Resolução das questões: Cultura: Evolucionismo e Diferença
Por Emanuel Isaque Cordeiro da Silva | 22/05/2019 | SociedadeEmanuel Isaque Cordeiro da Silva
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Resolução das questões: Cultura: Evolucionismo e Diferença
1 Qual é a relação entre o colonialismo e a teoria do evolucionismo social?
Resposta: A produção de uma reflexão evolucionista sobre as diferentes sociedades não europeias auxiliou o esforço colonialista em dois sentidos: seja por meio de informações valiosas para aprimorar a dominação, seja como ideologia que justifica a dominação como uma forma de “civilizar”.
2 Por que o conceito de progresso tecnológico é tão importante para os cientistas do século XIX?
Resposta: Porque o progresso tecnológico foi visto como ápice da sociedade ocidental, como se fosse o que de melhor ela tinha a oferecer ao mundo. Os evidentes avanços tecnológicos da Revolução Industrial foram utilizados como justificativa para a própria dominação.
3 O conhecimento acumulado sobre sociedades não ocidentais gerou a possibilidade de uma teoria mais abrangente sobre a história da humanidade. Esse objetivo foi atingido pelo evolucionismo social?
Resposta: De certa forma, podemos dizer que esse objetivo foi atingido, pois o evolucionismo é uma teoria abrangente sobre a humanidade. Entretanto, também podemos dizer que não, pois o resultado provou-se falso, já que mais do que conhecer o restante da humanidade, produziu preconceitos em relação a sociedades não europeias.
4 Nas teorias evolucionistas, qual é o papel da propriedade? Explique por que, segundo essas teorias, é importante a passagem de uma sociedade organizada em parentesco para uma sociedade baseada em propriedade.
Resposta: A propriedade é o fator que permite determinar se uma sociedade é mais ou menos evoluída, segundo o evolucionismo social. A existência da propriedade significa que a sociedade se tornou complexa a ponto de contar com um Estado centralizador do poder, que garante sua existência.
5 Neste capítulo procuramos contrapor a imagem das sociedades indígenas como “primitivas” à riqueza de seus mitos e de sua arte. Ao estabelecer esse confronto, podemos fazer certas críticas ao evolucionismo. Você poderia pensar em pelo menos uma crítica?
Resposta: A pergunta já contém a resposta e serve para fixar o conteúdo mais importante da seção correspondente. O aluno deve perceber que admitir a riqueza cultural das sociedades indígenas desestabiliza o quadro explicativo do evolucionismo, que tendia a colocar essas sociedades em estágios primitivos. Como pode uma sociedade dita primitiva produzir um pensamento sofisticado? Esse contraste indica que o modelo evolucionista é etnocêntrico, que funciona com base em classificações arbitrárias. Dessa forma, podemos concluir que o modelo evolucionista está errado.
6 Observe a imagem a seguir: (Baixe o PDF para visualizar a imagem).
Você já deve ter visto adesivos como este em veículos. Você consegue imaginar uma explicação para o sucesso desse tipo de adesivos? Pense sobre o que eles dizem a respeito do que entendemos por “família”.
Resposta: Os adesivos colados em automóveis que representam famílias ilustram um aspecto que vimos no capítulo: o parentesco é uma dimensão muito importante da vida social. Mesmo em nossa sociedade, na qual o Estado preenche muitas das funções que o parentesco desem-penha em sociedades indígenas, as relações familiares continuam a ser cruciais. Os adesivos se prestam a muitas análises. Por exemplo, muitos deles representam animais na família. Os animais de estimação fazem parte da família? Se fazem, qual é a fronteira entre a noção de humanidade e de animalidade? Por que não vemos adesivos que representam famílias homoafetivas? Isso é obviamente um sinal do preconceito contra agrupamentos familiares diferentes do tradicional pai-mãe-filhos. Ao mesmo tempo em que destacam a importância da família (e do parentesco), os adesivos parecem também indicar um modelo de família específico (pai, mãe, filhos e animais de estimação).
7 Uma das consequências do evolucionismo social é o preconceito étnico. Veja o cartum ao lado, publicado por Laerte em 2011. (Baixe o PDF para visualizar a imagem).
Estabeleça uma relação entre o evolucionismo social e o desenvolvimento de preconceitos étnicos ou raciais. Observe o cartum para refletir sobre a relação entre a teoria e a realidade social.
Resposta: Vimos no capítulo que o evolucionismo social pressupõe uma hierarquização entre as populações humanas. No boxe Para saber mais aprendemos que o darwinismo social não apenas acreditava em diferenças evolutivas entre as populações, mas também atribuía uma conotação biológica a elas, defendendo a existência de diferenças fundamentais entre os grupos humanos que se expressariam em “raças” distintas. O darwinismo social é uma teoria racista, que influenciou o pensamento social brasileiro. A exclusão e discriminação da população afrodescendente brasileira pode ser vista também como consequência dessas teorias racializadas. Quando foi abolida a escravidão no Brasil, por exemplo, as pessoas de origem africana passaram a representar um problema social para as classes dominantes: a solução foi manter a exclusão e a falta de oportunidades (inclusive com políticas migratórias que favoreciam europeus brancos em detrimento da população afrodescendente recém-libertada). Hoje em dia, vemos as consequências dessas teorias e políticas na exclusão social da população de ascendência africana, assim como no índice de assassinatos de jovens negros, como indica o cartum de Laerte.
8 Considere os trechos do poema a seguir, do escritor inglês Rudyard Kipling (1865‑1936). (Baixe o PDF para visualizar o poema).
Você consegue estabelecer uma relação entre esse poema e o colonialismo? Como a ideia de “civilizar” pode ser relacionada ao que vimos neste capítulo?
Resposta: O poema do escritor inglês Rudyard Kipling é um exemplo clássico do pensamento colonial (neste caso, britânico): ele entende a tarefa de colonizar como um “fardo”, um dever do homem branco em levar as glórias da civilização às atrasadas populações dos confins do mundo. Até mesmo o ódio dos nativos pelos dominadores é visto como uma consequência natural do fardo do homem branco. O homem branco deve fazer a guerra para levar a paz, provocar o ódio para domesticar, fazer trabalhar para civilizar. Deve educar o dominado pelas artes da dominação, deve civilizá-lo pela subjugação às regras dos colonizadores; deve, enfim, sacrificar-se para salvar aqueles que domina. Temos aqui uma síntese do pensamento colonial: atribuir a si mesmo uma grandeza épica, que permite desprezar a violência e a exploração que gera a empreitada da colonização.
9 Leia a letra desta canção dos Titãs: (Baixe o PDF para visualizar a canção).
Aqui a ideia de família aparece atrelada a alguns comportamentos, que poderíamos chamar de “morais”. Os autores certamente estão criticando alguns desses pressupostos morais que deveriam acompanhar a família. Você consegue identificar um valor criticado? Por outro lado, ao imaginar a família, os autores criam a cena em que “cachorro, gato e galinha” fazem parte do núcleo familiar. O que podemos pensar dessa ideia?
Resposta: A letra da canção dos Titãs lembra que “filha de família se não casa/Papai, mamãe/Não dão nem um tostão”. Faz aqui uma crítica à moralidade da família e ao fato de que o caminho natural da menina é se casar. Ou seja, quando pensamos em família pensamos também em padrões de comportamento tidos como exemplares e dos quais não é possível afastar-se (como o casamento, por exemplo). A canção critica essa concepção moralista da família, lembrando que tudo funciona bem se esses padrões não são desafiados. Por outro lado, assim como os adesivos que discutimos acima, a presença de animais na família é mencionada, indicando uma forma reiterada de lidar com animais de estimação, que para muitos fazem parte da família.
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EMANUEL ISAQUE CORDEIRO DA SILVA
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