Reforma de Ensino

Por Odiombar Rodrigues | 22/01/2009 | Educação

Na ânsia por interferir no sistema de ensino, todo governante, ao assumir mandato, tenta "reformá-lo". Para tal reúne propostas, muitas vezes desconexas e sem objetividade. O fim último do esforço é passar para a comunidade uma imagem de grande administrador, mas o que sobra é desgaste pessoal e político. Os secretários de educação não percebem os limites temporais de seus poderes e tentam impor, à força, ações que não ultrapassam o próprio mandato. A sociedade gaúcha já está cansada de assistir discussões infindas e desfiles de vaidades pessoais. O sistema de ensino não necessita de reformas, ele necessita de uma grande revolução.

Ninguém se conforma com o desempenho da educação nos patamares atuais. É voz corrente que algo deve ser feito, mas a ação é sempre equivocada. Cada alternativa vem acompanhada de postulados ideológicos que minam a real função da Educação. Autoridades educacionais são chamadas a opinar, a sociedade se manifesta, empresários sugerem ações que funcionam muito bem em suas empresas, o sindicato fala sobre temas educacionais como se fosse autoridade para tanto. Neste tumulto não se ouve a voz do professor que está em sala de aula, não se ouve a voz dos alunos e muito menos dos pais.

A grande revolução é a da humildade, da impessoalidade, da conciliação e do diálogo. Humildade suficiente para descobrir que outros têm soluções tão eficientes quanto às suas; impessoalidade capaz de transformar o "chefe" em "líder"; conciliação e diálogo para que os projetos possam deixar de ser imposições e se transformem em objetivos comuns a toda comunidade. Uma revolução na educação tem que começar pelo respeito a estes princípios básicos, sem eles tudo será passageiro e não atingirá, de forma permanente, o sistema educacional.

O professor de sala de aula sabe muito bem o que fazer para atingir bons resultados, mas não tem meios para fazer suas propostas serem ouvidas. A sala de aula é o campo de aplicação das "reformas", mas nunca o laboratório de experimentação, avaliação e teorização de propostas oriundas da prática docente. As autoridades desconhecem a relação professor/aluno e não têm a dimensão do potencial que desperdiçam no anonimato do trabalho do professor. A primeira grande parte da revolução é ouvir o "professor que está em sala de aula". Ele tem muito a informar e a ensinar sobre educação. É um desperdício imperdoável ignorá-lo.

Os pais sabem o que querem para seus filhos. Eles clamam por competência, competitividade, conhecimento e civilidade. Não há pai que concorde com a aprovação do filho apenas para receber certificado. O índice de aprovação não é medida adequada para avaliarmos um processo educacional, ele é um resultado, mas diz pouco do processo que o produz. A escola não pode continuar sendo um "mundo encantado" no qual todas as crianças são iguais. Algumas necessitam atendimento especial, outras têm dificuldades de aprendizagem, outras têm problemas de socialização. Há que respeitar e superar estes obstáculos a fim de incluir estes alunos no mercado de trabalho em igualdade de condições com os demais.

A participação da sociedade é fundamental, trazendo contribuições aplicáveis à escola. Escola e empresa devem ser reconhecidas pelos resultados, mas tanto estes como os processos para a sua realização são profundamente diferenciados.

Um projeto educacional com esses fundamentos é uma revolução e não apenas mais uma reforma.