Renascendo...

         De repente, ela deu-se conta da inutilidade de amar tanto aquele homem! Foram anos e anos de muita inconstância, traições, mentiras, perdões e retornos! Ela foi se fechando em seu mundo, afastou amigos e parentes para não abrir ouvidos aos conselhos. Viveu somente para fazê-lo feliz. Ou pensou que o fizesse feliz! As mensagens no celular, os recados nas redes sociais mostravam que ele não vivia só para ela e para o amor deles. Ele continuou vivo. Apenas ela foi murchando, escondendo-se, sem refletir que amor é para ser bonito, luminoso, iluminado e iluminador. Amor é feito de alegrias. De momentos bons. De parcerias e, sobretudo, de franqueza, lealdade, reciprocidade.

         Lá fora, o sol clareava tudo, desnudando a rua, as gentes, a vida... Um raio de sol bateu em cheio sobre sua cabeça. Talvez fosse a mão piedosa DELE! O fato é que a reflexão fez-lhe abrir os olhos, pensar friamente. Viu seu reflexo no espelho e pensou: Essa sou eu, mas onde ficou a mulher que eu era... Perdeu-se entre tantas vicissitudes.

         Levantou sem calçar os chinelos, pés desnudos, corpo mirrado na camisola comportada. Sem arrumar os cabelos, foi até a janela, afastando as cortinas. Sentiu-se leve por dentro, sem ressentimentos, sem grilhões.

         Sorriu e deu boas vindas ao novo dia. Renascia do pesadelo para assumir-se.