REFLEXÕES SOBRE A DINÂMICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO 3º CICLO DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL CALULA LEITE.

Por Luiz Rosa da Silva Filho | 26/03/2011 | Educação

O ensino de Língua Portuguesa vem passando por constantes discussões ao longo do tempo com o objetivo de situar os profissionais da área, em busca de inovações para um ensino de língua voltado para o desenvolvimento humano em conhecer ideologias para o convívio social e ao exercício da cidadania.

Um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de contribuir para garantir a todos os alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania. (PCN, 1999, p.19).

Por abranger diversas áreas do conhecimento como: a escrita, a leitura, a oralidade, aspectos gramaticais e literários, requer um amadurecimento dos profissionais envolvidos, no que concerne a seu desempenho no processo de ensino-aprendizagem. Devido aos constantes fracassos vivenciados no ensino de Língua Portuguesa no âmbito escolar, sente-se a necessidade de um estudo objetivo e consistente em busca de respostas para essas dificuldades. Por isto, é relevante analisar concepções teóricas sobre o tema abordado, bem como fazer uma verificação das principais dificuldades encontradas no ensino de Língua Portuguesa, a fim de detectar as causas e consequências deste processo.
Nesta perspectiva, nossa pesquisa visa à discussão de subsídios voltados para um ensino eficaz. Buscamos desmistificar os percalços que cercam o desenvolvimento da transmissão de conhecimento em nossa língua materna.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de reflexões e análise de livros de autores que contribuem para o enriquecimento do tema proposto, bem como da observação direta do professor em sala de aula, para assim fazermos um diagnóstico entre a teoria e a prática. O intuito é traçar o perfil da Escola Estadual de Ensino Fundamental Calula Leite, localizada à Rua Prefeito João Fausto de Figueiredo s/n, centro, cidade Conceição, estado da Paraíba com relação ao ensino de Língua Portuguesa, considerando a realidade do contexto em que ela se insere.
A observação em sala de aula durou cerca de 2 (dois) meses, período que se estendeu do dia 1º de março a 28 de abril de 2010, 2 (dois) dias por semana, em que eram ministradas as aulas de Língua Portuguesa no 3º ciclo da referida escola. O estudo foi realizado com cerca de uma platéia de 50 (cinquenta) alunos e um professor, esse responsável pelo desenvolvimento da disciplina de Língua Portuguesa.
Com isso realizamos uma observação sobre a prática desenvolvida e suas relações com os preceitos da atualidade.

1- Reflexões acerca da historicidade do Ensino de Língua Portuguesa.

Recorrendo à perspectiva histórica, quando se fala em ensino de Língua Portuguesa vem logo à nossa mente o ensino de "regras gramaticais". Este tipo de ensino, que por várias décadas se consolidou nas diversas escolas, ficou conhecido como ensino tradicional.
Nesta ótica, o ensino era voltado exclusivamente para o repasse de conteúdos. A preocupação era o desenvolvimento técnico do aluno, ou seja, o aprendizado era buscado em nível acumulativo. Procurava-se fazer do aluno um "reservatório de regras", ele deveria "decorar" as regras da gramática normativa, considerada como a norma culta padrão, e assim alcançaria a linguagem formal, considerada como ideal. A postura do professor era centralizadora e prevalecia a sua autoridade máxima na condução dos assuntos e decisões.

Fazer com que o ensino do português deixe de ser visto como a transmissão de conteúdos prontos, e passe a ser uma tarefa de construção de conhecimentos por parte dos alunos, uma tarefa em que o professor deixa de ser a única fonte autorizada de informações, motivações e sanções. (POSSENTI, 2000, p. 95).

Os conteúdos eram centralizados na exploração de frases soltas, totalmente descontextualizadas, sem nenhum sentido com a realidade. O intuito era de apenas mostrar "as regras", com isso não levava os alunos a refletir o momento vivenciado, ou melhor, o ensino era simplesmente mecânico. O aluno teria apenas o conhecimento da cópia que o professor escrevia no quadro, e este por sua vez, transmitia o que tirava dos livros. A criatividade, a opinião, enfim, a reflexão do aluno sobre os assuntos não tinha prioridade.

"Uma gramática de regras incondicionalmente rígida foge à realidade com que a comunicação verbal ocorre e só é possível na descontextualização das frases isoladas e artificiais com que são fabricados os exercícios escolares". (ANTUNES, 2003, p.91).

Segundo os parâmetros curriculares nacionais (PCN) de Língua Portuguesa do ensino fundamental II:

O ensino de língua portuguesa orientado pela perspectiva gramatical ainda parecia adequado, dado que os alunos que freqüentavam a escola falavam uma variedade lingüística bastante próxima da chamada variedade padrão e traziam representações de mundo e de língua semelhante às que ofereciam livros e textos didáticos. (PCN, 1999, p.17).

Neste sentido, o ensino de Língua Portuguesa tornou-se discriminatório, aumentando cada vez mais o preconceito linguístico, pois não valorizava as diferenças existentes no meio, ou seja, em uma sala de aula nos deparamos com alunos de diversas classes sociais, muitos advindos de camadas populares desfavorecidas, com dialetos diversificados. Este fator torna-se complexo para esta tendência de ensino. que, ao longo do tempo só vem contribuindo para o aumento constante da evasão e, consequentemente, para o fracasso escolar em Língua Portuguesa.
Assim, a prática de ensino até aqui discutida não tem sustentação na nova tendência contemporânea do ensino de Língua Portuguesa.

Os conteúdos de língua e linguagem não são selecionados em função da tradição escolar que predetermina o que deve ser abordado em cada série, mas em função das necessidades e possibilidades do aluno, de modo a permitir que ele, em sucessivas aproximações, se aproprie dos instrumentos que possam ampliar sua capacidade de ler, escrever, falar e escultar. (PCN, 1999, p.37).

Nesta perspectiva, o ensino deve ser organizado levando-se em consideração as dificuldades encontradas pelos alunos, visando proficiência em todos os aspectos da língua, ou seja, observando os aspectos deficientes, tomando como base a realidade dos alunos envolvidos. A partir disto, diversas situações de aprendizagem contundentes com a necessidade dos alunos são criadas e organizadas visando à melhoria do aluno e tornando-o mais consciente e crítico.
Neste contexto, o educador tem o papel fundamental na busca de múltiplas formas para apresentar aos alunos os mais diversificados gêneros textuais, visto como maneiras de se comunicar, viáveis para cada momento de interlocução. Os gêneros textuais são textos de cunhos variados, que circulam no meio social com o objetivo de propor informação sobre determinada realidade, variam de acordo com a proposta, a cultura, a função. Entendem-se como diversas maneiras de construção do discurso, ou seja, dizer o mesmo assunto sob várias formas de enunciação. "é preciso abandonar a crença na existência de um gênero prototípico que permitiria ensinar todos os gêneros em circulação social". (PCN, 1999, p.24).
Como são muitos os gêneros, é benéfico que os professores priorizem os que circulam com maior frequência no meio social, para que os alunos os tenham como suporte reflexivo e possam despertar o senso crítico, uma vez que precisam compreender que a formação é um processo contextualizado na produção de sentidos. Diante desta configuração, percebe-se que o ensino está dividido em etapas, e em cada uma delas o educando vai sendo preparado de acordo com seu contexto, para receber um novo conhecimento aplicável ao seu cotidiano.
Isto implica uma prática docente diversificada, voltada para a construção de saberes. Assim, observa-se que o profissional apto a lecionar a disciplina de Língua Portuguesa não deve se prender apenas ao ensino da gramática normativa, pois esta é apenas mais um objeto de estudo que temos disponível, como também: a oralidade, a escrita e a leitura, aspectos relevantes para serem explorados e contribuirão para o enriquecimento do educando na sua vida social.

O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade lingüística, são condições de possibilidade de plena participação social. (PCN, 1999, p.19).

2- O Ensino de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental.

O primeiro passo para o ensino de Língua Portuguesa no ensino fundamental é levar em consideração que neste nível se lida com crianças e adolescentes que buscam uma autonomia, uma identidade, enfim, estão em fase de desenvolvimento e formação. Contudo, precisam e devem conhecer as diversas formas de utilização da linguagem, para expressar sua opinião, reivindicar seus direitos, ou seja, tornarem-se seres expressivos para os variados momentos de interlocução.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), o ensino fundamental tem como um dos objetivos básico para formação do cidadão: "o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da Leitura, da escrita e do cálculo". (2006, p.27).
Nesta perspectiva, para atingir um grau considerável em leitura e escrita no ensino fundamental que são preceitos essenciais para o desenvolvimento da língua, faz-se necessário colocar os alunos em contato constante com a linguagem, por meio dos diversos textos que circulam no meio social, os quais possibilitarão novas maneiras de compreensão e utilização das várias linguagens. Por isto, é relevante investigar as regularidades que cercam o funcionamento da língua e as contribuições que esta traz para o desempenho dos educando no contexto educacional e social.
O ensino de Língua Portuguesa no ensino fundamental torna-se bastante complexo para exigir que os alunos adquiram de imediato a linguagem tida como padrão, devido ao contato com aluno de uma faixa etária em formação e às vezes as perplexidades que cercam o meio em que vivem, ou seja, muitos são oriundos de comunidades carentes onde a linguagem padrão não é usada com frequência. Ao chegar à escola estes alunos devem ser trabalhados levando em consideração e valorizando o seu dialeto prévio, orientando-os e organizando situações para que eles possam perceber que existem várias formas de expressão, a depender do contexto de interação, e com isso, mostrar a importância da linguagem culta.
Os alunos vindos de comunidades carentes ao se depararem com a modalidade formal da língua sentem muita dificuldade para apreendê-la, chega a ser, para eles, um tormento, talvez pela falta de estrutura, advinda da sua cultura. Estes alunos são, às vezes, os mais prejudicados na assimilação dessa linguagem, portanto, o fator trazido destes contextos torna-se aspecto primordial para escola no planejamento das situações, com vista o desempenho do educando no alcance desta linguagem considerada de "prestígio", e de grande relevância para o exercício da cidadania. "O objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou, talvez mais exatamente, o de criar condições para que ela seja aprendido". (POSSENTI, 2000, p. 17).
Como no ensino fundamental busca-se a formação dos alunos, é essencial tratar as diversidades linguísticas como diferentes e não como "erradas". Desta forma, busca-se conscientizar os alunos com o objetivo de amenizar o preconceito linguístico e contribuir para a auto-estima de todos os envolvidos no processo de aquisição das diversas maneiras de comunicação, ao mostrar o uso apropriado da linguagem em momentos específicos de interação e diferentes situações.
Para obtenção de uma gama de opções é requerido um trabalho efetivo por parte do educador, que precisa criar em suas aulas situações para o uso da língua como: apresentação de seminários, debates, entrevistas, rodas de leituras, etc. Assim, busca-se o amadurecimento dos alunos, para que estes possam deixar de lado a timidez e entender a importância da língua em sua formação.

Um espaço em que o diferente não seja nem melhor nem pior, mas apenas diferentes, e que por isso mesmo, precise ser considerado pelas possibilidades de reinterpretação do real que apresenta; um espaço em que seja possível compreender a diferença como constitutiva aos sujeitos. (PCN, 1999, p. 48).

Diante desta configuração, você pode estar se perguntando: a gramática não tem importância para o desenvolvimento do educando? Devemos abolir o ensino da gramática no ensino fundamental? A intenção aqui não é estigmatizá-la, mas propor um ensino em que o domínio da linguagem predomine, não um ensino mecânico, e sim, reflexivo. A gramática tem sua importância, pois não existe organização de discurso sem ela. No entanto, é preciso ir além, explorar recursos como a oralidade, a escrita, a leitura, a literatura, que juntos formarão um conjunto sólido, necessário ao desenvolvimento das habilidades e competências para o desempenho de uma língua eficiente e benéfica em favor da formação do cidadão.

O objetivo último do ensino do português: A ampliação da competência comunicativa do aluno para falar, ouvir, ler e escrever textos fluentes, adequados e socialmente relevante. (ANTUNES, 2003, p. 122).

O ensino de Língua Portuguesa no referido nível, compreende a formação de postura diante das práticas sociais e busca contribuição para o comportamento do sujeito na aquisição de um vocabulário linguístico que lhe ajude a discernir os percalços que os cercam. É oportuno dizer que os alunos ao saírem do ensino fundamental devem ter um conjunto de ideologias próprias, para começarem a traçar o seu futuro, compreenderem que o diálogo é a melhor forma para solucionar problemas. "A língua é considerada reflexo da cultura e determinante de forma de pensamento". (SOARES, 1995, p.170).
Para alcançar esses objetivos faz-se necessário um comprometimento por parte do professor, é preciso que ele esteja se capacitando, constantemente, ou se tornará um profissional absoleto, despreparado para o acompanhamento das transformações pelas quais a língua passa, pois a língua não é única, ela está em constantes transformações.
Segundo Possenti, "não há língua que permaneça uniforme. Todas as línguas mudam". (2000, p.38). Nesta perspectiva, o grau de complexidade no ensino de Língua Portuguesa e a responsabilidade dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem aumenta ainda mais, implica dizer que o aluno do ensino fundamental precisa entender e ver a escola e o professor como elementos voltados para o seu desenvolvimento e libertação, e que precisam juntos dialogar e trocar informações para elevar o desempenho concernente à língua materna. A escola não é uma prisão, onde o aluno deva obedecer e seguir normas pertencentes à língua, ela é um ambiente de socialização e transformação.

3- Como se desenvolve a dinâmica de Ensino na disciplina de Língua Portuguesa no 3º Ciclo da Escola Calula Leite.

A escola estadual de ensino fundamental Calula Leite, com sede na cidade de Conceição, no estado da Paraíba, localizado à Rua Prefeito João Fausto de Figueiredo s/n, centro, é mantida pelo governo do estado, sendo uma instituição pública de ensino de educação Infantil, Fundamental e Jovens e Adulto (EJA), tendo sido construída no governo do ex governador e já falecido Tarcísio de Miranda Burity.
Fundada em 15 de maio de 1982, sob o decreto nº 9905 artigo 07/07 de 1983, teve como primeiro diretor Padre José Raimundo de Souza Neto. O estabelecimento funciona nos três turnos. A administração escolar é constituída por: diretor, vice diretor, secretários e agentes administrativos. A comunidade escolar é composta por: docentes, discentes, organização estudantil e conselho escolar.
A escola dispõe de nove salas de aulas, uma sala de arquivo, uma biblioteca, quatro sanitários e um auditório. Conta ainda com quarenta e três professores sendo: dois graduados em língua portuguesa, um em matemática, um em biologia, vinte e sete em pedagogia, seis em história, quatro em geografia e dois em língua Inglesa.
A opção pela escola citada justifica por está situada em um contexto onde diversas classes sociais estão inseridas, no entanto podemos observar culturas e padrões de vidas diferenciados, conhecendo assim as dificuldades encontradas para o desempenho do ensino de Língua Portuguesa.
Tomando como base observações em sala de aula no 3º ciclo da referida escola, é oportuno ressaltar o empenho do professor para conduzir os conteúdos, mesmo sendo uma escola pública, situada em uma comunidade carente, onde a maioria dos alunos são oriundos de classe econômica baixa, filhos de pais analfabetos e às vezes desempregados. Na maioria das vezes, estes são fatores que contribuem significativamente para o baixo desempenho dos discentes. "As desigualdades sociais é que seriam responsáveis pelas diferenças de rendimento dos alunos na escola". (SOARES, 1995, p.12).
A professora responsável pela ministração da disciplina de Língua Portuguesa na referida escola tem como formação o curso de licenciatura plena em pedagogia. Em suas aulas, procura explorar todos os fatores que cercam a Língua Portuguesa como: a oralidade, a leitura, a escrita, por meio dos diversos tipos de textos. Com estes, busca-se propor um leque de oportunidades para que os alunos possam fazer o uso da linguagem, dependendo da situação de interlocução.
Na observação vivenciada, merece realce as rodas de leituras, nas quais os educando vão fazendo a leitura. Alguns ainda com timidez se recusam a ler. O educador insiste e mostra a importância da atividade na formação do ser humano, mas às vezes não consegue fazer com que leiam.
Ao dar início à atividade de leitura, o professor explica a relevância dos sinais de pontuação para o entendimento do texto, tanto para quem lê quanto para quem ouve. Começa a leitura, os alunos vão lendo e o educador faz indagações constantes, transformando a sala de aula em socialização de ideias. Alguns alunos expressam o seu entendimento acerca do tema abordado, assim a discussão flui e o momento se transforma em uso ativo da linguagem.
Implica dizer, que os textos utilizados em sala são sempre ligados ao meio social, sendo de suma importância para o desenvolvimento dos alunos rumo ao exercício da cidadania. Nota-se que os assuntos são explorados em uma sequência. Após o estudo com a leitura, passa-se à parte escrita, os alunos são estimulados a criar textos enfatizando o seu ponto de vista em relação ao tema. Prosseguindo com o aspecto da oralidade, os textos produzidos são apresentados em forma de seminários.
Partindo desta dimensão, percebe-se um estudo em que os vários aspectos da língua estão em desenvolvimento, ou seja, as aulas servem como momento para interação. É importante ressaltar que nem todos os discentes participavam, o que pode lhes ocasionar fracassos no que concerne à aquisição das diversas formas de expressão, inclusive à aquisição da linguagem formal. Assim, nota-se que existem fatores extra escolares que contribuem para o não-desenvolvimento de uma linguagem apropriada em momentos peculiares de interação, definidos pelo contexto. Fatores como: o grau de instrução e a condição econômica da comunidade em que esses alunos estão inseridos podem ser aspectos influentes para o fracasso escolar, inclusive em Língua Portuguesa.
Ainda diante da observação feita, é relevante assinalar questões referentes ao ensino da gramática. É perceptível que o ensino é feito com frases soltas, sem sentido, descontextualizadas, simplesmente para exemplificar os tópicos gramaticais. Um ensino ainda mecânico onde prevalece a memorização das "regras" da gramática normativa. Ainda é visto a definição das classes gramaticais, um estudo de nomenclaturas. Segue-se a tradição, neste aspecto.
Diante de toda observação, refletimos que há uma mescla de inovação com o tradicional, procura-se explorar os diversos aspectos da língua, mas a metodologia adotada ainda não está adequada à obtenção dos objetivos do ensino atual de Língua Portuguesa. O texto é explorado com o intuito de trabalhar a oralidade, a leitura, a escrita e ao estudar a gramática ainda lança-se mão dos métodos tradicionais. Acreditamos que a partir dos textos escritos pelos alunos, de acordo com as suas necessidades e explorar os tópicos de gramática, com fins de aquisição da linguagem padrão, fosse talvez, mais produtivo.
Após análises de autores que enfatizam o ensino de Língua Portuguesa e a observação feita na escola Calula Leite, é oportuno dizer que o conjunto de reflexões nos conduzem a percepção de que para conseguir desenvolver uma linguagem apropriada, para cada momento de interação, depende de estímulos e oportunidades atribuídas ao aluno no decorrer do trabalho com a Língua Portuguesa. Faz-se necessária a valorização da linguagem prévia trazida pelo aluno do seu meio, e aprofundandá-la no decorrer do processo de estudo com a língua.
É digno de nota, no entanto, que, para facilitar o desempenho do educando no conhecimento das diversas formas de linguagem, é que desde cedo, ou seja, nos seus primeiros anos de estudo seja exposto a diversas formas de linguagens para poder observar a dinâmica do uso adequado da língua materna. Através destes contatos desde a infância, o aluno possa formular uma concepção de língua muito próxima do que ela representa. Daí, a importância dos pais em acompanhar o desempenho desses alunos, sempre comparecendo aos momentos propícios à informação acerca do processo de ensino e aprendizagem, para que possam de forma direta ou indireta contribuir na formação do discente. Tanto a escola quanto a família são intermediadores indispensáveis na evolução do sistema de linguagem, sendo eles os primeiros a proporcionarem à criança momentos de interação com livros, jornais, revistas e outros materiais que conduzam a tal processo.
Contudo, pode-se dizer que a escola, a família e o meio social são fatores contundentes para o progresso ou fracasso dos envolvidos neste processo de aquisição, e relevantes no entendimento de uma linguagem propícia, que possibilite o uso concreto nas várias situações. É preciso que todos os envolvidos neste processo, percebam e descubram que o meio social e cultural da linguagem, sua importância, suas variedades, suas diferenciações sejam possibilidades para construção de consciências, que não existe apenas uma linguagem tida como "certa". O importante é conhecer as diversas dimensões que cercam a nossa língua materna, entendendo a produção de sentido como expectativa e necessidade para o próprio crescimento educacional e humano.

4- Referências Bibliográficas

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: Encontro e Interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetro Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa ? Brasília: MEC/SEF, 1998.

LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 3ª ed. Brasília: Subsecretaria de edições técnicas, 2006.

POSSENTI. Sírio. Por Que (Não) Ensinar Gramática na Escola. 6ª Reimpressão. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2000.

SOARES, Magda. Linguagem e Escola: Uma Perspectiva Social. 13. Ed. São Paulo: Ática, 1995.