Resolução Capítulo 2: As Origens da Filosofia

Por Emanuel Isaque Cordeiro da Silva | 21/06/2019 | Filosofia

Resposta do Livro: Filosofando: Introdução à Filosofia de Maria Lúcia Aranha e Helena Pires Martins

Capítulo 2: As Origens da Filosofia

Prof. Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 
Alana Thaís Mayza da Silva 
Eduarda Carvalho da Silva Fontain 

1. PARA REFLETIR: O conceito de virtude variou entre os filósofos, mas em geral designa uma disposição ética para realizar o bem, o que supõe autonomia e não mais imposição do destino. Você saberia indicar algumas virtudes desejáveis para o convívio entre as pessoas nas sociedades contemporâneas?


Resposta: Exemplos: justiça, temperança, coragem, modéstia, gentileza, respeito, benevolência, lealdade etc.


2. PARA REFLETIR: Os arianos são um subgrupo indo-europeu das estepes da Ásia que se expandiu pela Europa. Segundo a concepção racista do nazismo, deles descenderiam os alemães, constituintes de uma "raça pura". Você já notou como as doutrinas racistas consideram inferiores pessoas ou grupos que são apenas diferentes?


Resposta: Um dos mecanismos fortes do preconceito, tal como o racismo, consiste nas falsas "justificações". Assim, a consciência se acalma ao considerar o negro inferior, o homossexual um "doente" ou "anormal", o pobre "incompetente" ou "preguiçoso" etc.


3. PARA REFLETIR: Poderíamos dizer que atualmente a isonomia e a isegoria são princípios extensivos a todos os cidadãos em nosso país?


Resposta: Teriam hoje todos os cidadãos direito à igualdade perante as leis e a expor plenamente sua opinião ou escolher seus representantes, além do momento do voto? Observamos que, onde há injustiça social, como em países com desigual distribuição de renda e de terras, os pobres e miseráveis não têm acesso à educação, e, mesmo quando o têm, não encontram espaço para suas reivindicações nem igualdade no campo jurídico. Basta observar que a população carcerária é majoritariamente pobre, sem que isso signifique que ocorram mais crimes entre as classes menos abastadas. Quanto à isegoria, os movimentos de rua, desencadeados por contatos em redes sociais, têm inaugurado uma nova maneira de se fazer ouvir.


ATIVIDADES 


4. O que foram as epopeias e qual o seu significado cultural na Grécia antiga?


Resposta: As epopeias, como a Ilíada e a Odisseia, atribuídas à Homero, eram poemas recitados por aedos em praça pública. Ao relatar os mitos, na verdade, nanavam episódios da história grega do período micênico e transmitiam valores culturais mediante o relato das ações dos deuses e dos heróis. As epopeias exerceram papel pedagógico significativo por expressarem uma concepção de vida e desde cedo as crianças memorizavam passagens desses poemas.


5. Considerando o pensamento grego, que transformação representou a passagem da cosmogonia para as explicações cosmológicas?


Resposta: A cosmogonia buscava a origem divina do cosmo, enquanto a cosmologia estava interessada no princípio que ordena o Universo. O aluno pode aproveitar para distinguir o modo de pensar mítico da reflexão filosófica. A cosmogonia é conhecida por meio dos relatos míticos, baseados no sobrenatural, enquanto a cosmologia é um saber produzido por meio do debate e do uso da razão, ou seja, é um saber filosófico. A diferença entre gonos e logos indica essa distinção entre a geração divina e a explicação racional.


6. O que distingue os filósofos monistas dos pluralistas?


Resposta: Os filósofos monistas (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Pitágoras, Parménides) indicam um só elemento como princípio de todas as coisas, enquanto os pluralistas indicam um número maior. Entre os pluralistas, Empédocles, por exemplo, indica quatro elementos, já Anaxágoras e Demócrito indicam uma infinidade deles.


Aplicando os conceitos


7. Leia a seguir o que a deusa Atena disse a Ulisses, ao perceber sua apreensão diante do enfrentamento de mais uma luta em sua jornada. Interprete a citação tendo em vista a concepção de ser humano transmitida pelas epopeias: a proteção divina diminuía a virtude do guerreiro?


Desventurado! e dizer que tantos confiam em aliados inferiores a mim, mortais de menor inteligência que a minha: eu sou uma divindade e te guardarei, do início ao fim, em todas as vicissitudes. (HOMERO. Odisseia. São Paulo: Cultrix, 1976. p. 236).


Resposta: As ações heroicas relatadas nas epopeias ilustram a constante intervenção dos deuses, ora para auxiliar o protegido, ora para perseguir o inimigo. No entanto, ter sido escolhido pelos deuses em nada desmerecia a virtude do herói, que se manifestava pela coragem e pela força, sobretudo no campo de batalha. No caso, Ulisses era protegido de Atena e sua virtude correspondia à sua superioridade de herói guerreiro.


8. O trecho a seguir trata da permanência das estruturas míticas. Leia e responda às questões.


Pesquisas recentes trouxeram à luz as estruturas míticas das imagens e comportamentos impostos às coletividades por meio da mass media. Esse fenómeno é constatado especialmente nos Estados Unidos. Os personagens dos comic strips (histórias em quadrinhos) apresentam a versão moderna dos heróis mitológicos Ou folclóricos. Eles encarnam a tal ponto o ideal de uma grande parte da sociedade, que qualquer mudança em Sua conduta típica Ou, pior ainda, sua morte provoca verdadeiras crises entre os leitores; estes reagem violentamente e protestam, enviando milhares de telegramas aos autores dos comic strips e aos diretores dos jornais. Um personagem fantástico, Superman, tornou-se extremamente popular graças, sobretudo, à Sua dupla identidade: oriundo de um planeta destruído por Sua catástrofe, e dotado de poderes prestigiosos, ele vive na Terra sob a aparência modesta de um jornalista, Clark Kent; Clark se mostra tímido, apagado, dominado por sua colega Lois Lane. Essa camuflagem humilhante de um herói cujos poderes são literalmente ilimitados revive um tema mítico bastante conhecido. Em última análise, o mito do Superman satisfaz às nostalgias secretas do homem moderno que, sabendo-se decaído e limitado, sonha revelar-se um dia um "'personagem excepcional", um "herói". (ELIADE,M. Mito e realidade. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. 159).


- Segundo o autor, como o homem contemporâneo lida com os componentes míticos dos meios de comunicação de massa?


Resposta: Mircea Eliade aponta o sucesso que personagens com características mitológicas fazem entre os consumidores dos mass media, a ponto de determinados indivíduos indignarem-se com qualquer mudança na conduta desses personagens. Isso demonstra uma dependência do homem contemporâneo com relação a essas figuras, que satisfazem as limitações encontradas na vida contemporânea, sejam elas de ordem psicológica ou social.


- Aponte características positivas e negativas da persistência dos mitos na atualidade.


Resposta: O texto demonstra que, por um lado, os mitos contemporâneos fornecem maneiras de o homem lidar com suas falhas e limitações. Por outro, a resolução de certas problemáticas — que podem ser de caráter psicológico ou social, por exemplo — apenas no plano mítico impossibilita o questionamento e a busca de soluções para tais problemas.


9. Observe a imagem de uma das inúmeras manifestações de rua ocorridas em junho de 2013 em várias cidades brasileiras e responda às questões.

- Sob quais aspectos podemos dizer que durante as manifestações as ruas se tornaram ágoras?


Resposta: A ágora estava aberta para todo cidadão grego que participava d a assembleia e poderia decidir os destinos da pólis. Nas manifestações, diversos segmentos populares discordavam da qualidade e das altas tarifas de transporte público, exigindo melhorias e redução de preços. Posteriormente, outras interferências efetivas ocorreram com temas diversos, como o clamor pelo voto aberto nas votações no Congresso. Foram também ocasião de expressão de movimentos específicos para reivindicações de moradia, reforma agrária etc. Houve, inclusive, atos mais extremos, desencadeados pelos chamados black blocs, que depredavam bancos e lojas.


- Apesar da semelhança entre as manifestações de rua e a ágora grega, que diferença persiste entre elas?


Resposta: A democracia grega era direta, porque as decisões eram tomadas por todos os cidadãos, enquanto a democracia contemporânea é representativa, realizada nas assembleias legislativas por vereadores , deputados e senadores eleitos. O mesmo vale para os postos ocupados pelo Poder Executivo. Ou seja, o cidadão não decide por si, mas por meio de seus representantes. A importância d as manifestações de rua está em tomar a pressão popular mais clara e efetiva na reivindicação pontual dos seus interesses espoliados. Vale realçar, inclusive, o fator decisivo dos encontros, realizados por meio de redes sociais digitais.


Debate


10. Em grupo, analise a importância do confronto verdade x opinião entre os primeiros filósofos. Em seguida, busque exemplos para explicar de que maneira atualmente continua existindo esse tipo de confronto entre os filósofos.


Resposta: Inicialmente, os pré-socráticos criticaram o mito, por ser fundado na crença nos poderes divinos, e a ele opuseram a argumentação filosófica. Segundo as teorias elaboradas pelos primeiros filósofos, a opinião baseia-se nas aparências, enquanto o logos (razão) conduz à verdade, ainda que varie entre os filósofos o que cada um considera aparência (ver a oposição entre Heráclito e Parménides) e qual é a verdade para eles. Na atualidade, a filosofia busca ir além do senso comum, que muitas vezes se apresenta de modo acrítico, repetindo tradições não questionadas. A filosofia pressupõe uma constante disponibilidade para a indagação, para se surpreender com o óbvio e questionar as verdades estabelecidas. Sob esse aspecto, ela pode colocar em xeque preconceitos arraigados que são divulgados pela opinião vigente.


Dissertação


11. Elabore uma dissertação sobre o tema "A filosofia é filha da cidade", justificando a vinculação entre a fundação da pólis e o nascimento da filosofia.


Resposta: Aranha e Martins oferecem no capítulo 2, intitulado As origens da filosofia, pistas sobre a relação entre a fundação da pólis e o surgimento da filosofia. Os estudantes podem redigir sobre os temas: a escrita, as leis, a ágora, a cidadania, a autonomia da palavra argumentativa, o ideal de justiça etc.


Colóquio


Leituras a partir de: MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. 27 e GUSDORF, G. Mito e metafisica. São Paulo: Convívio, 1979. 268-269.

Responda:


12. De acordo com o texto de Danilo Marcondes, explique por que podemos contrapor mito/dogmatismo e filosofia/crítica.


Resposta: O mito é dogmático, ou seja, é aceito sem discussão como verdade definitiva. Já a filosofia é crítica; portanto, está aberta à divergência, desde que fundamentada em argumentos.


13. Como o mesmo autor exemplifica a característica crítica da filosofia?


Resposta: O autor exemplifica com as teorias dos três primeiros filósofos da Jônia: Tales foi mestre de Anaximandro e de Anaxímenes. Os discípulos , contudo, divergiam das ideias do mestre e mesmo entre si.


14. Como Gusdorf nos revela a presença atual dos mitos?


Resposta: Para Gusdorf, embora o mito das comunidades primitivas tenha desaparecido para dar lugar à crítica racional, a consciência mítica permanece nos seus bastidores. Um exemplo é o d a literatura, que recupera aspectos inconscientes que permeiam nossos desejos e temores, com as provações do herói, a luta entre o bem e o mal, que são arquétipos míticos.


15. Com base no texto de Gusdorf, explique como os arquétipos reaparecem em novelas e filmes de ação.


Resposta: Também nas novelas e nos filmes de ação surgem a luta entre bons e maus, a oposição entre "mocinhos" e "bandidos", a busca da felicidade, os ideais do amor materno e paterno, o desejo de poder e dominação, a luta pela liberdade etc.


Explorando outras fontes


Macunaíma – Mário de Andrade – Editora Agir – 2008.
Nessa obra, o escritor Mário de Andrade constrói a figura do anti-herói brasileiro: o personagem Macunaíma. Nascido em uma tribo amazônica, o protagonista desse romance modernista é caracterizado por cometer pequenas maldades, mentir e pela sua extrema preguiça. Ao crescer, se apaixona por ci, a Mãe do Mato, que lhe presenteia com a pedra muiraquitã. Macunaíma tem esse amuleto roubado por Venceslau Pietro Pietra, que mora em São Paulo. A fim de recuperá-lo, o anti-herói parte para a capital paulista e se depara com as transformações decorrentes da industrialização no início do século XX. A obra é um retrato da formação do povo brasileiro e das mudanças que atravessaram o país ao longo desse período.
Fique atento
• À construção de uma espécie de mito do povo brasileiro. Mário de Andrade afirmava que seu livro era uma rapsódia, assim como os mitos gregos recitados em praça pública.
• Ao tom irônico do texto e à maneira como trabalha com arquétipos.


Analise e responda


16. Conforme Georges Gusdorf, a consciência mítica encontrou novos modos de expressão, como a literatura. Com base nisso, identifique semelhanças entre o romance Macunaíma e a cosmogonia mítica.


Resposta: Mário de Andrade criou, por meio da literatura, uma explicação para a constituição do povo brasileiro e de suas características étnicas. Escreveu também sobre o surgimento dos recursos naturais, das constelações. Assim como na cosmogonia mítica, buscou esclarecer a origem da realidade.


17. Macunaíma é resultado das questões levantadas pelo modernismo brasileiro e, como outras formas de arte, atende às necessidades de seu tempo. Sabendo disso, explique o tratamento dado aos arquétipos na obra.


Resposta: A obra Macunaíma desestabiliza o maniqueísmo dos arquétipos. Concebida em uma época de intensas transformações, a figura do anti-herói reflete um personagem complexo que carrega em si o bem e o mal.


A vila – Direção de: M. Night Shyamalan – EUA – 2004
Temendo a violência das grandes cidades e buscando viver bem, um grupo funda uma pequena comunidade na Pensilvânia. Os habitantes adotam um estilo completamente alheio à vida globalizada e os dirigentes da comunidade impedem o contato de seus membros com outras sociedades. Conseguem manter o isolamento inventando para os mais jovens que, na floresta às margens da vila, vivem perigosas criaturas. Tudo começa a mudar quando, devido a uma emergência médica, alguns deles tentam sair do local e passam a desconfiar de que os temíveis seres da floresta não existem.
Fique atento
• A ocultação da verdade como estratégia para manter a ordem da comunidade intacta.
• As semelhanças e diferenças entre as criaturas da floresta e as figuras mitológicas.


Analise e responda


18. Estabeleça uma relação entre o questionamento dos jovens no filme e a atitude filosófica.


Resposta: Assim como os filósofos, esses jovens suspeitam das crenças que lhes são ensinadas e se arriscam para descobrir a verdade.


19. No mundo atual, quais são os empecilhos para que se assuma uma postura filosófica?


Resposta: Esses empecilhos podem ter fundamento ideológico, religioso, familiar, político. São originados em instâncias que não permitem o questionamento dos dados estabelecidos. Um regime ditatorial, por exemplo, não tolera que os indivíduos sob seu jugo contestem sua legitimidade ou sua maneira de governar.


Sugestão de atividade complementar


Análise de conceitos em grupo. Solicitar aos estudantes que leiam o enunciado e respondam à questão:


20. Verdade e opinião são dois conceitos antagônicos. Analise com os colegas de seu grupo a importância dessa oposição para os filósofos pré-socráticos. Em seguida, busquem exemplos para explicar de que maneira atualmente continua existindo esse tipo de indagação filosófica.


Resposta: Algumas pistas entre os pré-socráticos: a crítica ao mito, fundado na crença dos poderes divinos, e sua substituição pela argumentação filosófica. Nas teorias elaboradas, a opinião baseia-se nas aparências, mas o logos [razão] conduz à verdade, ainda que varie entre os filósofos o que cada um considera aparência (ver a oposição entre Heráclito e Parmênides).. Quanto à atualidade, a filosofia busca ir além do senso comum, que muitas vezes se apresenta de modo não crítico, apenas repetindo tradições não questionadas. A filosofia pressupõe uma constante disponibilidade para a indagação, para surpreender-se com o óbvio e questionar as verdades dadas. Nesse aspecto, pode-se colocar em xeque preconceitos arraigados.

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