RESENHA CRÍTICA DA OBRA "AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO PRINCÍPIO DE ORGANIZAÇÃO A PROPOSTA DA DEMOCRATIZAÇÃO" De AUTORIA MARIA CRISTINA PIANA

Por Ana Carla Araújo Barros | 03/02/2021 | Educação

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO- UEMA 

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA 

ACADÉMICAS: ANA CARLA ARAÚJO BARROS;

ANA CAROLINE ARAÚJO BARROS 

  

RESENHA CRÍTICA DA OBRA " AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS: DO PRINCÍPIO DE ORGANIZAÇÃO A PROPOSTA DA DEMOCRATIZAÇÃO"  DE AUTORIA MARIA CRISTINA PIANA  

 

 

 

CAPÍTULO II - RESENHA CRÍTICA 

 

É importante ressaltar que no presente capítulo, as legislações brasileiras preveem que a educação é um direito de todos, assim como uma educação de qualidade e a inserção do cidadão no mercado profissional. No entanto, tal concepção é ilusória, pois é apresentada na teoria e não na prática. Vale salientar que existe uma desigualdade educacional. Nesse ponto, essa desigualdade é um desafio histórico. 

Deve-se salientar que indivíduos matriculados na instituição escolar, ainda sim, são excluídos. Nessa perspectiva, infere-se que não basta estar apenas matriculado, pois tem que está integrado em todos os seus aspectos.   Em relação a essa perspectiva, a educação tem que ser de qualidade, em que o aluno participe ativamente desse processo, e que seja uma educação de qualidade, compreendendo o desenvolvimento da autonomia e do senso crítico, aprimorando habilidades e competências.

Durante o capítulo a autora  aborda, a História da estrutura e organização do sistema de ensino no Brasil.  Nesta parte,  a autora Maria Cristina elucida que a história da educação no Brasil começou com a chegada dos primeiros padres jesuítas, instaurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do país.

A autora ressaltar, ainda, que a sociedade colonialista era escravista e marcada  pela imobilidade social, a estrutura social era composta por escravos que formavam a base, os grandes latifundiários, os funcionários da coroa, e também os senhores de engenho que ocupavam o topo da hierarquia social da época. 

Nesse âmbito, a colônia tinha um sistema educacional excludente, pois a educação era de forma hierarquizada, sendo um privilégio apenas da elite. Evidentemente, essa política educacional de maneira restritiva foi impulsionada para todos. Diante de tal concepção, observa-se que, até na sociedade colonialista o sistema educacional é estruturado de maneira seletiva. 

Ainda neste contexto, a educação não era meta prioritária, visto que não havia demanda por uma formação especializada, pois o que interessava era levar matéria prima para as colônias, e trazer produtos manufaturados, ou até mesmo a exploração escrava. Nesse cenário, não havia interesse que uma parcela da sociedade tivessem grau avançado na educação. 

É interessante suscitar que devido à expulsão dos jesuítas, a educação vivenciou uma grande ruptura histórica em um processo já implantado e consolidado como modelo educacional.

No capítulo, a autora ainda ressalta, dentre 1980 a 1930, foram criadas reduzidas escolas superiores e construídas muitas escolas primárias e secundárias, porém houve pouca alteração no quadro do sistema educacional.  Cabe citar que o Estado não conseguiu atender os desejos republicanos de expansão das oportunidades educacionais. Dessa forma, continuando um sistema injusto e de exclusão. Ainda convém destacar que a expansão do ensino foi considerado inadequado, por falta de uma formulação da política educacional. 

A autora ainda aponta que mesmo com a proclamação da república, em 1889, esse cenário quase não mudou. Nessa perspectiva, houve apenas investimentos e expansão no ensino superior. Nesse ponto, cabe destacar que infelizmente não havia uma preocupação em ofertar a educação para todos, e sim, a classe dominante em permanecer em seu privilégio. 

Além do mais, a autora explícita que a iniciativa particular teve que assumir a função sobre o ensino secundário. Nessa ótica, observa-se a inércia do Estado frente a esse nível educacional.

Além disso, a autora aponta que houve uma preocupação com a ampliação da escola primária, na década de 1920, foi o ponto indispensável das observações e das discussões dos educadores e políticos.  

Outro panorama histórico que a autora citar no capítulo é a Primeira Guerra Mundial, pois a política educacional começa a mudar depois desse período, pois intelectuais, educadores e pensadores repensaram e criaram todo um projeto de educação, em destaque Anísio Teixeira que adota um ensino construtivista. Nesse contexto, sucederam diversas reformas do ensino nos Estados. 

Além do mais, na década de 1930 houve o surgimento das primeiras universidades brasileiras e a reforma de diversos níveis de ensino. Tal reforma é considerada imprescindível, apesar de ser decorrente a implementação de um regime autoritário. 

É válido suscitar que Anísio Teixeira foi um dos que instituíram o manifesto dos Pioneiros da educação nova, o manifesto apresenta propostas para inovação no sistema educacional. Além de constatar a desorganização do sistema educacional brasileiro e a exclusão da população brasileira a um amplo processo de educação escolarizada. Nesse contexto, o manifesto propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação que abrangesse a todos, assim uma escola pública, laica e gratuita. 

A autora aborda que nesse contexto surgiu a cultura do "bacharelismo" que é a concepção de educar os indivíduos conforme os ideais das elites. Diante dessa perpectiva, a  classe média havia um anseio ao título de doutor por intuito de ascender tanto socialmente quanto  economicamente.  Nessa lógica, houve uma quantidade muito grande de pessoas formadas em bacharelado, entretanto, existe um enorme afastamento entre a instituição escolar e o trabalho, pois o Brasil era principalmente ligado a agricultura.

Outro ponto importante abordado no capítulo é a Associação Brasileira de Educação, criada em 1924, reunindo personalidades ilustres e cultas da sociedade brasileira, dentre profissionais, educadores, intelectuais e políticos, com o intuito de avaliar suas responsabilidades e deveres no que se refere aos grandes problemas nacionais, exclusivamente a educação, através desta organização, foi proporcionado cursos, palestras, semanas da educação e conferências.

A autora durante o capítulo aborda sobre Paulo Freire educador e filósofo, considerando um dos maiores intelectuais, pois elaborou uma teoria que tem como viés o diálogo que possibilita a conscientização, tornando-se um protagonista imprescindível na educação brasileira e mundial.

Além disso, vale salientar que para Freire o propósito maior da educação é conscientizar o discente, assim como preparar para participar da política através das técnicas da leitura e da escrita. 

Em outro panorama, a autora aborda sobre as políticas educacionais: proposta de uma gestão participativa e uma educação de qualidade. Nesse sentido, conforme as palavras da autora as "reformas educacionais no Brasil ocorreram mediante as crises nacionais e internacionais do sistema capitalista." Diante disso, a educação muita das vezes não foi priorizada pelos dirigentes políticos, ou seja, a educação teve uma importância secundária. 

Assim, é válido destacar que durante o passar do tempo não se pensou em tornar o ensino acessível a todos, principalmente um ensino de qualidade. Devido à questão ideológica. Nesse ponto, a educação sempre esteve alinhado a um modelo econômico.  Assim, uma parcela da sociedade concentra a renda, enquanto outra não é privilegiada. Desse modo, é um processo desigual e injusto.

Dado o exposto, é essencial frisar a desigualdade está acentuada devido à concentração de renda que assola a sociedade. Nesse cenário, uma parcela é detentora da concentração de renda, enquanto outra camada expressiva da sociedade é menos favorecida, comumente por conta da falta de oportunidade que a maioria das vezes com a sua baixa escolaridade não conseguem um emprego de qualidade, ou mesmo passar em uma Universidade que tem que por estipulado o número de vagas, assim a idéia de Universidade para todos não existe, e, portanto, o sistema é organizado de maneira restritiva, favorecendo uma parcela da sociedade, ao passo que outra parcela fica a margem.

Outro contexto que a autora explana, a educação no período da ditadura militar, pois houve uma queda na qualidade de ensino em razão dos baixos salários e investimentos públicos. Vale citar que naquele período havia um alto índice de invasão escolar, por conseguinte, o crescimento da rede privada e com preferência no ensino profissionalizante em detrimento do ensino médio. 

Em suma, é interessante ressaltar que a autora, aponta no capítulo que será possível refletir a história de uma educação que está em permanente construção, com marcas intrínsecas da exclusão social, econômica e cultural. Além do mais, uma educação sem investimento e oportunidades a essa parcela da população menos favorecida. No entanto, a autora afirma que é necessário pensar na "construção de uma educação de direito e com compromisso ético de socializar conhecimentos e garantir uma vida digna a todos." Portanto, diante do exposto, é fundamental refletir na construção de uma educação diferenciada, participativa e de qualidade.

 

PIANA, Maria Cristina. As políticas educacionais: dos princípios de organização à proposta da democratização. São Paulo: Unesp, 2009.