Residência terapêutica: uma nova construção
Por Kátia Maria de Lima Arruda | 07/11/2011 | PsicologiaRESIDÊNCIA TERAPÊUTICA: UMA NOVA CONSTRUÇÃO
Autora: Kátia Maria de Lima Arruda - katiamarruda@bol.com.br
Prof. Orientador: Fernando Santos
Faculdade de Ciências Humanas Esuda
A reforma psiquiátrica brasileira visa à substituição progressiva dos leitos dos hospitais psiquiátricos, por uma rede de cuidados regionalizada, descentralizada e hierarquizada, conforme os princípios do SUS – Sistema Único de Saúde. Buscando a reinserção social e familiar dessas pessoas. Trazendo assim um novo olhar sobre o sofrimento psíquico e a forma de cuidar do “louco”.
Lutando pelos direitos dos pacientes psiquiátricos, o processo de redução de leitos em hospitais psiquiátricos, buscando também a recuperação psicossocial destes paciente e visando a desinstitucionalização[1] de pessoas com longo período de internação, tornou-se política pública nos anos 90, após grande luta dos movimentos sociais de trabalhadores, pacientes e familiares.
O Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, que integram a rede de saúde do SUS . Tem a missão de dar atendimento ao usuário portador de transtornos mentais severos e persistentes, devendo oferecer atendimento clínico e de reabilitação psicossocial, com o objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico.
Dentre as funções do CAPS está o de gerenciar o Projeto Rehabitar, que tem por objetivo promover estratégias de inclusão social, estimulando a vida autônoma no contexto extra institucional, com formação de uma rede social comunitária, nos principais cenários da vida – habitat, família, trabalho e comunidade.
Superar a condição cronificante de pacientes de hospitais psiquiátricos implica a formação de alternativas de moradias para futuros egressos, seja pelo suporte requerido para garantir sua permanência fora do hospital, seja pela dificuldade de reinserção familiar e social.
O Serviço Residencial Terapêutico (SRTs) ou Residência Terapêutica ou simplesmente “Moradia”, são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder as necessidades de moradia das pessoas egressas dos hospitais psiquiátricos, buscando resgatar a autonomia e a dignidade de pessoas que passaram longos anos tendo apenas um leito e um número como referência de vida.
Nestas residências moram de 06 a 08 pessoas e conta com um cuidador para auxiliá-los em suas tarefas diárias, tem um acompanhamento terapêutico desenvolvido pela equipe multi profissional do CAPS que vai desenvolver o projeto terapêutico individual e juntamente com o cuidador, ajudá-los na busca de sua autonomia e reinserção social.
[1] Desisntitucionalização, Segundo Paulo Amarante, significa: “A superação de um modelo arcaico centrado no conceito de doença como falta e erro, centrado no tratamento da doença como entidade abstrata. Desisntitucionalização significa tratar o sujeito em sua existência e em relação com suas condições concretas de vida. O doente antes excluído do mundo dos direitos e da cidadania deve tornar-se um sujeito, e não um objeto do saber psiquiátrico. A Desisntitucionalização é este processo, não apenas teórico, administrativo, jurídico ou política; é acima de tudo um processo ético, de reconhecimento de uma prática que introduz novos sujeitos de direito e novos direitos para os sujeitos” (1995; p.494).
Superar a condição cronificante de pacientes de hospitais psiquiátricos implica a formação de alternativas de moradias para futuros egressos, seja pelo suporte requerido para garantir sua permanência fora do hospital, seja pela dificuldade de reinserção familiar e social.