Redes Sociais Sombras da Realidade
Por IVAN ROSAS DO NASCIMENTO | 29/07/2016 | SociedadeAs redes sociais chegaram para ficar. De usuários domésticos a grandes corporações, variados nichos e gerações e renderam-se aos seus encantos. Um fenômeno que magnetiza cada vez mais milhões de usuários em aumento exponencial, despertando interesse de diferentes áreas de estudos. Em nosso trabalho, a “A deriva da Informação”, destacamos um capítulo a elas, abordando o conceito da Informação através das diferentes tecnologias e sociedades.
Não precisamos sistematizar uma pesquisa para constatar o comportamento quase uníssono de sons peculiares dos aplicativos e hipnotização em massa do comportamento frente as telas.
O ingresso do indivíduo se dá de forma espontânea, modismo, curiosidade, lazer, trabalho. Seja qual for o motivo, a sedução amplifica à medida de cada inovação. Ampliação do sinal de internet, baixo custo dos aparelhos e conectividade cada vez mais presentes nos aparelhos eletrônicos, propiciam e induz a imersão nas redes. Mesmo as pessoas mais retrógradas são condicionadas a criar perfis e contas para poderem usufruírem de recursos mais completos nos aparelhos.
É importante salientar, que a união de pessoas vinculadas por interesse comum é anterior ao surgimento das interações virtuais, os adventos do fogo, da energia e outras tecnologias, facilitaram o estreitamento de grupos. União atletas, grêmios, motociclistas, rádio amadores, grêmios já orbitam sob temas diversos, para partilhar amizades, crenças e filosofias. O marco e inovação das atuais redes virtuais emerge da instantaneidade, facilidade de agregar parceiros, seletividade refinada e privacidade nas interações.
Costumes de tribos e clãs relatadas pelo antropólogo Levi Strauss1, não distanciam dos propósitos de usuários que procuram se popularizar para manter a evidência e insígnia seu grupo.
Essa alteração em nossa rotina, entretanto, pode apresentar-se como faca de dois gumes, ao resvalar a pessoa da realidade. Sabemos que não existem realidades, mas cortes e facetas diferentes da mesma. A impressão da ausência da solidão e um mundo onde tudo é perfeito, desenha um simulacro, onde tristezas, dores, doenças não tem lugar. Cria o imaginário do sim, onde a aceitabilidade de opinião supera todas a fronteiras. A desaprovação é facilmente banida com a exclusão de coparticipantes, por vezes, rompendo perspectivas morais e éticas.
A visão e uso alienado, pode-nos fazer refém de uma única verdade e fonte de informação editada com sutil juízo de seus idealizadores.
Desprender-se dos valores e passividade presente nelas, exigi que o usuário queria sair do pano de fundo para vislumbrar o que está do lado de fora da caverna. No livro sobre a Escola da Ponte2, o escritor Rubem Alves, evidencia a experiência de aprendizagens significativas livres dos costumes sociais.
O uso e aplicação racional não implica em isolarmos destes recursos, que facilitam a comunicação, divertem e mostram grande caráter utilitário, em ações sociais, produção de conteúdo, localização de pessoas e muito mais devido ao seu alcance e rápido poder de difusão. Sobretudo, equilibrar o diálogo e percepção das necessidades e anseios que devem refletir dentro e fora da rede.
1 – Lévi,Strauss, Claude. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967.
2 - ALVES, Ruben (2001). A Escola que Sempre Sonhei, sem imaginar que Pudesse Existir. Campinas-SP: Papirus.