RESENHA DO LIVRO: Biblioteca Educação é Cultura: Folclórico de Maria de Lourdes Borges Ribeiro.

Por Amanda Gonçalves Bento | 18/01/2016 | Resumos

RESENHA DO LIVRO: Biblioteca Educação é Cultura: Folclórico de Maria de Lourdes Borges Ribeiro.          

            O livro Biblioteca Educação é Cultura de Maria de Lourdes Borges Ribeiro, traz discursos sobre o que tem sido compreendido como Folclore, ou o que é considerado Folclore no meio social, por meio de estratégias seculares como palestras, pesquisa, debates e etc. Para uns é aquilo que foge dos costumes de uma massa, para outros são produtos terceirizados ou aquilo que não possui um caminho a percorrer, mas que ocorre com espontaneidade, sem imposições. Isso tem levado muitos a acreditar que a partir de análises, há critérios importantes que prevalecem na concepção cultural da população. Neste material há diversos ponto opinativos que ratifica conceitos contraditórios entre a ideia do que realmente e folclórico e o que se pensa ser folclórico.

            Este material está dividido em duas seções. A primeira titulada “A palavra folclore” é composto pelos tópicos: aceitação da palavra flok-lore, o fato folclórico e suas características, onde o folclore, dinâmica cultural, o folclore e as ciências, e metodologia. A segunda titulada “Elementos formadores do folclore brasileiro” tece sobre os tópicos: precursores dos estudos de folclore no Brasil, o folclore e os órgãos oficiais e aplicação do folclore na escola. Conta também com o bloco de Unidades (I – IX) e finaliza com a orientação para o professor, todos organizados em 63 páginas.

            A expressão Folclore que vem do Inglês “folk-lore” (saber popular). Designava os elementos constituintes das antiguidades populares, folk = povo e lore = saber, elementos que constitui a palavra que pela primeira vez foi identificada em uma carta enviada por Willian Thoms à revista “The Atheneum” de Londres (Inglaterra), que a publicou no dia 22 de agosto de 1846. Em 1878 é fundado a primeira sociedade folclórica de caráter científico: Floklore Society que reuniu vários cientistas renomados e que tinha como objetivo a conservação e a divulgação de tradições populares, ditos vulgares, baladas, lendárias, superstições e antigos costumes.

            Seis anos depois, a mesma sociedade já partira para um novo sentido mais abrangente para Flok-lore e que a levou a reconhecer: narrativas tradicionais, costumes tradicionais, superstições, crenças e linguagem popular. Logo, começaram as discussões. Questionou-se o sentido de saber, os seus limites. Para alguns, a cultura material estava excluída - artesanato, técnicas populares como a culinária, a arquitetura, a confecção de instrumentos musicais estariam fora do conceito e do campo de estudo. Para outros, a cultura material somente estaria integrada ao folclore quando estivesse ligada à cultura não-material - estudos da música folclórica incluiriam os instrumentos musicais; o estudo das festas tradicionais incluiria a sua culinária, etc.

            Em 1960 em Buenos Aires, o último Congresso Internacional de Folclore, foi transcrito a Declaração de Princípios sobre a Conceituação do Fato Folclórico. Nela foi dirigido a comunicação feita pela Comissão Nacional de Folclore de que para realizar estudos específicos sobre o Folclore é importante levar em conta a natureza cultural do fenômeno dentro de sua realidade, função, tempo e espaço, o fenômeno folclórico é constituído por maneiras de pensar, sentir e agir dos povos e sugere que seja mantido características popular, anônimo e tradicional e que haja flexibilidade quanto ao uso desses conceitos.

            As variedades de concepções voltadas para o Lore e Folk resultou em três dimensões:  na Escola Antropológica Americana conceitua que o campo folclórico está ligado ao fato folclórico sem abranger os costumes global; na Posição Clássica há orientação de que dentro da ideia anterior da Escola Americana, o campo folclórico é oriundo de portadores que praticam essas expressões, ou seja, há um compartilhamento de culturas baseada na tradição que ao mesmo tempo dá suporte a existência dessa cultura; na Posição Independente não há uma restrição que defina exatamente o que é considerado folclórico, mas adere a cultura global independente do vínculo social de quem o manifesta.

            O fato folclórico se propaga, como se propaga a cultura. A dinâmica cultural se manifesta nas diversas formas de contato com os costumes, determinando trocas, miscigenação, aculturação, transformando valores pela seleção coletiva. Como estudar essa identidade cultural? Cotazar afirma que documentos referentes a evolução histórica de uma massa, origem, função cultural, simbolismo e outros podem ser avaliados. Renato Almeida acredita que não há um método folclórico específico, apenas é possível determinar a mudança e variedade no comportamento humano.

            Para sua formação, colaboraram principalmente, além do elemento nativo (o índio), o português e o africano. Estes três povos constituíram, podemos dizer, as raízes de nossa cultura. Posteriormente, imigrantes de outros países, como Itália e Alemanha, deram sua contribuição ao nosso folclore, tornando-o mais complexo e mais rico. A tendência dos costumes de povos diferentes é, quando estes se relacionam de modo íntimo, construir expressões híbridas, ou seja, suas culturas se misturam, resultando em novas expressões de manifestação popular.

            No Brasil, os estudos de folclore começaram como interesse literário tendo como Silvio Romero, Celso Magalhães, Couto de Magalhães, José de Alencar, iniciaram os nossos estudos da cultura popular. Sendo Silvio Romero o pai do folclore Brasileiro. Vários são os trabalhos coletâneas, ensaios e estudos no Brasil relativos ao folclore, tendo aproveitamento na literatura e nas artes.

Entre outros nomes importantes do folclore, há os de: Nina Rodrigues 1862-196 que abriu caminho dos estudos de folclore negro, Melo Morais Filho 1844-1919, Amadeu Amaral 1875-1929, Mario de Andrade 1893-1945 que à frente do Departamento de Cultura de SP, iniciou a pesquisa científica do folclore Brasileiro e música folclórica, Cecília Meireles 1901-1964, e outros que continuam esse trabalho cultural.

            O folclore além de estar fortemente ligado a várias ciências que dele carecem para melhor interpretação dos factos, devido ao seu caráter dinâmico, psicológico e social, ele tem uma grande importância na escola, porque a história auxilia na construção do conhecimento de mundo, pois sem este seria apenas um amontoado de factos áridos, enumeração de dados sem significado. Influencia na formação de um fato folclórico, além do que o artesanato, a culinária e o vestuário dependem diretamente dos fatores geográficos da região. e tem o objetivo de fazer a criança compreender melhor a sua comunidade, sendo que, o estudo do folclore contém preciosos ensinamentos de inestimável valor para a educação do povo.

            O campo da Literatura oral abrange a poesia, conto, narrativa popular de mito e de lenda, paremiologia, advinha, parlenda, jogos, rodas e brinquedos e etc. Na poesia as formas poéticas folclóricas eram: Cantar de gesta (registro da formação de nações, celebração dos feitos heroicos), Romance (temáticas que envolvia assuntos sacros, bíblicos, amorosos, sentimentais e etc); Literatura de Cordel (poesias em pequenos folhetos, com traços de narrativa que contava fatos de interesse geral); Desafio (encontro de dois cantadores que desenvolviam duelos poéticos); Repente (repentista, maior poeta que improvisava em qualquer ocasião); ABC (Poemas organizadas em ordem alfabética); Padre – nosso, Ave Maria, Pelo-sinal, Slave – rainha (Poesias com trechos de oração); Moda de viola (poesia narrativa, cantada ao som de viola); Décima (nome próprio da estrofe de 10 versos); Trova (estrofe de 4 versos de 7 sílabas com rima no 2º e 4º).

No conto a imaginação percorre grandes aventuras, com lugares diferentes e especiais e constrói a beleza histórica. O conto folclórico, além de valor pedagógico, ensina o aluno e cumpre umas das finalidades da obra literária ao transportar o ouvinte para outro mundo. Narrativa popular de mito e de lenda, nada mais era que uma interpretação do homem no ambiente em que vive, dos seres das coisas. A paremiologia faz estudo de provérbios que são aceitos como sendo verdade. Advinha (testes de conhecimento, demonstração de raciocino lógico na resolução dos problemas) e etc.

A magia, crendices, superstições e tabus são técnicas em que o indivíduo deixa de lado as suas vontades próprias para seguir de alguém ser poderoso. A religião contava com grupos que promovia rituais na tentativa de ligar sua vida ao sobrenatural, com intuito de viver uma vida eterna. Tratamentos preventivos era seguido de acordo com as experiências (empirismo). A música retrata momentos marcantes, danças folclóricas a manifestação com gestos simples e atraentes. Folguedos leva consigo uma grande estrutura expressionista com grupos musicais. Já o teatro ocorre de forma isolada e interpretativa. A autora finaliza a obra com uma sugestão para o professor trabalhar com fato folclórico que pode atingir valores a tradição grupos, artesanatos que possui características de cada região e destaque dos elementos da cultura.

            Esta obra é recomendado a estudantes do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Superior, docentes, realizadores de projetos e estudos lexicais e pessoas que buscam conhecer de forma individual uma palavra marcado por diversas concepções técnicas e conhecimentos empíricos.

            A professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro, nascida em Aparecida - SP, aos 19-09-1912 e aí falecida aos 11-06-1983, foi folclorista, pesquisadora, poeta e escritora com publicações no Brasil e no exterior. Publicou, entre outros, os livros: “A Dança do Moçambique”, “O Jongo”, “O Baile dos Congos” e “Na Trilha da Independência”. Foi co-fundadora do Instituto de Estudos Valeparaibanos. Professora Titular de Folclore, aprovada pelo Conselho Federal de Educação, nas Faculdades Teresa D’Ávila – FATEA, Lorena - SP e Faculdade de Música Santa Cecília em Pindamonhangaba-SP.

            Amanda Gonçalves Bento, Técnica em Informática pela ETEEPA – Campus Itaituba, Técnica em Edificações pelo IFPA – Campus Itaituba e graduanda do Curso Licenciatura Plena em Letras, VI Período na Faculdade de Itaituba – FAI.