Respostas das questões: Cultura: Outras Formas de Pensar a Diferença

Por Emanuel Isaque Cordeiro da Silva | 12/06/2019 | Sociedade

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva1
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Resolução das questões: Cultura: Outras Formas de Pensar a Diferença2


1 Qual a relação entre o conceito de estrutura social e função de Radcliffe-Brown e Malinowski e a noção de “equilíbrio”, “estabilidade”?


Resposta: Vimos que, para esses autores, a imaginação da sociedade (ou da diferença) dependia de um pressuposto. Segundo esse pressuposto, a sociedade estava sempre em equilíbrio, ou tendia sempre ao equilíbrio. Os conceitos de estrutura social e função, portanto, são instrumentos para pensar a sociedade em equilíbrio.


2 Há diferença entre o conceito de estrutura dos autores ingleses e o de Lévi-Strauss? Comente sua resposta.


Resposta: Sim, há diferenças. Para os autores ingleses, estrutura é algo que se “vê” a olho nu, o analista vê a estrutura de uma sociedade e a descreve. Já para Lévi-Strauss, a estrutura não é visível, chega-se a ela por meio de uma série de deduções. A estrutura está no pensamento das pessoas; o antropólogo observa as práticas sociais e procura deduzir a estrutura. Outra diferença fundamental é que para os ingleses cada sociedade tem uma estrutura, enquanto para Lévi-Strauss a estrutura é universal.


3 Por quais mudanças passaram a Antropologia e seus métodos a partir do pós-guerra?


Resposta: A partir do pós-guerra os antropólogos voltaram sua atenção também para as sociedades ditas “complexas”, pois os processos de transformação ocorridos no mundo 
produziram novas realidades sociais. A Antropologia precisou elaborar novos conceitos para pensar a diferença, já que os conceitos empregados até então estavam relacionados ao estudo de sociedades pequenas e relativamente isoladas.


4 O que você entendeu por etnicidade?

Resposta: Etnicidade é um conceito para pensar a diferença em contextos de grandes variações culturais, quando há grupos distintos que se relacionam entre si. A etnicidade é uma boa forma de entender a diferença. Ela pressupõe o compartilhamento de alguma ancestralidade comum (costumes, religião, hábitos, etc.) e tem acentuado caráter político. Importam mais aos autores os processos de manutenção das diferenças do que os conteúdos culturais específicos de cada etnicidade.


5 E o que você entendeu por identidade?


Resposta: Identidade é um conceito mais flexível para pensar a diferença, pois pressupõe que apenas interesses e formas de vida compartilhadas são suficientes para produzir identidades. O conceito de identidade é especialmente importante num cenário de grande fragmentação social, como o atual. Vale lembrar que identidade não é um conceito exclusivista: pode-se ter mais de uma identidade, misturar identidades, etc.


6 Considere a seguinte canção de Arnaldo Antunes: (BAIXE O PDF PARA VISUALIZAR A CANÇÃO).


Que tipo de conceito é interessante para pensarmos essa letra de música? Por quê?

Resposta: Podemos pensar a canção Inclassificáveis tanto sob a perspectiva de etnicidade como do ponto de vista de identidade. O conceito de identidade, porém, parece mais interessante, pois permite entender as misturas sucessivas que aparecem na letra da canção. O autor questiona definições como branco, índio ou preto e propõe em seu lugar múltiplas identificações (e justaposições), como “orientupis”, “judárabes”, etc. Essas misturas indicam a composição de identidades com base em diferentes heranças culturais. Mas poderíamos pensar também em etnicidades, se imaginarmos que essas misturas podem produzir ações políticas de defesa de interesses dos grupos.


7 Considere esses haicais de Kiyoko Harada, imigrante japonês no Brasil. O haicai ou haiku é uma forma de poesia japonesa surgida no século XVI e ainda hoje em voga, composta de três versos, com cinco, sete e cinco sílabas e que em geral tem como tema a natureza ou as estações do ano. (BAIXE O PDF PARA VISUALIZAR O POEMA).


Nesses poemas, o imigrante, que mora em Tomé-Açu, no Pará, estabelece contrastes entre sua experiência e o meio ambiente, e entre o Brasil e o Japão. Como poderíamos pensar esses poemas a partir da ideia de etnicidade?


Resposta: Poderíamos ver nesses pequenos poemas uma das formas de expressão da etnicidade japonesa no Brasil, sempre contrastando a intensidade da natureza brasileira com a memória do imigrante, que “não se acostuma” com o verde da garapa, que se surpreende com o maracujá verde, etc. Ao mesmo tempo, os poemas fazem uma reflexão sobre o processo da imigração: “avós em japonês, netos em português”. É possível dizer que esses haicais condensam uma reflexão étnica sobre a experiência do imigrante japonês no Brasil.

8 Escreva um pequeno texto sobre a imagem ao lado, publicada pelo cartunista Rafa em 2011, com base no que você leu neste capítulo. (BAIXE O PDF PARA VISUALIZAR A IMAGEM).


Resposta: O desenho do cartunista Rafa ironiza a política da etnicidade, pois faz uma reflexão sobre a separação que tal política impõe. Como as reivindicações são construídas com base na ideia de etnia como entidade separada da maioria nacional, a diferença precisa ser sempre reafirmada. Desenhar um estômago no interior do qual um mapa delimita um espaço para a comida étnica é uma ironia e um questionamento das dinâmicas políticas da etnicidade.

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