Resenha: Escola e Democracia
Por Rita de Cássia de Souza | 18/07/2010 | EducaçãoRita de Cássia de Souza
SAVIANI. Dermeval. Escola e Democracia. Autores Associados.
Nasceu em 03/02/1944, em Santo Antonio de Posse ? SP. Hoje possui a cadeira de professor emérito na Universidade Estadual de Campinas ? SP.
Possui Curso superior em Bacharelado e Licenciatura em Filosofia.
Especialização (Questões Especiais em Educação). Doutorado concluído em 1971 na PUC ? SP, em Ciências Humanas em Filosofia da Educação. Docência concluída em 1986 na Unicamp ? SP, em Ciências Humanas: História da Educação.
Inicia ? se a problemática deste livro: "Escola e Democracia", com indicações da marginalidade em relação à escolaridade dos países da América Latina.
Teorias educacionais surgem com a intenção de sanar este problema, acima citado, mas existe um grupo chamado de Teorias Crítico - Reprodutivistas que tem uma maneira de enxergar, diferente do grupo das Teorias Não Críticas, ou seja, vêem a educação como o próprio fator de marginalização e discriminação social.
Faz parte das Teorias Não Críticas, a Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista.
A escola Tradicional surge em primeira instância com o objetivo de consolidar a classe burguesa. Precisava-se tirar o povo da marginalidade, que nesta época (séc. XIX), era considerado "ignorante".
Saviani tece uma crítica em relação à Pedagogia Tradicional, considerando que esta escola não conseguiu atingir os objetivos a que se propôs.
A Pedagogia Nova, também conhecida como Escola Novista, vem com grandes críticas à Pedagogia Tradicional, mudando o eixo da marginalização. Tem em vista que o marginalizado não é o analfabeto, e sim, o rejeitado pela sociedade; constando entre estes os chamados "anormais"; Saviani continua sua crítica também a Pedagogia Nova, dizendo que esta não completou o seu papel proposto, com êxito; pois esta escola continuou dando ênfase à qualidade do ensino destinado às elites, agravando assim o problema da marginalidade.
Dentro da mesma visão da Escola Nova, sugiram movimentos populares, encabeçados por Paulo Freire e também Freinet, que se voltaram para a população mais carente.
A Pedagogia Tecnicista por sua vez, já no século XX vem romper com as ideologias Tradicional e Nova, colocando seu foco de educação em um sistema operacional.
Podemos entender através das Teorias Crítico ? Reprodutivistas que o Sistema Educacional é um facilitador das reproduções de violência contra as classes dominadas. São estas chamadas de Simbólicas e Material, envolvendo o indivíduo ou as classes de duas formas: Financeira e Cultural.
O Estado é o dominador ideológico, através de suas estratégias de currículo igualitário, sem considerar o contexto das classes sociais.
Saviani chega a Conclusão que as propostas educacionais não serviram para tirar da marginalidade aqueles a quem se propunham, tendo em vista que este não era o real interesse da classe dominante.
Saviani aborda a escola de 1º. Grau de forma a aprender que o ensino tem algumas funções políticas. Ao aprofundarmos nossos estudos em relação às suas teorias, desvendamos que o seu pensamento sobre a educação ou pedagogia tem relação com a política, Saviani vê duas fases; a revolucionaria e a reacionária. Quanto ao caráter pedagógico revolucionário vimos a pedagogia da essência onde todos os indivíduos são considerados iguais, e com necessidades iguais deixarem de ser "ignorantes", já no caráter pedagógico reacionário vimos a pedagogia da existência, onde os indivíduos são considerados diferentes entre si, e a burguesia no poder procura meios de manter-se, por conseqüência a educação não é igual para todos; como vemos a política gera normas para a educação pública.
A democracia, segundo o autor, se vê no ensino tradicional e não na Escola Nova, porque o "povo" precisa de conteúdos educacionais e científicos para alcançar seus objetivos, ter consciência de classe e de alguma forma através do conhecimento lutar por seus objetivos. A Escola Nova, não cumpriu este objetivo, apesar, de ter se proposto a cumpri-lo, portanto seu caráter tornou-se anti - democrática.
A burguesia porém quando em seu caráter revolucionário estava se colocando junto aos interesses do povo, e defendendo a igualdade e liberdade de todos. O homem é livre, e tem o direito de "vender" esta liberdade, ou força de trabalho. A escola nesta fase era defendida para todos, os cidadãos: Pedagogia da Essência.
A burguesia também teve o seu lado reacionário logo que chegou ao poder, e a pedagogia da existência começou a ser praticada. Saviani demonstra, que a Pedagogia Nova acabou por si mostrar anti - democrática por melhorar em prática somente a escola para a elite dominante. Com a teoria da "Curvatura da Vara" diz a necessidade de ?desbancar? esta pedagogia nova mostrando as ?verdades? existentes na pedagogia tradicional, para que a vara realmente possa ser colocada em posição certa isto é, direita.
A colocação de Saviani, é simples, quanto à função que as duas pedagogias tratadas até aqui mostrando, a ingenuidade de a ver a escola em uma única função, a de desmarginalizadora da humanidade. Porém fica claro, que não foi possível realizar está função e com isto, Saviani propõe a Pedagogia revolucionária. A partir da prática social, da relação com a sociedade, pode-se atingir os objetivos sabendo-se bem que a escola não é a única responsável pela equalização social, ela é apenas um instrumento que a sociedade possui, que pode ser usada pela própria sociedade, mas sempre atuando através de sua função especifica, que é a pedagogia.
A pedagogia revolucionária está fundamentada nos instrumentos populares, sua base é a prática social, e o seu fim continua sendo a pratica social.
Quanto a pratica pedagógica desta pedagogia revolucionária, está colocado neste livro que deve ser democrática. Não se pode ter ilusões quanto ao nível de igualdade, pois sabemos que o que impera na nossa sociedade é a desigualdade. É neste sentido, de que o educador deve ver claramente a sua pratica enquanto pratica social, procurando em seu processo pedagógico atingir um nível de igualdade para que todos tenham condições reais de melhorar, ou seja, de colocar em sua pratica social o que aprendeu na escola.
Quanto ao caráter da educação, Saviani ressalta que não se pode levá-lo ao extremo como se fosse de todo político. A educação segundo ele, parte de um pressuposto, de que está á serviço dos educandos. O educador tem sempre em mente atender os interesses do educando, e a política é o inverso, no seu âmbito de atuação, nem sempre está atendendo os interesses da população. O caráter da educação, obedece a uma estrutura social, que abrange a família do educando, e está sempre a serviço da população, mesmo que isto seja negado, a sua base é esta. Portanto, para Saviani, educação não é política, mas existem relações entre as duas coisas. Estas relações são historicamente comprovadas, mesmo tendo áreas de atuação distintas, a relação entre educação e política não pode ser negada. No decorrer deste livro, ficou claro que a política "usa" a educação como vimos nas pedagogias da essência e da existência, transcorrendo dentro das escolas a reprodução da sociedade de classes. É que a escola, em sua função política é muito importante para a classe dominada, porque permite que o conhecimento seja transmitido, e é nesta função de transmissor do conhecimento que a escola usa desta função política para permitir à classe dominada a apropriação de instrumentos para lutar e adquirir consciência da classe que ocupa.
CONCLUSÃO DA RESENHISTA
Por entender o valor da educação, e saber que esta, está passando, ou seja; vem passando ao longo dos séculos por maus cuidados, dentro e fora do seu meio. Vejo que o autor desse livro: Dermeval Saviani ao escrever "Escola e Democracia" ele coloca seu mais profundo conhecimento sobre a educação e a marginalização educacional e até mesmo a marginalização social. Ele é um senhor conhecedor da nossa educação, e trás em si o amor por ela. A leitura do livro em sua primeira instancia é complicada, porém, quando lemos pela segunda vez pude observar o cuidado que o autor tem em expressar as tendências pedagógicas de maneira que o leitor entenda e consiga transcreve ? la reconhecendo que a educação e a democracia devem caminhar num mesmo prisma, onde os mais simples dos cidadãos, ou mais intelectual dos homens possam ter união no seu cotidiano educacional.