RELATO DE UMA PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: SUAS EXPERIÊNCIAS, SUAS EXPECTATIVAS E SUAS FRUSTAÇÕES
Por Simone Batista Campos | 20/04/2018 | EducaçãoRELATO DE UMA PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: SUAS EXPERIÊNCIAS, SUAS EXPECTATIVAS E SUAS FRUSTAÇÕES.
Parte I
Sou Pedagoga há vinte anos, pós- graduada em Gestão Escolar, trabalho na Educação Infantil há quase treze anos, e a maioria desse tempo, (dez anos), trabalhei com bebês de seis meses a um ano e onze meses. Tenho muito para aprender ainda, mas gostaria de compartilhar aqui, algumas das experiências que ao longo desses anos fui adquirindo através da prática, do exercício como professora, que se deu a partir das observações das crianças, das relações entre os familiares, da socialização com os colegas de trabalho e com o auxilio das diversas leituras sobre a Educação.
As famílias, quando trazem seus filhos para a creche pela primeira vez, chegam cheias de dúvidas, medos, anseios , curiosidades e indagações, o que é normal, pois será nesse novo ambiente, diferente do seu lar, com pessoas habilitadas, porém desconhecidas, que elas terão que deixar seu pequeno por mais de dez horas. Muitas vezes, as mães nunca ficaram longe de seus filhos, e esse momento pode ser muito doloroso para ambos.
Nessa hora, o educador precisa ser paciente, transmitir confiança aos pais, mostrar o ambiente e o espaço onde a criança permanecerá por um longo período de tempo, ser tranquilo, compreender principalmente que o receio deles, não está no nosso trabalho, mas sim porque alguns estão inseguros, outros sentindo-se até mesmo culpados por terem que deixar seu filho com pessoas desconhecidas , ou até mesmo pela simples falta de conhecimento de como uma instituição de Educação Infantil funciona.
Assim como os pais, durante esse período, as crianças apresentam diferentes tipos de comportamentos, algumas no início, têm maior dificuldade em aceitar o novo ambiente e reage com choro aos estranhos, outras, talvez por conviverem com mais pessoas ou por estar acostumadas a ficar longe de seus pais, ou talvez pela capacidade de interagir melhor com o outro, demonstram maior tranquilidade.
Durante esse tempo de reconhecimento, de adaptação e de integração tanto das crianças com os novos colegas, com os professores e com os funcionários da creche, quanto dos pais com os professores e com a nova rotina, que se estabelece na vida da criança, surge questionamentos e incertezas inevitáveis.
O professor precisa compreender, principalmente quando trabalha no primeiro agrupamento, que a maioria das crianças são menores de um ano, as vezes, ainda são amamentadas , e por isso o processo é lento. Cada criança terá seu próprio tempo para integrar-se, interagir com o grupo, aceitar um novo tipo de alimentação e principalmente fazer parte da inevitável rotina de uma instituição de Educação Infantil.
O apoio e o diálogo com as famílias, o carinho, a afetividade com a criança, os esclarecimentos sobre o dia a dia e sobre as atividades desenvolvidas na creche são fundamentais para um bom relacionamento entre o educador e os pais.
A responsabilidade do processo educativo não restringe somente aos professores e a família da criança. A Gestão Escolar tem a função de informar sobre os direitos e deveres dos pais e da equipe , lembrar com frequência do compromisso com o bem estar e o desenvolvimento da criança e cobrar para que essas ações sejam efetivadas. A falta de comunicação gera transtornos desnecessários e que podem ser evitados se, a troca de informações for constante e esclarecedora.
SIMONE BATISTA CAMPOS - Graduada em: Pedagogia; Especialista em Gestão Escolar e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.