Refletir sobre a relação homem e mulher: na perspectiva...

Por Roberto caetano alfredo | 15/05/2017 | Filosofia

Refletir sobre a relação homem e mulher: na perspectiva de Aristóteles, Rousseau e lévinas na sociedade Moçambicana

UNVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

 Faculdade de Filosofia

 

 Na época clássica: a concepção do homem e mulher 

O tema da mulher e do feminismo são poucos trabalhados a serem desenvolvidos na tradição filosófica. A partir da antiga Grécia com excepção de alguns Filósofos tem observado as mulheres de modo extremamente negativo verifica-se com Platão e Aristóteles que foram os principais pioneiros, a delimitar procedimentos que são marcas do cotidiano. Na visão de Alves e Ferreira (1988: 32) debruçam que para Platão em "O Banquete" a origem da humanidade a partir do mito e amor que abordam três géneros primitivos, andrógino, o masculino e o feminino, sendo assim dá os primeiros passos para o estatuto ontológico e ético da mulher feministas. Platão enfatiza a igualdade. Diferentemente de Aristóteles em "A política" promove a diferença, a mulher é uma espécie de desvio relativamente a um tipo mais perfeito que se concretiza no homem. "O homem é a medida da humanidade e a mulher é uma falha, tomando como partida a oposição dualista masculino e feminino, concretizada assemelhando com os seguintes opostos mestre/escravo; marido/mulher; pais/filho, racional/irracional e forma/ matéria". Neste contexto a mulher é uma espécie de desvio relativamente a um tipo mais perfeito que se concretiza no homem, ou seja, a mulher é uma privação, passiva e incapaz de controlar as suas paixões. Conforme as análises a mulher representava uma forma inferior de humanidade que perdurou durante bastante tempo até Kant e Freud.

A relação do homem e mulher na época moderna 

Na perpectiva de FERREIRA, Maria L. R. (2012), afirma que, por volta do século XX esta situação compreendeu alterações com base na leitura que permitem uma visão diferente das suas teses, nomeadamente no que respeita à consistência interna das mesmas, isto é, uma mutação nas relações entre a filosofia e as mulheres, assim surgem os movimentos feministas que então ganham força, sobretudo nos EUA, França, Inglaterra, entre outros países. Pelo feminismo designa-se um conjunto de movimentos diversificados que se manifestam em reflexões e actuações sobre a situação das mulheres com o objectivo de compreender a condição feminina, de forma geral os direitos da mulher, tendo como fim último denunciar abusos, identificar preconceitos e anular injustiças. As concepções divulgadas no século XVII reforçaram a imagem da mulher como um ser sem vontade própria. "…das mudanças manifesta-se em novas maneiras de apreciar o pensamento dos filósofos, é que Rosseau lutou pela liberdade e igualdade de género" ROUSSEAU Apud GASPARI, (2003: 29). As mulheres devem pretenderem ser mãe, dado que Emílio é o Homem e a Sofia como a Mulher, na sua obra O Emílio ou Da Educação destaca os limites do seu pensamento, sobretudo, no que se refere às relações sociais de sexo, isto é, lutar pela liberdade e igualdade.

Pressupostos éticos para o bom senso entre a diversidade de género em Moçambique

Em prol das sociedades moçambicanas como acima realçou-se, em particular com Platão e Rousseau as mulheres compreendem essas propriedades que são liberdade e igualdade, mesmo assim verifica-se ainda algumas disparidade em relação ao consenso entre homens e mulheres, com isso para que ambos não se contradigam e cause efeitos negativos, as mulheres e os homens devem dialogar muito mais para que possam ainda contornar os ânimos, emoções de modo que, mantenham boas relações isso é, confiança, amizade acima de tudo uma boa família. Porque é do diálogo que os mesmos podem chegar ao consenso, o que na visão de Habermas chamara de agir comunicativo, que consiste em falar com, diferentemente de o agir estratégico que consiste em falar para.

A relação homem e mulher não deve ser do agir estratégico porque dessa poderá houver vários atritos em que na óptica de Morin chamaria de turbulência. Nesta perspectiva há necessidade de se recorrer ao paradigma do pensamento complexo para que não se desaguem em efeitos colaterais. Segundo Edgar Morin (2002: 33) com "O paradigma de complexidade" a compreensão da complexidade do real, isto é, é necessário compreender o limite do outro, para melhor haver o diálogo entre as partes, o diálogo é um meio fundamental para se compreender a natureza do real sem que a organização do pensamento faça emergir acções mutiladoras. Uma comunicação proporciona um entendimento sem que as acções sejam não boas. Nesta ordem de ideias para Levinas, afirma que "o ser é compreendido como busca para se manter no ser” o ser sugere por razões do outro por modo de ser, a alteridade, que escondida no pensamento e nas vivências de nossa cultura, se apresenta como fundamento do convívio ético, capaz de reconhecer a exterioridade do rosto do outro ou a cara do outro, como afirma Levinas:

A relação com o Outro, consiste em dizer o mundo ao Outro. A generalidade da palavra instaura um mundo comum. O acontecimento ético, situado na base da generalização, é a intenção profunda da linguagem. "Assumir a responsabilidade por outrem é, para todo homem, uma maneira de testemunhar a glória do Infinito, de ser inspirado” (LÉVINAS, 1988: 107). A transcendência não é uma óptica, mas o primeiro gesto ético, para ficar nos termos do diálogo entre os dois, a ideia de uma ética como filosofia primeira, a entender essa ética como um tipo de relação com o outro, uma relação de responsabilidade que afirma a diferença ética, a qual não permite nenhum tipo de totalitarismo. “O próximo que me obsessiona é já rosto, comparável e incomparável ao mesmo tempo, rosto único e em relação com outros rostos, precisamente visível na preocupação pela justiça” (LÉVINAS, 1978; 246).

O eu deve estar em correlação com o outro assim “a ética passa a ser entendida como o fundamento do relacionamento isto é, na resposta ao outro humano, o Eu se torna bondade”. Com base neste ponto de análise pode-se constatar, que é necessário que por meio do paradigma complexo na visão de Edgar Morin, o diálogo faça se consentir o espirito de compaixão, um para com o outro isso é, considerar o outro como sua própria pessoa, por ser importante como ela é, e compreender uma função natural que é a vida, porém, persistir no diálogo como fundamento único de modo a responder os problemas que iram apoquenta-los, como meio de possível entendimento, assim como forma de exceptualizar, e proporcionar acções mutiladoras para com o outro. Neste caso é necessário compreender a complexidade, no seu todo tendo em conta, os limites das atitudes do outro ou outra para que, mas fácil possa se compreender essa diversidade do real, atendendo e considerando que a mesma, é diferente da outra, acima de tudo haver respeito, como bem afirma Hans Jonas em "O princípio de responsabilidade ética" que a prudência é um dos pressupostos para éticos.

Produzido por: Roberto Caetano Alfredo