Regras e limites um ato de amor durante a infância

Por Raquel Rocha Drews Valadares | 13/09/2023 | Educação

Regras e limites um ato de amor durante a infância

Ana Ricardo Loiola Barbosa [1]

Jucelma Lima Pereira Fernandes [2] 

Marisalva Alves da Silva [3]

Lucimara José Pereira de Souza Silva [4]

Raquel Rocha Drews Valadares [5]

 Tânia Lucia dos Reis [6]

 

Na jornada de crescimento e desenvolvimento de uma criança, a imposição de regras e limites pode ser vista como um ato de amor que molda a personalidade e o caráter. Embora possa parecer paradoxal, a estabelecimento de diretrizes claras e fronteiras definidas cria um ambiente seguro e saudável no qual a criança pode florescer. Neste artigo, exploraremos a importância das regras e limites na infância e como eles são uma demonstração genuína de amor e cuidado. Ao impor regras e limites consistentes, os pais e educadores estão capacitando as crianças a desenvolverem autodisciplina. Elas aprendem a controlar seus impulsos e comportamentos, entendendo que nem tudo que desejam é adequado ou possível. Esse processo é fundamental para o desenvolvimento do autocontrole, que é uma habilidade crucial para o sucesso na escola, nas relações e na vida profissional.

As regras e limites fornecem um guia para as crianças, ajudando-as a compreender as expectativas e comportamentos adequados em diferentes situações. Isso é fundamental para o desenvolvimento da responsabilidade, respeito e autocontrole. (VASCONCELLOS, 2009)  Quando uma criança sabe o que é esperado dela, ela se sente mais segura e confiante em seu ambiente, o que é essencial para a construção de uma autoimagem positiva.

As regras e limites oferecem à criança uma estrutura sólida em um mundo muitas vezes imprevisível. Eles ajudam a criança a entender os limites de comportamento aceitáveis e a desenvolver um senso de ordem. Isso cria um ambiente previsível e seguro no qual a criança pode se concentrar em explorar, aprender e crescer. Além disso, a imposição de regras pode ser vista como um ato de amor que demonstra preocupação com o bem-estar da criança. Ao estabelecer limites, os pais e educadores estão garantindo que a criança esteja segura de situações perigosas e comportamentos prejudiciais. Quando as regras e limites são estabelecidos de maneira consistente e justa, as crianças percebem que os pais e educadores estão preocupados com o seu bem-estar e desenvolvimento. Isso constrói um senso de confiança e segurança na relação entre pais/educadores e crianças. As crianças aprendem que podem contar com os adultos para fornecerem orientação e proteção, o que é fundamental para um ambiente saudável de aprendizado.

As regras e limites também promovem a responsabilidade. As crianças aprendem que suas ações têm impacto e que são responsáveis por suas escolhas. Elas começam a entender que devem cumprir compromissos, respeitar limites e lidar com as consequências de suas ações. Essa noção de responsabilidade é transferida para outras áreas da vida, incluindo o cumprimento de obrigações escolares e futuras responsabilidades adultas. Também ensinam às crianças sobre as consequências de suas ações e a importância da responsabilidade. Quando uma criança aprende que certos comportamentos têm consequências negativas, ela começa a desenvolver uma compreensão das escolhas que faz e das implicações dessas escolhas. Tiba (2002, p. 294) nos fala que:

É muito prejudicial tolher a liberdade saudável de quem realmente conhece. Mas colocar limites nos desejos que são as vontades de fazer o que dá na cabeça sem se preocupar com as consequências, é educar. A educação com reflexão de todas as ações é um dos melhores ingredientes da felicidade. (TIBA, 2002)

Isso é particularmente importante para o desenvolvimento do autocontrole e da tomada de decisões informadas. As crianças aprendem que podem escolher seus comportamentos, mas também devem estar preparadas para lidar com as consequências dessas escolhas. As regras e limites também desempenham um papel fundamental na transmissão de valores e ética. Quando as crianças são guiadas por regras que promovem a honestidade, empatia, respeito e responsabilidade, estão aprendendo lições valiosas sobre como interagir com os outros e contribuir para uma sociedade saudável.  (PIAGET,1994) Além disso, ao impor regras, os pais e educadores estão modelando a importância de estabelecer limites saudáveis em relacionamentos e situações, o que é uma habilidade crucial para a vida adulta.

As regras e limites ensinam às crianças como se comportar em um contexto social mais amplo. Ao aprenderem a seguir regras em casa, as crianças estão adquirindo habilidades que serão aplicadas em ambientes sociais, como escola, trabalho e comunidade. Elas aprendem sobre respeito, colaboração e cooperação, qualidades que são essenciais para viver em sociedade. Embora possa parecer contra-intuitivo, regras e limites bem definidos podem realmente ajudar a reduzir a ansiedade nas crianças. Quando as crianças sabem o que é esperado delas e têm um ambiente previsível, sentem-se mais seguras e confiantes. A ansiedade muitas vezes surge da incerteza, e ter regras claras pode fornecer uma sensação de estabilidade emocional. Antunes (2011, p.25) esclarece:

 Ensinar não é fácil e educar mais difícil ainda; mas não se ensina e não se educa quem não define limites, quem não constrói democraticamente as linhas do que é e do que não é permitido. O professor jamais pode acreditar nessa bobagem de que cada aluno já sabe o que pode e o que não pode. Ninguém cresce se não é desafiado e todo jovem para crescer necessita desafiar. Por isso mesmo, esses limites tem que ser claros, lúcidos, reiterados. (ANTUNES, 2011)

As regras e limites são uma forma de amor em ação na infância. Eles fornecem direcionamento, estrutura, segurança e preparação para a vida. Ao ensinar autodisciplina, responsabilidade e valores éticos, as regras e limites preparam as crianças para enfrentarem desafios, construírem relacionamentos saudáveis e se tornarem membros responsáveis da sociedade. Portanto, é fundamental reconhecer que estabelecer regras não é apenas uma tarefa disciplinadora, mas um ato de amor genuíno que capacita as crianças a se desenvolverem em indivíduos confiantes, éticos e bem-sucedidos. As regras e limites estabelecidos durante a infância são uma expressão de amor e cuidado que fornece estrutura, segurança e orientação para a criança. Elas são a base sobre a qual o caráter, a responsabilidade e a ética são construídos. Ao estabelecer limites claros e consistentes, os pais e educadores estão equipando as crianças com as ferramentas necessárias para navegar no mundo com confiança e compreensão. Portanto, é essencial reconhecer que as regras e limites são mais do que meras restrições; são atos de amor que proporcionam um alicerce sólido para o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança.

 

REEFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

 

ANTUNES, Celso. Professor bonzinho= aluno difícil: a questão da indisciplina em sala de aula. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

 

PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. 4. ed. São Paulo: Summus, 1994.

 

POLI, Cris. Viva a infância! Ajude seu filho a ser uma criança para se tornar um adulto realizado. São Paulo: Gente, 2009. p. 43.

 

TIBA, Içami. Quem ama, educa! São Paulo: Integrare Editora, 2002, p. 294.

 

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Indisciplina e disciplina escolar: fundamentos para o trabalho docente. São Paulo: Cortez, 2009. 9 – 217 p.

[1] Graduação: Pedagogia; Especialista em: Educação Especial e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.  

 [2] Graduação: Pedagogia Especialização em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Sociedade, Política e Contemporaneidade: sobre diversos olhares; Mestra em Educação e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[3] Graduação em: Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil e letramento/Educação Infantil/Neurociência e Aprendizagem e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

[4] Graduação: pedagogia. Especialização em: Educação infantil e letramento e assistente educacional na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis, Mato Grosso.

[5] Graduação em: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Neurociência Aplicada a Aprendizagem/ABA e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[6] Graduação em: Pedagogia; Especialização em: Métodos e técnicas de ensino e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.


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