Refletindo Sobre as Causas da Evasão no EJA
Por João Batista Almeida do Nascimento | 28/11/2023 | Educação
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI
REFLETINDO SOBRE AS CAUSAS DA EVASÃO NA EJA
JOÃO BATISTA ALMEIDA DO NASCIMENTO
MACAPÁ – AP
2016
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI
REFLETINDO SOBRE AS CAUSAS DA EVASÃO NA EJA
JOÃO BATISTA ALMEIDA DO NASCIMENTO
Artigo científico apresentado a FAVENI como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação de Jovens e Adultos - EJA
MACAPÁ – AP
2016
REFLETINDO SOBRE AS CAUSAS DA EVASÃO NA EJA
João Batista Almeida do Nascimento[1]
RESUMO
O referido estudo está voltado para a investigação das principais causas da evasão na Educação de Jovens e Adultos (EJA), assim como as principais dificuldades e necessidades enfrentadas pelos jovens e adultos quando buscam o retorno e permanência nos estudos. A pesquisa foi realizada em três escolas da rede estadual de ensino de Macapá-AP, por meio de questionários que buscavam evidenciar os maiores problemas enfrentados pelos alunos e foram destinados á profissionais da área, coordenadores pedagógicos e alunos; além da análise comportamental observada no decorrer do mês de junho de 2016. Em suma através do estudo foi verificado que o processo educacional mesmo com leis que amparem o educando do EJA e sua permanência educacional, ainda apresentam gravíssimas falhas que poderiam ser evitadas se houvessem políticas voltadas para ouvir e resolver tais problemas, ou até com profissionais habilitados para essa função, capazes de conscientizar com coragem e determinação os alunos.
PALAVRAS-CHAVES: EJA, evasão, trabalho, dificuldades, educação.
INTRODUÇÃO
É inegável que a educação é a base de todos os seguimentos sociais, desta forma é de suma importância que todos tenham acesso e condições de permanência no sistema educacional, proporcionando educação de qualidade que insira todos de forma geral, porém, o que ainda se presencia é um grande número de pessoas fora do sistema educacional, como comprovam dados do SIS (Síntese de Indicadores Sociais) que mostra que os maiores índices se concentram na população idosa, em camadas de menores rendimentos na região nordeste.
No período de 2007 a 2014 foi mantida a tendência de declínio das taxas de analfabetismo e de crescimento da taxa de escolarização do grupo etário de 6 a 14 anos e do nível de educação da população. O diferencial por sexo persistiu em favor da população feminina. O nível de instrução cresceu de 2007 para 2014, sendo que o grupo de pessoas com pelo menos 11 anos de estudo, na população de 25 anos ou mais de idade, passou de 33,6% para 42,5%. O nível de instrução feminino manteve-se mais elevado que o masculino. Em 2014, no contingente de 25 anos ou mais de idade, a parcela com pelo menos 11 anos de estudo representava 40,3%, para os homens e 44,5%, para as mulheres.
(http://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao.html).
Entende-se desta forma que a alfabetização tem também o papel de promover a participação em todos os campos sociais, além de ser um requisito básico durante toda a vida. Assim, a EJA é vista como uma das oportunidades de estudar, aprender e fazer com que as pessoas se tornem parte ativa de uma sociedade cada vez mais ativa de uma sociedade cada vez mais exigente e competitiva que exige conhecimentos e habilidades específicas e atualizadas. Mesmo com tantos motivos para o progresso educacional muitas pessoas acabam desistindo de seus sonhos, ou seja, acabam se evadindo, e o recomeço aos estudos requer muito cuidado e atenção dos envolvidos no processo.
Desde modo a Educação de Jovens e Adultos se justifica não só pela entrada no círculo de direitos civis pela restauração de um direito negado, o direito a uma educação de qualidade, mas também pelo reconhecimento da igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. Com relação á importância da educação no contexto social, Saviani (2005) afirma que a educação é a promoção do homem na sociedade, em seu entendimento promover o homem significa liberta-lo de toda e qualquer forma de dominação, superando a visão de sociedade em classes antagônicas e eliminando a ideia incoerente de que a educação é um privilégio da classe dominante, ou seja, aquela que tem maior poder aquisitivo.
Desta forma a Educação de Jovens e Adultos é vista como uma chave indispensável para o exercício da cidadania que vai se impondo cada vez mais nesses tempos de grandes mudanças e inovações nos processos produtivos, possibilitando o retorno de potenciais, o desenvolvimento de habilidades, confirmação de competências e um nível técnico e profissional qualificado para aquele que está retornando á escola. (SOARES, 2002)
Com base nesta linha de raciocínio a EJA torna-se uma promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento, onde adolescentes, jovens, adultos e idosos poderão atualizar conhecimentos, mostrar habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas regiões de trabalho e cultura e acima de tudo uma promessa de qualificação de vida, inclusive para os idosos que tem muito a ensinar para as novas gerações. (SOARES, 2002)
Portanto, percebe-se a necessidade de uma educação de qualidade em que todos sejam inseridos indistintamente, causando a promoção de toda a sociedade, nesse contexto surgiram inquietações sobre a Educação de Jovens e Adultos e os motivos pelos quais a evasão é provocada. É preciso que a sociedade compreenda que os alunos da EJA vivenciam problemas, preconceitos, vergonha, discriminação, críticas, entre outros fatores que enfraquecem a vontade de inserção no processo de ensino, e o pior é muitas das vezes isso acontece até mesmo em família, e a sociedade em geral acaba por esquecer que a EJA é uma educação possível e capaz de mudar positivamente a vida de muitas pessoas.
REFLETINDO SOBRE AS CAUSAS DA EVASÃO NA EJA
2- A IMPORTÂNCIA DA EJA NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO:
No Brasil e em outras áreas da América Latina, a Educação de Jovens e Adultos viveu um processo de amadurecimento, que veio transformando a compreensão que se tinha dela poucos anos atrás. Atualmente é percebida como Educação Popular, pois, na medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências á sensibilidade e á competência cientifica dos educadores. A Educação de Jovens e Adultos tornou-se mais abrangente, pois, tem sido popularizada especialmente por Organizações internacionais como a UNESCO, para referir-se a uma área especializada da educação.
Moacir Gadotti em seu livro Educação de Jovens e Adultos – Teoria, prática e proposta (2011), afirma que a Educação básica de jovens e adultos é aquela que possibilita ao educando ler, escrever e compreender a língua nacional, o domínio dos símbolos e das operações matemáticas básicas, dos conhecimentos essenciais das ciências sociais e naturais, e o acesso aos meios de produção cultural, entre os quais o lazer, a arte, a comunicação e o esporte.
O conceito de EJA (Educação de Jovens e Adultos) amplia-se ao integrar processos educativos desenvolvidos em múltiplas dimensões: a do conhecimento, das práticas sociais, do trabalho, do confronto de problemas coletivos e da construção da cidadania.
A EJA ultrapassa o âmbito das ações que se desenvolvem na escola, acontecendo nos movimentos sociais, como por exemplo, nos sindicatos, associações de bairro, conselhos de moradores, comunidades eclesiais de base, movimentos dos sem terra e comissões interinstitucionais de saúde, entre outros.
Essa educação permite a compreensão da vida moderna em seus diferentes aspectos e o posicionamento crítico do individuo face á sua realidade. Deve ainda propiciar o acesso ao conhecimento socialmente produzido que é produzido da humanidade. A realidade da demanda potencial por EJA é tão grave que ultrapassa o próprio ensino regular, ademais, repete-se neste tipo de educação, a seletividade e exclusão características desta modalidade de ensino.
A procura por escolarização varia muito entre zonas rurais e urbanas, regiões geográficas, faixas etárias e sexo, sendo afetadas pela estrutura setorial do emprego e a competitividade do mercado de trabalho social. Para definir a especificidade da EJA, a escola não pode esquecer que o jovem e adulto é as vezes um trabalhador – ás vezes em condição de subemprego ou mesmo desemprego – e que está submetido a circunstâncias de mobilidade no serviço, alternância de turnos de trabalho, cansaço, etc.
Atualmente a função da EJA não é somente de alfabetizar, mas também a preparação para o mercado de trabalho que exige uma aprendizagem contínua para a vida toda, contemplando dimensões individual, profissional e social. No campo individual o ser humano passa a ser visto como um ser completo, que tem capacidades e busca seus ideais; já o profissional está ligado à necessidade que o ser humano tem de se atualizar na profissão almejada com qualificação; enquanto que o social exige a capacidade de viver em grupo e de se relacionar, o ser humano passa a ser ativo e participativo, com acesso a informações.
Portanto deve-se levar em conta a diversidade destes grupos sociais, já que esta população chega á escola com um saber próprio, elaborado a partir de suas relações sociais e dos seus mecanismos de sobrevivência. O contexto cultural do aluno trabalhador deve ser a ponte entre seu saber e o que a escola pode proporcionar, evitando assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão, mas esta não deve ser vista como uma reposição da escolaridade perdida como normalmente se configura os cursos acelerados nos moldes do supletivo, e sim uma construção da identidade, sem concessões á qualidade de ensino e propiciando uma terminalidade e acesso a certificados equivalentes ao ensino regular.
2.1 – Síntese Histórica da EJA:
A história da Educação de Jovens e Adultos inicia desde o período do Brasil colônia, porém neste momento fazia referência à população adulta e era destinada a doutrinação religiosa, o que influenciava uma fragilidade na educação acarretando certo descaso por parte dos governantes. No período do Brasil Império surgem as primeiras reformas educacionais como o objetivo de inserir adultos na educação e a criação do período noturno nas escolas. Já no inicio do século XX inicia-se um processo de incentivo da educação de adultos, que visavam a valorização da língua falada e escrita, e consequentemente a alfabetização.
Em 1945 com o final da ditadura de Vargas e da criação da UNESCO, iniciou-se um movimento de fortalecimento da democracia no país, com o lançamento de campanhas voltadas para a educação de Adultos, que pode ser dividida em três períodos, o primeiro de 1946 a 1958, que foi um período marcado por campanhas nacionais de iniciativa oficial com o objetivo de erradicação do analfabetismo; em 1958 foi realizado o segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos, tendo a participação marcante de Paulo Freire, este congresso abriu oportunidades abriu oportunidades para a produção de um Plano Nacional de Alfabetização dirigido por Paulo Freire e extinto pelo Golpe de Estado de 1964.
O terceiro período de enquadra dentro desse contexto, em 1967 o governo assumiu o controle da alfabetização de adultos, com a criação do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) voltado para a população de 15 a 30 anos, com o objetivo de propiciar a alfabetização funcional, com a aquisição de técnicas de leitura e cálculo, mas em 1985 foi extinto e em seu lugar foi criado Fundação Educar. Em 1974vo MEC propôs a implantação do Centro de Estudos Supletivos (CES) Para consolidar tais atitudes, em 1996, a nova LDB 9334/96 (Leis de Diretrizes e Bases da Educação) propôs em seu artigo 3º a igualdade de condições para o processo e permanência na escola, gerando um maior compromisso do setor público com o EJA. Ainda na década de 90 surgem os Fóruns, como espaço de encontros e ações com parcerias entre os segmentos envolvidos nessa área e o poder público, com o objetivo de trocar experiência e diálogos entre as instituições e até hoje contribuem para a discussão e o aprofundamento do que seja o EJA no Brasil.
2.2 – Revisão teórica
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um tema defendido por vários teóricos na educação atual, porém, para embasar esta pesquisa foram utilizados ideais de alguns destes, como Paulo Freire, que é um dos precursores da educação, este afirma que a Educação de Jovens e Adultos deve ser popular e comunitária voltada para jovens e adultos que estão fora da faixa etária, procurando uma política educacional como forma de suprir tal demanda que, outrora, encontra-se aquém, Freire vê a educação como um fenômeno social capaz de mudar a realidade de um país:
Não é possível ser gente senão por meio de práticas educativas. Esse processo perdura ao longo da vida toda, o homem não para de educar-se, sua formação é permanente e se funda na dialética entre teoria e prática. A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, e os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo. (FREIRE, 2000, P. 40).
Não contrapondo esta ideia, surge a declaração de Hamburgo, que entre outras coisas defende, que:
A educação de Jovens e adultos torna-se mais que um direito: é a chave para o século XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao dialogo e á cultura de paz baseada na justiça. (SESI/UNESCO, 1999, 67p).
Em seu livro “A Educação de Jovens e Adultos”, Leôncio Soares (2002) afirma que a EJA tem a tarefa de propiciar a atualização de conhecimentos por toda a vida, o que se pode presumir que seja um apelo para a educação permanente e criação de uma sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade, em outras palavras que seja realmente dirigida as necessidades sociais modernas comtemplando todos os cidadãos interessados.
Em “História da Pedagogia”, Cambi (1999), afirma que a educação em geral destina-se a formar indivíduo ativo na sociedade, liberado de vínculos e de ordens do mundo em que vive, um indivíduo que esteja disposto para novas experiências em função do controle e da formação intelectual ocupando um lugar cada vez mais central na sociedade.
Celso Beisiegel (1989) despertou muita polêmica ao definir a Educação de Jovens e Adultos como Educação popular, já que como tal, tanto pode derivar de iniciativas estatais ou particulares, conservadoras ou transformadoras, porque sua substância e centralidade estão no atendimento das camadas populares.
Nos termos do conceito e Beiseigel, a necessidade dos avanços, tanto no sentido da ampliação da cobertura das populações ainda marginalizadas da escolarização, quanto no de qualificar, pedagogicamente, a “educação popular” voltada para os interesses populares. E o momento legislativo é rico em virtualidades, pois, a gestação do projeto LDB, com todas as dificuldades arquitetadas nas manobras elitistas e reacionárias, é rica em virtualidades propiciadas desses avanços. Desta forma Moacir Gadotti (2011) afirma:
“Queremos destacar, primeiramente, que não se pode perder a oportunidade de se definir, de uma vez por todas, a educação de jovens e adultos como parte constitutiva do sistema regular de ensino que propicia a educação básica, no sentido da prioridade de que ele deve ser alvo, com todos os componentes estruturais, por parte das autoridades e da população. Por outro lado, a de se destacar a qualidade de que se deve revestir a educação de jovens e adultos. Ela não pode ser colocada paralelamente ao sistema, nem como forma compensatória, nem como forma complementar, mas como modalidade de ensino voltado para uma clientela específica”.
Por isso, mais do que nunca, a educação básica de jovens e adultos trabalhadores se coloca como uma das mais estratégicas formulações para a possível transformação e, no limite, revolução da sociedade injusta, discriminatória, meritocrática e elitista em que vivemos.
2.3- A EJA e a legislação:
Segundo o site: http://eja-profcicerobarbosa.blogspot.com.br (acesso em 21/08/2016 às 10h25min) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) estabeleceu no capítulo II, seção V a Educação de Jovens e Adultos. Diz o artigo 37: “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. Essa definição da EJA nos esclarece o potencial de educação inclusiva e compensatória que essa modalidade de ensino possui.
Ao ser estabelecido na LBD a EJA ganhou força e tornou-se uma política de Estado de modo que hoje o governo brasileiro investe e incentiva essa modalidade educacional como possibilidade de se elevar o índice de ensino da população, principalmente, daqueles que já mencionados nela não tiveram acesso ou possibilidade de estudos. Com isso vemos que além de ser uma política educacional, a EJA é principalmente uma política social. Ela dará condições para que os alunos melhorem suas condições de trabalho, melhorem a sua qualidade de vida e com isso sejam respeitados na sociedade. (http://eja-profcicerobarbosa.blogspot.com.br, acesso em: 21/08/2016; às 10h31min).
Cabe ao governo, de acordo com o parágrafo segundo do artigo 37 da referida lei, estimular o acesso da população a essa modalidade educacional e oferecer condições de funcionamento dignas para que sejam de fato efetivados os seus objetivos que são os de inclusão social e melhoria da qualidade de vida pessoal e profissional dos educandos. Além da oferta do ensino fundamental e médio, também é possível a integração da EJA a cursos da Educação Profissional possibilitando assim ao aluno além de alcançar o nível de ensino que ele deseja (fundamental ou médio) uma qualificação profissional para atuar no mercado de trabalho. (http://eja-profcicerobarbosa.blogspot.com.br, acesso em: 21/08/2016; às 10h35min).
A seção IV do substitutivo “Darcy Ribeiro” afirma que:
Art. 32. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
Parágrafo único - Os sistemas de ensino assegurarão aos jovens adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, levando em conta características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
Art. 33. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§1º Os exames a que se refere o caput deste artigo se realizarão:
- Ao nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
- Ao nível de conclusão do ensino médio, para maiores de dezoito anos.
§ Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
O cap. XI do Substituto “Cid Saboia”, da educação de jovens e adultos trabalhadores afirma que:
Atr. 47. A educação básica pública oferecerá alternativas adequadas às necessidades da população trabalhadora jovem e adulta, que serão reguladas pelo respectivo sistema de ensino.
Parágrafo único – As alternativas referidas neste artigo incluirão, no mínimo:
- Disponibilidade de aparelhagem e demais condições para recepção de programas de tele-educação no local de trabalho, em empresas e órgãos públicos com mais de 100 empregados.
- Oferta regular de ensino noturno, entendendo como tal oferecido a partir das dezoito horas, nos mesmos padrões de qualidade do diurno, e em escola próxima ao local de trabalho ou residência.
- Alternativas de acesso a qualquer série ou nível, independentemente de escolaridade anterior, sem restrições de idade máxima, mediante avaliação dos conhecimentos e experiências, admitida, quando necessária, a prescrição de programas de estudos complementares em paralelo.
- Conteúdos curriculares centrados na prática social e no trabalho e metodologia de ensino-aprendizagem adequada ao amadurecimento e experiência do aluno.
- Matricula facultativa em educação física, no período noturno.
- Organização escolar flexível, quanto à matrícula por disciplina e outras variações envolvendo os períodos letivos, a carga horária anual e o número de anos letivos dos cursos.
- Professores especializados.
- Programas sociais de alimentação, saúde, material escolar e transporte, independentemente do horário e da modalidade de ensino, financiados com recursos específicos.
- Outras formas e modalidades de ensino que atendam a demandas dessa clientela, nas diferentes regiões do país.
Art. 48. O poder público viabilizará e estimulará o acesso e permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si, que incluirão:
- Ações junto aos empregados, mediante processos de negociação com os trabalhadores, fiscalizando o cumprimento das normais legais, e ciando incentivos e estímulos, inclusive de natureza fiscal e creditícia, para empresas que facilitem a educação básica de seus empregados.
- Ações diretas do Estado, na condição de empregador, por si e por suas entidades vinculadas e empresas públicas.
Parágrafo único – O valor das bolsas de estudo e outros benefícios educacionais, concedidos pelos empregados, não será considerado, para nenhum efeito, como utilidade e parcela salarial, não integrando a remuneração do empregado para fins trabalhistas, previdenciários ou tributários.
2.3- Principais fatores que provocam a evasão na EJA
Poderia elencar aqui vários fatores que favorecem a evasão na EJA de acordo coma pesquisa realizada em três escolas da rede estadual de ensino em Macapá, as quais serão denominadas de Escola 1, Escola 2 e Escola 3; como raça, gênero, classe econômica, faixa etária e/ou escolaridade, porém existem muitos outros fatores que favorecem a evasão e que influenciam direta e significativamente como falta de interesse, principalmente nos jovens pesquisados na faixa etária de 15 a 17 anos, este foi a principal causa observada nas pesquisas realizadas.
Entre os fatores em destaque cita-se a questão racial onde a maioria dos desistentes está presentes na raça negra; entre os gêneros 70% são homens e 30% são mulheres; de acordo com a classe econômica sua grande totalidade está na classe pobre; a faixa etária varia entre 15 a 21 anos e inicia a partir da 5ª série do ensino fundamental, além de ações do cotidiano como o cansaço físico e/ou mental proporcionado pela jornada ou o tipo de trabalho, doenças próprias ou de familiares, gravidez não planejada, ciúmes dos conjugues, outros fatores que vão além da sala de aula e do ambiente escolar; porém, entre os fatores que mais se destacou temos a falta de interesse pelos estudos, onde a maioria deixa levarem-se pela criminalidade ou mudanças de endereço, entre outros.
3 - METODOLOGIA.
A pesquisa foi realizada em três Escolas Estaduais de Macapá-AP, mantidas pela Secretaria de Educação do Amapá, ambas apresentam ensino fundamental, médio, EJAS segunda e terceira etapa. A realidade financeira da clientela escolar são famílias carentes, pais desempregados, mães solteiras que não possuem renda fixa, outras que trabalham como domésticas para sustentar suas famílias.
O método utilizado foi a pesquisa de campo, onde busca-se muito além de observar os fatos e coletar o que ocorre na realidade pesquisada, assim como analisar dados com base em uma fundamentação teórica e sólida.
A pesquisa foi realizada em duas etapas, a primeira se destinou ao levantamento dados e observação do cotidiano escolar dos alunos e a vivência em sala de aula (como comportamento e relacionamento de alunos e/com professores), a segunda etapa fez-se a aplicação dos questionários, onde as perguntas buscavam examinar entre outras coisas, as maiores dificuldades para permanecer na escola, problemas familiares, relacionamento escola x aluno x professor, estrutura e espaço físico das escolas, metodologias aplicadas na construção do conhecimento e principais motivos de evasão.
4 - DISCURSSÃO DOS RESULTADOS.
As três escolas onde foram realizados os questionários, serão denominadas aqui de Escola A, Escola B e Escola C.
Em análise da Escola A constatou-se que a mesma tem um quantitativo de 1500 alunos, distribuídos em 14 turmas de ensino fundamental, 6 turmas de ensino médio e 3 turmas de EJAS médio e 4 EJAS fundamental. Em observação ao comportamento dos alunos da EJA constatou-se interesse e participação nas aulas, porém obtém um pouco de dificuldades para interpretação de textos. Com relação às suas dificuldades para permanência na escola o fator que mais influencia é a conciliação entre escola x trabalho que associada ao cansaço gera desinteresse nas aulas. Com relação á estrutura e espaço físico da escola o maior questionamento dos alunos é com relação á falta de conforto, visto que cada sala só apresenta mais ou menos 2 ou 3 ventiladores que funcionam. Não houve reclamações quanto às metodologias das aulas. Portanto, nesta escola constatou-se que a principal causa de desistência é o cansaço físico e emocional associados à jornada e tipo de trabalho.
O levantamento de dados da Escola B verificou-se que são 1495 alunos, distribuídos em ensino fundamental, médio e EJA, onde são três turmas noturnas voltadas ao EJA. Em análise a essas turmas verificou-se que não houveram reclamações quanto as metodologias aplicadas em sala; a estrutura da escola satisfazem as necessidades dos alunos; o relacionamento professor x aluno não houveram reclamações; alguns problemas familiares interferem no desempenho dos alunos; mas o que mais preocupou foi a dificuldade em conciliar trabalho x estudos, que torna-se o grande fator de evasão, pois, chegam cansados e geralmente não conseguem prestar atenção ou se concentrar nos estudos e muitas vezes se veem obrigados a desistir dos estudos para prover o sustento familiar.
A Escola C talvez por ter uma grande estrutura e boa localização, apresenta um quantitativo de 1879 alunos distribuídos em séries do fundamental, médio e EJA, surpreenderam pelos resultados. As turmas de EJA sempre lotadas e questionadoras influenciam muito na metodologia do professor; participam diretamente de todas as aulas com inquietações, questionamentos e até sugestões; atitude que nem sempre é bem vinda pelos professores; a localização e estrutura da escola agrada a maioria dos alunos, dos 35 alunos em uma sala somente dois desistiram por problemas familiares, nas outras duas turmas não houve desistência até o momento. Desta forma a maior dificuldade encontrada foi com relação ao relacionamento professor x aluno; onde muitas das vezes as reclamações das turmas não são bem vistas pelos mestres, mas não influencia a evasão até o momento.
5 – CONCLUSÃO.
Diante dos fatores analisados, chega-se a conclusão que são as inúmeras dificuldades encontradas por pessoas na EJA, e por isso esta clientela necessita de um atendimento especial e diferenciado, pois, apresenta especificidades que devem ser levadas em consideração para fazer com que esses alunos permaneçam tempo suficiente na sala de aula, tornando-os cidadãos ativos e participativos na sociedade.
Portanto, verifica-se desta forma que as maiores dificuldades que provocam a evasão estão relacionadas à conciliação trabalho x estudos; já que se trata de uma rotina cansativa e cheia de responsabilidades onde o cansaço físico e psicológico atrapalha, o que acaba ocasionando uma grande carga de estresse. Esse fator acaba sobrecarregando as pessoas, que às vezes não conseguem fazer as duas coisas com a mesma qualidade se tivessem que realizar apenas uma das tarefas.
Os psicólogos educacionais consultados orientam que se busque reservar um momento durante o dia para que a pessoa possa voltar as suas necessidades com outro gás e aliviar as tensões e o estresse. Além de buscar se organizar de modo que não se deixe uma tarefa interferir no desempenho da outra, recomenda-se também que a pessoa tenha foco, disciplina e força de vontade.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado e educação popular: um estudo sobre a educação de adultos. 1ª ed. São Paulo: Pioneira, 1974.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia - São Paulo, UNESP, 1999.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 24ª ed. Rio de janeiro, Paz e Terra. 2000.
GADOTTI, Moacir; ROMÃO, José E. Educação de jovens e adultos – Teoria, prática e proposta. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
SOARES, Leôncio José Gomes. Educação de Jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
UNESCO, MEC. Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos - V CONFINTEA. Brasília: MEC, 1999.
http://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao.html, (acesso em 20/07/2016 às 21h25min).
http://eja-profcicerobarbosa.blogspot.com.br, (acesso em: 21/08/2016; às 10h31min).
http://eja-profcicerobarbosa.blogspot.com.br (acesso em 21/08/2016 às 10h25min).
[1] Professor da rede estadual de ensino e cursos técnicos profissionalizantes, Especialista em Gestão e Docência do Ensino Superior e Bacharel em Administração.