RESGATANDO NOSSAS CULTURAS
Por Solange Melo | 09/02/2015 | EducaçãoRESGATANDO NOSSAS CULTURAS
Neide da Silva Vital de Barros[1]
Solange dos Santos Melo[2]
RESUMO
O referido artigo trata de um relato de experiência do projeto Festa Junina desenvolvido no Centro de Educação Infantil Eusébio Justino de Camargo em Nova Olímpia MT, o qual busca proporcionar às crianças conhecimentos a respeito desta data comemorativa “a festa junina” que é muito comemorada em nosso país, valorizando as diferenças culturais do Brasil. É importante proporcionar aos alunos a exploração das datas comemorativas, ajudando assim a criança a conhecer a um pouco mais sobre a cultura do Brasil e identificar seus costumes e tradições. Para tanto, é necessário que sejam planejadas atividades que facilitem a compreensão do aluno a respeito os hábitos alimentares, dos modos de vestir, de falar, de organizar o dia-a-dia na região onde mora, comparativamente a rotina das pessoas de outros lugares. A comemoração, neste caso, exige o exercício da cidadania através ações concretas e participativas, bem como seu valor dentro do folclore Brasileiro, destacando seus aspectos religiosos, sociais, em benefício da melhoria da qualidade de vida.
Palavras – chaves: Leitura. Criança. Linguagem. Cultura.
1.Introdução
A realidade brasileira é constituída por uma construção histórico-social que reúne várias tradições, línguas, etnias, costumes, visões de mundo e de comportamentos, os quais expressam modos de ser e de se relacionar distintos, identificando a pluralidade cultural como uma dos grandes características do país. Neste contexto, o presente projeto visa o resgate e a interação entre as culturas regionais do Brasil, promovendo no ambiente escolar o convívio da musicalidade, dos trajes, as comidas típicas, e de toda esta diversidade cultural brasileira.
2. A origem das Festas Juninas
Estudiosos situam as origens das comemorações juninas entre os povos arianos e os romanos, na Europa, na Idade Antiga, desde os primeiros tempos. Naquela época, essas festas eram consideradas como parte dos rituais de celebração da passagem para o verão (inverno no Hemisfério Sul). A população rural promovia as festas para afastar os espíritos maus que provocavam a esterilidade da terra, as pestes nos cereais e as estiagens. No decorrer da Idade Média, a festa foi cristianizada e a Igreja Católica deu-lhe como padroeiros os santos cujas datas geográficas localizam-se na época da mudança de estação: Santo Antônio, São João e São Pedro. Os rituais ligados ao fogo (balões, fogueira, foguetes) também ganharam outra significação. De acordo com o que se acreditava, passaram a ter a finalidade de afugentar os demônios. Na Península Ibérica acabou se tornando uma das mais antigas e populares tradições da religiosidade popular (ARAÚJO, 1973, p.171).
Talvez por isso, a introdução das festas juninas em nosso país também é bastante antiga, aparecendo desde o início de nossa história, no século XVI. De acordo com Câmara Cascudo (1972), citando um depoimento do padre Fernão Cardim, em 1583 essa já era a festividade mais popular, entre as introduzidas pelos portugueses em Pindorama, e testemunhas do século XVII informam sobre a grande popularidade da festa naquela época. Esse estudioso de nossa cultura confirma que as cerimônias e crendices que acompanhavam as festas de antigamente eram reminiscências de rituais muito antigos.
Os dois autores concordam que a comemoração, com o passar dos anos, ganhou um caráter de festividade própria da zona rural. Afirmam que, realmente, eram nos bairros rurícolas onde se realizavam as festas mais animadas, sempre envolvidas por uma profunda devoção pelos três santos homenageados.
2.1 Festas Juninas no Nordeste
Embora comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste as festas ganham uma grande expressão. O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Como é uma região onde a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas raras na região, que servem para manter a agricultura.
Além de alegrar o povo da região, as festas representam um importante momento econômico, pois muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos. Hotéis, comércios e clubes aumentam os lucros e geram empregos nestas cidades. Embora a maioria dos visitantes seja de brasileiros, é cada vez mais comum encontrarmos turistas europeus, asiáticos e norte-americanos que chegam ao Brasil para acompanhar de perto estas festas.
2.2 Comidas típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, é feito deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos.
Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bom bocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.
2.3Tradições
As tradições fazem parte das comemorações. O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões também compõem este cenário, embora cada vez mais raro em função das leis que proíbem esta prática, em função dos riscos de incêndio que representam.
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas para serem degustadas pelos festeiros.
Já na região Sudeste é tradicional a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha, geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, é comum as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”. Diz a tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
3.Relato de experiência
Projeto: Festa Junina
Neste contexto, o presente projeto visa o resgate e a interação entre as culturas bem como seu valor dentro do folclore brasileiro, destacando os hábitos, costumes e crenças, valorizando as manifestações culturais, tradicionais e divertidas de cada região do nosso pais vestuários, danças, músicas e comidas típicas, mantendo viva suas tradições num ensino contextualizado, interativo e significativo. O projeto Festa Junina foi desenvolvido no centro de Educação Infantil Eusébio Justino de Camargo em Nova Olímpia MT
O projeto foi desenvolvido conforme o detalhamento das ações, com a participação ativa dos professores e alunos com o objetivo de resgatar as tradições culturais promovendo a integração da comunidade escolar, permitindo que as crianças relacionem o que já sabem com o novo conhecimento.
Para tanto foram necessárias atividades e metodologia diversas explorando:
A- Linguagem oral e escrita – Conversas dirigidas, leitura informal, interpretação oral, relatos nos quais a criança desenvolva o pensamento e sua expressão bem como aumentar o repertorio do vocabulário e seus conhecimentos sobre o tema abordado, além do registro espontâneo, tentativa de escrita, confecção de cartazes, atividades em que as crianças produzam a escrita livre;
B- Desenhos, pinturas, colagem e modelagem – explorando as possibilidades de manuseio de diversos materiais;
C- Músicas, danças e jogral e poesias apresentações – relacionadas ao tema abordado;
D- Atividades que desenvolvam o raciocínio lógico – Percepção, cores, discriminação visual, coordenação motora etc.
E- Brincadeiras – explora gestos e possibilidades, podendo através do brincar expressar emoções, pensamentos e necessidades:
Enfim, que a educação seja um espaço para descobertas obtidas através da participação e colaboração ativa de cada criança, onde eles possam valorizar e respeitar os costumes da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
ARAÚJO, A.M. Cultura popular brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1973.
CÂMARA CASCUDO. L. Dicionário do folclore brasileiro. Brasília, DF: Instituto Nacional do Livro, 1972.