Recursos hídricos: líquido cada vez mais precioso no planeta terra. (Parte II)
Por GILSON MARCOS PAGES | 14/05/2012 | Geografia
Recursos Hídricos: Líquido cada vez mais precioso no Planeta Terra. (parte II)
A disponibilidade de água doce no Planeta constitui num recurso estratégico nesse início de século XXI. O problema e a gestão dos recursos hídricos aparece como um dos mais graves da sociedade contemporânea e ultrapassou as fronteiras dos países e ganhou dimensões globais, constituindo um tema de alta relevância.
O Brasil é um país de dimensões continentais, é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, com cerca de 13,8% da água doce mundial, distribuída em seu território. Muitos de seus rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. Em decorrência da natureza do relevo, predominam os rios de planalto, que possuem um alto potencial para a geração de energia elétrica. Dentre os grandes rios em território nacional, o Amazonas e o Paraguai são os principais rios de planície enquanto que o São Francisco e o Paraná são os principais rios de planalto.
O problema em relação ao Brasil que os recursos hídricos não estão distribuídos igualmente no território. No entanto, se apresenta de forma muito variada nas diferentes regiões do País, sendo que: 68% dos recursos hídricos estão localizados na região Norte que possui 7% da população brasileira; 16% estão na região Centro-Oeste; 6% estão na região Sudeste, com quase 43% da população; 3% estão na região Nordeste onde habitam 29% da população, contrastando situações de abundância e de convivência com graves pressão e débitos desse recurso.
Importante destacar que o Brasil possui os dois maiores Aquíferos de água doce e potável subterrâneas do mundo, o Aquífero Guarani, localizado no Centro Leste da América do Sul. Em abril de 2010, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) confirmaram o Aquífero Alter do Chão, localizado sob os Estados do Pará, Amapá e Amazonas, o maior Aquífero do mundo em volume d'água.O primeiro se estende pelo território brasileiro, abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estendendo para os países da Argentina, do Uruguai e do Paraguai.
Comparando o Aquífero Alter do Chão com o Aquífero Guarani, é duas vezes maior em volume d'água, tendo 86 mil km³ em uma área estimada em 437,5 mil km2 e com uma espessura média de 545 metros contra 46 mil km³ pertencentes ao Aquífero Guarani. Os Geólogos estimam de que a reserva do Alter do Chão pode atender as necessidades de água de toda a humanidade por um período de 300 anos.
Em termos de exploração, o Guarani possui maior dificuldade, por estar sob uma camada rochosa, é formado por derrames de basalto ocorridos nos Períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior (entre 200 e 132 milhões de anos). É constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina). Já o Alter do Chão com predominância em seu subsolo de rochas areníticas porosas, em épocas de precipitação, a água da chuva cai no solo, penetra com maior facilidade e a areia funciona como um filtro natural, deixando a água naturalmente filtrada e com qualidade. Mesmo com a disponibilidade de água que o Brasil possuem, milhões de pessoas que habitam no vasto “polígono seco”, uma região semi-árida que abrange nove estados e 940.000 Km² do Nordeste, experimentam regularmente faltas de água crônicas que afetam a qualidade e as condições de vida, seja humana, animal e vegetal. O processo de urbanização das cidades brasileiras acelerou-se na última etapa da modernidade, causando risco e vulnerabilidade socioambiental, na perspectiva da interação entre os recursos hídricos, gerando desafios à gestão quanto à criação de legislação específica e interdisciplinar. A água constitui um recurso crucial e limitante, tanto à vida quanto ao desenvolvimento das sociedades. O acesso a esse recurso, nas cidades grandes e médias do Brasil, tem se tornado um fator preocupante devido às demandas decorrentes das pressões, aliados aos desperdícios, a contaminação por esgotos, produtos químicos, lixo, e outras formas de poluição, causando escassez do líquido, constituindo uma ameaça para a saúde pública reduzindo a quantidade de água disponível para consumo humano.
As tendências ambientais ao longo das últimas décadas demonstram uma deterioração em diversas frentes, a natureza já se volta, indignada, com tantos descasos do ser humano, a água é a nossa condição maior de sobrevivência. Portanto, é preciso adotar medidas mais eficazes para reduzir os riscos de escassez e o gerenciamento adequado nas políticas e legislações ambientais com níveis equivalentes de exigências.
Priorizar programas que capacitam as pessoas para originar mudanças de hábitos e atitudes. O cenário depende muito das informações que chegam à população, como novas atitudes em relação à utilização e reutilização desse importante recurso natural. Preservar as nascentes, mantendo a vegetação existente em torno delas e recompondo aquelas que foram eliminadas, não jogar lixo nos rios e lagos, economizar água nas atividades cotidianas, como banho, escovação de dentes, lavagem de louças, não lavar calçadas com água tratada e reutilizá-la em diversas situações. São sugestões que cada um pode desenvolver em coordenar a gestão integrada das águas.
Algumas políticas simples de gestão de água, aliadas às tecnologias apropriadas, podem ajudar a aliviar o desequilíbrio entre a oferta e a procura de água. Um exemplo disso é a reutilização das águas residuais através do tratamento dos detritos de modo a poder devolvê-las aos rios, usá-las para irrigação ou disponibilizá-las para a indústria. Estima-se que as águas residuais irrigam cerca de 20 milhões de hectares de terras em todo o mundo.
Criar incentivos a adoção de novas tecnologias e padrões de intervenção, que reduzam a poluição das águas e aumentam a disponibilidade para o uso dos consumidores, valorizar os serviços ecológicos, como a conservação das bacias hidrográficas, regulamentação das captações de água subterrâneas, reciclagem da água, dando um enfoque ainda maior na gestão da procura dentrodas fronteiras de sustentabilidade ecológica.
Contudo, o desenvolvimento humano sustentável constitui o alargamento das liberdades substantivas das pessoas do mundo atual. As políticas públicas devem visar a alteração dos sinais do mercado e dos incentivos de preços com o objetivo de conferirem maior peso à conservação, ao mesmo tempo que se envidam esforços razoáveis para evitar o risco de comprometer uma vida saudável das gerações futuras, não é algo impossível, mas sim uma necessidade. (Gilson Marcos Pagés – Professor de Geografia).