RESSIGNIFICAÇÃO DA LEITURA E ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por Laura Beatriz de Arruda Rosa | 15/10/2019 | Educação

ROSA, Laura Beatriz de Arruda [1]

FERNANDES, Dieysa de Oliveira[2]

OLIVEIRA, Nayana Freitas Perini [3]

RESUMO

Este trabalho teve a intenção de desenvolver uma reflexão sobre as experiências obtidas durante o processo de formação de Professores, realizado pela Prof.Dra. Bárbara Cortella e promovido ela Secretaria de Educação do Município de Primavera do Leste, pela qual realizamos juntamente com os alunos, diferentes práticas pedagógicas, com o direcionamento de atividades lúdicas e interativas mediante sequência de atividades que permitiram inovações no ensino / aprendizagem das crianças na fase da alfabetização. Utilizamos como estudo teórico a obra de Ana Luiza Bustamante Smolka: “A criança na fase inicial da escrita” : a alfabetização como processo discursivo, utilizando como relato de experiência os registros de todo o percurso desenvolvido durante a análise, com os temas das unidade 01– Manoel de Barros, a partir dos eixos: oralidade, leitura, produção de textos e análise linguística, Unidade 02 – “Contos clássicos/ Identidade e Patronos da Escola”e a Unidade 03 - “Brincadeiras indígenas e quilombolas e Sabores/saberes da nossa terra”, a partir do gênero literário Fábulas, com participação de 05 turmas (período integral) do 1º ano de alfabetização – Regência e Turmas da Parte Diversificada: Oficinas Pedagógicas, que fazem a junção do 1º ciclo dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental em Tempo Integral Maria Dallafiora Costa – Parma Vida, com planejamentos didáticos adequados a cada faixa etária e embasados nos direitos de aprendizagem da Base Nacional Comum Curricular  - BNCC (2017) e no Documento de Referência Curricular de Mato Grosso - DRC/MT (2018)   onde tornou-se possível a identificação dos avanços e dificuldades obtidas pelos alunos, bem como uma variedade de possibilidades de aprendizagem disponíveis no ambiente escolar.

Palavras-chave: Alfabetização. Interação. Conhecimento.

INTRODUÇÃO

Este trabalho constitui-se como relato de experiência do curso “Alfabetização como espaço discursivo”, ministrado pela Profª.Dra. Bárbara Cortella e promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste-MT, como parte importante do processo de formação continuada. Enfoca-se, neste texto, a sequência de atividades desenvolvidas nas Unidades 1 a 3 a ser socializada neste relatório. Um dos principais objetivos do relato originou-se ao estabelecer uma relação de interação através da produção de sentidos para as crianças usando-se da execução de atividades de leitura e escrita, que possibilitou aos discentes uma perspectiva de conhecimento e troca de saberes. Nessa perspectiva, o letramento tornou-se uma fonte de criação inovadora nas práticas docentes e novos pensadores, ampliando o conhecimento de habilidades e competências que foram adquiridas ao longo do processo.

Ao reafirmar o compromisso de um ensino qualitativo, com propostas de incentivo e aprimoramento da leitura e escrita, fez-se descobertas inusitadas durante o aprofundamento teórico sobre a obra de Ana Luiza Smolka com reflexões da práxis pedagógica e aplicação da proposta de alfabetização como um processo discursivo em sala de aula, por meio de sequência de atividades, com ações desenvolvidas na fase da alfabetização, de modo que criaram-se condições necessárias para o desenvolvimento cognitivo e intelectual da criança, usando estratégias pertinentes ao trabalho pedagógico de maneira peculiar, porém distinta, trazendo informações emergentes sobre o discurso no período inicial da escrita, bem como estratégias dinâmicas para melhorias do ambiente escolar e na relação professor/aluno.

Os resultados das intervenções foram positivas e de grande relevância para a prática docente, que prevê a culminância do projeto por meio de um sarau, com a exposição dos trabalhos das crianças desenvolvido durante os módulos, abrangendo todos os âmbitos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental nas Instituições escolares do Município. Podemos citar, através da fala da autora que:

[...] a literatura, como discurso escrito, revela, registra e trabalha formas e normas do discurso social; ao mesmo tempo, instaura e amplia o espaço interdiscursivo, na medida que inclui interlocutores – de outros lugares, de outros tempos, -criando novas condições e novas possibilidades de troca de saberes, convocando os ouvintes leitores a participarem como protagonistas no diálogo que se estabelece. (SMOLKA, 2012, p. 111).

Diante desse pressuposto, consideramos que o aluno na fase da alfabetização pode adquirir novas formas de aprendizagem por meio da interação entre adultos e crianças, criando possibilidades de autoconhecimento e criatividade dentro de um espaço que possa transformá-lo como autor de seu próprio conhecimento, necessitando apenas de um espaço vivencial alfabetizador, bem como oportunidade para que realize suas funções, na qual implica a reconstituição da leitura por meio do texto escrito, da expressão da oralidade e da descoberta feita com a própria autoria da criança. Desse modo, a formação de professores, vivenciadas por meio das teorias e práticas pedagógicas, demonstrou-nos por meio das metodologias de cunho participativo e dinâmico, uma grande oportunidade para a propagação de informações pela qual contribuiu para a compreensão de elementos formais da Literatura Infantil, bem como objetos informais, que colaborou diretamente para a formação inicial da escrita.

  1. PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS - UMA NOVA TENDÊNCIA NOS ANOS INICIAIS

A metodologia utilizada é caracterizada comoabordagem de cunho qualitativo, baseada na aplicação de produção de sentidos e ressignificação de conhecimentos sobre a leitura e a escrita partindo de seu uso na sociedade. Os meios mais eficazes que encontramos para as manifestações da linguagem literária ocorreram de forma sistematicamente organizada, permitindo cativar as crianças na produção da escrita e estímulo do prazer pela leitura, de modo a valorizar a cultura pela qual está inserida. Desse modo, verificou-se a necessidade de ampliar o repertório de habilidades dos alunos, visando principalmente a individualidade de cada um.

Na unidade 01 trabalhamos o eixooralidade, pela qual desenvolvemos atividades de roda de conversa sobre os diferentes animais existentes no Pantanal Matogrossense, com músicas-poema, leitura de textos exploratórios e comparações sobre a linguagem do texto informativo sobre o Bem-te-vi, aspectos da vida e da obra de Manoel de Barros, sempre com mediação ao aluno.

Já no eixo leitura aproveitamos variedades de textos impressos para leitura de imagens, pela qual as crianças puderam refletir sobre a interpretação do mesmo. No eixo produção de textos, de acordo com a fase inicial da alfabetização executamos as aprendizagens com um sistema diferenciado por meio de montagem de quebra – cabeças dos animais do pantanal: conto e reconto da história. O próximo eixo análise linguística/semiótica usamos como quesito principal a distinção das letras do alfabeto, com cantigas de roda, parlendas, trava-línguas, rimas e canções, cores, grandezas, confecção de jogos da memória em que as crianças escreveram o nome de diferentes aves, pintaram e recortaram as ilustrações com o nosso auxílio e colaboração dos colegas de sala, que sentiram-se dispostos em contribuir com o aperfeiçoamento das habilidades motoras. Algumas aves tiveram grande destaque, como o Tuiuiú; Garça-Branca, Quero-Quero, Tucano, Periquito, Arara, Colhereiro, Aracuã, etc.

Ao realizar as práticas discursivas da Unidade 02 - Alfabetização como um espaço discursivo “Contos clássicos/ Identidade e Patronos da Escola” percebemos que é imprescindível compreender o processo histórico e cultural da criança e ter uma concepção do que realmente representa a infância, de forma que as individualidades do discente possa ter uma aprendizagem de qualidade. Adquirimos o prazer da experimentação por meio dos contos clássicos originais e adaptados na contação de história, com a técnica “Teatro das sombras”, pela qual surpreendeu as crianças na hora do conto, onde gerou ideias de jogos e brincadeiras específicas para cada espaço da escola. Fizemos a leitura e escrita sobre a biografia do autor Hans Christian Andersen, utilizamos também a técnica da contação de histórias com papel e/ou objeto, bem como a produção de paródias.

Na Unidade 03 realizamos de forma bem diferente aos estudos anteriores, utilizando como estratégia, a acolhida com dramatizações de fábulas/músicas. Aproveitamos algumas sugestões da orientadora, como a música: “O colherão e a colherinha” (Estevão Marques), e utilizamos histórias de imagens escolhidas de acordo com a necessidade da turma englobados no planejamento anual, a leitura deleite, o gênero textual, receitas culinária, Indígena e Quilombola, produção escrita individual e coletiva e os jogos e brincadeiras, que tornou-se alvo de desafios constantes com o objetivo de desenvolver as habilidades da criança.

As atividades realizadas teve a abordagem do tema: “Brincadeiras indígenas e quilombolas e Sabores/saberes da nossa terra, a partir do gênero literário Fábulas”. Organizamos o espaço escolar de forma a produzir entendimento às crianças que ali participaram durante os momentos de leitura e escrita, onde a troca de experiências com o uso de materiais concretos facilitou a dinâmica do processo ensino/aprendizagem. 

Entretanto, acreditamos que essa busca pelo saber é que vai transformar a curiosidade e a criatividade do aluno nesse período de transição, já que ao se apropriar do conhecimento eles possuem necessidades de aprimorar a coordenação motora utilizando o material concreto, para que assim, possa se descobrir em meio as brincadeiras no grupo.

 [...] o melhor método é aquele em que as crianças não aprendam a ler e a escrever, mas, sim, descubram essa habilidade durante a situação de brinquedo. Para isso é necessário que as letras se tornem elementos da vida das crianças, da mesma maneira como, por exemplo, a fala. Da mesma forma que as crianças aprendem a falar, elas podem muito bem aprender a ler e a escrever (VIGOTSKI, 1993, p. 134).

                É importante que a criança descubra seus próprios limites no momento em que cria sua própria brincadeira. Dessa forma, ela precisa de estímulos para que essa formação aconteça, e isso pode ser concretizado através do ambiente que está sendo disponibilizado para a aprendizagem, no espaço em que esteja inserido. E assim, ao se deparar com amplas diversidades, não terá dificuldades para se desenvolver na leitura e na escrita, havendo inúmeras possibilidades de uma nova interpretação de mundo.

              Durante a formação, foram abordados assuntos pertinentes sobre o tema do curso, com roda de conversa sobre o Cap. 4, (p.88-109), refletindo sobre a emergência do discurso na escrita inicial, de Ana Luiza Smolka. Conforme a autora:

Quando as crianças escrevem palavras soltas ou ditadas pelos adultos (tipo nomeação, lista, repertório ou ditado) a característica da produção é uma, e evidencia-se mais facilmente, a correspondência entre a dimensão sonora e a extensão gráfica. Mas quando as crianças começam a escrever o que pensam, o que querem dizer, contar, narrar, elas escrevem porções, fragmentos do “discurso interior” (que é sempre diálogo consigo mesmo ou com os outros). (SMOLKA, 2012, p. 104)

              A execução das atividades aconteceram com ações diversificadas a partir de eixos norteadores da BNCC (2017), anos iniciais do ensino fundamental, trabalhadas de maneira aplicada, exploratória e metodológica, desenvolvidos por meios experimentais, pela qual dedicamos um período de quinze dias para a aplicação das atividades, com uma equipe de docentes alfabetizadores, pela qual foram divididos por unidade escolar, somando-se num total de 06 Instituições.

              Por ser uma escola em períodos de Tempo Integral, e com um elevado número de turmas e Profissionais docentes, o relato foi enriquecido com mais intensidade, em que a formalização dos trabalhos se deu com equipes organizadas pela gestão escolar, estabelecendo alguns critérios, como: divisão dos ciclos em 3 grupos distintos: 1º, 2º, 3º anos, com os conceitos textuais realizados a partir das vivências dos conteúdos de cada unidade durante a formação de Professores.

              Contudo, ao vivenciarmos as práticas ao longo do processo de ensino, pudemos relacionar o contexto histórico da criança com a realidade das práticas nas Instituições do Município de Primavera do Leste, nas fases Iniciais do Ensino Fundamental, tornando-se evidente o perfil de cada um, oportunizando a todos o início de novas ideologias para possíveis discussões de melhorias no ambiente educacional. Já que, para que as dificuldades da sala de aula sejam sanadas é importante a superação dos desafios que por ora surgem, tornando-se as vezes abrangentes e retrógrado na prática docente. [...]

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