Relação entre o Desporto Escolar e Desporto Federado na Cidade e Província de Maputo

Por Lourenço Mascarenhas Júnior | 18/05/2018 | Educação

Resumo

O presente artigo é resultado da minha dissertação do mestrado realizado na Universidade Pedagógica, o mesmo procura compreender a relação que existe entre o Desporto Escolar e o Desporto Federado, sob ponto de vista de cooperação e complementaridade entre ambos subsistemas desportivos na Província e Cidade de Maputo. A amostra foi constituída por 166 atletas de ambos os sexos, estudantes do 3º ciclo do ensino primário e secundário geral, que praticaram o Desporto Escolar e Federado no período de 2015 a 2017. Também fizeram parte do estudo 25 Professores de Educação Física, sendo que 13 são ao mesmo tempo treinadores de clubes federados, 05 treinadores de clubes federados e 02 Gestores Desportivos. A pesquisa é do corte quantitativa - qualitativa, de carácter descritivo - transversal, e para a recolha de dados, foram aplicados dois questionários anónimos constituídos por perguntas abertas e fechadas, e posteriormente analisados a partir do programa estatístico SPSS versão 22.0. A análise e triangulação dos resultados indica que na Cidade e Província de Maputo existe relação de cooperação e complementaridade entre o Desporto Escolar e Federado, pese embora os modelos organizacionais são caracterizados por quadros competitivos diferentes.

Palavras-chave: Desporto Escolar, Desporto Federado, Modelos Organizacionais, Relação entre Desporto Escolar e o Desporto Federado.

Introdução

O Desporto é uma actividade humana singular, que é processada à escala planetária. Para Pires, G. (1991) é a única que se rege por um código universal aceite por todos, por isso, é a única na qual é possível estabelecer sistemas de comunicação entre os mais distintos e variados segmentos da sociedade. No contexto do Desporto Escolar, desperta-nos atenção os estudos realizados por vários autores internacionais e nacionais, nos quais se reitera a importância da sua prática, ao referirem que o Desporto Escolar desempenha um papel imprescindível na formação cognitiva, motora, sócio afectiva e desportiva de crianças, cabendo ao técnico ou Professor de Educação Física o afecto, a tarefa de defender o seu carácter educativo e formativo, destacando se o Bento, J.O. (1989, 1991, 2001, 2007 e 2010); Damásio (1998); Pessula, P (2000); Pina, M. (1995, 1997); Pires, G. (1991, 2005); Sobral, F. (1991); Teixeira, P. (2007), Tembe, A. (2003), onde são unânime ao referir a tal imprescindibilidade.

 O Regulamento Geral do Desporto Escolar de Moçambique aprovado pelo Diploma Ministerial nº 24/99 de 24 de Março, refere que o Desporto Escolar deve constituir um complemento da actividade educativa pelo que deve ser desenvolvido tendo como referência, os princípios próprios que orientam o quadro teórico-pedagógico e organizacional em que o mesmo se deve processar. Nesta óptica, Gonçalves (2001) assevera que deve o Desporto Escolar estabelecer-se como um direito de todos os alunos e não apenas dos mais aptos ou mais dotados. Portanto, a livre adesão dos alunos, de acordo com os seus interesses e motivações, a actividade de complemento curricular deverá ser aceite sem qualquer tipo de restrições. Isto, implica necessariamente, uma intervenção que promova a inclusão de todos os alunos que pretendam participar de forma activa nestas actividades. Neste contexto, a afirmação de Teixeira, P. (2007) alarga a nossa ansiedade ao referir que o Desporto na Escola, seja qual for o seu modelo organizacional, não pode ignorar o movimento federado sob pena de desenvolver um Desporto sem sentido.

Os conflitos de natureza conceptual sobre os papéis do Desporto na Escola e no Clube referente à complementaridade e cooperação das acções destes na formação desportiva das crianças e jovens em situação escolar, contrariando o nº 2, do artigo 9 da lei 11/2002 que assevera que o subsistema de Desporto nos estabelecimentos de ensino e de formação é o principal vector de massificação desportiva em relação aos outros subsistemas, pressuposto que deve garantir a alimentação do subsistema do Desporto Federado a jusante, São as razões que remetem-nos a estudar este tema. Este facto é associado às várias críticas que o próprio Desporto Escolar tem sofrido no contexto Moçambicano, apontando o seu funcionamento ao longo dos últimos anos relacionado com a actuação dos professores afectos nele, no que respeita à falsificação de idade e identidade dos alunos, para alcançar a todo custo o que consideram prestígio “a vitória”!

Com frequência, ouve-se comentários agressivos dos mídias, amantes do desporto, agentes desportivos de Clubes Federados em relação às Escolas; em recíproco o agente do Desporto Escolar, em relação aos Clubes Federados, pois, ainda não se consegue perceber quais são as verdadeiras razões desta aversão. Outrossim, prende-se com a necessidade de fornecer dados relevantes e válidos ao Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano, Ministério da Juventude e Desporto, Clubes, Escolas, Professor de Educação Física, e Agentes Desportivos, colaborando para o desenvolvimento do Sistema Desportivo Nacional. Neste sentido, a necessidade de compreender a relação existente entre o Desporto Escolar e o Desporto Federado numa perspectiva de cooperação e complementaridade na Cidade e Província de Maputo; e descrever a percepção que os agentes desportivos atribuem à relação entre esses dois subsistemas do Sistema Desportivo Nacional.

Artigo completo: