Remédio Antemonotonia Parte 4 – A classe média e a caridade.

Por Rafael da Silva Tinoco | 09/09/2012 | Crônicas

Parte 4 – A classe média e a caridade.

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 A classe média sustenta a injustiça sonhando em um dia realizar seus próprios desejos em muitas parcelas no carnê, por isso, mesmo ocupando ela uma grande fatia da população, não percebe que por suas aspirações egoístas de conteúdo ideológico mantém em curso a falsa ideia de que estamos mais próximos de ver realizado em nossos dias o sonho americano do que efetivamente estamos. Eles se acham mais próximos de se tornarem chefes do que mendigos de rua. 

  Pois lá vai burguês: a cada 3 milionários no mundo 1 é brasileiro. A cada 100 pobres no mundo 1 é brasileiro.

Temos cerca de 8 milhões de brasileiros milionários no mundo, menos de 10% da população do país, enquanto que temos  1,4 bilhões de pessoas no mundo que vivem com menos de 1 dólar por dia, ou seja, ¼ da população do planeta! Sendo que 70% de todos são mulheres.

 A cada 100 deles 1 é brasileiro, são portanto 140 milhões de pobres brasileiros no mundo!

 É muito mais fácil amanha você acordar na calçado do que no Hilton.

  É a classe média quem compra primeiro a ideia de felicidade e prazer andarem juntos, pois eles associam realização financeira com felicidade e para escapar da culpa exercitam uma caridade que não resulta em mudança efetiva na ordem realidade social, as pessoas continuarão ali mendigando como que por determinação de Deus. Uma manutenção estúpida da miséria que, move uma maquina milionária de ordem comercial/religiosa/filantropia/politico eleitoreira muito lucrativa. Só Bill Gates doa anualmente 25 milhões de dólares para os países africanos desde 2008 faça as contas, isto fora outros centenas de grupos que arrecadam juntos mais milhões e milhões de dólares em doações que não são fiscalizadas por ninguém e nunca chegam ao seu destino indo parar no bolso de ditadores assassinos.

 Aplicar a caridade como forma de evitar um plano real de justiça social é morrer de câncer por medo de injeção. Vamos ter a coragem de assumir uma posição politica a favor do povo e não dos cargos e promessas de emprego que os políticos fazem em todos os lugares que vão.

 Esta sociedade estará protegida do desconforto da verdade, até o dia em que se perceba que uma existência igualitária e coletiva está no cerne da ideia de felicidade. No momento em que uma pessoa não tem as mesmas condições de partida de outras que perseguem o mesmo ideal, não se usa meritocracia como ferramenta de justificativa econômica da injustiça social.

  O sentimento de culpa oriundo do ato de atender os impulsos primários sem a devida sublimação atentaria contra o instinto de autopreservação, manifesto na organização social. O mesmo mecanismo de culpa nos impede de romper com o principio de organização de classes por capacidade de consumo. Quando me cerco de iguais, em capacidade de consumo, me ilude deliciosamente o pensar que todos os habitantes da Terra já provaram o sabor da abundancia e do desperdício, isso me conforta. A alienação social é reconfortante.

 A percepção de um “outro” que não é atendido pela possibilidade de consumir, deflagra o fracasso da felicidade em nossa sociedade que defende o prazer, mesmo que seja o prazer sublimado no consumo, onde quem pode mais chora menos. Que fraternidade o que, que igualdade, que liberdade nada... esta história foi só pra convencer o povo.  A realidade aqui é outra, meu filho, hoje é neoliberalismo mesmo.