REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA ESCOLA

Por Laércio Silva dos santos | 05/07/2014 | Educação

 

MESTRADO EM EDUCAÇÃO HOLÍSTICA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA ESCOLA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Laércio  Silva  dos  Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JATAÍ – GOIÁS

2013


FATTEFIR

MESTRADO EM EDUCAÇÃO HOLÍSTICA

 

 

 

 

 

 

 

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA ESCOLA

 

 

 

 

 

 

 

 

Laércio  Silva  dos  Santos

 

 

 

 

 

 

 

Trabalho apresentado à disciplina de Representações Sociais: Teoria e Aplicações à Educação, no curso de Mestrado em Educação Holística, sob a coordenação do professor Doutor Marcílio Sampaio dos Santos.

 

 

 

 

JATAÍ – GOIÁS

2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Há muito tempo que procuro propor o novo tipo de professor. É um professor que não ensina nada, não é professor de Matemática, não é professor de História, de Geografia… É um professor de espantos.

O objectivo da educação não é ensinar coisas, porque elas já estão na internet, estão por todos os lugares, estão nos livros. É ensinar a pensar. Criar na criança essa curiosidade. (…) criar a alegria de pensar. (…) a relação com a leitura é uma relação amorosa. (…) Quando o professor manda, já estragou. (…) Não mandando ler, mas lendo.

A missão do professor não é dar as respostas prontas. (…) é provocar a inteligência, provocar o espanto, provocar a curiosidade.”

Rubem Alves

 

 

 

 

 

 

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA ESCOLA

 

                                                                [*]Laércio Silva dos Santos

 

 

Resumo

As representações sociais são elementos simbólicos que fazem parte do imaginário social dos indivíduos, as quais são utilizadas dentro do seu contexto de convivência. A matriz conceitual dessa teoria foi introduzida por Serge Moscovici em 1961, quando ele fez uma releitura das teorias de Durkheim e das teorias da Psicologia Social, só que com uma postura menos sociologizante, diferenciando de Durkheim e menos psicologizante, para distanciar-se das teorias tradicionais da Psicologia Social. 

O foco desse artigo será a análise teórica das representações sociais, de forma breve, e a análise prática, discutindo respostas de professores a uma pesquisa sobre representação social na escola.

Para a coleta dos dados foi elaborado um questionário com quatro questões as quais provocaram os sujeitos da pesquisa a fornecerem os dados necessários para as reflexões que serão estabelecidas no texto.

Finalizando, o trabalho pôde comprovar na prática o que se afirma na teoria: que o professor assume um discurso que não lhe garante representação social positiva. Importante reflexão para repensarmos a nossa prática docente e as suas contradições.

 

Palavras Chave:

Representações Sociais. Escola. Professores. Desvalorização docente.

 

 

 

SOCIAL REPRESENTATIONS IN SCHOOL

 

 

Abstract

Social representations are symbolic elements that are part of the social imaginary of individuals, which are used within the context of coexistence. The conceptual matrix of this theory was introduced by Serge Moscovici in 1961, when he made a rereading of the theories of Durkheim and theories of Social Psychology, only that with a posture less sociologizing, differentiating of Durkheim and less psychologizing, to distance themselves from the traditional theories of Social Psychology.

THE focus of this Article will be the theoretical analysis of social representations, briefly, and the analysis practice, discussing responses of teachers to a survey on social representation in the school. For data collection a questionnaire was developed with four issues which caused the subjects of the research to provide the necessary data for the reflections that will be laid down in the text.

Key words: Social Representations. School. Teachers. Devaluation taecher.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Introdução

 

 

Este trabalho tem como objetivo principal tecer comentários sobre o que sejam as representações sociais e como elas influenciam a construção dos saberes dentro de um organismo e,  principalmente,   no ambiente escolar, onde as relações são confusas e onde o professor ainda não tem consolidado uma identidade focada na construção da sua verdadeira representação, aquela que alia a imagem ao conceito definido.

Para refletir sobre essa temática realizamos as leituras propostas pelo professor Marcilio e realizamos uma pesquisa com questionários para colher dos professores os posicionamentos que a teoria nos questionava em relação aos docentes.

Depois de colher esses dados apresentamos em gráficos para expor de forma aberta e o posicionamento dos professores pesquisados em relação ao tema.  São inúmeras considerações que acreditamos que trará uma pequena contribuição para a melhoria do entendimento dessa temática que é tão recente no cenário das discussões das relações sociais.

 

                       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  1. 1.           Representações sociais

 

                       

As representações sociais são elementos simbólicos que as pessoas utilizam dentro de um determinado contexto usando palavras ou gestos para transmitir ou demonstrar como percebem as situações a que estão postas ou a que estão sujeitas na sociedade.  Ou seja, são opiniões que formulam a respeito de determinado assunto,  ou argumentos que utilizam para defender o seu posicionamento sobre determinada temática ou situação em que se encontra, como por exemplo, a visão que tem da importância do exercício profissional dentro de uma categoria ou outra atividade no âmbito de uma situação real como estudantes por exemplo.

Na matriz conceitual pode-se afirmar que, a noção de representação social, tal como a compreendemos hoje, “foi introduzida por Serge Moscovici em 1961, em um estudo sobre representação social da Psicanalise” (ALVES-MAZZOTTI, 1994). Este autor fez a releitura dos fenômenos que anteriormente eram atribuídos à magia, substituindo essas fontes pelas ciências.  As ciências hoje tem a função que tinha o sagrado no período medieval.  Segundo Alves-Mazzotti, (1994)

O prestígio alcançado pelas teorias construtivistas e pelas abordagens qualitativas e, mais recentemente, o crescente interesse pelo papel do simbólico na orientação das condutas humanas parecem ter contribuído para abrir espaço ao estudo das representações sociais. De fato, verifica-se que, em anos recentes, um grande número de trabalhos de pesquisa e debates teóricos tem surgido nessa área, podendo-se afirmar que o estudo pioneiro realizado por Moscovici realmente se constituiu em um novo paradigma na Psicologia Social, na medida em que lançou as bases conceituais e metodológicas sobre as quais se desenvolveram as discussões e os aprofundamentos posteriores.

Neste contexto de renovação é que Moscovici iniciou o seu processo de atuação na análise do conceito de representação social. Para isso ele recorre ao postulado de Émile Durkheim, que se referia de uma forma muito genérica aos fenômenos psíquicos e sociais, incluindo os mitos, a ideologia e a ciência. Segundo Moscovici, Durkheim não teve muita preocupação em buscar a origem dos processos que deram início a essa grande diversidade do pensamento humano. Ele analisava os fenômenos considerando a coletividade.  O que segundo Alves-Mazzotti, (1994), essa concepção de representação coletiva

Era bastante estática – o que correspondia à permanência dos fenômenos  em cujo estudo se baseou – e, portanto, não adequada ao estudo das sociedades contemporâneas, que se caracterizam pela multiplicidade de sistemas políticos, religiosos, filosóficos e artísticos, e pela rapidez na circulação das representações.

Na visão de Moscovici Durkehim possuia uma visão muito sociologizante, do mesmo modo ele era contrário ao posicionamento Psicologizante que a Psicologia social empreendia nas suas abordagens. Ele pretendia apresentar um trabalho de pesquisa mais especifico, ou seja, buscar construir um detalhamento maior das relações sociais. Construir um conceito de representação social verdadeiramente psicossocial. A sociedade é marcada pela existência de uma gama enorme de sistemas, por isso precisa ser analisada dentro de cada especificidade.

Para isso Moscovici empreende diversos estudos sempre buscando estabelecer uma dialética das relações que existem entre indivíduos e sociedade, sempre buscando distanciamento das apreensões coletivas e dos fenômenos da Psicologia Social.

Moscovici, a partir dessas comparações, apresenta uma proposta que visa abordar a natureza individual e social das representações sociais.  Neste contexto ele mostra a natureza social do campo, e nele são englobados novos fenômenos, como atitudes, representação e informação. Em relação ao aspecto psicológico ele demonstra os processos de objetivação e ancoragem.  Conforme Alves-Mazzotti, 1994,  

Objetivação refere-se a passagem de conceitos ou ideias para esquemas ou imagens concretas, os quais, pela generalidade de seu emprego, se transformam em “supostos reflexos do real”;  e a ancoragem, como constituição de uma rede de significações em torno do objeto, relacionando-o a valores e práticas sociais.

A partir dessa conceituação entende-se que esses dois conceitos são intrinsecamente ligados, pois são dois processos que intervém diretamente na formação das representações sociais. A Ancoragem pela sua subordinação aos conceitos preexistentes, às estruturas cognitivas do individuo, pois o sistema nervoso atua como um processamento de dados. Tudo o que se desenvolve na formação das concepções no indivíduo avança a partir do que se tem de estrutura cognitiva.  Desse modo, novos conceitos são apreendidos a partir de estruturas já existentes. Enquanto que a objetivação diz respeito à forma como se organizam os elementos que formam a representação, e também ao percurso através do qual os elementos adquirem materialidade, ou seja, se tornam representações expressivas da realidade vista como natural no meio social. Os dois processos servem para familiarizarmos com o novo, enquadrando primeiramente em nosso foco de referência, onde tudo pode ser comparado, interpretado, e depois reproduzido nas relações sociais.

Alves-Mazzotti, 1994, aponta ainda que cada universo, classes sociais, culturas, e grupos, são universos de opiniões diversas e apresentam três dimensões:

a atitude, a informação e o campo de representação ou imagem. A atitude corresponde à orientação global, favorável ou desfavorável, ao objeto de representação. A informação se refere à organização dos conhecimentos que o grupo possui a respeito do objeto. Finalmente, o  campo de representação remete à ideia de imagem, ao conteúdo concreto e limitado de proposições referentes a um aspecto preciso do objeto, e pressupõe uma unidade hierarquizada de elementos. Essas três dimensões de representação social fornecem a visão global de seu conteúdo e sentido.

Desse modo, é importante frisar que, para estudar as representações sociais, primeiramente é imprescindível conhecer as condições contextuais em que os indivíduos estão inseridos. Isso se faz mediante “análise contextual” criteriosa, porque se entende que as representações sociais são construídas e estão intimamente ligadas aos seus determinados grupos sociais, políticos, econômicos, culturais e étnicos. Esses grupos se expressam por meio de mensagens diversas e nessas mensagens são propagadas as formações de cada indivíduo dentro do grupo a que pertence. Entende-se então, a partir disso, que a reprodução dessas características é inerente ao grupo ao qual se pertence, ou seja, a construção de um discurso e a repetição dele ocorre pelas práticas sociais desse grupo e pela sua potencialização de importância social, pela construção de suas imagens dentro do contexto de análise. Daí ser primordial o conhecimento do sujeito em todas as suas nuances, desde as suas condições de subsistência até a sua formação educacional e sua situação ocupacional. É preciso ampliar o leque de conhecimento para se ter noção do ser histórico, materializado no meio social, inserido em uma determinada unidade familiar, com perspectivas diversas, dificuldades variadas e vivenciadas, e níveis de apreensão crítica da realidade também diversa.

Esse conhecimento do sujeito é importante em todos os seus aspectos, porque na análise pode-se entender qual é a relação dele com o objeto. Segundo a teoria de Moscovici:

o sujeito e o objeto não são funcionalmente distintos, eles formam um conjunto indissociável. Isso quer dizer que um objeto não existe por si mesmo, mas apenas em relação a um sujeito (individuo ou grupo); é a relação sujeito-objeto que determina o próprio objeto. Ao formar sua representação de um objeto, o sujeito, de certa forma, constitui, o reconstrói em seu sistema cognitivo, de modo a adequá-lo ao seu sistema de valores, o qual, por sua vez, depende de sua história e do contexto social e ideológico no qual está inserido (ALVES-MAZZOTTI, 1994).

A representação social é formada no ser desde a sua mais tenra infância, quando aprendemos com os nossos pais e familiares a conhecer e aprender o mundo através das relações que passamos a estabelecer entre as pessoas de nosso grupo de relacionamento. Portanto, é algo que vai sendo construído, sempre com a formação de novos conhecimentos, valores, normas, costumes e hábitos em cadeia, sucessivamente.  Todavia, cada um constrói e aprende dentro do seu ambiente familiar, do seu interior, e esses conhecimentos serão captados e objetivados para posterior interpretação. Ou seja, sempre nascerá um novo universo de conhecimento a partir da formação de cada um para depois serem objetos de interpretação coletiva.

A representação social possibilita trazer à tona aquilo que não fazia parte do conhecimento geral. Fazer com que aquilo que não era familiar se tornar familiar. Além disso, possibilita a formulação de conhecimentos novos em relação aos que tínhamos anteriormente, para que, dessa forma, possamos compreender e abstrair novos valores e novos posicionamentos para serem novamente objetos de questionamentos e manipulação da sociedade.

Segundo este posicionamento a realidade é transformada pelo sujeito. Então, a ação do sujeito no meio social, que é a realidade transformada, pode proporcionar uma mudança de mentalidade da sociedade e em suas atitudes, visto que ela passará a compreender as diversas interpretações possíveis dentro do contexto. E é isso que Moscovici (2003) enfatiza de forma latente quando afirma que “sujeito é transformador da realidade e a compreensão das diversas interpretações poderá gerar uma mudança de mentalidade da sociedade e em suas ações”.  Dessa forma, subentende-se que as representações sociais que são percebidas dentro do contexto de um grupo ou uma profissão específica, têm por objetivo básico o entendimento das ações das formas de relacionamento dentro do trabalho, e fortemente buscar uma melhoria daquela representação laboral. Como este artigo está sendo pautado pela pesquisa no ambiente escolar, pode-se afirmar que é isso que marca.  Do mesmo modo que ocorre no contexto de outras profissões, as representações sociais que são estudadas dentro da escola, principalmente com os professores,  visam entender como elas ocorrem e como podem servir de melhoria para o desenvolvimento do meio ao qual estão  inseridas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  1. 2.            Representações sociais na Escola

                  

O estudo e a compreensão das representações sociais na escola são de grande importância para a educação. Esse estudo contribui muito para que se possa ter um maior entendimento das abordagens individuais e coletivas dos membros integrantes das instituições escolares. Os atores que estão envolvidos no processo educacional também fazem parte de um sistema, cujas representações ocorrem dentro dos universos e das dimensões que apresentamos anteriormente.

Um dos grandes teóricos que se debruça sobre os estudos das representações voltadas para área educacional é Gilly.  Para ele as representações sociais oferecem uma forma inovadora de explicar os mecanismos pelos quais os fatores sociais atuam sobre o processo educativo. E, para isso, leva em conta a relação estabelecida dentro do ambiente escolar, relação escola/professor/aluno, e a elaboração de saberes. Neste contexto, as representações passam a ser instrumentos para melhor compreender tudo aquilo que acontece na escola e na sala de aula. Tudo isso no transcorrer de todas as atividades interativas pertencentes ao ambiente escolar, que sempre envolvam ensino e aprendizagem.

A educação é o motor para as transformações e nesse contexto de transformação é que surgem as possibilidades para explicar as influências que as representações sociais promovem no sistema educacional. E essas transformações são promovidas pelos sujeitos ativos no espaço escolar: professores, alunos, técnicos e demais funcionários.

Como a sociedade está sempre em formação, e em transformação, a escola se posiciona também como seleiro para pesquisas dessa natureza, visto que do mesmo modo que a sociedade, a escola também se transforma, pois ela possui uma gama muito grande de representações sociais nas suas entranhas, e consequentemente não deve ficar estática. Não deve ficar parada no tempo, ela deve ao seu modo, com as suas deficiências e suas dificuldades acompanhar as transformações sociais.

Mas a impressão que se tem, ao verificarmos o cotidiano escolar, é que a escola se tornou um local onde o atendimento é gratuitamente distribuído a todos os alunos sobre todos os problemas sociais que possa ser verificado na sua clientela. O professor passa a ser psicólogo, psiquiatra, mãe, pai, tia, assistente social, assistente de dentista, enfermeiro, e outros, ou seja, o professor se dissolve em diversos caracteres e sua visão perante a sociedade fica totalmente distorcida. Aquele que foca exclusivamente na sua função fica excluído do contexto, fica fora da avaliação positiva do que seja o profissional competente.  Contudo, essa visão foi introduzida pela própria categoria ao querer arrastar pra si todas as mazelas sociais a que os seus alunos estavam acometidos. As responsabilidades não são dos professores, não é da escola, os problemas das famílias, das pessoas, dos alunos, são de responsabilidades da escola enquanto compete orientação para o entendimento dos mesmos, e na forma acadêmica de prover formação para que as pessoas possam sair dessa situação.  Não  cabe  a interferência da escola chamando para si a responsabilidade de resolver todas as coisas que aparecem.  

Com essas abordagens não quer aqui dizer que o professor não deve ter um convívio amigável com os alunos, com os pais, responsáveis e com a comunidade, deve sim. Os professores podem e devem orientar dentro das suas competências e conhecimentos. Questiona-se aqui é se o professor deve assumir todas as responsabilidades dos problemas que aparecem nos alunos extra-aprendizagem? Essa satisfação de boa convivência, de bom relacionamento, de orientação educacional e comportamental não impede o professor de ser reconhecido pela sociedade com a sua grande importância social e nem de ter um excelente salário para lhe prover o sustento da sua família, aprimoramento na sua formação, tempo de lazer, ou seja, que seja visto como médico, engenheiro, ou outro profissional. Os professores não podem ser os “burros de carga” da sociedade e obter apenas reconhecimento sentimental, como por exemplo, no sentido vocacional, sacerdócio, e outras coisas do gênero. 

Os professores são vistos pela sociedade como coitadinhos e isso é muito degradante, é maléfico para a categoria.  Os professores não são coitadinhos. Para mudar isso é preciso mudar essa visão distorcida que persegue o professorado.  É o próprio professor que pode ajudar na mudança deste rótulo, que, diga-se de passagem, não é nada agradável. Não enriquece em nada a apresentação desse profissional que tem uma importância enorme para a sociedade e para as transformações sociais. Tudo reside na profissionalização, na busca do professor em se colocar a cada dia como verdadeiro profissional, reivindicar, argumentar, ser um pesquisador dentro da sua área de atuação. Buscar mais conhecimentos, porque só assim todos poderão mostrar verdadeiramente o seu valor. E não aceitar esses rótulos que são impostos. Todos devem buscar qualificação e juntamente com esta qualificação o reconhecimento superior como muitas categorias cobram e possuem. Mesmo que isso gere controvérsias entre muitos governantes, a sociedade deve ser conquistada como aliada.

Que todos os professores tenham coragem de “mostrar a cara” como o povo brasileiro está mostrando nas manifestações pacíficas pelo Brasil afora.  E é bom que se diga que as manifestações, na sua história, tiveram origem dentro do ambiente escolar. Tiveram origem com os embates entre professores, alunos e sociedade sobre os problemas que afligiam o país. Não é possível que a escola e o professor, que conseguiram instrumentalizar a sociedade para as reivindicações, não consigam se posicionar em uma trincheira de dignidade para as reivindicações que garantirão o reerguimento da sua profissão. Enquanto o professor adotar o discurso de que está no magistério porque é vocacionado ou porque tá cumprindo um sacerdócio, a classe política nunca se mobilizará, ficará sempre no conforto do conformismo conveniente.  Isso tem de ser encarado como uma verdadeira mudança de postura, construção da verdadeira representação social, pois o professor deve ser valorizado porque é uma profissão imprescindível na sociedade como o médico, dentro da escola e fora dela.

2.1        Metodologia

 

A metodologia utilizada no desenvolvimento de pesquisa em representações sociais na escola caracteriza-se como método exploratório empírico-analítico.  A exploração é utilizada geralmente para se criar hipóteses e identificar as variações que devem ser incluídas e consideradas na pesquisa.  Busca compreender as razões para as atitudes e comportamentos das pessoas, com a busca do entendimento conjuntural do problema, através da formação de ideias sobre o tema a ser discutido.

Os estudos baseados na pesquisa exploratória utiliza a metodologia de pesquisa com dados qualitativos, que consiste na coleta desses dados diretamente no campo, a pesquisa propriamente dita. 

Para ter um contato inicial foi feita uma coleta de dados direta com os sujeitos para a compreensão da temática. Foram pesquisados 20 (vinte) professores de três escolas diferentes.  Duas escolas estaduais da rede estadual de Goiás e uma da rede municipal, do município de Baliza, além de uma da rede estadual de Mato Grosso, no município de Torixoréu.  Todos os professores pesquisados atuam em escola de Ensino Fundamental e Médio. Entretanto, essa diferenciação aqui não tem muita importância porque os questionamentos apresentados são gerais. Além desse trabalho, outras fontes secundárias também foram consultadas para a concretização do trabalho.

Em relação ao trabalho puramente analítico pode-se dizer que se trata de uma pesquisa de debruçamento sobre o pensamento de outros autores, primando pela pesquisa positiva, isso pode ser considerado do ponto vista crítico mais desenvolvido, se for dedicado a ele uma sessão inteira ou um capítulo na finalização do texto.

As representações sociais são formas de conhecimento construídas por diversos atores dentro de um grupo para justificar as relações estabelecidas entre todos os seus membros com outros grupos na sociedade e com o meio. Isso se dá porque as histórias e as experiências vividas por um grupo social tem caráter coletivo, desse modo, essa formação dos conhecimentos deve servir de base para a mobilização social.  Por isso há a necessidade metodológica de se entender como foram elaboradas ao longo do tempo as explicações cognitivas, assim como os conteúdos que revelam os progressos dos grupos sociais, considerando todas as suas características, os problemas, as qualidades, e as adaptações sociais necessárias para a configuração dentro do cenário a que pertence.  E nessa análise considera-se muito o espaço e o período de interação dos indivíduos na interação com outros grupos dentro desse espaço.

Já a pesquisa empírica é oriunda do conhecimento popular, é norteada somente pelo que obtivemos no dia-a-dia. Serve-se basicamente da experiência do outro dentro das relações de ensinar e aprender num processo constante de interação humana e social. No contexto escolar a pesquisa empírica lida com uma escola e não com todo o sistema escolar, atenta-se a recortes do todo. Ela caracteriza-se puramente pela escolha dos aspectos das relações entre sujeitos dentro da estrutura de um sistema. São os conhecidos processos de interação face-a-face, ou seja, é o contato direto, contrariamente da pesquisa distanciada com o pesquisador na biblioteca com vários livros ao redor de si.  O pesquisador, nessa modalidade, precisa recorrer ao espaço coberto pela pesquisa, ou seja, precisa conhecer pessoas e presenciar as relações estabelecidas por elas no contexto de atuação. É uma modalidade de pesquisa que se faz na presença dos sujeitos pesquisados, buscando o conhecimento da realidade onde eles trabalham.

2.2        Participantes

 

­­Os participantes da pesquisa que ora apresentamos são professores e professoras. Professores na função de coordenação e direção, coordenadores de projetos.  São 20 (vinte) professores e professoras com idade entre 29 (vinte e nove) e 69 (sessenta e nove)  anos de idade. A professora de 69 (sessenta e nove) anos já é aposentada pelo estado de Goiás e foi aprovada em outro concurso e está ativa no desempenho das suas funções de magistério.

Em relação à formação acadêmica dos professores pesquisados verificamos o seguinte: 03 (três) licenciados em História, o que representa 15% (quinze por cento) dos entrevistados; 03 (três) licenciados em Letras representando também 15% (quinze por cento); 01 (um) licenciado em Matemática representando 5% (cinco por cento) do universo dos entrevistados; 07 (sete) Pedagogos, o que representa 35% (trinta e cinco por cento); 02 (dois) com formação Normal Superior significando 10% (dez por cento); 01 (um) licenciado em Educação Física que dá 5% (cinco por cento); 02 (dois) licenciados em Biologia, o que representa 10% (dez por cento) e 01 com formação apenas de Curso Técnico em Magistério, o que representa dentro do universo dos entrevistados 5% (cinco por cento). Portanto, dos professores entrevistados 95% (noventa e cinco por cento) possuem formação superior.  Deste 95% (noventa e cinco por cento) com formação superior 84% (oitenta e quatro por cento) possuem pelo menos uma especialização, são 16 (dezesseis) professores. De todos os profissionais pesquisados 06 (seis) são contratados por tempo determinado. Portanto, 14 (quatorze professores, o que corresponde a 70% (setenta por cento) dos entrevistados, são efetivos, são estáveis na carreira do Magistério.

A maioria destes profissionais, que colaboraram com este trabalho, desempenham suas funções em redes diferentes. Tem uns que trabalham no estado de Mato Grosso e em Goiás e outros que revezam entre a rede estadual de Goiás e a Rede Municipal de Educação do município de Baliza.

2.3   Instrumentos

 

Foi utilizado para colher as informações dos pesquisados um questionário de entrevista (anexo 1) que no cabeçalho contém as informações básicas do entrevistador, do curso e instituição a qual está matriculado, além dos vários campos com informações e dados dos entrevistados para preenchimento. As informações solicitadas dos entrevistados foram dados pessoais e profissionais que serviram para subsidiar a análise da pesquisa e elaboração do trabalho.  Houve uma preocupação de, nas questões, fazer referência ao nome completo, data de nascimento, formação acadêmica, formação complementar, especializações, vínculos com as redes com as quais estão trabalhando e outros dados para facilitar a comunicação posterior, como telefones e emails. Com alguns professores as respostas foram colhidas face-a-face, as perguntas foram feitas diretamente pra eles. Em outros casos deixamos as fichas e a coordenadora repassou-as a todos para que respondessem e fornecessem as informações no questionário de entrevista. Essa diferenciação estratégica foi importante porque há uma distancia entre você conversar com o entrevistado e registrar a fala dele e receber o texto pronto, planejado, reelaborado, no questionário. Percebe-se a diferença na preocupação com o  comprometimento das colocações. 

Desse modo, formaliza-se aqui que os instrumentos de execução da pesquisa foram os seguintes: roteiro de entrevista (questionário) e conversa com os professores sobre a temática abordada.

2.4  Procedimentos

Os procedimentos da pesquisa foram realizados através de respostas a um questionário previamente elaborado        pelo pesquisador e o mesmo foi atendido com muita atenção por todos os profissionais de todas as escolas. Muitos desses profissionais estão fazendo cursos de especializações, outros mestrado, então entendem a necessidade desses procedimentos para o desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos.  

Como foi frisado anteriormente, os procedimentos de busca se deram basicamente de duas formas. A primeira com conversar diretas com alguns professores e em segundo lugar com a entrega do questionário à coordenação pedagógica que os repassou aos professores e professoras para que pudessem respondê-los com tranquilidade.

De maneira geral o procedimento proposto foi bem acolhido, pois eram apenas 04 (quatro) questões de fácil apreensão e dentro da realidade, portanto todas elas foram respondidas por todos sem exceção.

Todos os professores de todas as escolas que foram procurados foram bastante atenciosos e prestativos. Do mesmo modo as coordenadoras pedagógicas das escolas pesquisadas, elas foram atenciosas e comprometidas na entrega, recolhimento e devolução dos questionários.  

2.5       Análise e Discussão dos Dados

 

 

Deste ponto em diante será feita a análise dos dados colhidos nas entrevistas feitas com os professores. A primeira questão proposta foi a seguinte “apresente uma justificativa para você ter ingressado no Magistério e se tornado um educador (a)?” de todas as respostas colhidas pudemos perceber que predominou resposta vocacional, ou seja, a maioria justificou que ingressou no magistério por vocação e por amor à profissão. Tiveram outras respostas como “para contribuir na formação do cidadão”; “falta de opção”; “para se tornar mais evoluído, humano e ético” e “oportunidade de emprego e busca crescer nele”. A seguir apresentamos o gráfico com a quantidade de professores que responderam cada uma das respostas e a sua porcentagem.

Conferindo as resposta e o gráfico acima, percebe-se que a maioria ainda está presa ao argumento que marca o professor como um sacerdote, aquele que deve sofrer sempre as agruras da profissão. “É difícil, ganha pouco, mas não tenho escolha, é vocação, é por amor à profissão.”  Este discurso confirma a tese dos estudos das representações sociais, ou seja, que é marcante o posicionamento daqueles que exercem as suas profissões de forma profissional e exigem a valoração que acham que ela merece. Basta confirmar os exemplos de categorias de nível superior que tem valorização muito maior que a dos professores.

Ainda, tiveram alguns complementos de respostas, que apontam para o gosto e admiração pela disciplina que hoje ministram. Gostavam de História se formou em História. Tinham admiração e facilidade em Matemática, se formou em Matemática e por aí vai. Encontramos ainda professores que justificaram que tem facilidade de comunicação com os adolescentes; outros que além de gostar é uma opção para trabalhar com indivíduos atuantes na sociedade crítica e construtiva. Ao serem indagados diretamente muitos professores afirmaram que tinham outros sonhos, não queriam ser professores, foi a oportunidade que surgiu. Começou a dar aulas foi se envolvendo nesta história que realmente é sedutora, e acabou “virando” professor.

A segunda pergunta foi direta: “Qual é a sua visão da importância do(a) professor(a) para a sociedade?  Vamos aos resultados no gráfico:

A situação ficou mais clara em relação ao objetivo da pesquisa analisando as respostas dadas a pergunta acima. Houve respostas variadas, visto que para todos os professores a importância do educador na sociedade é muito grande, contudo cada um detalhou de uma maneira completamente diferente. A grande maioria, 50% enfocou a importância na formação intelectual e transformação social;  Outra grande parcela 25%, disseram que o professor é responsável pela educação das crianças, jovens e adolescentes; Para outros 15% a importância é muito grande, mas não é valorizada pela sociedade; já dois grupos menores, de 5% cada um, acham que o professor é importante porque é um mediador do conhecimento, e o outro grupo acha que é importante porque passa a ser parte integrante da família do aluno.

Observe aí na apresentação deste gráfico de respostas, e veja se o discurso dos docentes não está desfocado? Temos de entender que essa pesquisa é uma amostragem do pensamento docente, cada região, cada universo com as suas particularidades, mas mostra a realidade, que a profissão docente não tem defendido consistentemente a sua prática, está sem identidade. Para superar isso é preciso muita reflexão, é preciso entrar no âmago da questão e buscar entender como o magistério sustenta com as suas práticas a representação social de desvalorização, de acúmulos de funções sociais que não são responsabilidades dos professores. Isso está internalizado pelos docentes, que somos responsáveis pela educação, formação do caráter, ética das crianças, jovens e adolescentes. Enquanto que a função do educador é de mediação acadêmica, lógico, sem esquecer os valores mencionados, mas a educação é algo muito amplo que não é competência somente da escola e do professor. Em algumas respostas tiveram professores que colocaram que os pais confiam os filhos aos professores, desse modo, é preciso retribuir essa confiança com a formação que essas crianças precisam.  Refletindo sobre a resposta da metade dos professores consultados percebe-se que realmente é isso, o professor é importante porque proporciona uma formação intelectual ao indivíduo, cuja consequência é a transformação dele como cidadão que vai influir na transformação da sociedade.     Entretanto, este discurso docente parece contraditório, ou inconscientemente contraditório, porque a grande maioria destaca formação intelectual e a transformação da sociedade, mas, no entanto, não conseguem por isso na prática na valorização da sua própria profissão.

Em resposta ao terceiro questionamento, “Essa profissão lhe traz satisfação pessoal? De que forma? Apresente três motivos que lhe garantem essa satisfação.”, os professores tiveram posicionamentos também bem diferenciados.  Todos responderam que a profissão lhe traz satisfação, contudo, não foram todos que conseguiram definir os três motivos que garantiam a satisfação.  A maioria, 50%, respondeu que ser professor é satisfatório pra eles quando os alunos aprendem. Esses condicionaram a sua satisfação pessoal na aprendizagem dos seus alunos.  De certo modo, ficou um pouco vago porque não delimitaram outros dois objetivos, que poderiam ser em relação ao desenvolvimento do próprio professor enquanto agente de transformação ou algo parecido. Mas enfim, esse grupo não apresentou as outras opções.

O segundo maior grupo, 25%, afirmaram que ficam satisfeitos pelo simples prazer de ensinar. Do mesmo modo também não delinearam os outros dois motivos. 10% dos entrevistados, na resposta à terceira questão, disseram que se sentem satisfeitos pelo prazer de aprender na atividade docente. Outro grupo, também com a porcentagem de 10% afirmaram que se sentem satisfeitos porque esta atividade lhes proporcionam: autoconhecimento, aperfeiçoamento e trocas de experiências. E apenas um professor, representando 5% do universo dos entrevistados, afirmou na resposta, que se sente satisfeito quando percebe a família junto a si na escola.

    Observe aí, nas respostas constantes do gráfico, que nenhum professor abordou diretamente a questão financeira como motivo de satisfação pessoal.  Apenas três professores disseram que “para que a gente ficasse mais satisfeita era preciso que a profissão fosse mais valorizada”.  A partir desse comentário, entende-se que o professor é muito contido quando se refere a avaliar o seu trabalho e medir a sua valoração. É nesse aspecto que a categoria peca muito, pois não consegue ela própria dar valor ao seu trabalho. Continua com aquela concepção romântica internalizada da ação docente como uma atividade que vai obter reconhecimentos e mimos da sociedade. Só que ninguém sobrevive somente de carinho e elogios. Professor é uma categoria como outra qualquer de nível superior complexo, tem as suas particularidades e dificuldades, portanto deve ter o seu valor reconhecido. Porém, é mister que primeiramente o professor faça esse reconhecimento, para ser agente de transformação da sua própria história dentro dessa sociedade controversa, que reconhece a importância do trabalho docente mas não o valoriza efetivamente.

Na última questão que foi apresentada, “Em sua opinião, qual a situação da escola e do professor na sociedade atual? Qual a importância da representação social de cada um, escola e professor?”, os professores responderam da seguinte forma:

  Percebe-se nas respostas que a grande maioria reconhece que a escola não é reconhecida nem respeitada, 50% (cinquenta por cento) dos entrevistados responderam assim. São ambos desvalorizados pela sociedade. E alguns relataram que a situação é precária em relação a investimentos e ao reconhecimento. Presume-se que esse reconhecimento ao qual o professor faz referência seja ao reconhecimento do seu trabalho em relação ao salário e valorização profissional, não simplesmente o valor sentimental como a maioria argumenta.  Estes mesmos professores afirmam que “sem professor o mundo seria um caos, mas que isso não é levado em conta ou é considerado muito pouco pela sociedade.” Há outro relato de um professor, afirmando que “o professor e a escola, são duas instituições cruciais para a sociedade. A escola é uma instituição que ajuda a educar qualificar e formar bons cidadãos e o professor é um educador (profissional) de maior importância nesta (na escola).” Há um pequeno esboço de se notar como ator principal no cenário, de puxar para si a importância verdadeiramente reconhecida, incluindo no vocabulário aí a palavra profissional.  Percebemos que em alguns estados, nas normativas e leis a categoria já é chamada assim, de profissionais da educação. Não que isso vá resolver os problemas da educação, não, não vai. Mas pode começar a internalizar nos agentes educativos essa vontade de autorreconhecimento e autovalorização dentro da sua área de atuação. 

20% (vinte por cento) dos entrevistados responderam que são duas instituições que formam o cidadão. Entretanto, encontra-se desorganizada, desatualizada, para atender este objetivo. O desaparelhamento e a falta de estrutura representam este atraso segundo palavras dos professores que responderam dessa forma. Percebe-se que, analisando todas as repostas e chegando à última, há uma confluência das ideias de identificação do lócus, da identificação da falta de operacionalidade do ambiente em que está inserido, contudo, também se percebe a contradição na compreensão do papel social do professor como importante, mas que em contrapartida, não entende que a sua representação social é muito importante para o reconhecimento social da carreira. Há um grande predomínio de baixa alto estima, falta de perspectiva, e ausência de motivação para o desenvolvimento de projetos duradouros. O que é percebido sobre projetos é que são operados aqueles cujos eixos são desenvolvidos dentro de alguns programas específicos do Governo Federal ou Estadual. Projetos de iniciativa local são raros dentro das escolas.  Estas observações foram retiradas de conversas com alguns educadores, conversa para entendimento do perfil da escola e das equipes.

Outra constatação verdadeira que foi retirada das respostas, é que a escola e o professor estão distantes da sociedade e principalmente do desenvolvimento tecnológico, 15% responderam dessa maneira.  E não é com pouca razão, porque verdadeiramente os professores precisam atualizar principalmente no que diz respeito à tecnologia da informação, porque o aluno hoje tem tudo às suas mãos e o professor não pode ficar pra trás. A escola como um todo do mesmo jeito, ela precisa ser estruturada de forma a atender as demandas dos alunos e da sociedade.

10% (dez por cento) acha que à escola e ao professor estão sendo dadas atribuições que não são de suas competências.  Essa já é uma reflexão mais madura visto que já se vislumbra uma representatividade docente enquanto crítica social. É preciso saber quais as nossas verdadeiras funções enquanto professores, para não haver sobrecarga, e que o nosso verdadeiro papel de mediador de conhecimentos sociais não fiquem relegado a segundo plano.

Essas duas instituições estão desgastadas para 5% (cinco por cento) dos professores entrevistados. Lendo as respostas eles apontam que os desgastes são enormes e que isso prejudica muito a ascensão da escola como instituição merecedora do seu valor social. Percebe-se aqui que há o esforço do coletivo de buscar o entendimento das causas dos problemas, mas, ao mesmo tempo, nota-se a grande dificuldade de posicionamento dos professores em relação a se despir desses costumes, desses pesos que nos sufocam como classe organizada, e categoria que merece o reconhecimento público, e a valorização profissional na mesma medida.  Está consolidado em nossas cabeças que nós temos de resolver todos os problemas do mundo e há a internalização disso em detrimento do avanço decisivo da categoria para um reconhecimento verdadeiramente profissional.

  1. 3.           Conclusão

 

 

Após as leituras e reflexões sobre os textos sobre Representações Sociais percebemos que esse estudo é de suma importância para o amplo entendimento e compreensão das práticas sociais dentro de determinados universos. Segundo o precursor dessa ciência na modernidade, Serge Moscovici, representação social trata-se do processo que torna perceptível o conceito na medida em que eles são criados mentalmente e interagem mutuamente dentro de um organismo como a escola por exemplo. Segundo ele a representação não é intermediária, ela é o mecanismo que garante o intercambio de forma efetiva a percepção dos processos que ocorrem nas formações dos grupos sociais.  

Defende essa tese com a sustentação dos processos de objetivação e ancoragem. O primeiro trata da transferência dos conceitos ou ideias para as imagens ou esquemas concretos, que pela sua natureza mais generalizante daria a uma suposição reflexiva da realidade. Já o segundo, a ancoragem, é defendida por ele como a construção de uma rede de significados em torno daquilo que se pesquisa, relacionando-o com valores e práticas sociais. O trabalho deste autor, estudos das representações sociais, nos permite compreender como o conhecimento pode interferir na vida social e como a vida social pode interferir decisivamente na elaboração de conhecimentos.

Seguindo estas orientações para buscar o entendimento das representações sociais na escola, foi realizada uma pesquisa com professores puramente com o objetivo de buscar compreender os aspectos teóricos apresentados e comprová-los na prática. O que se constatou foi que, dentro desse universo educacional, muitos professores ainda expressam, através do discurso, representações sociais de professor vítima, coitadinho, vocacionado para a profissão, com carga muito grande de atribuição mesmo fora dos parâmetros de sua atuação.  Muitos estão no magistério por amor, que deve se comprometer com a emancipação do cidadão incluindo a ética, o caráter, fazendo parte como se fosse um familiar do aluno.  Construção da edificação intelectual visando à ascensão social do indivíduo. Todas essas são concepções conferidas na pesquisa realizada.

Também foi percebido na pesquisa que alguns professores afirmaram que são competências dos mestres despertarem nos alunos a habilidade para crescer como cidadãos. Observe que a ênfase dada não se resume à apreensão dos conteúdos sociais que é a parte acadêmica do trabalho, organizaram mentalmente as imagens de profissionais focados no social, com visão de futuro na consideração da importância caráter social e individual da profissão que exercem. Então, dessa análise dá para tirar algumas conclusões: que o professor colabora com as suas construções mentais e sociais para o soterramento da representação de sua profissão; que urge uma preparação permanente de todo o corpo docente no que concerne ao entendimento das novas teorias que envolvem as elaborações cognitivas na escola e na sociedade; que o professor precisa assumir-se como importante verdadeiramente na sociedade, não somente no conceito, mas nas suas formulações concretas, na construção de uma imagem que coaduna com o conceito apresentado.

Enquanto a categoria estiver construindo esta imagem de profissional desamparado na sociedade e recebendo mimos e carinho como reconhecimento nada mudará.  Enquanto o professor ficar ligado apenas aos aspectos afetivos, responsáveis pela formação correta do mundo, dos bons hábitos, dos bons costumes, sempre será a mesma coisa. Enquanto não se posicionar com postura corporativa, de categoria unida em busca da fixação da verdadeira imagem do profissional que trabalha firme para desenvolver o acadêmico, primando os outros valores, mas que sobremaneira é um pesquisador e é reconhecido por isso, transformando isso em atitudes nos alunos, que estimulem a valorização das estruturas cognitivas, aí sim a historia poderá ser outra.  Esperamos que este dia esteja próximo, mas para isso será preciso o debruçamento de todos para entender as nossas práticas educativas e as nossas deficiências.

                       

  1. 4.         BIBLIOGRAFIA

ALVES-MAZZOTTI, A. J.  Representações sociais: aspectos teóricos e aplicações à Eduação. Em Aberto, Brasília, ano 14, n. 61, p. 60-78, jan./mar, 1994.

MACHADO, Laêda Bezerra Machado. Representações sociais, Educação e formação docente: tendências e pesquisas na IV jornada Internacional. Artigo publicado no site: http://www.fundaj.gov.br/geral/educacao_foco/representantessociaislaedamachado.pdf.

MAZZOTTI, A. J.  A abordagem estrutural das representações sociais. Psicologia da Educação, São Paulo, PUC/SP, n. 14/15, p.17-37, 2002.

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social / Serge Moscovici; editado em inglês por Gerald Duveen; traduzido do inglês por Pedrinho A. Guareschi. 5 ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

SANT’ ANA, Bruna Luise da Silva & ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. O que mudar na Educação? – Representações sociais de alunos de Pedagogia. Revista Diálogo Educ., Curitiba, v. 11 n. 33, p 375-396, maio/ago,2011.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. São Paulo: Cortez, 2002

  1. ANEXO I

MESTRADO EM EDUCAÇÃO HOLÍSTICA

PESQUISA SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA ESCOLA

Mestrando: Laércio Silva dos Santos

PROFESSOR(A):

FORMAÇÃO:  (    ) SUPERIOR COMPLETO  (    )SUPERIOR INCOMPLETO  (    ) MAGISTÉRIO

FORMAÇÃO SUPERIOR:

ESPECIALIZAÇÃO:

TEMPO DE MAGISTÉRIO:

DATA DE NASCIMENTO:

ESCOLA (1):

TURNO:

ESCOLA (2):

TURNO:

VINCULO:  (    ) EFETIVO   (    ) CONTRATO

TELEFONE PARA CONTATO:

CELULAR:

Emai:

01)             Apresente uma  justificativa pra você ter ingressado no magistério e se tornado um(a) educador(a).

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02)             Qual é a sua visão da importância do(a)  professor(a)  para a sociedade?

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03)             Essa profissão lhe traz satisfação pessoal? De que forma? Apresente três motivos que lhe garantem essa satisfação.

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04)             Em sua opinião qual a situação da escola e do professor na sociedade atual? Qual a importância da  representação social de cada  um, escola e professor?

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[*] Mestrando em Educação Holística pela FATEFFIR.  Especialista em Língua Portuguesa pela UNIVERSO (Universidade Salgado de Oliveira - Goiânia), Especialista em Literatura Brasileira pela UNIVERSO (Universidade Salgado de Oliveira - Goiânia),  Licenciado em Letras pela UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso.

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