Reforma Política
Por Ataíde Lemos Silva | 29/10/2008 | CrônicasFazendo uma analise sobre política e eleições, podemos observar que ela vai perdendo o verdadeiro sentido, que é construir uma verdadeira cidadania, ingressando na vida política pessoas que tem compromisso com o país. Observamos que a política cada vez mais vai se tornando coorporativa, entrando nela representantes de grupos, organizações, para defender seus interesses.
No entanto, ainda que vemos isto ocorrer, não há como fazer nada, pois quem deve fazer o papel de mudar esta realidade é o cidadão na hora do voto, porém toda sociedade está inserida neste contexto. De certa forma, a sociedade hoje está dividida em grupos. Enfim, vivemos uma sociedade distribuídas em tribos, e assim, cada qual quer ter sua representatividade deixando o coletivo de lado.
Penso que somente uma reforma política profunda poderia transformar esta triste realidade, onde a política tornou-se sectária para alguns e profissão para outros tantos.
Analisemos a realidade das eleições; devido aos altos salários dos vereadores, quando aproxima o período eleitoral, há grande demanda de candidatos para o legislativo na busca de um emprego que lhe garantirá segurança, um bom salário, planos médicos regalias, etc. para alguns. Para outros o legislativo é um salário extra sem comprometer suas profissões, sendo assim, buscam o legislativo como uma fonte a mais de renda sem compromisso com a sociedade.
Certamente, a estrutura política deve ser plural, dando oportunidade a todos na participação como representantes da sociedade. Porém é necessário que os cargos eletivos devam ser preenchidos por pessoas que de fato tem dentro de si desejos de transformação, de desenvolvimento de uma sociedade e não de pessoas que entram na política em busca de emprego ou mesmo para defenderem seus grupos.
Isto somente ocorrerá com uma reforma política que promova uma seleção para o exercício de cargos eletivos exigindo mais capacidade intelectual dos candidatos como no mínimo o certificado do curso médio curricular (2º grau completo) como também exigir por meio da vida pregressa de cada candidato sua idoneidade.
É necessário também exigir do vereador municipal tempo integral na atuação do exercício parlamentar para que possa receber o vencimento total ou, caso contrário, receber proporcionalmente ao tempo trabalhado.
Defendo também uma pausa de um mandato ao parlamentar depois de dois consecutivos para que ocorra rotatividade e oportunidade de renovação nas casas parlamentares e, no caso do senador após um mandato de oito anos uma pausa também de no mínimo quatro anos.
Enfim, é necessário desestimular o ingresso de pessoas que procuram a política como um meio de vida, como satisfação pessoal e sem compromisso nenhum com o bem público e com a sociedade.
Todos sabemos que grande parte do eleitorado vota pela emoção e sendo assim, muitos candidatos para ganhar o voto do eleitor fazem promessas demagógicas, promovem a compra de votos descaradamente. Enfim, com raras exceções, a maioria dos candidatos profissionais conhecendo os eleitores, e como votam, usa de atos mais escrupulosos para obterem os votos, mentindo para o eleitor e jogando sujo com seus concorrentes. Entendo que somente com o desestímulo a estes tipos de políticos com normas rígidas é que pode tirá-los da vida pública e assim, ingressarem pessoas sérias e que tenham dentro de si o desejo verdadeiro de trabalhar para a sociedade.
Ataíde Lemos
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