Resenha do texto ideia de uma historia universal com um proposito cosmopolita

De acordo com Kant as ações humanas são regidas por leis gerais análogas as das ciências naturais.

Embora em geral, com raras exceções o homem não se da conta que favorece de forma tanto individual quanto coletiva um fluxo natural dentro de suas ações,mesmo que este não haja puramente por instinto.Embora seja uma espécie certa de sua superioridade perante os demais animais ,o homem deve tentar por meio da racionalidade(privilegio concedido pela natureza ao homem)perceber as intenções da natureza mediante as ações humanas podendo assim agir de maneira adequada ao fluxo natural.Através desta linha de raciocínio Kant desenvolveu suas proposições.

Em sua primeira proposição Kant descreve a necessidade de não nos isentarmos no que diz respeito  as leis que regem a natureza pois se o fizéssemos não alcançaríamos a noção  a respeito da finalidade da mesma(natureza),restando assim apenas incertezas no lugar de uma razão que nos possibilitaria entender as nossas disposições naturais de desenvolvimento.

Em sua segunda Proposição ele enxerga a razão como uma forma de ampliar nossas possibilidades. Devido a complexidade da natureza humana não se mostraria possível alcançar de forma individual todo o entendimento a respeito da natureza humana uma vez que embora não deva agir puramente por intermédio de seus instintos há a necessidade do exercício ,de tentativas afim de ultrapassar estágios de conhecimento de maneira gradual.

A terceira proposição de Kant indica que através do uso da razão o homem tem a possibilidade de superar suas ações puramente instintivas conseguindo assim por meios próprios garantir sua existência (uma vez que este não tem como “destino” ser dirigido por seus instintos).Já através de seu comportamento,este aprimorado por meio de sua racionalidade,o homem deve se mostrar digno de existir mediante as dificuldades que o aguardam tendo em vista suas limitações perante as demais criaturas.E embora pareça injusta(uma vez que nem todos compartilharão do produto final desta racionalização)a coletividade se faz necessária para o desenvolvimento humano.

A quarta proposição indica que a capacidade do homem em se sociabilizar, mesmo que por meio de algumas atitudes de âmbito individual provenientes de sua natureza o homem haja de maneira a ameaçar estabilidade da mesma, permite a natureza agir dentro de suas intenções. Uma vez que o homem em sociedade tem uma visão mais ampla do desenvolvimento de sua natureza, porém, antagonicamente se depara com a possibilidade de se isolar devido as resistências criadas por si mesmo em relação as vontades individuais de seus iguais ,resistência esta que é inversamente proporcional.Todavia o pensamento individual em relação a sociedade que o torna capaz de agir de maneira eficiente dentro da mesma,fazendo assim com que o homem exerça seu verdadeiro potencial.Também se faz necessário o conflito individuo sociedade no desenvolvimento da natureza humana uma vez que as ações conflitantes do homem fazem com que ele saia de seu repouso e busque uma forma de driblar os obstáculos que impedem sua ascensão dentro da sociedade.  

Em sua quinta proposição Kant apresenta a necessidade da formulação de uma de uma sociedade civil capaz de administrar um direito geral, que posso proteger a sociedade da liberdade selvagem do homem que prejudica o fluxo da convivência em sociedade, fazendo-se necessário uma ordem para que o homem possa viver em sociedade respeitando seus antagonismos, possibilitando assim que a natureza haja de maneira eficaz, por meio deste disciplinamento da insociabilidade humana,mesmo que a formulação de uma constituição justa  se mostre uma tarefa de veras difícil.

A sexta proposição demonstra a necessidade de um senhor (ou senhores dentro de uma perspectiva mais ampla) ,que tenha capacidade de ser justo por si mesmo,afim de que este possa fazer com que o homem haja  de maneira universalmente benéfica,mesmo considerando que este senhor ainda seja homem.Kant ressalta que a natureza nos impõe apenas uma aproximação em relação a conclusão desta tarefa uma vez que esta se mostra impossível de se executar perfeitamente.

A sétima proposição visa através de uma analise entre a natureza dos indivíduos que se refletem de maneira geral na sociedade civil formada pelos mesmos. Kant acaba por fazer uma comparação entre as relações dos indivíduos dentro da sociedade fruto de sua natureza antagônica e as relações entre os estados que compartilhariam por conseqüência de natureza semelhante, utilizando-se de alguns argumentos de proposições anteriores  como a natureza conflitante e a necessidade de tentativas afim de alcançar um maior entendimento,podendo assim fugir de sua selvageria e alcançar um nível de racionalidade que possibilite a formação de uma união entre os estados,e que esta por sua vez deveria contar com um estado consciente por si só que pudesse orientar os demais.Kant enxerga o estado como um “individuo” complexo que acaba por ter que fazer parte de uma nova “sociedade” formada desta vez por vários estados e questão devem prezar pelo desenvolvimento dos indivíduos que os compõem.Os estados devem abdicar de seus interesses puramente individuais para alcançar o aprimoramento de seus cidadãos.

A proposição de numero oito tenta mostrar que a historia humana em toda a sua complexidade faz parte dos planos da natureza.Kant ressalta a necessidade de compreender o fluxo de uma historia universal, com o intuito de acelerar o processo de evolução natural.Ainda chama atenção para o fato de que devido a um estado não poderem mostrar fraquezas em sua constituição diante dos demais estados(uma vez que todos ainda podem ser vitimas de suas insociabilidades),acaba por manter uma estabilidade ainda que não atinge o progresso que seria o ideal.Valendo tocar no ponto em que é citado o fato de que através da compreensão de sua evolução gradual o individuo se faz capaz de adquirir sua liberdade de forma não nociva a sociedade  ,tornando-o passível de auxiliar a mesma a formar junto as demais um corpo único capaz de atingir todo o potencial da natureza humana

A nona e ultima proposição tem inicio mostrando a responsabilidade que o produto intelectual que tem como foco a compreensão da historia considerando leis análogas as da natureza, como que auxiliar na conclusão do propósito da mesma.Embora a compreensão deste propósito oculto que tem a natureza de mostre de veras difícil de se compreender,ainda assim entender os rumos que a historia toma de maneira universal se faz necessária para que possamos quem sabe vislumbrar os propósitos que a natureza tem para com o ser humano  dentro de sua própria historia.O texto ainda chama a atenção para a utilização da historia para fortalecer o estado e seus lideres através de glorias passadas.

Embora Kant critique com firmeza o instinto do ser humano em seu estado primitivo,pregando que através da razão devemos descobrir o real propósito que a natureza possui para o homem e sua historia,ele acaba por dizer que por meio do uso da razão nada mais devemos fazer a não ser utilizarmos ate mesmo os instintos que ele tanto critica, como:egoísmo,individualismo e vontade de impor suas vontades,de maneira que essa utilização faça com que os indivíduos e por conseqüência os estados formados pelos mesmos alcancem um potencial de existência que já existe e que apenas espera que o homem aprenda como alcançá-lo.Com tudo ao menos nas  proposições mencionadas anteriormente,Kant não deixa claro o porque de a verdadeira natureza,ou objetivo da mesma,não poderia ser a utilização dos instintos humanos pura e simplesmente.O mesmo menciona a necessidade de repetição para uma aprendizagem gradual,o que é fruto da natureza conflituosa do homem,o que não requer a razão para atuar no sentido de impedir tais conflitos,estes que só surgem  por meio dos instintos mais primitivos do homem.Uma real sociedade onde os instintos estariam completamente sob controle não se mostra possível ,mesmo diante de um discurso tão belo quanto o de Kant,uma vez que a todo momento novos seres humanos chegam a sociedade com seus instintos a flor da pele  e prontos a colocá-los em pratica.Sendo Kant um grande crente em relação aos propósitos da natureza à de se crer que se houvesse outra meta para o ser humano,que não,utilizar seus instintos de maneira a se defender como os demais animais o fazem,essa meta já teria sido alcançada,levando em consideração que ate a capacidade de racionar pode ser considerada um instinto natural do homem ou seja mais uma arma para através de suas ações calculadas conseguir utilizar de maneira hábil seus instintos primitivos (raiva,egoísmo,vontade de imposição),afim de  tornar possível a manutenção de sua existência.

Bibliografia:

KANT, Immanuel. “Idéia de uma história universal com um propósito cosmopolita”.