizado: Antonio Flavio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau (2005)
O texto trata de uma apresentação realizada em âmbito nacional, em um processo de debate, nas escolas e nos sistemas de ensino, sobre a concepção de currículo e seu processo de elaboração conforme legislação educacional vigente no País.
No capítulo Currículo, Conhecimento e Cultura, os autores, enfatizaram a importância do currículo para os professores, assim como para os profissionais de educação em geral, alguns elementos que permitam a reflexão e a discussão de questões que consideramos significativas para o desenvolvimento do currículo nas escolas.
Os autores associaram a palavra 'currículo' a distintas concepções, que derivam dos diversos modos de como a educação é concebida historicamente, bem como das influências teóricas que a afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento. Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas.
Por esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qualquer espaço organizado para afetar e educar pessoas, o que explica o uso de expressões como o currículo da mídia, o currículo da prisão etc.
Os autores reforçam que o currículo escolar é um dos elementos centrais do currículo e que sua aprendizagem constitui condição indispensável para que os conhecimentos, socialmente produzidos, possam ser apreendidos, criticados e reconstruídos por todos os estudantes do país. Daí a necessidade de um ensino ativo e efetivo, com um professor comprometido, que conheça bem, escolha, organize e trabalhe os conhecimentos a serem aprendidos pelos alunos.
Para os autores o currículo, nessa perspectiva, constitui-se um dispositivo em que se concentram as relações entre a sociedade e a escola, entre os saberes e as práticas, socialmente construídos, e os conhecimentos escolares. Podemos dizer que os primeiros constituem a origem dos demais.
Na item que contextualiza sobre a 'cultura, diversidade cultural', esclarecem, citando (Bocock, 1995; Canen e Moreira, 2001), que a palavra cultura, inicialmente possui diversos sentidos os quais tem variado, ao longo dos tempos, particularmente no período da transição de formações sociais tradicionais para a modernidade. Após uma ampla discussão sobre o conceito de cultura, observaram que a cultura não se mostra, então, evidente a íntima relação entre currículo e cultura, pois em uma sociedade dividida, a cultura é um terreno no qual se processam disputas pela preservação ou pela superação das divisões sociais, e o currículo é um espaço em que esse mesmo conflito se manifesta.
O currículo é um território em que se travam ferozes competições em torno dos significados. Cabe também ressaltar a significativa influência exercida, junto às crianças e aos adolescentes que povoam nossas salas de aula, pelos “currículos” por eles “vividos” em outros espaços sócio-educativos (shoppings, clubes, associações, igrejas, meios de comunicação, grupos informais de convivência etc), nos quais se fazem sentir com intensidade muitos dos complexos fenômenos associáveis ao processo de globalização que hoje vivenciamos.
Para Moreira e Candau (2005), elaborar currículos culturalmente orientados demanda uma nova postura, por parte da comunidade escolar, de abertura às distintas manifestações culturais. Faz-se indispensável superar o “daltonismo cultural”, ainda bastante presente nas escolas. O professor “daltônico cultural” é aquele que não valoriza o “arco-íris de culturas” que encontra nas salas de aulas e com que precisa trabalhar, não tirando, portanto, proveito da riqueza que marca esse panorama.
Para os pesquisadores, sugerem-se que a procura, no currículo, reescrever o conhecimento escolar usual, tendo-se em mente as diferentes raízes étnicas e os diferentes pontos de vista envolvidos em sua produção. O conhecimento escolar tende a ficar, em decorrência desse processo, “asséptico”, “neutro”, despido de qualquer “cor” ou “sabor”.
Professores dos primeiros anos do ensino fundamental podem também estimular o(a) aluno(a) a reescrever conhecimentos, saberes, mitos, costumes, lendas, contos. Inúmeras histórias infantis, por exemplo, têm sido reescritas com base no emprego de pontos de vista distintos dos usuais. O caso dos Três Porquinhos pode surpreender se a figura do Lobo representar o especulador imobiliário que tão bem conhecemos.
Um aspecto a ser trabalhado, que consideramos de especial relevância, diz respeito a se procurar, na escola, promover ocasiões que favoreçam a tomada de consciência da construção da identidade cultural de cada um de nós, docentes e gestores, relacionando-a aos processos sócio-culturais do contexto em que vivemos e à história de nosso país. O que temos constatado é a pouca consciência que, em geral, temos desses processos e do cruzamento de culturas neles presente.
Como intelectual que é, todo(a) profissional da educação precisa comprometer-se com o estudo e com a pesquisa, bem como posicionar-se politicamente. Precisa, assim, situar-se frente aos problemas econômicos, sócio-políticos, culturais e ambientais que hoje nos desafiam e que desconhecem as fronteiras entre as nações ou entre as classes sociais. Sem esse esforço, será impossível propiciar ao (à) aluno(a) uma compreensão maior do mundo em que vive, para que nele possa atuar autonomamente.
Notadamente, os autores inferem que a pesquisa dos professores da escola básica certamente difere da pesquisa levada a cabo na universidade e nos centros de pesquisa, o que, entretanto, não a torna inferior. A participação em pesquisa pode mesmo contribuir para que o trabalho do profissional da educação venha a ser. Estamos defendendo, em resumo, que se torne o currículo, em cada escola, um espaço de pesquisa. A pesquisa, concebida em um sentido mais amplo, reiteramos, não está restrita à universidademais valorizado.
Assim sendo, corroboro com os autores do capítulo: Curriculo, Conhecimento e Cultura, pois seu debate tem pertinência nas práticas docentes, assim como com as ações dos demais trabalhadores da educação, pois traduzem as concepções e ideias as quais pautam-se para a realidade das instituições de ensino. Todavia as reflexões tecidas no texto são de fundamental importância no avanço da qualidade da educação, dirimem as dúvidas, suscitam construções e críticas acerca do curriclo escolar, assim como refletem sobre como tornar o currículos um espaço de estudos e de pesquisas, experimentos e novas descobertas.
Autor do Resumo: Elienai Carvalho Cardoso (IFPA -Campus de Itaituba, 2017).