Liturgia: Reflexos do Concílio Vaticano II nas comunidades

Por Oscar Paulo Pietsch | 31/10/2017 | Religião

A liturgia antigamente era vivida de uma forma diferente da qual nós temos hoje em dia. O primeiro liturgo por excelência é Deus, agindo no Pai na forma de criação, no Filho como Salvação e no Espírito Santo como santificação, assim sendo,a  liturgia é uma obra de ação da Santíssima Trindade, é um dom que nos é dado.

Vivenciando a cada celebração a paixão,morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, os fieis cristãos vão se capacitando para tornarem-se seus anunciadores, sendo este Mistério Pascal o centro de toda liturgia.

Assim, cientes do que é a liturgia e de sua imensa importância, os seres humanos, ajudados pelo Espírito Santo, sabem que precisam levar a realidade a sua volta em conta para dialogar e salvaguardar a fé, como por exemplo Paulo, usou da Filosofia para falar com filósofos em seu discurso em Atenas, assim, hoje em dia, é necessário adaptar-se as mais diversas realidades para usar uma linguagem adequada aos fieis que estão dispostos a ouvir a palavra de Deus.

A mais recente e importante forma de, salvaguardar a fé, de dialogar com o mundo atual, e de anunciar Jesus, foi o Concílio Vaticano II. Este, convocado por João XXIII (considerado por muitos um papa de transição, devido a sua idade), e que revolucionou o mundo em diversos aspectos, e também fortemente na liturgia através principalmente da Sacrosanctum Concilium.

Analisando os aspectos litúrgicos que sofreram alteração após o Concílio, através da SC, um dos primeiros pontos que merece destaque, é que a SC pede que os textos e ritos litúrgicos sejam ordenados de forma a exprimirem mais as realidades sagradas, para que o povo cristão perceba com maior facilidade e possa participar ativamente das celebrações na comunidade, também exortando a simplificação dos ritos e diversas partes da missa.

Assim, necessitava-se urgentemente de uma inculturação para que o povo vivesse realmente a “liturgia”, sendo que esta era um serviço para eles, sendo o povo sujeito e não objeto da mesma. Muitos foram os pontos positivos dessa constituição com relação a liturgia.

Dentre estes pontos podemos destacar o uso da língua vernácula, antes com as celebrações todas em latim, muitos fieis não compreendiam e não entendiam nada do que se passava durante a celebração. Assim, rezando em sua própria língua os fieis começaram a participar com o coração mais atento, vivenciando a Liturgia da Palavra e também a Liturgia Eucarística com mais amor e dedicação, dando o necessário valor as duas partes da Santa Missa.

Percebe-se também um maior cuidado com a Palavra de Deus na liturgia, sendo agora ela compreendida por todos, deu-se maior valor e mais respeito a ela. Porém, percebemos ainda em muitos lugares pessoas que leem a palavra de Deus de qualquer jeito, não se preparam e ainda não entendem o verdadeiro valor da mesma, proclamam a palavra do Senhor, como se estivesse lendo um livro de receitas.

Um outro ponto de destaque é que passou-se mais a dar valor as celebrações comunitárias e menos a um refúgio individual. Como compreendia-se o que se estava sendo falado, o povo rezava junto, salvaguardava sua fé como uma verdadeira comunidade de irmãos. Porém, perdeu-se o “valor” das confissões individuais, muitas pessoas não buscam confessar-se individualmente, pois se tem a confissão comunitária, mesmo que abolida em muitas dioceses, não reconhecem o valor de uma confissão individual.

Artigo completo: