RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NA TRANSIÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL I PARA O ENSINO FUNDAMENTAL II

Por FRANCISCO DE ASSIS DA COSTA | 06/09/2018 | Educação

RESUMO

O presente artigo visa abordar a transição do Ensino Fundamental I para o Ensino Fundamental II, destacando esse momento como o principal responsável pela quebra no rendimento escolar do aluno, que pode gerar alterações comportamentais de ordem cognitiva, psicológica e emocional. Certamente essas alterações se devem ao fato do aluno enquanto cursava o 5° Ano, ter uma referência da vida escolar, ao passo que ao ingressar no 6° Ano, ele perde essa referência e tudo passa a ser novo para ele. Para se ter maiores esclarecimentos acerca dos desafios experimentados pelos alunos e professores nessa mudança, foram aplicados questionários aos mesmos. A partir daí, sugeriu-se ações pedagógicas objetivando implementá-las no sentido de minimizar os efeitos negativos causados pelos impactos pedagógicos nesse processo de transição. Bem como identificar quais as maiores dificuldades apresentadas nessa passagem. O trabalho mostrou que há uma preocupação por parte dos professores em de alguma maneira encontrar formas de atenuar os problemas surgidos por conta dessa transição.

Palavras- chave: Ensino Fundamental. Desafios. Transição. Aprendizagem.

O presente artigo tem como objetivo analisar aspectos do processo pedagógico que são experimentados especialmente por alunos e professores na transição do Ensino Fundamental I para o Ensino Fundamental II, buscando compreender e esclarecer quais são os impactos pedagógicos mais significativos vivenciados por esses sujeitos envolvidos nesse processo de transição.

A unidade escolar na qual pesquisou-se esse tema, é a Escola de Ensino Fundamental, Valmique Sampaio de Albuquerque, situada no município de Itaitinga, no Ceará. Onde o professor pesquisador atua há 20 (Vinte) anos em sala de aula e por vezes percebeu os efeitos danosos que podem surgir na transição do Ensino Fundamental I para o Ensino Fundamental II. Com isso, surgiu a necessidade de realizar um estudo no sentido de sugerir e/ou desenvolver novas práticas pedagógicas para amenizar esses efeitos.

É sabido que toda mudança causa ansiedade, estresse, e uma série de dificuldades na adaptação. As escolas e as famílias precisam ajudar as crianças nessa transição. No 5º Ano, a criança tinha uma única professora que ensinava, explicava uma série de coisas. Essa criança foi aprendendo a ter essa professora como referência. A criança internaliza que a vida escolar vai ser sempre dessa forma, pois ela vem nessa sistemática desde as séries iniciais.

Até o 5º ano do Ensino Fundamental os alunos vivenciam a realidade de apenas uma professora regente principal, com variação apenas de um ou dois professores que entram na turma uma ou duas vezes por semana. Na passagem para o 6º ano, os alunos passam a ter as aulas ministradas em módulos de 50 minutos com um docente para cada disciplina, ou seja, ao invés de uma professora, ela passa a ter 11 ou 12 professores. Esse novo quadro que se apresenta agora para a criança, não foi mencionado antes para ela, o que lhe causa muita estranheza e até desconforto.  É, uma mudança muito drástica. É, o começa então de uma nova etapa na trajetória escolar.

Ademais aoingressar no 6º Ano, aquela relação de afeto, maior proximidade e compreensão estabelecida pela professora polivalente com seus alunos, deixam de existir.Ou seja, esses vínculos afetivos tão comumente presentes no 5º ano onde nota-se uma relação mais direta entre professor e aluno,dá lugar a uma relação mais distanciada e contato menos caloroso.

Pinto nos chama a atenção para a importância da afetividade nas relações humanas:

A afetividade intervém nas operações da inteligência, estimulando-as ou perturbando-as, podendo comprometer o desenvolvimento intelectual. Os mecanismos afetivos e cognitivos permanecem indissociáveis, embora distintos, na medida em que os primeiros dependem de uma energética, e os segundos, de estruturas (PINTO, 2013, p. 3).

A relação de afetividade entre professor e aluno é fundamental e importante no cotidiano das salas de aulas. Essa boa relação interfere de modo positivo no processo de ensino aprendizagem. Obviamente cada professor tem uma forma, uma linguagem e uma metodologia própria para trabalhar os temas de sua disciplina. E, os alunos agora têm uma maior quantidade de tarefas de casa e livros que elas passam a utilizar cotidianamente.É o período onde se constata o maior número de notas baixas, menos lições de casa entregues pelos alunos e um maior número de reprovados.

Aquela criança, agora está passando, vivendo e sentindo mudanças biopsicossocial. Embora, essas mudanças ou nova fase lhe traga certo encantamento, mas são evidentes os reflexos, por vezes carregados de revoltas, impaciência e rebeldia nas atitudes e reações aos estímulos recebidos na convivência grupal. Trazendo assim, dificuldades na relação com os colegas e com o professor. Pois, é nessa fase em que os hormônios atuam de forma marcante. É, a entrada numa nova fase da vida que recebe uma roupagem denominada pré-adolescência.

OS DESAFIOS E EXPECTATIVAS DE UMA NOVA FASE ESCOLARCONCILIADA À CHEGADA DA ADOLESCÊNCIA.

A criança entra no primeiro ano do ensino fundamental, por volta dos 6 anos e, com mais ou menos 11 anos encontra-se no 6°Ano, idade esta que coincide com a puberdade, ou seja, o início da adolescência. Para Bossa “a adolescência é uma fase singular da vida devido à ocorrência simultânea de um conjunto de mudanças evolutivas na maturação física, no ajustamento psicológico e nas relações sociais.” (BOSSA, 1998, p. 227)

E em se tratando de ajustamento nas relações sociais, esse aluno encontra-se agora justamente inserido no ensino fundamental II, onde muitas vezes faz-se necessário a mudança de escola novos colegas são conhecidos, a rotina escolar é outra.Por exemplo, com aulas de 50 minutos envolvendo diferentes professores. Parece que, num piscar de olhos, a criança tem que aprender a lidar com todas essas alterações.

Uma das maiores dificuldades para os estudantes nessa fase é a organização. Há o aumento no número de professores, ampliação dos conteúdos curriculares, dos deveres de casa e trabalhos, sem contar que cada professor possui metodologia diferente para ensinar e formas diferentes de se relacionar com os alunos. É evidente que todas essas alterações interferem na vida da criança que começa a frequentar o6°Ano. Sendo assim, uma ação que poderá ajudar a minimizar esses efeitos seria, ainda no 5° Ano o aluno tomar conhecimento de como usar o horário das aulas, bem como a organização de sua agenda. E, o professor por sua vez, não solicitar muitas tarefas para o mesmo dia. Sem falar que, conversar com os pais sobre a salutar criação de um horário de estudo em casa, é bem significativo.

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