Resenha sobre o texto “Transformações na estrutura produtiva global, desindustrialização e desenvolvimento industrial no Brasil: uma contribuição ao de debate”

Por Cláudio Marconi Rapini | 16/11/2017 | Economia

PucMinas – Ciências Econômicas 

Alunos: Cláudio Marconi Rapini

Resenha sobre o texto

“Transformações na estrutura produtiva global, desindustrialização e desenvolvimento industrial no Brasil: uma contribuição ao de debate”

Autores: Célio Hiratuka e Fernando Sarti

Instituto de Economia/UNICAMP (2015)

O desenvolvimento industrial brasileiro voltou a ser objeto de um intenso debate nos últimos anos em torno da existência e da intensidade de um processo de desindustrialização, assim como do papel da política pública. A discussão retornou com nos países centrais para superar a crise econômica global e encontrar soluções para o elevado nível de desemprego.

Existem aspectos relacionados, principalmente, às rápidas transformações que vêm ocorrendo na estrutura produtiva global e que ainda não receberam a devida ênfase no debate sobre a desindustrialização no Brasil. Compreender as mudanças para que se possa delinear uma estratégia de desenvolvimento produtivo e tecnológico mais eficaz.

O artigo está estruturado em 2 seções. Na seção 1, diferentes visões sobre a desindustrialização no Brasil, apontando a ausência de elementos associados à reestruturação da estrutura produtiva mundial. Na seção 2, sistematizar as principais mudanças na atividade produtiva e tecnológica global, e analisar algumas tendências que sofreram mudanças expressivas nos anos recentes e redefiniram estes limites e possibilidades. Por último, as considerações finais.

  1. O debate sobre a desindustrialização no Brasil e seus limites

Na opinião dos autores, existem aspectos que têm sido deixados de fora da análise e que são de fundamental importância para destacar os desafios colocados para a indústria brasileira no cenário global, reforçados pelos desdobramentos pós-crise.

O critério básico utilizado foi a forma como, os autores de diversos estudos, avaliam os processos dinâmicos de mudança estrutural e especialização produtiva, com diferentes enfoques teóricos tratam a contribuição da indústria para o crescimento de longo prazo.

Um primeiro grupo de autores com a visão mais tradicional do mainstream onde o perfil da especialização setorial não teria influência sobre o crescimento econômico. Essa visão, associada aos modelos neoclássicos tradicionais, dependem da acumulação dos fatores e do progresso técnico. Derivado de Solow (1956), a especialização setorial não tem qualquer impacto sobre o crescimento de longo prazo. Já nas novas teorias do crescimento endógeno (Romer, 1990; Grossman; Helpmann, 1991) existe o reconhecimento de que as atividades de P&D podem gerar externalidades positivas, pelo fato de apresentar retornos crescentes de escala a longo prazo.

O trabalho de Bonelliet al. (2013) chama a atenção para a necessidade de correções metodológicas para a análise das series das contas nacionais. O primeiro fato é a constatação de que a indústria tem perdido peso em grande parte dos países e regiões, com exceção da Ásia e Oriente Médio. Os resultados encontrados mostram que ao longo do tempo, o Brasil passou de uma situação denominada de “doença soviética”, ou seja, participação da indústria muito superior à norma internacional (décadas 70 e 80), convergindo para uma situação normal entre 1988 e 1993 e depois a uma participação um pouco inferior ao esperado. O excesso de industrialização inicial foi provocado pelo modelo de substituição de importações.

Em grande medida a causa desse movimento em direção a uma “doenças holandesa” moderada, estaria na escassez de poupança interna, que provocaria uma valorização cambial e um ajustamento estrutural na atividades domésticas (serviços), via-à-vis as atividades comercializáveis (indústria). Em termos macroeconômicos, a solução estaria em elevar a poupança doméstica, também se poderia elevar a atividade inovativa, com transferência tecnológica desde que houvesse externalidades positivas.

Os trabalhos anteriores focam um período bastante curto. Em uma conjuntura de pleno emprego, a elevação da demanda por serviços, eleva a demanda por mão de obra do próprio setor, o que ocasionaria a desindustrialização.

O trabalho de Pastore et al.(2013) pretende explicar a estagnação da produção industrial a partir de 2010, que estaria associada a um crescimento dos salários reais (valorização do salário mínimo) acima da produtividade. A crise mundial e a política de retenção de trabalhadores teria acentuado a queda da produtividade. A elevação dos custos combinados com o cenário de crise seria a explicação para a estagnação da produção mundial.

Para segundo grupo de autores, o crescimento industrial deveria ser privilegiado por envolver economias estáticas e dinâmicas de escala com concentração do progresso técnico. Focam nas variáveis macroeconômicas, em especial a taxa de câmbio para promover uma estrutura industrial competitiva (novos desenvolvimentistas)...

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