Renascimento
Por Nara Junqueira | 11/04/2008 | PoesiasQuando nasci quebraram-me todas as asas e não pude voar
Vejo-as surgir agora no silêncio da minha transfiguração.
Quando podia cantar entreguei minha voz à tradição
Quero gritar, gritar, me ouvir e gargalhar.
Quero sozinha descobrir o vento que agita as águas nervosas do mar.
Quero poder abraçar a noite que vem rondar a minha janela
E soltar as minhas feras mantidas à distância até aqui.
Moço, passa pra cá esses dois pés que vou com eles correr o mundo.
Tenho pressa de atravessar os continentes e ver o sol cantar nas montanhas.
E pra quem me vir sorrindo por essas ruas de pedras diga simplesmente que venho nascendo há tempos, assim meio sem querer.
Atravessei séculos para combater todos os meus fantasmas.
Entrego a mim neste instante a minha vida, dou-me coroa e cetro
E a infinita possibilidade de atuar como atriz principal da minha recriação.