Resenha do filme Crazy People- uma análise sobre meios de comunicação e suas funções comunicativas
Por Teresa C Martins de Araujo | 03/07/2013 | ResumosINTRODUÇÃO
Filme da produtora Paramount films estrelado por dois grandes atores de Hollywood: Daryl Hannah e Dudley Moore. O filme Crazy People (Muito Loucos) conta a história de um publicitário, Emory Leeson (Dudley Moore), que atravessa um momento delicado quando sua esposa o abandona. Ele repentinamente tem uma crise de honestidade e cria uma campanha publicitária que é calcada em dizer só a verdade sobre cada produto. Charles F. Drucker (J.T. Walsh), seu chefe, recusa tal ideia, pois considera absurda e o obriga a se internar para ter tratamento psiquiátrico. Mas o material da campanha equivocadamente é impresso e se torna um enorme sucesso. Emory é chamado de volta, mas ele não quer deixar a instituição, pois se apaixonou por Kathy Burgess (Daryl Hannah), uma das pacientes. Ainda internado Emory elabora novas campanhas, sendo ajudado pelos outros internos. Drucker, que no passado recusou a verdade como base de uma campanha, se comporta como o gênio da criação. A partir deste ponto Emory consegue enxergar a mediocridade das pessoas supostamente “normais” e consegue ver que seus novos amigos (internos) em sua simplicidade e alienação conseguem perceber o sentido da vida e saber o valor da amizade, responsabilidade e sabem distinguir muito mais do que os outros os verdadeiros objetivos da existência humana em sociedade, por mais “insanos” que possam parecer.
v FICHA TÉCNICA
Título original: Crazy People
Gênero: Comédia
Duração: 1h31 min
Ano de lançamento: 1990
Estúdio: Paramount Pictures
Distribuidora: Paramount Pictures
Direção: Tony Bill
Roteiro: Mitch Markowitz
Produção: Thomas Barad e Robert K. Weiss
Música: Cliff Eidelman
Fotografia: Victor J. Kemper
Direção de arte: Steven Schwartz
Figurino: Mary E. Vogt
Edição: Mia Goldman
Elenco
- Dudley Moore (Emory Leeson)
- Daryl hannah (Kathy Burgess)
- Paul Reiser (Stephen Bachman)
- J.T. Walsh (Charles F. Drucker)
- Bill Smitrovich (Bruce)
- Alan North (Juiz)
- David Paymer (George)
- Danton Stone (Saabs)
- Paul Bates (Robles)
- Dick Cusack (Mort)
- Doug Yasuda (Hsu)
- Floyd Vivino (Eddie Aris)
- Mercedes Ruehl (Dra. Liz Baylor)
- Ben Hammer (Dr. Koch)
v ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO
Identificaremos a seguir os aspectos da comunicação encontrados no filme Crazy People. Elementos da comunicação:
Emissor |
Receptor |
Canal |
Mensagem |
Forma |
Código |
Estúdio: Paramount Pictures |
O público em geral que assista a filmes do gênero comédia. |
Cinema ou televisão. |
Mensagem nº 1_ Seja sempre crítico, analise tudo que vir na televisão ou nas propagandas em geral. Mensagem nº 2 _O ser humano está perdendo os valores de família, amizade e caridade e perdendo estes valores básicos em troca de consumismos que só trarão satisfações momentâneas. O filme é um alerta de que temos que resgatar nossa felicidade baseada em valores concretos e dignos que valorizem o ser humano em sua totalidade. |
Filme (película) do gênero comédia. |
Língua Inglesa (E.U. A). |
Funções da linguagem apresentadas no filme:
Fática |
Apelativa |
Conotativa |
Referencial |
Emotiva |
Metalinguística |
Poética |
Escolheu se duas cenas cujas linguagens são distintas. Função Apelativa: No final do filme aparece um comercial sobre a tecnologia dos eletro - eletrônicos da marca Sony. Fala do sucesso da tecnologia que se deve as características físicas dos funcionários japoneses que fabricam e montam chips e placas de circuitos e, neste mesmo comercial os japoneses desqualificam os americanos e outros povos que tem características físicas mais elevadas e diferentes dos japoneses. Induz o consumidor a comprar produtos Sony, pois convence que somente os japoneses entendem e tem mais cuidados com as tecnologias.
Função Emotiva: Há várias cenas que mostram função emotiva, principalmente, cenas com a personagem Kathy.
Cena em que Emory se lamenta por ter que sair da clínica e Kathy acaba fazendo um discurso muito emocionante sobre amizade e sugerindo aos outros internos que ajudem Emory a fazer propagandas sem ter que ir embora da clínica psiquiátrica.
De característica emotiva, esta cena mexe com valores de amizade, união e acaba por dar sentido a vida dos internos, pois eles se envolvem de tal maneira na publicidade que suas patologias têm melhoras incríveis, como por exemplo, um interno que só falava “olá” começa a expressar suas ideias e ter diálogos mais complexos.
MECANISMOS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM MASSA:
Dentro dos estudos realizados em sala de aula com o texto “Meios de comunicação em Massa”, capítulo 19 do livro Psicologias (Uma introdução ao estudo de Psicologia) constata-se que os mecanismos de comunicação que aparecem no filme são:
A persuasão atrelada ao retorno do recalcado, pois os comercias de carros e cigarros mostrados no filme apresentam pessoas lindas, sedutoras e com uma aparente liberdade ao usarem os produtos. Mostra que os publicitários mexem com a subjetividade das pessoas fazendo as querer, inconscientemente, o mesmo prestígio e características apresentadas nos comerciais.
O retorno do recalcado significa que as pessoas “ressuscitam” desejos que são escondidos por serem proibidos por regras e convenções impostas pela sociedade (acordo social). Mas, momentaneamente, estes desejos são saciados ao se consumir tais produtos.
A sedução se dá na cena em que um paciente elabora um cartaz de viagem a Bahamas mostrando um homem e uma mulher seminus na praia fazendo alusão ao sexo e o resultado deste comercial foi várias pessoas agendando viagens para Bahamas.
A ideologia aparece na cena em que o chefe da agencia publicitária irrita-se com o sócio de Emory depois do episódio dos cartazes com propagandas “honestas”. O chefe diz que a verdade não vende nada e que temos que dar aos consumidores o que eles querem, mas manipulando esta visão em favor de seus clientes (produtos). A ideologia mostrada no filme é a da manipulação dos desejos inconscientes das pessoas para que as mesmas acabem comprando o que os publicitários quiserem.
Junto com a ideologia temos a construção cinematográfica que auxilia na disseminação de ideias e manipulação através das ideias inseridas num contexto, seja este contexto iconográfico, verbal ou escrito. Escolheremos uma cena para explanar a construção cinematográfica e junto desta destacar a intenção que se teve com a cena.
CONSTRUÇÃO CINEMATOGRÁFICA
Os ângulos das cenas de um filme são muito importantes para dar expressividade e sentido às cenas, pois diferente de uma obra literária, a obra cinematográfica nem sempre pode se estender em diálogos e monólogos, então, os closes, plongée, contra - plongée, entre outros recursos de filmagem auxiliam no contexto das histórias filmadas.
Cena em que os internos estão distraídos e descontraídos com o presente que ganharam da agência de publicidade. As personagens de Emory e Kathy estão felizes e observando o entusiasmo dos amigos, além de mostrar entrosamento entre as personagens principais. |
Close:
É o plano enquadrado de uma maneira muito próxima do assunto. A figura humana é enquadrada do ombro para cima, mostrando apenas o rosto dos atores. Com isso, o cenário é praticamente eliminado e as expressões tornam-se mais nítidas para os espectadores. Corresponde a uma invasão no plano da consciência, a uma tensão mental considerável, focalizam emoções como a alegria, a descontração como na cena acima ou retrata até mesmo um modo de pensamento obsessivo.
Cena em que as personagens discutem sobre as propagandas exageradamente honestas. Conflito de ideias. Emory justifica sua atitude e sua indignação com a sociedade que deixa se enganar e consomem compulsivamente coisas, muitas vezes, desnecessárias para preencherem suas vidas vazias. O chefe da agência representa esta sociedade vazia e frívola. |
Plongée:
A câmera filma o objeto de cima para baixo, ficando a objetiva acima do nível normal do olhar. Tende a ter um efeito de diminuição da pessoa filmada, de rebaixamento. Neste trecho do filme, a plongée é acompanhada de um movimento de zoom out da câmera
OBS: Pessoas focalizadas em plongée para mostrar a aflição, angústia da personagem principal e ao mesmo tempo mostra o conflito de ideias entre os personagens.
BIBLIOGRAFIA
v Livro: Psicologias (uma introdução ao estudo de psicologia); Editora Saraiva, 2008. Ana M. Bahia Bock, Odair Furtado, Maria de Lourdes T. Teixeira.