RESENHA CRÍTICA: Êxodo Da Visão à Ação: Uma Proposta para o Varejo Brasileiro

Por Ranulfo Soares da Fonseca Junior | 22/02/2017 | Resumos

RESENHA CRÍTICA - NASCIMENTO, Luiz Otavio da Silva. Êxodo Da Visão à Ação: Uma Proposta para o Varejo Brasileiro. São Paulo: SENAC, 2005.

1 CREDENCIAL DO AUTOR

Nascimento, Luiz Otavio da Silva, Engenheiro, Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), fez diversos cursos não só no Brasil, mas também nos EUA e na França. Com mais de 25 anos de experiência em Gestão de Empresas Varejistas e Industriais, exercendo também durante 5 anos, atividade docente na Universidade Federal Fluminense (UFF). Autor de diversos artigos, palestrante e co-autor do livro Varejo: Administração de Empresas Comerciais (editora Senac São Paulo, 1997). 

2 RESUMO DA OBRA

No primeiro capítulo do livro, o autor mostra as mudanças na área varejista aonde ele exemplifica e fala sobre os “Ventos da mudança” elaborados em quatro etapas:

A primeira situada no final dos anos 1980 onde a inflação estava alta e o tempo não estavam favoráveis para os varejistas, muitos até mesmo fecharam o seu comércio, contudo, o consumidor passa a economizar no consumo além de não priorizar marcas.

O segundo vento que envolve o comercio mundial, trouxe consigo a globalização onde o livre comércio abriu portas para o consumidor com a exclusão de barreiras e desregulamentação na economia nacional. O consumidor passa então a ter acesso a melhores produtos e com custo mais acessível.

O Terceiro vento mostra o envelhecimento da população, segundo a tabela apresentada pelo autor, mostra que terá um crescimento aproximado de 17,4% para 37,1% de 1940 até 2020. Então destaca ele que, os varejistas precisam aprender a vender fogão para quem já tem fogão, entende-se que o mercado precisa se inovar com produtos já existentes.

No Quarto e último vento (1997) é abordado à questão das mulheres que participam de 50% no comércio ativo em São Paulo onde a independência das mesmas no mercado é igualada ao sexo oposto. Mas o autor comenta a dificuldade que o consumidor possui com a falta de tempo, visto que os trabalhadores possuem mais de trinta horas de trabalho sem tempo para as compras.

O autor detalha o atual cenário na área varejista, destacando-se alguns elementos que segundo ele seriam as grandes fraquezas da administração varejista. Alguns dos elementos abordados são destacados o problema de fluxo de caixa das empresas onde estão concentrados compras e recebimento acarretando um cálculo não previsto no fechamento de fluxo de caixa; baixas informações de mercado, pois sabemos que a maior parte das organizações em varejo se limita aos conhecimentos internos, consequentemente a falta de um posicionamento das concorrentes; falta de ferramentas para suprir custos e o nível de gestão dos colaboradores que atualmente a área varejista é vista como um “bico”, pois o colaborador trata como uma necessidade temporária sem a consciência de desenvolvimento na área.

 

No segundo capitulo o autor aborda um estudo de casos feito entre 1982 até 2003, onde foram realizadas oito pesquisas de competitividade nas empresas. Ele chega à conclusão da presença de onze elementos que são significativos na competitividade. Destaca-se então:

-Liderança: Perfil de um gestor que agrega nas atividades do grupo, oferecendo ferramentas, suportes e tem uma visão sistemática, mas sabe a hora de abordagem e ajuda a solucionar tais dificuldades.

- Valorização de pessoas: Símbolo de identificar o colaborador como principal fator de sustento do capital, desenvolver o mesmo com espírito de empreendedorismo.

- Estratégia: Planejar, se manter competitiva no seu seguimento e ser aceita por seus colaboradores.

-Cultura: Crenças que são aplicadas de maneira que seus colaboradores a sigam respeitosamente mantendo tal disciplina no ambiente de trabalho, servindo para que se propague e se torne tolerante a mudanças.

- Viés para a ação: Caminho a seguir em busca de novos projetos ou processos com foco nos resultados da organização

- Estrutura: O ideal é ser flexível de maneira não burocrática em níveis hierárquicos facilitando o acesso dos possíveis suportes da organização.

-Orientação ao valor: Estimular desafios e objetivos em suas tarefas diárias.

-Inovação: A implantação de novas tecnologias é o essencial para o alto desempenho da organização.

-Parcerias: A junção de grandes organizações agrega de maneira a se expandir com um único objetivo atingir os mesmos clientes e se fortificar no mercado.

-Foco no cliente: Elemento prioridade das organizações, pois a preferência é do cliente e essa preferência que deve ser estudada e projetada de maneira a atingir tal meta.

-Processos: Base para qualquer organização que visa melhoria nas tarefas, organização e controle para uma melhor visão de clientes.

São esses elementos que com base nos estudos geram maior impacto para as organizações terem sucesso no mercado competitivo.

O autor ainda mostra comparativos com grandes empresas utilizando os elementos citados e levantando um estudo de casos onde é filtrado e identificado a organização prioritária desses elementos no qual ele chama de triagem.

 

No terceiro capitulo é abordado o tema “Proposta para o varejo”, onde é mostrado a importância da organização em conhecer a si própria e saber da sua posição diante dos concorrentes, conhecer os seus consumidores e estar apto mudanças, sabendo como ganhar dinheiro. O autor mostra a importância da tecnologia em questão, pois é ela que atualmente ganha mercado e tem um dos maiores índices de atração do consumidor.

É importante que os produtos em estoque sejam administrados na consciência de custos operacionais para a empresa, em questão de época desvalorizando o produto, manutenção e reparo e o acumulo de produtos iguais.

Destaca-se também o planejamento para o aumento de vendas, de maneira que atinja todas as idades e necessidades, boa comunicação e divulgação com diversas formas possíveis de pagamentos que devem ser flexíveis para o consumidor. Outro fator a se observar é o ambiente, investimentos em tecnologia para simplificar tais constrangimentos ao consumidor, como é o caso de filas. Para isso, o autor mostra uma visão geral através de quatro vetores que resumem a demanda.

O primeiro é chamado de “sortimento” que é a base do produto a ser escolhido, o mesmo deve conter variedades de preço e ter alta relevância de uso e estilo de vida ao consumidor.

O segundo vetor é o “crédito” buscando captar clientes para o controle e o beneficio de crédito aos seus consumidores, destacando como um dos principais vetores, pois é beneficente tanto para a organização quanto para o cliente. O autor mostra a falta de oportunidade que as empresas possuem em cima deste vetor, pois as mesmas deixam a desejar na questão de se aproximar mais do cliente oferecendo tais créditos.

O terceiro é a “comunicação” onde é entendida como toda forma de propaganda, aplicação de promoções são maneiras de chamar a atenção do consumidor.

O último vetor é chamado de “operação de loja” formado por quatro grupos: operação do crediário, produto, pessoal e ações locais.

Operação do crediário são as atividades que a loja exerce sobre os serviços de credito.

Produto é englobado nas ações de estocagem, análise do ciclo de vida, movimentação e o controle.

No Pessoal é abordada a relação de quadro, desenvolvimento, pesquisa de clima e alocações.

Ações Locais indica a relação e controle que se tem sobre o consumidor.

São esses vetores de melhoria que é observado para se programar no atual cenário do comércio varejista.

 

No quarto e último capitulo mostra o “processo de mudança” o autor compara todo o tempo que foi se modificando no cenário varejista com a passagem da bíblia cujo nome Êxodo.

Conforme analisado, é focado na base de estratégia e alguns métodos são citados como forma de estudos baseados nos grandes nomes como Mintzberg e os seus “cinco pés para a estratégia”; Porter e seu modelo mostrando a eficiência operacional, inovação tecnológica e intimidade com o cliente; Kotter e sua análise de oito erros básicos para o fracasso das organizações, complacência, fraco poder de condução, visão restrita, falta de comunicação, barreiras a visão, falta de criação de ganhos de curto prazo, apregoar vitória cedo demais e negligencia em relação a cultura da corporação; Herris e as quatro estratégias de pesquisa organizacional feedbacks; e o aperfeiçoamento de comunicação ainda é mencionado Kaplan e Norton e suas seis recomendações para o ramo operacional das empresas.

São mostradas entrevistas americanas para se destacar as qualidades que uma empresa líder do século XXl deverá ter e em seguida a mesma feita no Brasil, aonde se destaca seis fatores no mesmo aspecto, leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência.

Enfim, todo aspecto de mudança, maneiras de conduzir o consumidor, estratégias de mercado e tecnologia são “ventos” que transformam e mudam com o passar do tempo sendo necessária a adaptabilidade e flexibilidade das organizações varejistas, a visão e a ação devem ser de grande importância para a gestão do seguimento. 

3 CONCLUSÃO DOS RESENHISTAS

   O livro aborda todos os temas tratados em sala de aula desde o primeiro semestre do curso de administração de empresas até o momento, fundamentada em métodos científicos, estudos de casos de companhias de alto desempenho e na vasta experiência do autor no ramo de varejo.

O autor utiliza também de acontecimentos históricos para desenvolver sua proposta de mudança de gestão e comportamento, facilitando o entendimento e contextualizando o estudo e a necessidade de adaptação no mercado competitivo conforme o decorrer dos anos até os dias atuais.

A obra desde livro tem por objetivo demonstrar alternativas de melhorias ao mercado varejista, para pessoas que já atuam na área ou pessoas que pretende ingressar nesse segmento. Desde épocas mais antigas até a atualidade com as devidas alterações de tempo, relatando técnicas diferentes para o bom funcionamento.

Quando o autor cita a passagem da bíblia “Êxodo” como tema do seu livro, ele nos mostra que da mesma forma onde houve as mudanças naquela época o líder teria como missão liderar um povo para a terra prometida, tal feito aconteceu com a saída dos hebreus do Egito; a criação das leis e o principio da vida. No ramo varejista não seria muito diferente, pois a terra prometida para o empreendedor se torna o objetivo final no qual a empresa busca alcançar. O Líder deve liderar uma equipe e motiva-las em todos os momentos e situações da rotina do comercio. A importância do trabalho em equipe, desenvolvimento de pessoas e a melhoria continua dos processos. Permitir que os colaboradores possam também tomar decisões junto ao Líder. Os valores da empresa são vistos como item numero 1, pois através disto é realizado todos os procedimentos e andamento desde o inicial (criação da empresa) até o final (satisfação do consumidor).

Todos estes procedimentos citados no livro e exemplos de empresas que obtiveram sucesso no ramo varejista, como a Renner, a Cisper e Gerdau, nos mostra que tudo é possível sabendo utilizar do uso de estratégias e recursos para o desenvolvimento do negócio.

É enfatizada também a importância da qualidade no atendimento ao consumidor, desde a recepção até a efetivação da compra e pós compra. A qualidade do produto a fim de evitar desperdícios e garantia de satisfação do cliente. O abastecimento das lojas, onde se inicia através das negociações com o fornecedor até a chegada da mercadoria na loja e a efetiva venda. Tal processo se faz necessário a integração com o setor de logística e atualização com o almoxarifado. Visar na Redução dos custos operacionais e na geração no aumento das vendas. 

Enfim, de tudo que esta citado no livro, o autor nos mostra que para se obter sucesso no comércio varejista, o empreender tem que estar apto a mudanças das tendências de mercado, usar do desenvolvimento estratégico, capacitar os colaboradores através de aprendizagem continua e trabalho em equipe, realizar pesquisas internas e externas para divulgação e comunicação visual, qualidade no atendimento sem o foco no cliente. 

4 CRÍTICA DOS RESENHISTA

Este livro, apesar de uma leitura não tão difícil é um pouco técnico e repetitivo, onde por inúmeras vezes são citados as estratégias e competitividade no ramo Varejista. No livro também contém algumas tabelas e gráficos, onde ilustra o cenário e levantamento de dados e pesquisas realizadas dentro da organização e concorrentes.

A leitura exige o conhecimento adquirido durante o curso de administração de empresas, já que a proposta do autor se assenta nas teorias estudadas em sala de aula.

Com uma forma objetiva e com exemplos reais, é possível evidenciar as metodologias estudadas sendo aplicadas em grandes empresas de forma a despertar análises críticas em nossa vivência profissional de maneira a enxergarmos pontos de melhoria a serem trabalhados.

Por fim, com o entendimento desta obra, é evidente como adaptar-se ao mercado e a mudança de atitude é necessária para atingir maiores rendimentos.

5 INDICAÇOES DOS RESENHISTA

Com base no estudo realizado na leitura deste livro, vimos que o autor mostra de inúmeras formas, através de exemplos de empresas de sucesso, o caminho para se chegar a um objetivo. Demonstra o quão importante à tecnologia pode ser influenciadora no varejo.

De grande curiosidade para até mesmos os que não pretende seguir tal seguimento, pois abrange conhecimentos e experiências vividas. O livro não é um passo a passo, mas sim uma ferramenta de auxilio, tais como elementos significativos na competitividade.

Para aqueles que estão no ramo Varejista, este é um bom livro a ser lido e a serem colocadas em pratica algumas técnicas onde demostra o caminho para atingir o sucesso e a sobrevivência do mercado varejista.

Indicamos também que o comerciário, para se atualizar as tendências de mercado, procure ler outros livros neste mesmo seguimento. Segue como sugestão:

·         Varejo no Brasil – Gestão e Estratégia (Gestão e Estratégia - 2ª Edição - 2014 - Juracy Parente e Edgard Barki). Este Livro fala sobre a visão geral e estratégica da gestão varejista; mapeamento do mercado e do consumidor; desenvolvimento de estratégias e táticas de marketing; gestão varejista e a eliminação de desperdícios.

·         Abílio: A Trajetória de Abílio Diniz, o Empresário Brasileiro Mais Importante do Varejo Global (Editora Primeira Pessoa, Edição 2015 - Correa, Cristiane). Neste livro fala sobre a ambição de Abilio Diniz em transformar um pequeno negocio em um grande império – Grupo Pão de Açúcar.

Realizar também visita a feiras e exposições:

·         Francal, Eletrolar, Franchising Fair, Gift fair, Latam Retail Show, entre outros.