Repercussões da Gravidez na Adolescência

Por Joelma Aparecida Finotti Tavares | 26/02/2013 | Sociedade

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS – UNITINS

CURSO: SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA: ORIENTAÇÃO DE TCC II

REPERCUSSÕES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Integrantes: ADRIANA BEZERRA DOS SANTOS CASTOLDI

ALICE BRUNETTO DE GODOY

CLADIS CECILIA STRAGLIOTTO CORREIA

JOELMA APARECIDA FINOTTI TAVARES

Cidade: Tangará da Serra- MT/ 2010

REPERCUSSÕES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

RESUMO

Adolescentes engravidam cada vez mais cedo e jovens engravidam e casam cada vez mais tarde, quem sabe, inicialmente por culturas e gerações distintas. Com base nestas informações, o presente artigo foi elaborado através de pesquisas bibliográficas pertinentes ao tema, observando, questionando, chegamos a uma conclusão, o tema é infinito e embora mudem as gerações. Pode-se citar a falta de diálogo entre mãe e filha, o fato de quererem liberdade, por se sentirem adultas e responsáveis, rompendo barreiras familiares e sociais, por vezes provocando uma gravidez, em sua maior parte, indesejada. 

PALAVRAS CHAVES: Adolescência, Diálogo, Gravidez, Família. 

INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende abordar um tema atual no mundo das sociedades modernas, muitas vezes sendo visto pelas próprias famílias como um problema social – a gravidez na adolescência.

Ocorre, com isso, a união de dois fatores muito importantes, a travessia do período da adolescência e a inevitável vivência de uma gravidez, trazendo, em conseqüência, muitas vezes grandes desequilíbrios, pois a maternidade em si, exige reajustes importantes na vida da mulher, tanto em alterações corpóreas, como da inevitável mudança de identidade. É por isso, que a união de gravidez e adolescência pode provocar crises da adolescência e puxando mais uma, a da gravidez, sabendo-se que a mulher fica mais frágil nesta época.

Foi feita uma revisão bibliográfica, através de dissertações de vários autores renomados com o tema de gravidez na adolescência.

Nas leituras e pesquisas criticas de diversas obras, fizemos anotações incluindo nossos questionamentos e as respectivas respostas, observamos que o presente titula é infindável apenas haverá mudanças nas gerações, mas as problemáticas oriundas da gravidez na adolescência continuarão.

 

Os objetivos deste são basicamente uns melhores entendimentos sobre esse mistério, a gravidez na adolescência, em quais contextos ocorre e quais suas conseqüências, tanto materiais como mentais, para a mãe, filho e famílias.

 

 

1 - GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Nas décadas de 70 e 80, verificou-se um acentuado aumento da incidência de relações sexuais entre os jovens e, hoje em dia a primeira liberação sexual e a segunda a liberação feminina. Mas a educação sexual explícita foi esquecida ou preferencialmente silenciada. A maioria dos jovens tem sido preparada para a vida sexual adulta pela ignorância, auto formação, e pela troca de experiências no seu grupo de pares, igualmente (mal) formados.

Baracho (2007, p. 63), afirma a gravidez cada vez mais precoce:

A liberação sexual dos anos 60, associada à maior segurança oferecida pelos anticoncepcionais orais, trouxeram mudanças radicais no comportamento sexual dos jovens. Desde então, atividade sexual é mais freqüente e cada vez mais precoce.

De acordo com Içami Tiba (2005, p.78) “O adolescente tem conhecimentos suficientes, mas acredita em mitos como não há perigo de engravidar na primeira relação amorosa”.

Existem hoje, disponíveis, múltiplas fontes de informação/educação sexual, a mídia é uma fonte importante de informação para os jovens, mas bombardeiam a geração de rapazes e moças com imagens de corpos perfeitos, com sucessos passando mensagens pouco realistas que podem provocar angústias enquanto negligenciam a comunicação e o apego, provocando, muitas vezes o que por hora chamamos de “doença do século” a depressão.

Estamos perante uma realidade simultaneamente permitida e negada, dado que nem os pais, nem o sistema educativo, nem o sistema de saúde oferecem condições a estes jovens para que vivam uma sexualidade sem risco ( implementando uma verdadeira educação sexual e oferecendo apoio técnico), apesar de vários programas do governo, tentativas no mínimo frustrantes. A adolescência e a juventude convertem-se em grupos de risco, em dois grandes sentidos: a possibilidade de terem experiências sexuais inadequadas; pelos riscos de gravidez não desejada e pelos riscos de contágio de doenças sexualmente transmissíveis.

Ao contrário de algumas culturas, podemos citar a cigana, nas sociedades ocidentais a gravidez na adolescência é vista como um grave problema. Qualquer gravidez extra-matrimonial é quase sempre motivo de marginalização e estigmatizarão social. Porém, enquanto as sociedades ditas primitivas encorajam precocemente o processo de autonomia e independência, na nossa sociedade a tendência é para prolongar cada vez mais a dependência econômica dos filhos em relação aos pais.

Há ainda que tiver em mente, que é alta a percentagem de mulheres jovens que engravidam sem desejarem ser considerável, embora difícil de estimar devido à prática dos abortos clandestinos e porque, por motivos culturais, esta realidade tende a ser ocultada.

 

 

2 – GRAVIDEZES NA ADOLESCÊNCIA E SEUS PRINCIPAIS FATORES

Os adolescentes são bombardeados continuamente com mensagens e modelos de comportamento sexual, ora irresponsáveis ora nada saudáveis. A família e o sistema educativo lhes negam a formação e os serviços que precisam para poder decidir de forma responsável sobre a sua sexualidade. Isto faz com que os jovens se encontrem indefesos perante a poderosa “falta de educação” sexual que se desenvolve sistematicamente nos meios de comunicação social.

 

2.1 - Fatores biológicos, sociais e familiares.

De acordo com estudos, a “menarca”, primeira menstruação, hoje chega aproximadamente dez meses de antecedência, se levar em conta a geração anterior, esquecermos que antigamente as mulheres menstruavam, ou seja, possivelmente entravam em dias férteis aproximadamente 40 vezes em sua vida e hoje em tempos de anticoncepcionais e métodos contraceptivos, menstruam por volta de 400 vezes. Isso tudo e mais a questão higiênica das melhorias sanitárias e de estilo de vida, seja socioeconômica e nutricional, podendo ter nestes as causas do início precoce das relações sexuais, consequentemente adiantando a idade em que a criança passa a ser adolescente e já pula uma fase para se tornar mãe.

As atitudes individuais são condicionadas, seja pela família como pela sociedade. Sendo a segunda, passando por profundas mudanças em sua estrutura, tornou-se cada vez mais tolerante e permissiva em relação à aceitação das relações sexuais na adolescência e antes do casamento, por vezes até mesmo permitindo ou preferindo que tudo aconteça em seus lares e, também, em relação à gravidez na adolescência. Os tabus desapareceram e a atividade sexual disparou. A isto acresce uma forte pressão social exercida pelos meios de comunicação, pelas amizades e por alguns membros adolescentes da própria família (BARACHO, 2007).

Em certos casos uma atitude incorreta das mães que, para evitarem a gravidez, acabam por se tornarem as principais fornecedoras de contraceptivos para as suas filhas, ao invés de terem um diálogo aberto e esclarecedor sobre sexualidade e métodos anticonceptivos. Esta prática banaliza a sexualidade e deformam a consciência, conseqüências que aumentam a vulnerabilidade das adolescentes não apenas a gravidez quanto a doenças sexualmente transmissíveis.

Segundo, Carbonell Martínez (1990) este fato deve-se a certa atitude de imitação das mães, pelas adolescentes.

A ausência da presença materna ou do bem cuidar materno pode ser também um fator relevante, já que muitas destas adolescentes não têm presente a tal membro. A isto, há que juntar que muitas delas concebem as relações sexuais como forma de vingança ou castigo em relação aos pais.

As jovens que engravidam apresentam um perfil pessoal caracterizado por rendimento escolar baixo ou já desistente, desinteresse pela aprendizagem, ausência de aspirações profissionais, entre outros, os quais podem perceber que sempre as levam ironicamente para um elo onde pessoas não as podem aconselhar, o que em contra partida, para evitar a solidão, algumas adolescentes crêem que ter um filho satisfará as necessidades afetivas, que não conseguiram alcançar em suas famílias. Outras, pelo contrário, crêem que ter um filho ajudará a “prender” o namorado, a sair de casa, a mostrar que já não é uma criança ou até para provar que também pode ser mãe. Noutras circunstâncias, o início das relações sexuais é mais um ato de rebeldia contra as normas sociais estabelecidas.

Outros fatores ligados ao início precoce das relações sexuais estão à diminuição do prestígio e do valor familiar.

 

 

3 - REPERCUSSÕES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

 

3.1 - Nível físico e psicológico

 

De acordo com COATES (1994) “A adolescência, período da existência entre ser criança e tornar-se adulto, é quase sempre tempo dificultoso, em que se tornar pai ou mãe é a definição de desenvolver mais cedo”.

É na adolescência que ocorrem as últimas e mais importantes transformações do corpo, sabemos que uma gravidez entre os 12 e os 18 anos, mesmo com todas as tecnologias na área hospitalar, é uma gestação considerada de risco, quanto mais baixa a faixa etária da adolescente maior é a proporção de complicações obstétricas e maiores são os níveis de mortalidade, tanto da criança quanto da mãe.

Normalmente as novas mulheres, ficam com uma estatura definitiva inferior às que amadurecem mais tarde, com todos os sofrimentos e alegrias advindos de uma gravidez. O desequilíbrio nutritivo pode manifestar-se por emagrecimento ou obesidade, o que ocorre na maior parte dos casos, ocasionando também a depressão pós-parto.

Os riscos para o futuro bebê são: a prematuridade, maior mortalidade, baixo peso à nascença, anomalias no sistema nervoso central, dificuldade respiratória, hiperglicemia, convulsões, entre outras.

A instabilidade psicológica e insegurança podem conduzi-la a estados de ansiedade e depressão para os quais contribuem o afastamento dos amigos e a relação instável com o namorado e com a família( PEIXOTO, 2004)

Podemos considerar que as adolescentes grávidas têm que enfrentar graves e grandes crises: os problemas e conflitos de identidade, dependência, autonomia e autocontrole que todo o adolescente tem; a crise de aceitação a rápidas mudanças corporais acentuadas pela gravidez, sobretudo por se tratar de uma idade em que o aspecto fisco é tão importante e desafiador; e finalmente, a dificuldade em aceitar o papel de mãe precisamente no momento em que começava a poder chamar-se "mulheres", mais que outra coisa pelo seu desenvolvimento físico, bem como em alguns casos aceitar o papel de esposa. Como resultado destas crises a adolescente sente-se frustrada, desamparada e com baixa auto-estima, com manifestações de ansiedade, depressão e hostilidade, sendo a taxa de suicídio relativamente alta nesta população.

 

3.2 - Nível social e familiar

Acarreta vários problemas, nomeadamente a exclusão, com a conseqüente pressão que a adolescente sente na escola e a imposição do casamento. A maior parte dos adolescentes não possui educação sexual, dado que provêm de matrizes familiares desestruturadas, onde os problemas a nível emocional são uma constante, aliados ainda a fracos recursos socioeconômicos.

A adolescente grávida vive um desajustamento a nível social suscitando sentimentos entre vergonha e culpam medo e insegurança face aos comportamentos dos familiares, amigos e da própria sociedade. Todos estes aspectos levam a que a adolescente não procure desenvolver projetos de vida para si e para o seu bebê. O abandono escolar provoca uma obtenção precoce de uma ocupação profissional, cuja remuneração é baixa e com fracas possibilidades de satisfação profissional. Por vezes, a adolescente depende de ajudas econômicas da família, do estado, enfim de outras instituições que possa lhe dar o que realmente precisa. As mães adolescentes que continuam a viver sobre tutela dos pais, têm índices mais elevados de estudos, porque possuem possibilidades de completá-los, devido ao suporte para sustentar o seu filho.

A maternidade precoce leva certo ar de estigma destas jovens, a causa desta censura acontece na maioria das ocasiões porque esta situação ocorre muitas vezes em subgrupos específicos, nomeadamente em contextos sociais caracterizados por fracos recursos econômicos.

Igualmente resultado da maternidade precoce é a imposição de um compromisso, o casamento. A união com o parceiro, quando ocorre, é instável e imatura. Este por sua vez, pela própria imaturidade e pela ausência de um vínculo afetivo com freqüência abandona a mãe e o filho.

O acontecimento de uma gravidez, associado a todas as pressões a nível psicossocial que uma adolescente tem de enfrentar conduz por vezes, à tomada de decisões no sentido de continuar ou não essa gravidez, contudo, podemos observar que por vezes o recurso ao aborto surge como a solução mais viável. Esta solução de interrupção da gravidez através do aborto varia do nível socioeconômico da adolescente. As adolescentes provenientes de meios sociais desfavorecidos possuem uma taxa mais baixa de abortos em comparação com as de estratos mais elevados.

A família é fundamental quando surge uma gravidez precoce.

Contudo, na maioria dos casos, os pais deixam transparecer uma posição de desapontamento, vergonha e até mesmo agressividade, isto pode levar adolescente a pôr-se à parte. No caso de famílias desestruturadas a gravidez pode agravar a falta de estrutura. Os pais da adolescente grávida são subitamente transformados em avós, em muitos casos terão que ser eles a assumir parcial ou integralmente a responsabilidade pelo neto. A adolescente grávida precisa de todo o apoio familiar, pois as mudanças físicas, psicológicas e sociais da adolescência, aliadas a uma gravidez precoce e à aproximação do parto desencadeiam na adolescente necessidade de afeto e apoio.

 

 

CONCLUSÃO

Na procura de uma identidade e de um reconhecimento com o mundo exterior, os jovens descobrem a sexualidade. O envolvimento e a revelação levam muitas vezes a atitudes e comportamentos pouco decentes com conseqüências, por vezes imprevistas ou indesejadas tanto por eles quanto pelas famílias. É neste âmbito que surge a gravidez, que vem como uma barreira no desenvolvimento normal dos jovens, das meninas em particular.

Às vezes engravidar pode ser usado como diversos motivos: sair de casa, para forçar o namorado a se casar, para resolver problemas afetivos, mostrar que não é mais uma criança ou até para comprovar que os adolescentes também podem ser pais. Por outro lado, a gravidez é vivida como um momento de corte no seu desenvolvimento e de muitas perdas, da identidade, a interrupção nos estudos, a confiança da família, às vezes o namorado que não quis assumir a gestação, de expectativa de futuro e por fim, a proteção familiar. Em alguns casos, a adolescente assumiu a responsabilidade ou a irresponsabilidade da decisão da interrupção da gravidez, podendo passar por conseqüências físicas e psicológicas traumáticas.

Após a execução deste estudo com o auxílio da pesquisa literária realizada para este fim, considera-se que os objetivos propostos no início do trabalho foram alcançados, saber sobre as transformações corpóreas e psicológicas, mas acima de tudo, quais as conseqüências da gravidez na adolescência, este período de transformação tão importante na vida de todas as pessoas, contudo as épocas mudam e com elas as cabeças das gerações, fazendo com que precisamos sempre estudar minuciosamente seus costumes, o que pensam e o que fazem.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

ABNT, NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica cientifica impresso: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 5p.

 

BARACHO, Elza, - 4 Ed. Ver. E ampliada – Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

 

BOSANELO, AURÉLIO, BOSANELLO, MARIA AUGUSTA, Grande manual de biologia: biblioteca do panorama científico – São Paulo: Ícone, 1996.

 

CHARBONNEAU, Paul-Eugène, Adolescência e Sexualidade – São Paulo: Paulo 1987.

 

COATES, Anne; Gravidez (Coleção desafios – série teen) São Paulo: Moderna, 1994.

 

MATARAZZO, Maria Helena; MANZIN, Rafael. Educação Sexual nas Escolas. São Paulo: Edições Paulinas, 1988.

 

PEIXOTO, Sérgio. Pré-natal. 3ª Ed. São Paulo: Rocca, 2004.

PRESTES, Cristina; SOUZA, Raquel Castilho. Orientação para Elaboração do TCC. Palmas, 2010.

 

RAPPAPORT, Clara; Encarando a Adolescência. São Paulo: Ática, 1995.

 

REVISTA OFICIAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA SAÚDE DO ADOLESCENTE / UERJ. Volume 2, número 4. Novembro de 2005.

 

TIBA, Içami. Adolescentes Quem Ama Educa 38ª Ed. São Paulo: Hypegrae, 2005.

 

VALADÃO, Marina Marcos. Saúde e Qualidade de Vida. Livro do Estudante. São Paulo: Editora Global e Distribuidora LTDA.2009.