Resenha de "Os desafios da implementação da Informática como disciplina no Ensino Médio"

Por Michel Marialva Yvano | 18/02/2017 | Educação

RESENHA

Referência: NUNES, Anderson Vieira Veloso e NUNES, Lina Cardoso. "Os desafios da implementação da Informática como disciplina no Ensino Médio". Disponível em: . Acesso em: 16/02/2017.

       O artigo de Nunes & Nunes (2007) traz, em sua pesquisa, o enfoque na utilização da interdisciplinaridade no ensino médio por meio da disciplina de Informática, reforçando a construção de uma ação estratégica que facilita a integração do conhecimento.

       Os autores utilizam embasamentos em pesquisas de outros autores que já trabalharam com o tema em questão, assim como em documentos legais que regem a formulação das ações empregadas no currículo do ensino médio, tais como: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e os Planos Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM).

       A primeira parte é uma introdução em que os autores reforçam a ideia de que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) estão diretamente ligada ao desenvolvimento humano, social e aos movimentos de acúmulo de capital. Os autores ainda citam que as inovações vêm ocorrendo em grande velocidade, talvez por conta da globalização. Porém em meu ponto de vista, vejo por um lado inversamente proporcional, já que a globalização ocorreu de forma rápida por conta das inovações tecnológicas e ainda sou mais direto, acho que a globalização nos dias atuais é um termo ultrapassado pelo motivo de estarmos em qualquer lugar a qualquer momento, mesmo que em forma virtual.

       Em continuação, os autores comentam sobre a questão da escola formar cidadãos críticos, conscientes e preparados para o mundo de trabalho e para a sociedade tecnológica. Afirmam que, a partir da Lei 9.394/96 (LDB) e dos PCNEM, a evolução chegou ao ensino médio sinalizado pelos PCN´s como cita o PCNEM de Ciências, Matemática e Tecnologias (2000):

[..] com o advento do que se denomina sociedade pós-industrial, a disseminação das tecnologias da informação nos produtos e nos serviços, a crescente complexidade dos equipamentos individuais e coletivos e a necessidade de conhecimentos cada vez mais elaborados para a vida social e produtiva, as tecnologias precisam encontrar espaço próprio no aprendizado escolar regular, de forma semelhante ao que aconteceu com as ciências, muitas décadas antes, devendo ser vistas também como processo, e não simplesmente como produto.

       Os autores ainda reforçam a criação de três áreas dos conhecimentos, a citar: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias, todas elas sendo atendidas pela Base Nacional Comum e pela parte diversificada do currículo. Se analisarmos o contexto destas três grandes áreas do conhecimento podemos observar que todas elas envolvem uma palavra chave que incluem as áreas dentro do contexto atual que é o mundo tecnológico e de constante evolução que estamos inseridos.

       Nunes & Nunes (2007) afirmam, neste sentido que: “A Informática surge exatamente neste contexto de articulação entre as áreas de conhecimento”. Sendo que que esta afirmação é embasada por meios legais formulados pelos PNC´s. Podemos então inferir que a Informática constrói-se como uma ferramenta para acesso às informações, por meio da internet, nos mais variados eixos da aquisição de conhecimento escolar, tornando a educação dos jovens melhorada com o apoio da Informática, a qual configura interligação da relação curricular.

       Na segunda parte do artigo, os autores mostram os procedimentos de pesquisa e o local de aplicação da pesquisa, a Unidade Educacional Gama e Souza, situada no bairro do Recreio dos Bandeirantes - Rio de Janeiro. Os sujeitos do estudo foram os professores que atuam no ensino médio nesta instituição. Os procedimentos para a realização do estudo em análise foi a utilização de observações, um questionário, e entrevistas semiestruturadas.

       Os autores argumentam que os procedimentos foram feitos durante o mês de Janeiro, no período de 3 semanas, juntamente com o encontro de planejamento anual das disciplinas.

       Na terceira parte, encontram-se as observações feitas pelos autores, onde é citada a utilização do tema: Jogos Pan-Americano 2007, que foi abordado de forma interdisciplinar, podendo ser percebida a participação das disciplinas: Física, onde eram analisadas as roupas dos atletas e as características físicas, no desempenho dos atletas como coeficiente de atrito, poder de aceleração e resistência do material; Geografia, na mesma referência das roupas foi solicitado verificar a diferença da tecnologia empregada por países ditos de “primeiro mundo” e os outros países, inclusive o Brasil; Matemática, com o desafio de calcular o tempo de deslocamento de uma arenas olímpicas para outra.

       Todas estas disciplinas foram agregadas à disciplina de Informática Educativa que teve como ferramenta a confecção de apresentações eletrônicas por meio do software Power Point, falando sobre as pesquisas efetuadas na internet. As apresentações foram interligadas tratando sobre os países, as tecnologias, as roupas dos atletas, o incentivo ao esporte e a tecnologia, temas estes apresentados para as disciplinas de Física, Geografia e Informática Educativa. Entretanto, a interdisciplinaridade da Informática com a Matemática foi a utilização de um software de planilha eletrônica, Excel, para gerar gráficos dos dados de distâncias, os quais foram colocados em uma aplicação web local para auxiliar na semana de prova.

       Por fim é comentado sobre os resultados das entrevistas feitas com os professores em que se ver um arsenal de elogios quanto à utilização da Informática como ferramenta interdisciplinar, despertando no aluno a curiosidade de pesquisar por si mesmo, e a vontade de aprender, com o auxílio desta nova forma de interdisciplinaridade.

       Contudo, observou-se também, a preocupação de certos sujeitos da pesquisa quanto a facilidade adquirida em apenas “copiar” e “colar ” os trabalhos o que pode gerar uma alienação do aluno enquanto cidadão. No entanto, é reforçada a ideia que deve ter um acompanhamento mais de perto e continuo quanto ao uso desta forma inovadora de trazer conhecimento, fazendo essa conscientização da internet para fins de melhorar e não apenas copiar.

       Dentro das observações também se pode verificar a necessidade de uma figura importante nesse processo de ensino aprendizado, o que para alguns pode ser visto como ponto negativo, por que não há a contratação de profissionais na área de Informática para trabalharem em escolas de ensino médio como professores da disciplina de Informática por parte do poder público, como se pode ver na afirmação de um dos pesquisados:

Eu acredito que seja algo novo, mas que provavelmente segue uma tendência de evolução da educação. Nas escolas particulares, com certeza é onde isto deve acontecer, mas na escola pública ainda não. Mesmo com o governo trabalhando e investimento em equipamentos para a escola pública, este ainda é muito pouco utilizado nas escolas públicas. Não há professores de Informática na rede municipal, então somos nós mesmo que utilizamos com a turma. Às vezes na escola há um projeto a ser implantado com a ajuda da Informática, mas não é sempre. A capacitação é fundamental. Acho que se fosse já na grade, talvez a Informática pudesse ajudar a nós a combater melhor o analfabetismo digital, que exclui ainda mais o aluno.

       Nas considerações finais do artigo, conclui-se que quando ao avanço do interesse pelo uso das tecnologias e algumas instituições começaram a aderir na inclusão da disciplina de Informática na grade curricular do Ensino Médio, observou-se que a inclusão da disciplina mantém todos os agentes desse processo de ensino aprendizagem (Professor e Aluno), atualizados. Porém, por inúmeras dificuldades apresentadas, entre elas o acesso ao Laboratório de Informática, ainda existirão inúmeros pontos de discussão para a implantação desta disciplina como parte obrigatória do currículo do ensino médio.

       Tomando como base as reflexões do autor, hoje ainda temos inúmeras dificuldades para aplicação em escolas, tanto de ensino médio quanto do ensino fundamental, pois, por mais que tenhamos programas como o “Um Computador por Aluno” (UCA), ou mesmo os Infocentros implantados em inúmeras escolas, temos ausência deste profissional capacitado para o ensino da Informática como meio interdisciplinar, mesmo tendo inúmeros formados em Licenciatura da Computação, Tecnólogos e Bacharéis na área de computação, com especializações em Informática Educativa.

Resenhista: Michel Marialva Yvano