Redondilhas e outros poemas
Por António Lourenço Marques Gonçalves | 25/02/2014 | PoesiasASPALAVRAS DAS IMAGENS 14
REDONDILHAS E OUTROS POEMAS
(Reunião de mais poemas que ilustraram algumas das minhas fotografias, em particular sobre os sítios, publicadas no facebook, durante os últimos meses)
(A) penas...
Ah! como a medicina caminha!
À doença nua e pura
Que a ciência diz sozinha
Enfrenta-a, e com bravura!
Quando é o ser que sucumbe,
À doença farta e dura
Ou faz de conta e confunde
Ou nada porque não cura!
Breve de S- Pedro de Vir a Corça:
Podia o sino,
se ainda lá estivesse,
não digo dar as horas -
p´ra que servem elas? -
mas tanger às vezes
que o silêncio dura
tão duro!
Oh se os meus sentidos,
sem ruído assim,
soubessem ser vigília:
armassem sentinelas!
Subir aquele monte…
Subir aquele monte,
oh Deus!
não é cansado,
que esteja.
Ao jugo:
"Alto! Calvário?"
a força cresce
e sobeja!
Exemplos
Tantos conselhos ouviu!
Tempo longo
p´ra ser cauto.
Oh!
velho e sapiente?
Um jovem, porém, chegou.
Sabia mais. Mais prudente.
Vinham-lhe aos lábios exemplos.
Exemplos vistos…
… exemplos.
Meta da volta a Portugal frente à estátua de Amato Lusitano
Meta do giro bípede
Que em Portugal anda em volta:
A estátua
do meu Amato
lembra ali,
que o giro, enfim,
mais fecundo
e com saber,
dá volta,
vai pelo Mundo.
Tem outra força
e solta.
Vista de Castelo Novo
Oh como o ninho
agora se acomoda!
Os campos ao longe
já turgem plenos de águas.
Ficam-lhe as rochas
chegadas com seu musgo
verdinho.. sedoso...
Acaso temem fráguas?
Muralhas de Castelo Branco
Velhas, se calha,
as muralhas
adornam-se
lembrando assaltos
batidos.
Ou foram mesmo batalhas?
Dos dois lados houve saltos.
Vejam porém mais afrontas:
ataques tão fementidos
que as adargas mesmo prontas
nem valem...
tais os bandidos!
À vista da Igreja dos Mártires e da casa onde nasceu Pessoa
‘Ó sino da minha aldeia’
choroso, sim!
Não vi já o Pessoa
que te sentiu de voz cheia.
E oh! se a razão era boa!
Tocaste a alma.
Em mim,
chora, oh! da tua ameia!
Vês mar agreste e canoa
um salteador, terra alheia,
e um rumo que detesto…
à toa.
Vida que passa…
Ah o relógio da clepsidra!
Seu tempo não tem segundo
Tal como a vida que passa!
Atesta de um lado a medida
Que sobe e estreita do fundo,
Enquanto do outro se gasta.
Está cheia quando esvaída.
Vista de Castelo Novo, com as nuvens baixas
O silêncio é oiro sem medida?
Depois do vento,
os frágeis limbos maduros
ficarão caídos
a amaciar meus passos.
Além terei linimento.
Além, Lourenço!
E os rogos
p’lo alto
serão ouvidos
com fala
ou em silêncio?
As rosas do Natal
cercaste, firme, este frio
e a míngua que ultraja a nudez;
abriste as pétalas sedosas
p’ro Menino
cuidaste a vez
com cores as mais vistosas
- amarelas quentes… vermelhas -
teces o manto mais puro;
oh! Mãe,
cobre o Menino com elas;
floriram com tanto frio
na Noite Santa, desnuda,
para aos homens darem o exemplo
que é sempre tempo de ajuda!
Portugal
O Portugal
que espera
venturas
e outro mundo -
as ditas, como outrora, “presentes” ou promessas,
e o dito, a sério –
pode,
sentido ou iracundo,
confiar do além
a graça das remessas.
António Lourenço Marques