RESENHA CRÍTICA AMAMENTAÇÃO: UM RESGATE HISTÓRICO

Por MARIA DE JESUS MARQUES DO NASCIMENTO | 05/09/2013 | Resumos

RESENHA CRÍTICA AMAMENTAÇÃO: UM RESGATE HISTÓRICO 

Resenha crítica como requisito para nota complementar (N1) e apreciação da disciplina de Aleitamento Materno pelo curso de Enfermagem, da FATENE- Faculdade Terra Nordeste, orientada pela profª Ana Carolina

    O presente artigo aborda o tema amamentação de uma forma ampla, abrangendo períodos remotos e atuais, trazendo a questionamentos da importância do aleitamento de diversas forma e motivações de tomadas de decisões de uma mulher escolher entre amamentar exclusivamente seus filhos ou não. Veremos a seguir que com o surgimento de opções de alimentações lácteas influenciaram nessa tomada de decisão e veremos também que no decorrer da história já se sabia dos benefícios dessa nutrição e as medidas de ações em saúde pública em otimizar esse relacionamento entre o binômio mãe-filho.

         As crianças nos primeiros meses de vida,  necessitam do aleitamento exclusivo, pois o ato de amamentar traz benefícios a criança, no seu desenvolvimento de afetividade e mecanismos metabólicos.

         Na nossa cultura as mulheres não amamentam seus filhos receber uma carga de culpa de forma negativa por seus filhos adoecerem ou mesmo morrerem por não receber o leite materno, dificultando assim a adesão das mesmas e dificultando a compreensão dos fatores que levaram a essa decisão.

         As vantagens do leite humano excedem do  valor nutricional, cabe ao profissional de saúde aprofundar-se no conhecimento para orientar as mulheres no benefício da escolha.

        A amamentação tem um percurso antigo ao longo da história, onde as crenças, os mitos, a cultura trazem consequências de muitas mulheres optarem pelo leite artificial, pois essa prática antiga propiciou a alimentação de crianças vítimas de mães mortas, outras crianças mantidas em orfanatos e alguns relatos mostraram ainda que foram encontrados vasilhames contendo leite não maternos ao lado dos cadáveres de crianças enterradas, como mostram os historiadores desde o tempo da civilização.

          Navegando na história verificamos achados como o Código de Hammurabi Mesopotâmia cidade de Susa atual Irã aproximadamente 1700 a.C possivelmente escrito pelo rei, esses escritos foram encontrados em 1901 por uma expedição francesa contendo 282 leis baseado no Torah ( baseado na bíblia com base nos livros do ) escrito  na pedra talhada. Hoje se encontra no museu em paris os escritos referentes a esse assunto, sobre a prática de desmame e amamentar a criança de outra mulher em forma de amas- de- leite de aluguel. Um texto bíblico compara deseja o verdadeiro evangelho ou seja;  a palavra de Deus deve ser desejada como o genuíno leite materno, puro exclusivo, não adulterado ou falsificado ondE colabora para o crescimento espiritual. Em outra ocasião dos tempos espartanos,  a mulher esposa do rei era obrigada a amamenta o filho mais velho (possível sucessor do rei, aquele de mais valor, o primogênito), enquanto os outros eram alimentados pelas plebléias. Hipócrates conhecido como o pai da medicina, nasceu na Grécia 460 a.C acreditava que o leite da mãe era apropriado e se acriança fosse alimentada por outra mãe que não fosse a dele,aquele leite era perigoso pra a saúde daquele infante, também concordo com essa teoria, pois sabemos dos riscos iminentes de uma criança ser alimentada por outra mãe que não é a dele. Entre o século XII e XIII havia uma diferença de conceitos, pois o primeiro os infantes não eram mencionados nos diários de família e na sociedade, não havia registros de nascimentos e óbitos, eram  representados como homens pequenos, no segundo caso as crianças passaram a ser reconhecidas como anjos e o menino Jesus e no século XVI a infância passou a ser descoberta.

         Como nos meados de 1500 a1700 as mulheres acreditavam que se amamentassem os seios ficariam flácidos e os seus corpos modificariam, tornando envelhecidas, preferiam não ter vários filhos, essa cultura se arrastou até os dias de hoje, preferiam alimentar as crianças com mingaus em colher.

        Um dos fatores que atrapalhava a amamentação dos infantes era a crença de que enquanto a mulher estava amamentando estaria proibida de ter relações sexuais que poderia se estender até 2 anos, causando um mito de que o leite seria fraco e envenenaria na próxima gravidez, tanto a medicina como a religião ditava as normas. Outro fator preponderante era que os médicos acreditavam que o colostro era ruim, era feito mingau chamado “panado”.  A Constituição Francesa determinava que as amas de leite alimentassem no peito apenas duas crianças indigentes, pra não sufocá-las enquanto dormiam. O fato de acreditar que as amas de leite passariam doenças às crianças foram adaptando chifres de vacas  pequenas com um orifício em forma de mamadeiras, trazendo riscos de contaminação ás crianças. Há relatos de que filhos de índias Tupinambás acompanhavam as mães amarrados em seus corpos e não aceitavam que as amas de leite os amamentassem. Contam ainda que com a chegada dos povos estrangeiros no Brasil, muitos índios morreram doentes e as crianças ficavam órfãos,  os Jesuítas os abrigavam.

         A morte de bebês aumentou muito desde que as mães pararam de amamentar seus filhos, substituindo o leite materno pelas mamadeiras de vidro, devido a pouca higiene  e cerca de um terço morria antes de completar 1 ano de vida, negligenciavam o cuidado e entravam num estado de conformismo que as crianças se transformariam em anjos e que era uma benção do céu, as mulheres festejavam a morte uma forma de superar a dor da perda, o que em nada contribuía para a mudanças desse conceito de miséria e descaso. Que incentivo as mulheres ricas teriam de procriar diante dessa realidade de mortandade? Em decorrência dessa cultura as mães pobres por não terem condições financeiras abandonavam seus filhos, enquanto isso as mulheres mãe de aluguel se tornavam mercenárias.

          Somente no século XIX iniciaram as orientações para as amas de leite domiciliares que passaram a ser fiscalizadas, acultura dizia que as amas de leite não podiam ser contrariadas para o leite não azedar e assim as mercenárias sugavam o dinheiro das famílias para se

permanecerem na “profissão”, enfim chega o aleitamento artificial para acabar com essa prática, mas entra a cultura da mamadeira influenciada pelos pediatras e as indústrias investindo com propaganda e marketing de que o produto era cientificamente preparado, alimentação natural e necessária na verdade sem comprovação técnica, uma verdadeira   propaganda enganosa, pois   o leite em pó era visto como um produto mais barato, porém não orientavam as mães do risco da contaminação pela água.  Tanto as revistas científicas  e as indústrias de leite  andavam de mãos dadas, pois influenciavam os médicos a iniciarem o leite artificial desde o nascimento cada vez mais precocemente, as mães já saiam da maternidade levando a lata de leite.

          O Ministério da Saúde acordou e tentou mudar a realidade com o Código de Substitutos de leite humano com implementações de programas e estratégias de aleitamento materno de uma forma reflexiva  para o resgate do aleitamento materno, com a criação de banco de leite humano, incentivos para divulgar através de atrizes famosas mães amamentando como forma de conscientizar a população da importância do leite materno, resgatando assim a adesão ao aleitamento, capacitação do profissional de saúde e criação do hospital amigo da criança.

         Embora caiba a mãe a decisão amamentar seus filhos, vimos através desta viagem na história o que este artigo trouxe de informação, que há um processo cultural e precisamos quebrar esses paradigmas. O profissional consciente que ele é multiplicador de informações, deve orientar as mulheres gestantes a se prepararem tanto para um parto vaginal, pois há um menor incômodo para amamentar, em relação às mulheres que se submeteram ao parto cesariana,  pois estão em processo de cicatrização da lesão cirúrgica   que podem desfavorecer devido as dores durante o manuseio da criança sobre seu corpo. O enfermeiro deve exercer o papel de ser colaborador e encorajar ao aleitamento exclusivo até os seis meses de vida, podendo ainda orientar a mulher a manter o aleitamento por até 2 anos de idade da criança e na introdução de  complemento de outros alimentos saudável ao infante, informando da necessidade de proteção natural, imunização e  afetividade .

          Cada vez mais o ser humano reconhece que ao longo da história deixou de aprofundar seus conhecimentos sobre a importância do aleitamento materno de algo que já sabiam ser benéfico, que foi deixando de dar continuidade e o seu desuso mudou toda uma trajetória, trazendo grandes consequências e mortalidade às crianças, mas nos dias atuais está se retornando aos poucos as práticas, mas os estudos não param por aqui, ainda se tem muito a pesquisar, a discutir a incorporar métodos à prática da alimentação natural, o leite materno.