Recursos hídricos: Líquido cada vez mais precioso no planeta terra. (Parte I)
Por GILSON MARCOS PAGES | 11/05/2012 | GeografiaRecursos Hídricos: Líquido cada vez mais precioso no Planeta Terra. (parte I)
A água é fundamental para a vida. Solvente universal que cobre cerca de três quartos do nosso planeta, que circula na natureza nos estados líquido, sólido e gasoso e é um bem cada vez mais raro e escasso nos cinco Continentes do Globo Terrestre. Diante de todo o complexo de organismos vivos que o planeta terra abriga sem ela seria inviável a sobrevivência humana, as diversidades de vidas na fauna e flora. A distribuição Geográfica do volume de água na terra aproximadamente é: 97,5% da água é salgada, compreende a água dos mares e oceanos. Da parcela de água doce, 68,9% encontra-se nas geleiras, calotas polares ou em regiões montanhosas, 29,9% em águas subterrâneas, 0,9% compõem a umidade do solo e dos pântanos e apenas 0,3% constitui a porção superficial de água doce presente em rios e lagos, disponível para o consumo humano.
De forma global, a quantidade de água que temos é o suficiente para cobrir as necessidades, o problema é que alguns países têm muito mais do que outros. À escassez dos recursos hídricos pode ocorrer de: caráter físicos, econômicos ou institucional, e como acontece com as reservas de água, que pode variar no tempo e espaço. Sintomas físicos - Entre os problemas menos visíveis mais agudos, inclui-se o declínio das camadas freáticas, resultado de um ritmo de consumo de água do subsolo muito mais rápido do que aquele a que o ciclo hidrológico consegue repô-la.
De fato, a questão é crucial onde há regiões muito povoadas com pressão muito grande sobre os recursos hídricos, e existem regiões ou países poucos povoados com volume de água gigantesca, como ao Sul da Sibéria, onde se localiza o maior Lago de água doce do mundo, o Lago Baikal, concentra 20% da água doce líquida do planeta, com 31.500 km², é tão grande que se todos os rios na terra depositassem as suas águas no seu interior, levaria pelo menos um ano para enchê-lo, com profundidade de 1680m.
O Brasil e o Canadá dispõem de mais água do que aquela que consegue consumir. A América Latina com cerca de 31% dos recursos universais de água doce, têm 12 vezes mais água por habitante do que, por exemplo, a Ásia do Sul. Países como o Iémen que ocupa a extremidade sudoeste da Penísula da Arábia, a China, a índia, a região do Oriente Médio e tantos outros sofrem com a pressão da falta de água e não se beneficiam do fato de as reservas do Brasil, Canadá, ser superior e abundante. No Iémen, em partes da Índia e do Norte da China, as camadas freáticas estão a diminuir mais de 1 metro por ano.
A ameaça da falta de água tem se tornado um dos problemas em todo o Globo Terrestre, a escassez pode levar à guerra mundial alerta a Organização das Nações Unidas – ONU. Com o rápido crescimento populacional aliada com forte urbanização, o aumento do consumo, o desperdício exagerado, a poluição das águas superficiais e subterrâneas por esgotos domésticos e resíduos tóxicos provenientes da indústria e da agricultura, associado ao desmatamento em escala, são algumas das principais causas da diminuição da água potável disponível para o uso humano.
As projeções apontam que regiões como o Oriente Médio e a África, a escassez, a disponibilidade de água, será motivo de confronto e tensão nestes territórios e tendem a se agravar com o decorrer dos tempos, além disso, é possível novos conflitos internacionais nas próximas décadas, demarcando a nova Geopolítica da água.
Quanto vale a água?Controlar o uso da água significa deter poder, os conflitos do século XXI poderão ser travados por causa de água, de acordo com a ONU, 55% da população mundial convivem com fontes poluídas, ou que não terá a cota diária mínima de 50 litros por pessoa, e nos próximos 25 anos, 2,7 bilhões de pessoas poderão viver em regiões de seca crônica. Em 2025, cerca de um terço dos países poderá ter o comprometimento de suas atividades de cunho econômico devido à falta de água, e mais de 3 mil milhões de pessoas poderão viver em países sujeitos a pressão sobre os recursos hídricos.
Outro dado preocupante revelado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF e da Organização Mundial da Saúde – OMS, cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo, não conta com os serviços de saneamento básico e que, menos da metade da população mundial tem acesso à água potável, ou seja, não possuem sistema adequado de abastecimento de água, que afeta as nações pobres e em desenvolvimento. A falta da qualidade da água é responsável por diversas internações, devidas as doenças transmitidas pela água e que matam milhões de pessoas no mundo todo.
Importante destacar que a região do Oriente Médio, cada pessoa tem em média aproximadamente 1.200 metros cúbicos de água, somente o Irã, o Iraque, o Líbano e a Turquia se encontra acima deste mínimo. Os Palestinos, na faixa de Gaza, enfrentam uma das mais agudas crises de falta de água do mundo inteiro, são cerca de 320 metros cúbicos por pessoa.
Na África Subsaariana, onde os níveis de miséria, pobreza e vulnerabilidade são grandes, revela a complexidade e a dimensão da ameaça e a insegurança dos recursos hídricos, nesta região, vivem cerca de 500 milhões de habitantes, quase um quarto vivem pressionados pela escassez de água e são números que tendem aumentar no decorrer deste século, devido as alterações climáticas, onde grandes parcelas da região tornar-se-ão mais secas. Como a maioria da população esta concentrada na zona rural e dependem da agricultura para sobreviver, a disponibilidade de água é cada vez menor, é uma crescente ameaça de episódios de fome crônica, como irá viver toda essa gente? Ou não viverá.
A China vem se destacando no cenário mundial, com seu rápido crescimento econômico, seus produtos estão espalhados em todo o mundo, com isso, fez aumentar as necessidades de água, o país pode se tornar uma das próximas vítimas mundiais do “estresse hídrico” por se tratar do país mais populoso do planeta, cerca de 20% da população mundial e apenas 7% de recursos hídricos globais. È um drama que atinge mais da metade das cidades chinesas. Segundo dados do Banco Mundial, caso a China continue a crescer demográfica e economicamente como hoje, 30 milhões de chineses estarão sem água em 2030.
Os dados em relação à China é preocupante, um de cada três moradores não tem acesso a água potável ou de qualidade, as medidas dos reservatórios vêm caindo um metro ou mais por ano, principalmente no Norte da China, onde tem menos de um quarto das disponibilidades de água por pessoa em comparação ao Sul do país. As diferentes formas de pressão e débitos de água esta sendo letal entre os caudais fluviais em declínio, lençóis freáticos, o aumento da poluição, deu origem a uma séria crise de água em grandes proporções. Esta crise não ameaça apenas retrair o futuro crescimento econômico, ela também representa uma séria ameaça à segurança alimentar, à redução da pobreza e à futura sustentabilidade ecológica, figurando perversamente nas contabilidades nacionais como meras conseqüências desse crescimento.
Contudo, a gestão integrada dos recursos hídricos é um desafio tanto dos governos e da sociedade a tomar consciência do valor da água. É preciso garantir novas políticas públicas como: o desenvolvimento de uma estratégia nacional, adaptar os padrões de consumo e a disponibilidades existentes, com atenção as necessidades ambientais. Acabar com os subsídios perversos e repensar o preço da água, garantir leis ambientais fortes que punem os poluidores, seria uma forma de reduzir as pressões atuais, os riscos e vulnerabilidades de grande parte da humanidade sobre os recursos hídricos. (Gilson Marcos Pagés – é Professor de Geografia)