REGINA

Por MarisaAlmeida | 11/11/2015 | Poesias

REGINA

 

Vou lhe contar uma história que aconteceu realmente

Parece um conto de fadas,

Uma história inventada,

Mas testemunhou muita gente.

 

Num pequeno Vilarejo, São José do Paraíso

Aconteceu um fato incrível.

Vivia uma bela menina

Que se chamava Regina

 

Era órfã de mãe,

Morava com a madrasta e pai

Estudiosa e extrovertida

Crescia feliz da vida

 

Quando moça se tornou,

Bela e graciosa

Ajudava a comunidade

A alma caridosa.

 

A madrasta Dona Maria

Era   costureira

Auxiliada pela enteada

Vestia a vila inteira

 

Mas um dia repentinamente

Seu velho pai morreu

Nem no velório mais foi vista

Regina desapareceu

 

Foi um falatório tremendo

Cada qual tinha uma explicação

Uns diziam que adoecera

Outros, que fazia expiação

 

A madrasta dizia que era tristeza,

Que sair Regina não queria mais,

Que a menina não mais falava,

Que tornara  se uma incapaz.

                                                                               

 

Nem o apelo dos visinhos,

Nem o clamor das amigas

Conseguiu trazer a menina

De volta para a vida

 

O tempo foi passando, o mistério continuava

Dona Maria costureira

Em casa, as medidas tirava

Mas, nem búia  da parceira.

 

A casa foi envelhecendo

Juntamente com Dona Maria

As janelas sempre fechadas

Fora a sala, nada se via

 

Os mais velhos então contava, o que aconteceu um dia

Os mais jovens perguntavam

As crianças da localidade, duvidavam da verdade

Resposta ninguém tinha.

 

Muito, muito tempo se passou

Dona Maria sentiu se mal, levaram a ao hospital

Mas, a pobre não agüentou

Morreu afinal

 

A notícia se espalhou

E todos muito preocupados

O que seria de Regina sem aquela que lhe criou?

Quem lhe daria o recado.

 

Chamaram sua madrinha

Uma senhora idosa

Para consolar a menina

E se foi toda cuidadosa

 

Não se falava em outro assunto

Cada um,  uma opinião tinha

Vamos ir todos juntos

Pra ajudar a madrinha

 

Quem aqui tem forte braço?

Vamos pegar ela no laço...

Do Jeito que é arisca

Vamos precisar da polícia!

 

E para o espanto do povo

A casa tinha ar novo

Portas e janelas escancaradas

E uma pálida mulher esperava na escada.

 

_Não reparem o mau jeito

Entrem venham para dentro!

Todos boquiabertos

Não sabiam bem ao certo, o que estava acontecendo.

 

Não era nem um fantasma

Algo de outro mundo ou coisa assim

Era mesmo Regina

Que estava bem ali

 

Tomou todas as providencias,

Do funeral ao cafezinho

Conversava com as pessoas

Chamava pelo nome os vizinhos.

 

Depois do enterro da madrasta

Resolveu mudar de casa

Ficou um tempo com uma amiga

Até por em ordem sua vida

 

era mulher madura

Mas em seus olhos tinha a brandura

Da mesma pura menina

Que misteriosamente se escondera

 

Como uma criança curiosa

Tudo queria conhecer

A todos queria ver

Lembrava se das colegas, saudosa.

 

Quando o que acontecera alguém perguntava

Regina desconversava

E seu semblante empalidecia,

Mas logo se recuperava

 

Gostava muito de conversa

Também não perdia festa

Adorava as crianças

Tinha planos e esperanças

 

Parecia um passarinho

Libertado da gaiola

Sempre com um sorriso

Queria viver o agora

 

Para mim que do assunto  manjo

Regina era um anjo

Pois eu mesma a conheci

Depois de sua reaparição

 

Pessoa igual, eu nunca vi!

 Me confessou um dia ela

Que me viu crescer,

Por uma fresta da Janela

 

Suas amigas tinham netos

Mãe, Regina não podia mais ser

Mas tinha tanto afeto

Que desejava oferecer

 

Viveu um grande amor

Mas foi por pouco tempo

Ela queria se casar

Ele, passar tempo

 

Então Regina adoeceu

Descobriu que tinha leucêmica

Sua liberdade foi um presente de Deus

Para os seus poucos dias.

 

E morreu Regina

E com ela foi sepultado

Todos os segredos e mistérios

Que rondaram sua vida, seu passado

 

As perguntas ficaram sem respostas

Cada qual tire sua conclusão

A madrasta era e prendeu Regina?

Sim ou não?