Resenha Critica de Heraclíto

Por Ivan Dionizio da Cruz | 07/03/2017 | Resumos

                             

                                              CEPEXMT

                     CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO E EXTENÇÃO

                                 ESTADO DO MATO GROSSO

                           RESENHA CRITICA DE HERÁCLITO

 

   AUTOR: Ivan Dionizio da Cruz. Filosofo e Mestre em Sociologia

Esta resenha critica tem como objetivo relatar um dos períodos mais importantes para a filosofia: O período Pré-socrático, conteúdo do livro: “Introdução Geral à Filosofia”, de autoria de Jacques Maritain que nasceu em 1882 e morreu em 1973. O assunto é tratado em uma seção de alguns tópicos. Achei interessante até porque traz uma noção inicial da história e até mesmo do surgimento da filosofia, sendo muito útil. No primeiro tópico trata-se dos jônios (Tales e seus sucessores), acreditavam que só havia possibilidade de compreender algo se fosse possível ver, tocar. Cada um deles acreditava que havia uma substância única, todas da natureza, sendo esta a maneira deles explicarem o surgimento dos seres, das coisas, por isso são considerados Filósofos da Natureza. Heráclito acredita que o mundo está em constante mudança, é evolutivo, já Demócrito explica tudo mecanicamente, e Anaxágoras é responsável pelo abandono da filosofia Jônica, dando um rumo novo aos pensadores. 
Concordo com Heráclito que diz que as coisas sempre estão a evoluir, depois desse período surgiram outros pensadores com modos diferentes de pensar. Nos Itálicos, por exemplo, os números eram muito importantes, já que revelam realidades invisíveis indo já para o lado abstrato, o sentido figurado, abstrato significa distraído, absorto. No sentido coloquial abstrato significa algo vago, impreciso. É costume o uso da expressão "é pura abstração", para definir algo que tem significado limitado era assim que Heráclito acreditava. Heráclito defendia a idéia de um mundo contínuo, um mundo em constante movimento, onde nada permanece idêntico a si mesmo, e se transforma no seu oposto (negação, contradição). O filósofo utilizou uma metáfora da vela acesa: ao vermos a chama acesa de uma vela, temos a impressão de que é sempre a mesma, no entanto, estamos vendo um processo de transformação que ocorre naquele mesmo instante, em que a cera da vela é transformada em fogo, o fogo em fumaça e a fumaça em ar. Heráclito também foi conhecido como Skoteinós, ou seja, (“Obscuro”). No sentido figurado, é algo difícil de entender, confuso, enigmático para se decifrar, algo que não está claramente visível ou declarado. pelo fato dos seus pensamentos parecerem, muitas vezes, contraditórios e sem sentido. O filósofo também aborda a divisão do universo entre dois pólos, “seres” e “não-seres” e enxerga uma unidade entre eles. No entanto, existe uma diferença com o pensamento de Parmênides: enquanto a unidade de Parmênides é idêntica e imutável, a de Heráclito está entre dois pólos, isto é, mesmo que o Ser e o Não-Ser sejam parte e coabitem o mesmo. Ora, apenas o ser pode ser pensado, já que o não-ser não é. Se eu não consigo ter uma ideia do que a coisa é, não posso pensá-la - e o que não pode ser pensado não é ser. Daí Parmênides conclui que só o ser é - e que o não-ser não é. Dessa verdade ele deduz outras: O ser é todo inteiro - se o ser tivesse partes, algo nele seria separado, não fazendo parte do ser, mas isso seria não-ser. Consequentemente, o ser, sendo uno e indivisível, não pode ter partes, e pode ser descartados como simples ilusões. Já Pitágoras, inclusive criador do nome filosofia. Ultrapassando todas as formas de compreensão já existentes, os Eleatas mais precisamente Parmênides, tornam-se cativos do Ser. E para garantir a existência desse Ser Puro afirmado por eles negam a existência inclusive do sentido, vejo não só nessa escola como em outras a negação de outras verdades, esses estudiosos buscavam com isso defenderem seus pontos de vista. Há contradições diversas entre as escolas, mas que são importantes para essa construção do pensamento filosófico, em busca da resposta para as especulações sobre a origem, eles se divergem nas ideias, negam o pensamento do outro, havendo também alguns que continuam com o pensamento, com um estudo já iniciado como é o caso de Parmênides com Xenófanes. Um exemplo de oposição é o caso de Parmênides com Heráclito que tinham ideias totalmente diferentes, o primeiro acreditava no ser perfeito, de certo modo abstrato, já o segundo estudava o físico, o real. Como foi dito, o autor também relata que os bons resultados dessa elaboração da filosofia, estavam encobertos pelos erros e contradições nas teorias dos filósofos, chegando até mesmo a um mal de espírito, denominada sofística ou corrupção da filosofia. Aparentemente os Sofistas eram os continuadores da elaboração do pensamento filosófico, só que pelo contrário, ao invés de seguir a verdade da ciência submetem-na à sua regra, buscando vantagens, sem se preocupar com o estudo verdadeiro filosófico. O seu interesse maior era ser superior, e para isso buscavam destruir todo o pensamento já construído pelos seus antecedentes, pois não tinham guardado deles, o amor pela verdade, o gosto pela busca da verdade, apenas o orgulho científico. Vendo de maneira geral à sofística foi a “escola” filosófica que não se interessou pela explicação, pela verdade, e que buscava o lucro com sua sabedoria. É possível ver que mesmo que havendo divergências no modo de pensar entre as escolas antecedentes, ambas tinham o mesmo objetivo, e já os sofistas contrariavam até mesmo no objetivo.  A única doutrina, a que a sofística chegou tenha sido o denominado relativismo e cepticismo, acreditavam na relatividade das coisas, não existe apenas um lado, mas sim vários, a verdade não era definida, cada ser podia definir o que era a sua verdade. Sócrates é considerado um dos maiores filósofos da humanidade, sendo umas das suas maiores atribuições a de ter salvado o pensamento grego do caos provocado pelos sofistas. A missão dele foi converter a razão novamente no foco da verdade, para a qual tinha sido feita. O discurso dele era feito em todos os lugares, voltado para a moral. Sócrates tem um pouco de tudo, científico e filosófico, era um verdadeiro mestre. Ele tinha método, mas não chegou a uma doutrina, morreu e o pensamento continuou incompleto. Mas fez muito, conseguiu de certa forma colocar as coisas nos eixos, não deixou que a verdade cedesse lugar à razão, e mais, criou a ciência ética, perpetuando assim seu nome na história da filosofia. As opiniões conflitantes de Heráclito e Parmênides sobre a questão do conhecimento geraram um impasse filosófico, que perdurou por algum tempo, até que Platão retomou essa questão e apontou uma solução para tal impasse. Heráclito é considerado um dos principais representantes do mobilismo, concepção que considera o movimento como realidade natural, ele valoriza as experiências sensíveis. Para Heráclito as coisas podem ser comparadas a um rio, que está em constante mutação sendo impossível entrar no mesmo rio mais de uma vez, pois assim como a corrente a passar nós também não seremos mais os mesmos. Afirmava Heráclito, pois:
Não se pode descer duas vezes o mesmo rio nem tocar duas vezes a mesma substância corruptível no mesmo estado, porque ela se dispersa e reúne-se de novo, aproxima-se e afasta-se pela prontidão e a rapidez das suas mudanças. Mas existe uma unidade básica que permanece e a partir disso que todas as coisas se formam e se transformam; essa unidade é bem plural, essa unidade também pode ser entendida como um embate entre os opostos, pois até os opostos estão ligados por ela, o ser e o não ser estão numa mesma unidade. Por exemplo, um alimento pode ser doce e amargo ao mesmo tempo, dependendo da condição do paladar da pessoa que experimenta. Entretanto esse conflito não gera consequências negativas, mas sim é ele que mantém o equilíbrio das coisas, porque apesar de opostos eles se completam, alguns exemplos: uma coisa quente vai se tornar fria em algum momento, a saúde só é valorizada por haver a doença que mostra ser bom estar saudável. Já Parmênides faz parte de outro grupo de filósofos, os monistas, que defendem que há uma única realidade, foi o primeiro filosofo a falar que as experiências dos sentidos são apenas aparências Para Parmênides existe uma distinção entre realidade e aparência, e o movimento é apenas aparência, uma experiência sensível.
De acordo com Parmênides se ultrapassarmos a experiência sensível, poderemos perceber que apesar do movimento existente uma realidade que é única e não se modifica em nenhum momento. Ao contrario do que foi dito por Heráclito, para Parmênides o ser é não podendo existir um devir.
Parmênides mostra que para encontrarmos a verdade das coisas é preciso fazer uso da razão e não dos sentidos, porque o que vem dos sentidos é apenas ilusão. Devemos, através do pensamento, buscar aquilo que permanece mesmo com a mudança, pois o que permanece é a realidade, o Ser. Estabelece uma diferença entre o pensar e o perceber, nós percebemos a natureza através das mudanças que ela sofre, mas o que pensamos é a essência das coisas, o imutável. Platão para tentar resolver o impasse sobre os pensamentos de Heráclito e Parmênides decide pensar em um mundo dos sentidos e outro das essências.

Mas se no mundo sensível (das aparências, mundo material) há vários cavalos diferentes, existe por outro lado, uma única idéia de cavalo. E para os diferentes círculos que percebemos, há uma só idéia de círculo. A pluralidade das coisas e as mudanças são próprias do mundo sensível; cada idéia, ao contrário, é única e imutável, existindo verdadeiramente, e não apenas no sentido ideal, tal como hoje comumente o entendemos. Assim, o mundo supra-sensível ou inteligível existe de forma anterior e mais efetiva do que o mundo sensível. É ele o verdadeiro mundo real já que as coisas sensíveis imitam as idéias que lhe correspondem, do mesmo modo como um pintor imita em seu quadro a natureza. Portanto é bom lembrar-se das idéias que foram contempladas pela alma, mas esquecidas por causa do apego do corpo às coisas sensíveis. Considera aceitável a posição de Heráclito quando esse diz que as coisas estão em constante mutação, mas também admite a existência da essência que nunca muda existente nas colocações de Parmênides

Fundamentando-se no “mito da caverna”, Platão argumenta que apesar de estar de acordo com Heráclito, esse mundo material em que vivemos é meramente a aparência, uma sombra do mundo verdadeiro e real, ou seja, o mundo das essências imutáveis, “sem contradições nem oposições, sem transformação, onde nenhum ser passa para o seu contraditório”
Platão se difere de Parmênides, pois não considera que exista somente um Ser, mas sim vários seres, para ele tudo que existe no mundo inteligível tem um Ser, por exemplo, um banco independente do material ou cor que ele é feito sempre vai ser um banco, pois na sua essência ele sempre vai ser um banco, e essa essência não está relacionada com a percepção ela permanece em todo tempo, a concepção de banco sempre será mesma.
Para Platão essas essências, mesmo sendo também chamadas de “ideias” não estão na mente dos homens, existem em si mesmas, e somente com o pensamento podemos alcançar essa essência. Os sentidos por só nos mostrar o concreto não nos permite conhecer essa essência, pois ela faz parte do inteligível e não do sensível.


Podemos concluir que Platão conseguiu unir as concepções de Heráclito e de Parmênides, pois ao mesmo tempo em que admite a existência de uma essência imutável no mundo inteligível, também aceita a teoria de que as coisas estão em constantes mudanças isso num mundo dos sentidos. E a partir desses dois mundos (inteligível e sensível) formula suas próprias concepções.

 

 

Referências: DURANT, Will, História da Filosofia - A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.
Coleção Os Pensadores, Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São Paulo, 1.ª edição, vol. I agosto 1973.Introdução Geral à Filosofia: Jacques Maritain- Praia de Botafogo, 501, bl II/sl 101 · Rio de Janeiro, RJ · CEP: 22250-040