Resenha histórica sobre a Ponte do Imperador. Aracaju/SE

Por Luciano Matos Nobre | 03/09/2010 | História

Resenha



Medina, Ana Maria fonseca. Ponte do Imperador. Ana Maria Fonseca Medina. Aracaju/SE: Gráfica J. Andrade. 1999.


Prof. Luciano Matos Nobre autor
Universidade Tiradentes
nobre_matos_luciano@yahoo.com.br

Profª. Marisa Marchi Uchôa Espindola co-autora
Universidade Tiradentes
uchoaespindolamarisa@gmail.com
















Ponte do Imperador
MEDINA, Ana Maria Fonseca.


A autora Ana Maria Medina, filha de Raimundo Fernandes da Fonseca e Maria Isabel Silveira Fonseca, nasceu na cidade de Boquim. Graduada em Letras pela Faculdade Católica de Filosofia na cidade de Aracaju, a historiadora tem em seu currículo: Curso de Francês na Aliança Francesa; foi Diretora do Museu Histórico de Sergipe; promoveu exposições e Oficinas Literárias, com o uso da obra de Horácio Hora, além da Oficina de Educação "Para o Ver e o Olhar a Obra de Arte".
Em suas produções escreveu uma cartilha intitulada "Um Dedinho de Prosa", sobre a vida de Horácio Hora. Desenvolveu vários roteiros para documentos em vídeo, como exemplos "Os Sete Passos da Paixão" e "Boquim em Imagens". Entre suas realizações estão o desenvolvimento do projeto e a montagem do Museu de Boquim, estabelecendo uma interação com a comunidade estudantil.
No período de 1996 a 1997, assumiu a administração do Cerimonial do Tribunal de Justiça de Sergipe, sendo co-fundadora do jornal "O Judiciarium". Nos estudos sobre a Ponte do Imperador, a citada autora, em sua obra de 1999, mostra uma ligação histórica de Sergipe com os tempos do Império, um elemento que estabelece relações de comunicação e transição ao fato de ser na paisagem urbana um monumento celebrativo e ao mesmo tempo ser símbolo e fazer parte da história da cidade.
Com o recurso da iconografia, textos e pesquisas realizadas, a autora sinaliza diversas restaurações executadas na Ponte para manter sua exuberância, afinal, era o espaço em que a elegante sociedade aracajuana distraia-se, observando a beleza do rio, onde também se cultua os festejos de Bom Jesus em sua procissão.
Com a vinda da comitiva de D. Pedro II a Sergipe, o Presidente Dr. Manoel da Cunha Galvão começou a empreender uma série de melhoramentos, entre os quais merece destaque um espaço para o desembarque de pessoas, inclusive da Família Imperial. Galvão, presidente da Província, solicitou ao engenheiro Pedro Pereira de Andrade a construção de uma ponte com o objetivo da chegada da Comitiva Imperial.
Frequentemente a Ponte do Imperador necessita de reparos, já que a maresia exige substituição de peças desgastadas, etc. Cada governante é responsável por manter a sua conservação. Construída em 1859, na administração do engenheiro Dr. Manuel da Cunha Galvão, no período em que foi anunciada a visita do Imperador, na sua excursão pelas províncias do Norte, a Ponte era toda de madeira e na sua entrada se erguia um grande Arco de Estrela, numa alusão ao arco mandado levantar por Napoleão em Paris, em 1806.
Após o período de sete anos de sua construção, a Ponte já exigia reparos. Em 1867 o presidente Dr. José Pereira da Silva Moraes mandou reconstruí-la, pois queria que ela fosse toda em ferro ou pelo menos sobre pilares de pedra e cal com vigame e lastro de ferro.
As transformações ocorridas nas reformas de 1904 e 1920 deram à velha Ponte do Imperador um lugar de destaque no panorama urbano e social da cidade de Aracaju, momento em que a sociedade sergipana, não aceitava a destruição de um monumento tão importante naquele período. Dr. Josino Meneses, através do engenheiro Heráclito de Faria Lima, encomendou na Inglaterra uma Ponte Metálica, revitalizando o pórtico existente como torreões castelares, com o aspecto de uma praça forte. O início da Ponte, proveniente da Inglaterra, bem como os lampiões e os bancos de ferro encomendados do Rio de Janeiro foram aspectos que proporcionaram a satisfação dos sergipanos.
A concretização da inauguração desse evento contou com a participação dos sergipanos, pessoas importantes como o Senador Olímpio Campos, que veio do Rio de Janeiro para inauguração. Entre os anos de 1930 e 1936, esse monumento sofrera modificações na sua estrutura de ferro, passando a ter a plataforma atual.
A Ponte do Imperador faz a concretização de um espaço vital da aprendizagem urbana do centro de Aracaju, realizando-se como ícone na definição de Medina (1999) APUD Umberto Eco, "signo que remete para o seu objeto em virtude de uma semelhança das suas características intrínsecas, que corresponde de qualquer modo à propriedade do objeto".
Esse ícone foi por muito tempo o cartão postal mais fotografado da cidade, musa de escritores e poetas. No processo histórico, ainda afirma a autora, a Ponte do Imperador passou por várias reformas, não somente na estrutura, mas, de acordo com o regime político vigente, também no nome. Assim, recebeu a denominação de: Ponte do Desembarque, Ponte do Governador, Ponte Metálica e Ponte do Presidente; a partir de 1930, com um Decreto-Lei do Interventor Federal Dr. Eronides Carvalho, foi denominado definitivamente de Ponte do Imperador.
Seguindo essas ideias, Barreto (2009) afirma que a chamada Ponte do Desembarque, com várias transformações, recebeu o nome de Ponte do Imperador, um dos ícones da capital de Sergipe. Apesar de vários questionamentos sobre ancoradouro ou atracadouro, não se discute a simbologia da Ponte com a presença Imperial. Quando não existia a Ponte, a única forma de as pessoas chegarem em terra firme em Aracaju era descerem dos navios e entrarem em pequenos barcos, nas costas dos chamados estivadores.
Dessa forma, seria desagradável o Imperador Pedro II, sua mulher Tereza Cristina Maria de Bourbon e sua comitiva descerem nas costas dos estivadores do cais. É importante ressaltar nos relatos de Barreto (2009) que a Ponte em várias décadas serviu de atracadouro, para receber barcos de pequeno e médio porte. Lembrando que, atualmente, são observados os navios de pequeno porte da Marinha brasileira ancorarem na ponte.
Ainda, segundo o texto de Medina, é incontestável a participação da Ponte do Imperador no processo histórico e político, já que era uma espécie de porta de entrada da capital, à beira do estuário do Rio Sergipe, com a definição anterior de Cotinguiba.
Entende-se a Ponte do Imperador na afirmação de Medina, analisando o Antropólogo Ordep José Serra, como a instituição de um monumento inserido num sistema de referência estabelecida, passando a ser um fato social, na configuração de um valor simbólico, reconhecido pela coletividade. Ao definir a Ponte do Imperador, a conceituação fica para o fato social, como um monumento que possui valor simbólico e social para a sociedade sergipana.





REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1.BARRETO, Luis Antônio. A Ponte, a Matriz e o Paço ...
12 mar. 2009 Acesso em 02/08/2010.

2. MEDINA, Ana Maria Fonseca. Ponte do Imperador. Aracaju/SE. Gráfica J. Andrade, 1999.