RESSIGNIFICAÇÃO PEDAGÓGICA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Por Elison Ferreira Alves | 31/10/2024 | Educação

RESSIGNIFICAÇÃO PEDAGÓGICA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

 

 Elison Ferreira Alves

Especialista em Metodologia do ensino de Língua Portuguesa pela Faculdade Atual, FAAT, Brasil, 2015.

Especialista em Educação Especial com Ênfase em LIBRAS pela Faculdade Atual, FAAT, Brasil, 2010.

Graduando em Direito pela Faculdade Estácio de Macapá, Brasil, 2021.

Graduado em Letras – Inglês pelo Centro Universitário ETEP, 2024.

Graduado em Licenciatura em Educação Física pelo Centro Universitário Venda Nova do Imigrante, UNIFAVENI, 2022.

Graduado em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa, FAEL, 2018.

Graduado em Licenciatura em Letras pela Faculdade Madre Tereza, FAMAT, 2011.

Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/3209623203023081

E-mail: elisonn.ap@gmail.com

 

Atualmente é professor do AEE da Escola Estadual M Catarina Dantas Tibúrcio.

 

 

RESUMO - O presente artigo destina-se a nortear praticas pedagógicas ao que se pretende que a Educação Física escolar possa oferecer à comunidade. Esse disponibilizara dados que visam orientar práticas pedagógicas e ações educativas concernentes à disciplina Educação Física escolar. Este projeto foi elaborado com dados coletados a partir da observação de bibliografias existentes. Seu propósito é reunir elementos que possam apoiar o desenvolvimento de praticas pedagógicas voltadas para a satisfação das necessidades dos envolvidos no processo ensino-aprendizagem da Educação Física escolar. Alguns artigos anteriores a este contribuíram para dar suporte na construção desse projeto o mesmo traz posicionamentos e reflexões atualizadas quanto à formação cidadã que escola busca conceitual no espaço de múltiplas aprendizagens e transformação sociais. Ele expressa uma proposta educacional que tem como objetivo a formação integral do educando, atuando cognitivamente, nas áreas cultural, social, e política buscando melhores qualidades de ensino e consequentemente melhores condições de vida. Pretende-se que esse norteie os profissionais da Educação Física Escolar a construírem diretrizes pedagógicas que incentivem e deem oportunidades ao educando de explorar com clareza as inúmeras manifestações corporais do ser humano.

 

Palavras chaves: Educação Física; Práticas; Educação, Profissionais.

 

 

 

 


 

1       INTRODUÇÃO

Este artigo busca destacar algumas particularidades no ensino da Educação Física. Para sua construção, foi realizada uma análise da proposta curricular e dos conteúdos atualmente utilizados no processo de ensino e aprendizagem. Observa-se que, em muitas escolas, as aulas são predominantemente focadas na prática esportiva, o que está de acordo com o papel desse componente curricular. No entanto, quando se trata de competições, frequentemente ocorre a seleção dos alunos mais "habilidosos", o que resulta na exclusão daqueles que possuem menos habilidades.

Desta forma, há uma necessidade grande que os profissionais desta área desmistifiquem este fato e deixem claro que, a mesma é componente curricular obrigatório, assim como as demais disciplinas e deve ser aplicada didaticamente através de técnicas pedagógicas.

Como bem discerne Caparroz (2007) a onda cientificista na educação física, nas décadas de 1960 e 19705, provocou uma desvalorização da discussão propriamente pedagógica e simultaneamente acentuou a dissociação entre essa e a didática, entendida como a “prática”, no sentido de oferecer respostas a respeito do como fazer, como ensinar, como treinar.

Como se observa, esse movimento colocou ênfase em questões técnicas e metodológicas, como o "como fazer" e o "como ensinar", o que resultou em uma diminuição da reflexão pedagógica mais ampla. A superação dessa dissociação é fundamental para garantir que a Educação Física seja mais do que um simples treinamento físico, tornando-se uma disciplina que promove o desenvolvimento integral dos alunos, tanto no aspecto físico quanto no cognitivo e social.

Segundo Caparroz (2007, p. 38), o que se percebe é que apesar dos métodos tecnicistas e militaristas já estarem ultrapassados ainda existem professores que tratam a disciplina como se o mesmo fosse treinador e o aluno atleta, pois, o esporte aparece como o fundamento básico do ensino da disciplina na escola.

Daí surge às seguintes indagações: por que muitos professores de Educação Física ainda insistem em promover o esporte como fundamento básico para o ensino deste componente curricular? De que forma a Educação Física poderia ser repassada aos alunos de maneira pedagogicamente correta? Que métodos pedagógicos poderiam ser utilizados em cada conteúdo da Educação Física? Por que a comunidade escolar, em sua maioria não sabe a diferença entre Educação Física e esporte? Essas são algumas indagações que surgiram e que se procurará validar no decorrer dessa investigação.

Assim, este artigo parte da hipótese de que a Educação Física na escola está voltada a praticas de ensino de técnicas do esporte e menos para os pressupostos pedagógicos, limitando assim o conhecimento da cultura corporal de movimentos como um todo.

Segundo Daólio (1995), a Educação Física deve ser plural, abrangendo diversas formas de cultura corporal, como jogos, esportes, danças, ginástica e lutas, garantindo a inclusão de todos os alunos. O foco, no entanto, não deve ser a aptidão física ou o desempenho esportivo, mas sim tratar esses elementos como conhecimentos que devem ser reconstruídos pelos estudantes.

Desta forma, entende-se que contexto deste componente curricular deve abordar todos os conhecimentos que compõem a mesma, e não somente o esporte, pois, sabe-se que partir do conhecimento corporal popular e de suas variadas formas de expressão cultural, é almejando que o aluno possua um conhecimento crítico e organizado a respeito da chamada cultura humana de movimento.

2       DESENVOLVIMENTO

A Educação Física, enquanto disciplina escolar, enfrenta um grande desafio: a necessidade de ressignificar seu papel pedagógico e romper com práticas obsoletas, que ainda reduzem seu ensino a um simples treinamento esportivo. O ser humano, por sua natureza, está em constante evolução, e o campo da educação também deve acompanhar essas transformações. No entanto, os profissionais da Educação Física carregam uma responsabilidade particular, pois além de promover o desenvolvimento corporal, eles são responsáveis pela formação cidadã dos indivíduos.

Entender entre outras coisas que este componente curricular necessita rever alguns dos seus conceitos, principalmente que o professor possa propor atividades que respeitem as diversidades de cada um e entenda o discente como um individuo em constante formação, transformação e crescimento, e não apenas como aluno.

Sob esse aspecto, Betti (1991) ressalta que o obstinado discurso pedagógico da Educação Física brasileira, traduzido nas máximas “A Educação Física é Educação” e “A Educação Física visa o desenvolvimento do homem integral” contrasta com a realidade e a prática. Por toda parte o panorama é quase o mesmo nas escolas de 1° e 2° graus: professores despreparados e desmotivados, alguns abandonados nas quadras, programas reduzidos à prática do futebol, o esporte escolar elitizado e reprodutor, a Educação Física totalmente desvinculada do projeto educacional das escolas, ausência de planejamento e objetivos claros, comportamento docente ora autoritário ora omisso.

Deste modo, entende-se que para alguns professores de Educação Física tornam-se muito conveniente desenvolver suas aulas baseadas exclusivamente em esporte, não havendo necessidade de planejamento, fazendo o uso das aulas em apenas jogar uma bola na quadra e deixar que os alunos corram até acabar o tempo da aula, fazendo que os alunos fiquem sem o conhecimento pedagógico.

 

 

Parece-nos importante situar, no debate pedagógico mais amplo da educação e da educação física a discussão em torno do tema da didática. Nesse sentido, é indicativo a ser considerado o fato de a Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE) ter identificado e adotado esse tema para um número da revista, o que indica, entre outros, relevância, pertinência e necessidade de aprofundamento das reflexões em torno do ensino-aprendizagem em educação física, mas pode indicar, também a nossa hipótese do “resgate” de uma questão negligenciada nos últimos anos no campo. (CAPARROZ, 1997, p. 21-37).

 

 

De acordo com Caparroz (2007, p. 46), o papel que se espera que o professor de Educação Física desempenhe nas escolas nos dias atuais é o de ser incentivador, buscando sempre nortear as praticas educacionais que visem buscar o prazer e o gosto por desenvolver atividades físicas diversificadas. Na atualidade, há uma divulgação que a atividade física é um fator de importância significativa para pessoas que querem ter uma vida saudável, indicada por vários especialistas tanto na área da saúde quanto da área médica como base de tratamento e prevenção de várias enfermidades causada pela falta de prática de exercícios.

Porém, há uma dificuldade grande em desenvolver uma práxis pedagógica para a disciplina Educação Física e desempenhar tal papel não tem sido tarefa fácil, pois, apesar das metodologias empregadas pelos cursos de formação de professores e da gama de conhecimento que se observa nos profissionais recém formados, até mesmo daqueles já graduados que buscam especializações, fazer com que as pessoas atentem para a importância desta disciplina na vida de cada um, mudar hábitos e/ou costumes de uma sociedade requer paciência, persistência e sabedoria dentre outros fatores.

 

A partir do exposto, centramos nossas reflexões na problemática apontada, qual seja, a dificuldade de organizar/planejar/sistematizar o ensino da Educação Física na escola e, consequentemente, a dificuldade de ensinar esse componente curricular. Elegemos, para guiar nosso estudo, as questões: estaria a produção acadêmica, e em função disso, também os cursos de formação de professores de educação física, hipertrofiando as discussões pedagógicas e atrofiando as discussões da didática da educação física escolar? Qual o espaço e o lugar da didática na educação física? (CAPARROZ, 2007, p. 47).

 

Caparroz (2007, p. 48), demonstrou grande preocupação com o caminhar da Educação Física nas escolas percebendo que há necessidade de mudança de comportamento e costumes na comunidade escolar. Isso carrega consigo grande carga de responsabilidade e compromisso, pois as maneiras e se tratar a Educação Física como uma disciplina tão abrangente ainda em fase de construção conceitual requer esforço dos profissionais que a representam e um suporte técnico pedagógico adequado para a organização e execução de seu planejamento.

 

A Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.58).

 

 

Segundo Coletivo de Autores (1992, p. 59), é preciso entender que a competição em âmbito esportivo não é o único e nem o principal objetivo da Educação Física na escola. Por este motivo destaca-se a preocupação que o aluno tenha o conhecimento sobre a importância da Educação Física escolar em seus mais relevantes fatores, e saber que este componente curricular não se limita apenas a esportes, que a função da escola não é formar atletas ou simplesmente adestrar pessoas, mas, sim atuar como incentivadora das diversas manifestações da cultura corporal do movimento. A Educação Física deve ser não seletiva e não competitiva onde o aluno tenha em mente que o papel da Educação Física escolar deve ser pedagógico e servir de orientação para os mesmos conhecerem as várias formas de cuidar da saúde e conhecer diversas modalidades esportivas para no futuro deterem conhecimentos básicos sobre tal assunto.

Ainda de acordo com Coletivo de Autores (1992, p. 61), um dos objetivos da Educação Física é fazer com que os alunos sejam autônomos e que os mesmos possam ter um conhecimento abrangente em diversos aspectos da cultura corporal e motricidade do corpo. Por este fato às vezes a Educação Física torna-se mal compreendida em relação ao seu conteúdo, pois quando se fala em Educação Física por tradição imagina-se logo em diversão e brincadeira e não em compreender sua origem, seus sentidos,seus significados e seus objetivos.

 

Não é o esporte que faz o homem, mas o homem que faz o esporte, ele determina o que, como, onde, quando, por quanto tempo, com quem, sob que regras, com que objetivos, sob que condições o praticam. (COLETIVO DE AUTORES, 1992 p.56).

 

Dessa forma, é preciso entender quando o professor protagoniza o esporte como meio e fim desta disciplina, o mesmo acaba estimulando a regra de conter e da comparação objetiva, pois não há esporte sem competição, e, portanto, sempre haverá um vencedor e um perdedor, consequentemente, os maus sucedidos serão denominados de “fracassados”, ou serão declarados como “fracos”.

Então surge a seguinte indagação: o que há de pedagógico em fazer com que os alunos se sintam fracassados, por não conseguirem um alto rendimento na realização de uma tarefa ou uma determinada modalidade esportiva? A aula de Educação Física, para alcançar um desenvolvimento integral dos discentes, tem a tarefa de reduzir esta complexidade do sistema de mero esporte, mostrando aos alunos como alternativas e não como regras.

Ainda de acordo com Coletivo de Autores (1992, p. 62), a influência do esporte no sistema educacional é tão forte que não é o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. O esporte é para essa fase, o objetivo e o conteúdo da Educação Física escolar e estabelece uma nova relação passando de professor-orientador para professor-treinador.

 

Entendemos que existe uma série de interpretações dos problemas da didática e da pedagogia da educação física que dificultam uma (re)significação da didática em nosso campo. A seguir as pontuamos e discutimos. (CAPARROZ, 2007, p. 47).

 

 

 

Por isto é preciso que o ensino desse componente curricular vá além de movimentos e habilidades, é necessário que os próprios profissionais da área compreendam a dimensão conceitual que esta possui, entendendo que o esporte é não com fim em si mesmo, buscando o interesse dos alunos em conhecer mais sobre a educação física e sua importância para sua vida.

De acordo com Rangel (2008, p. 77), o aluno deverá apropriar-se dos conhecimentos que justificam a presença da educação física na escola. Assim, os profissionais licenciados nesta disciplina teriam a obrigação de conhecer os pressupostos pedagógicos que dizem respeito à disciplina a fim de desempenhar com qualidade sua função nas escolas.

Segundo Darido (2008, p. 34), boa parte dos responsáveis pela escola não observam a diferença entre educação física e esporte, e poucos alunos diferenciam estas duas áreas. Isto se deve ao fato de alguns professores ainda desenvolverem suas aulas baseados em práticas esportivas, não esclarecendo para os alunos os verdadeiros objetivos dos conteúdos e disciplina, assim os discentes continuam a alimentar a incógnita que justifica a presença dos conhecimentos da mesma na escola, sendo que continuarão associando a disciplina com práticas esportivas.

Segundo Stramam (2001, p. 15), não se trata de desconsiderar o esporte como conteúdo da educação física escolar, mas reconhecer o esporte como o protagonista desta disciplina é um exagero, e o que se espera é que cada professor reflita sobre suas ações e sua prática pedagógica.

Por isso, acredita-se que a o contexto desse componente curricular precisa de um olhar resinificado para o fazer pedagógico, principalmente na fase do ensino fundamental onde os discentes estão começando a se tornar cidadãos críticos e autônomos. Entende-se que é nesta fase que se deve mudar o conceito que os educandos têm de educação física escolar, conceito este baseado nas praticas esportivas principalmente o futebol, o professor deve demonstrar através do fazer pedagógico e de conteúdos didaticamente selecionados que esta disciplina vai além do voleibol, basquetebol, futebol e outros.

Ainda, é dever dos professores despertar um pensamento reflexivo nos alunos de que este componente curricular obrigatório tão importante quanto às demais disciplinas da educação básica, e que a função do professor de educação física não é apenas repassar uma bola aos alunos para os mesmos correrem em uma quadra de forma treinamento e sem objetivos.

Segundo Oliveira (1994, p. 66), A educação física como sinônima de esporte induz a concebê-la, essencialmente, como competição, e cria o recorde como o seu objetivo fundamental. Desta forma, é preciso que os professores desta disciplina tentem lidar com seus alunos de forma clara buscando estabelecer didaticamente o seu verdadeiro papel e dessa forma esclarecer que o esporte é apenas um dos componentes da mesma e que este componente curricular possui um leque de opções em conteúdos que podem ser trabalhados pedagogicamente, por se tratar de uma disciplina da área da saúde.

O que se percebe é que alguns professores da área não demonstram preocupação em tentar mudar a visão ultrapassada e tecnicista da disciplina, não buscam mecanismos para tornar seu trabalho pedagógico e significativo, pois, apesar de tantas mudanças ocorrendo no mundo, de novos tratamentos com base no bem estar físico serem divulgados todos os dias pelos meios de comunicação, esses profissionais persistem com métodos ultrapassados em algumas escolas e os alunos continuam sendo tratados como futuros atletas e não como indivíduos dotados de inteligências e múltiplos saberes.

 

A PRÁXIS REAL E A QUE SE ESPERA

 

Segundo Medina (2008 p. 35), educação física precisa entrar em crise urgentemente, questionar criticamente seus valores, ser capaz de justificar-se a si mesma e procurar sua identidade. O autor ressalta que esta disciplina precisa encontrar sua identidade pedagógica. Por isto é preciso ocorrer algumas mudanças no modo de ensino da disciplina e provavelmente na formulação dos conteúdos, pois, uma concepção pedagógica que reflita criticamente sobre os conceitos de esporte e saúde.

Por este motivo, entende-se que é preciso haver uma intervenção pedagógica neste contexto para que o próprio professor reflita sobre o desenvolvimento integral do educando, necessário que os educadores da área utilizem as ferramentas didáticas disponíveis para tornarem-se facilitadores e orientadores de novas praticas pedagógicas. Os mesmos terão respaldo e autonomia para desenvolver sua função de forma correta, sem achar que o seu papel se limita apenas a um repassador de bolas para seus alunos ou treinador desportivo.

 

Esta busca nos leva a surpreender, nela, duas dimensões: ação e reflexão, de tal forma solidárias, em uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas, se ressente, imediatamente, a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. (FREIRE, 1987 p. 77).

 

Entende-se que o eixo central da crítica que se fez ao paradigma da educação, não são indiferentes à esta disciplina, que ainda insiste em promover a aptidão física e a atividade esportiva como protagonista da mesma.

Oliveira (1994 p. 88), admitindo o ser humano existindo como um todo, transparece a ideia de que o professor de educação física não pode, mesmo desejando, tratar apenas do físico das pessoas. Assim entende-se que a mesma não trata apenas do desenvolvimento motor, mas sim do desenvolvimento integral do indivíduo. Abordar diversas manifestações da cultura corporal como, por exemplo, a dança, a capoeira, a natação, a higiene corporal, a própria história da saúde humana obtida através da atividade física.

 

Considera-se que a formação pedagógico-didática virá em decorrência do domínio dos conteúdos do conhecimento logicamente organizado, sendo adquirida na própria pratica docente ou mediante mecanismos do tipo: “treinamento em serviço” (SAVIANI, 2008, p.09).

 

 

 

Entende-se que a formação pedagógica dos professores de educação física não é diferente das demais disciplinas e por isto esta deve apresentar em sua matriz curricular conteúdos voltados para o fazer pedagógico nos quais os educandos possam adquirir um amplo conhecimento sobre a contextualidade do que trata esta disciplina e conhecer as abordagens que á direciona, pois, sabe-se que existem diversos conteúdos e o professor não deve apenas se portar como um treinador, mas deve assumir seu papel de educador.

 

“O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra eles.” (FREIRE, 1987, p. 68).

 

 

Deste modo, percebe-se que deve existir sempre um dialogo entre professor e aluno, pois não existe mais um paradigma de que o professor sabe tudo e os discentes não sabem nada, o professor não é detentor do conhecimento pronto e acabado porque o mesmo aprende ensinando e do mesmo modo os educandos podem e devem dar sua contribuição sempre que achar necessário.

De acordo com Barbosa (1997, p. 53) “quando o professor de educação física age de forma a diferenciar-se dos demais professores, ele inconscientemente usa a mesma de forma amoral”. Procura-se subsidiar os professores para que, como intelectuais transformadores, assumam seu papel de colaboradores para as mudanças sociais que se fazem urgentes e necessárias ao país, e não aceitem a imagem de que os mesmos são acefálicos e que não possuem conteúdos pedagógicos na sua matriz curricular.

Não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, educação é a vida presente é parte da própria experiência humana ainda que bem ensinados; é preciso que se liguem de forma indissociável, à sua significação humano e social.  (LIBÂNEO, 2006, p. 24).

 

 

Desenvolver aulas com conteúdos e formas onde os alunos possam entender que a mesma trata de toda cultura corporal como a dança, a ginástica, a capoeira e os jogos, e que o esporte não deve ser tratado como meio e fim desta disciplina é fundamental.

Libâneo (2006, p. 28) destaca que a escola, como meio de apropriação do saber, é um dos melhores serviços prestados aos interesses populares. Nesse contexto, a educação física escolar desempenha um papel fundamental ao auxiliar os alunos a se superarem de forma integral, promovendo não apenas o desenvolvimento físico, mas também a formação de cidadãos críticos, conscientes de sua capacidade de pensar, agir e interferir na sociedade. Essa abordagem educativa visa respeitar os limites individuais e não a formação de atletas, mas de cidadãos conscientes.

No entanto, como aponta Bracht (2008, p. 78), o cenário das propostas pedagógicas em educação física tem se tornado mais diversificado nas últimas décadas, apesar da prática pedagógica ainda resistir a mudanças. A ênfase tradicional na aptidão física e esportiva continua presente, mas novas abordagens têm emergido como alternativas importantes para repensar o papel da educação física no desenvolvimento crítico e integral dos alunos.

Ambas as propostas sugerem procedimentos didático-pedagógicos que possibilitem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar-se humano que são denominadas de cultura corporal ou de movimento, e por isto deve propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, revelando suas vinculações com os elementos da ordem vigente, desenvolvendo, uma práxis dentro das competências para tal.

 

EDUCAÇÃO FÍSICA LEGAL

 

De acordo com PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997), a educação física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos, onde  um dos principais objetivos da educação e a formação do sujeito autônomo, tanto intelectualmente quanto como agente transformador da sua realidade e da sua comunidade, a práxis escolar tem a possibilidade de reconhecer as variadas culturas e aptidões trazidas pelos discentes e através da criatividade incorporá-las aos conteúdos didáticos pedagógicos.

É preciso caminhar da consciência do senso comum em direção à consciência crítica adquirir uma visão ampla e profunda dos problemas de nossa realidade, é uma tarefa coletiva. É preciso agir. Mas agir em direção a alguma coisa, é preciso ter objetivos, é preciso, sobretudo, ter finalidades. Sendo assim, entende-se que se o professor trabalha apenas o esporte, logo se percebe o quanto se torna pobre os conteúdos repassados aos alunos. Neste sentido é fundamental que a compreensão de si, e de outras culturas sejam ampliadas, a fim de efetivar a sua realidade social, dentro de suas limitações culturais, como um componente curricular educacional.

 

A finalidade e a missão da escola realmente estão caminhando juntas, no entanto quando se fala de Educação Física e o seu conteúdo curricular percebem-se um grande descaso com a sua verdadeira importância social, pois desde a fundação da Escola não houve mudanças no conteúdo curricular desta disciplina, a impressão que se tem é que esta disciplina parou no tempo, e o seu professor também, pois a educação continuada é responsabilidade do professor e não da escola, porém a escola pode auxiliá-lo nesta busca incessante pelo conhecimento novo.  (BRITO, 2012, p. 54).

 

A educação física necessita de um olhar voltado para o fazer pedagógico, na buscar de sua identidade e seus valores deixando com que a comunidade escolar tenha uma visão de descaso por acharem que é apenas jogar bola, enquanto sabe-se que isto não é verdade, pois esta disciplina tem a mesma preponderância que as demais disciplina da grade curricular.

 

A Educação Física escolar dispõe de uma diversidade de formas de abordagem para a aprendizagem, entre elas as situações de jogo coletivo, os exercícios de preparação corporal, de aperfeiçoamento, de improvisação, a imitação de modelos, a apreciação e discussão, os circuitos, as atividades recreativas, enfim, todas devem ser utilizadas como recurso para a aprendizagem. PCNs (1997, p.83).

 

 

É nesse aspecto que o papel do professor reflexivo se torna importante, não do mero repassador e reprodutor de conhecimentos e informações, mas que seja capaz de compreender seu papel e o objetivo no processo ensino-aprendizagem na vida de seu aluno, estimulando-o a desenvolver sua capacidade reflexiva e crítica sobre o que ele vivência no seu cotidiano. Assim, o aluno deve ser compreendido como sujeito participante, capaz de reinterpretar significados de concepções e representações da realidade, podendo experimentar, questionar, buscar diferentes possibilidades envolvendo-se num processo vivo em que, o jogo de interações e conquistas possa ser compartilhado e construído num espaço de compreensão e construção de conhecimento da sociedade, Fica evidente, a necessidade do aprender em uma sociedade em constantes mudanças, tornando-se construtores de seu conhecimento no cotidiano escolar.

 

 

A educação física escolar tem por finalidade oportunizar aos alunos o desenvolvimento de nos potencialidades nos aspectos cognitivos, motor, afetivo e social objetivando o seu aprimoramento como seres humanos excluindo seletividade e hiper competitividade. (Resolução Nº 022/10 CEE/AP).

 

 

 

Desta forma é necessário saber da finalidade primordial da Disciplina faz com que os educadores desenvolverem e trabalhe essa potencialidade nos alunos, contribuindo para o seu desenvolvimento do ser humano. Permitindo ter um aprimoramento da sociedade em suas práticas educacionais pertinentes a dimensão da ética, visando sempre refletir sobre o ensino escolar, dentro dos preceitos de que deve ser entendida e repassada para os educandos.

De acordo com a LDB, a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: Nesse sentido, pode-se constatar que a Educação Física na escola constitui direito de todos, e não privilégio dos considerados jovens, hábeis e produtivos. Por isso que o ensino não pode perder de vista a perspectiva de uma prática pedagógica inclusiva, não discriminatória entre homens e mulheres de todas as idades, classes sociais, etnias, independentemente de suas habilidades e performances nas práticas.

3       CONCLUSÃO

As reflexões apresentadas no desenvolvimento deste trabalho reforçam a importância de repensar o papel da Educação Física no ambiente escolar. O desafio central é superar a visão tecnicista que restringe a disciplina a práticas esportivas, sem considerar sua função educativa mais ampla. A Educação Física deve ser vista como uma área que contribui para o desenvolvimento integral dos alunos, abrangendo aspectos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, promovendo a saúde e a formação cidadã.

Nesse sentido, é essencial que os professores assumam o papel de facilitadores do conhecimento, utilizando métodos pedagógicos que respeitem as diferenças individuais e busquem engajar os alunos em uma diversidade de atividades corporais, além do esporte. A formação continuada e o planejamento são fundamentais para garantir que os conteúdos sejam abordados de forma crítica e significativa, promovendo a autonomia dos estudantes e sua capacidade de refletir sobre a importância da Educação Física em suas vidas.

As mudanças necessárias incluem a valorização de uma Educação Física inclusiva e crítica, que supere a competição exacerbada e promova a cooperação e o bem-estar dos alunos. Além disso, é crucial que os professores tenham clareza sobre os objetivos pedagógicos da disciplina, para que possam ensinar de maneira mais contextualizada e transformadora, alinhando a prática educativa com as demandas sociais contemporâneas.

Dessa forma, a Educação Física escolar pode cumprir seu papel como um componente curricular que contribui para a formação de cidadãos conscientes e críticos, aptos a lidar com os desafios do mundo atual.

 

Em virtude dos fatos acima mencionados e a evolução da educação física só vai realmente acontecer quando os professores colocarem em prática o que aprenderam na teoria, pois, a educação física deve ser vista como um componente curricular com importância, pois, o professor de educação física necessita fazer parte do projeto político pedagógico da escola.

O certo é que a educação física não sairá de sua superficialidade enquanto os profissionais da área não se posicionar criticamente em relação aos seus valores, ou, em outras palavras, não se questionarem quanto ao real papel de sua pratica para os discentes e para a comunidade a que serve.

Por fim, é possível argumentar que a educação física realmente precisa de um olhar resinificado em relação à sua prática pedagógica, pois sabemos que a mesma precisa de uma redefinição em seu quadro teórico por isto devem surgir algumas  reflexões por parte de cada profissional e a sensação de que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o professor consiga ocupar seu lugar perante a sociedade e finalmente poder desempenhar as verdadeiras funções que lhe cabem e por sua vez, ter seu valor devidamente reconhecido e merecido..

4       REFERÊNCIAS

BARBOSA, C. L. A. Educação física escolar: Da alienação à libertação. Petrópolis: Vozes, 1997.

 

BETTI, M. Educação Física e sociedade. 1ª Ed. São Paulo: Movimento, 1991.

 

BRACHT. V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Publicado em: 2008.

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física /Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília:   /SEF,1998. 114 p.

 

CAPARROZ. F. E. O tempo e o lugar de didática da educação física. Campinas: 2007.

 

COLETIVO, Autores. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo. Editora Cortez. 1992.

 

DAÓLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas. Papirus, 1995.

 

DARIDO, S. C. Educação física na escola: Questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 2008.

 

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido.17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e terra. 1987.

 

LIBÂNEO, J. C. Democratização da escola pública: A pedagogia crítico-social dos conteúdos. 21ª Ed. São Paulo: Loyola, 2006.

 

MEDINA, João Paulo S, A educação física cuida do corpo... e “mente”. 24ª Ed. São Paulo: Papirus, 2008.

 

OLIVEIRA, V. M. de. O que é educação física / Vitor Marinho de Oliveira. São Paulo: Brasiliense, 2004.

 

RANGEL, I. C. A.; DARIDO. S. C. Educação física na escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de janeiro: 2005.

 

RESOLUÇÃO nº 022 /2010. Conselho Estadual de Educação do Amapá. CEE/AP.

 

SAVIANI, D. A pedagogia no Brasil: História e teoria. São Paulo: Autores associados, 2008.

 

STRAMAM, R. H. Textos pedagógicos sobre o ensino da educação física. Ijuí: Unujuí, 2001.

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