Resenha do cap. 2 do livro Sociologia do autor Anthony Giddens.

Por Lucas Brito Santana Da Silva | 11/10/2016 | Sociedade

Resenha do cap. 2 do livro Sociologia do autor Anthony Giddens.

Lucas Brito Santana Da Silva[1]

Britânico, nascido em 1938, Anthony Giddens é considerado um dos sociólogos mais importantes de nossa época. Autor de uma obra vastíssima, entre os seus vários livros, fulcrais na teoria social contemporânea, encontramos: A constituição da sociedade (1984), onde apresenta a sua Teoria da Estruturação, que almeja, grosso modo, a reconciliação da querela entre Estrutura e Agência, nascida do embate teórico dos fósseis da sociologia; Émile Durkheim e Max Weber. Outras obras também capilares do autor: As Consequências da Modernidade (1990) e Modernidade e Identidade (1991).

O livro em pauta aqui é Sociologia (1982), que pretende ser uma introdução geral ao campo sociológico, apresentando o percurso histórico da disciplina, autores e conceitos fundamentais no seu itinerário de vinte capítulos e mais de setecentas páginas. Sintetizando os problemas que atualmente interessam aos sociólogos, fornecendo um panorama teórico e empírico. Na produção textual presente, o escopo está voltado para o capítulo dois do livro, intitulado: Sociedade e Natureza (p. 20-47).

Nesse capítulo, Giddens apresenta conceptualmente termos como: Cultura (aspectos apreendidos, não inatos, como − língua, religião, valores morais, os rituais cotidianos, vestimentas e etc.); Sociedade (sistema de inter-relações que envolve os indivíduos coletivamente sob o manto de uma cultura.); Valores e Normas (aqueles como ideias abstratas que orientam os seres humanos em sua interação com o mundo e entre si e estas como regras de comportamento que refletem inerentemente os próprios valores.); Relativismo cultural e Etnocentrismo  (o  segundo como o ato de avaliar as outras culturas a partir da nossa e o primeiro como o voltar-se para dentro da cultura avaliada na tentativa de compreendê-la.); Socialização (processo de inserção de um membro em dada cultura, mais toda a problemática que o desenvolvimento de um ser humano evoca, tornando-a um processo demasiadamente dinâmico.). Esses são alguns dos conceitos, aqui sucintamente expostos, que são apresentados e trabalhos pelo autor.

Segue-se patenteando os principais tipos de sociedade que já existiram, quais ainda podemos encontrar hodiernamente e como alguns traços culturais estão relacionados ao seu nível de desenvolvimento, mais o esclarecimento quanto ao determinismo nesse fator. Sociedades de Caçadores Recoletores: predominantes durante a maior parte da existência humana, subsistia-se através da caça, da pesca e da coleta de plantas comestíveis. Encontram-se atualmente quase extintas. Sociedades Pastoris e Agrárias: aparecidas a cerca de vinte mil anos, aí desenvolve-se a agricultura e a criação de animais. Observa-se ainda muitas sociedades desse tipo. Por volta de seis mil anos, antes da era-comum, ver-se aparecerem sociedades de maior dimensão, designadas Civilizações, caracterizadas pelo desenvolvimento de − cidades, acentuada desigualdade e por seu tipo de governação, via reis e imperadores.  Surgem, então, as Sociedades industriais ou Modernas, devastando a maior parte dos outros tipos de sociedade. Qual advento iniciou esse cataclismo? A industrialização! O aparecimento da produção mecanizada, a utilização de recursos como o vapor e a eletricidade. As mudanças desencadeadas pelo industrialismo estenderam-se para além do seu berço europeu.

Giddens tem seu intento alcançado no presente livro. Sociologia apresenta-se como um livro que permite a assimilação eficaz, tanto por sua organização quanto por sua linguagem. Fugindo ao didatismo insípido, ao empobrecimento que este causa ao conteúdo, vemos esse livro indo além do público leigo, vindo a servir de fonte de consulta para professores.

O capítulo sobre o qual nos debruçamos, sociedade e natureza, oferece subsídios suficientes para que o estudante iniciante comece a discutir sobre a cultura, sobre os indivíduos, sobre os efeitos da industrialização nos modos de ser das sociedades. O modo como foi disposto o conteúdo nos permite a compreensão básica de conceitos elementares da sociologia, a distinção entre os tipos de sociedade, e as consequências do industrialismo, algo que mesmo tão recente provocou mudanças esdrúxulas.  É uma leitura que não exige conhecimentos prévios, sendo ela própria fundante, mesmo que a seleção do material não seja cabalmente indiscriminada, como nos alerta o autor.

Ao fim de todos os capítulos é apresentada uma síntese das ideias que foram trabalhadas e logo abaixo uma seleção de perguntas que incitam o leitor à reflexão. Ao término da leitura o leigo encontra-se em posse de um arcabouço teórico, pronto para aplicá-lo empiricamente. Um pouco mais consciente do funcionamento da sociedade, mais crítico se o quiser. Podendo diminuir seu etnocentrismo, algo que nos permeia a vida inteira, podendo identificar-se em sua própria cultura, sua identidade social, sua identidade pessoal e as expectativas dos papéis sociais que desenvolve – montando seu arsenal... usemos as caixas de ferramentas!

Referências:

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6° ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.

[1] Discente do Curso de História, 1° Período, Turno: Noturno. Ufal – 2016.