RECREAÇÃO: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA EDUCAÇÃO INTEGRAL

Por Uellingnton dos Santos Vieira | 01/11/2017 | Educação

VIEIRA, Uellingnton dos Santos

 SCAQUETTI, Alexon Junior

SOUZA, Maria Solange Pinheiro de

Resumo: O presente artigo buscou demonstrar por meio de uma revisão bibliográfica através de livros, periódicos e artigos mostrar a importância da Recreação para o bom andamento das aulas de Educação Física Escolar. Colocando assim, que a Educação Física tem como um dos seus objetivos principais o desenvolvimento da consciência corporal, que nada mais é que o conhecimento do seu próprio corpo, das suas limitações, da sua capacidade física e mental para desenvolver qualquer atividade e buscar superar seus limites naturais, usando desta maneira a recreação como um alicerce pedagógico para que possamos chegar neste objetivo proposto. A recreação não pode ser apenas uma atividade ou meio pedagógico isolado do demais, mas que deve ser englobado diretamente em todas as atividades que possam ser realizadas durante o decorrer do ano letivo. Assim, vemos que a Recreação é de suma importância para o desenvolvimento afetivo, social, cognitivo, físico, motor e proporciona aos seus participantes a construção da autonomia e do trabalho em grupo, além do respeito às limitações dos seus colegas, construindo juntamente com a criança um desenvolvimento integral de suas ações.

Palavras-chave: Recreação, Jogos Lúdicos, Educação Física e Criança.

1 INTRODUÇÃO

Diante dos debates a cerca da Educação Física escolar decidimos elaborar uma pesquisa para elucidar a importância da recreação como meio educacional dentro das aulas de educação física na escola, demonstrando os benefícios desta prática para o desenvolvimento do aluno, se baseando em estudo bibliográficos a cerca deste tema, buscando entender os benefícios que a prática da recreação proporciona para nossos alunos durante as aulas de Educação Física escolar.

Assim sendo visando os possíveis benefícios desta atividade dentro das aulas de educação física escolar, pois a atividades recreativas possibilita uma gama de opções e de alternativas para um bom desenvolvimento da aula e também possui uma grande participação por parte dos alunos, devido ao fim não esportivo e agregador, onde todos os alunos sem exceção são capazes de desenvolver e usufruir de seus benefícios físicos, motores, sociais, culturais e afetivos.

2 MATERIAS E MÉTODOS UTILIZADOS

Este trabalho será realizado totalmente de forma de revisão bibliográfica, para demonstar a importância da Recreação dentro das aulas de Educação Física Escolar, sendo uma pesquisa qualitativa documental, segundo Gil (2002, p.44), “[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, onde será realizado uma pesquisa para esclarecer e detalhar como a recreação pode ajudar no desenvolvimento físico, afetivo, motor, social, intelectual e principalmente nas interações interpessoais e na formação de um cidadão participativo dentro de sua comunidade escolar e familiar.

Neste estudo bibliográfico foi realizado a pesquisa em diversos meios, como livros, artigos de periódicos, google acadêmico e revistas, elaborando assim uma revisão bibliográfica sobre a historia da Educação Física e principalmente sobre a importância da recreação como alicerce pedagógico no desenvolvimento integral da criança e adolescente.

3 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

3.1 Militarismo.

Educação Física Escolar durante toda sua história teve uma constante busca por ideal a ser seguido e trabalhado por seus profissionais. Desta forma ela passou por diversas transformações durante a sua evolução histórica, um dos momentos que marcou a sua evolução foi à vinculação da Educação Física com o militarismo no âmbito escolar, que trazia com ela diversos deveres cívicos, de disciplina, atividades físicas e a higienização. Este conceito surgiu nos países europeus com a necessidade de preparar seus homens para possíveis guerras e para a defesa de sua soberania. Outro conceito muito difundido durante esta evolução foi o Esportivismo, que tinha como meta a busca de atletas para defender e representar seus países nas Olimpíadas e em Campeonatos Mundiais, desta maneira o esporte era considerado o ponto central da Educação Física Escolar e tinha como enfoque central a formação de atletas e cidadãos, assim como ver em: ENDERLE & MORAIS JUNIOR (2009).

3.2 Psicomotricidade.

Após estes momentos de militarização e da busca de atletas para a defesa de seus países, surge um novo conceito de Educação Física Escolar. O de Psicomotricidade que aborda o desenvolvimento físico e mental, não levando em consideração somente o desenvolvimento físico e motor do indivíduo, mas sim o desenvolvimento total da criança com a interação do corpo e da mente, de uma forma que houve uma união destas duas partes em um todo.

Assim alguns autores defendem diversas definições para Psicomotricidade, na sua fase inicial se dava ênfase no corpo e nos seus aspectos neurológicos, anatômicos e locomotores, mas nos dias atuais a Psicomotricidade é entendida como a ação consciente do corpo e da mente.

VAYER (1986) apud MOLINARI & SENS (2002): A educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da Educação Física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança.

AJURIAGUERRA (1970) apud MOLINARI & SENS (2002): É a ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e harmonioso.

COSTE (1978) apud MOLINARI & SENS (2002): É a ciência encruzilhada, onde se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos e linguísticos.

Podendo assim dizer que a Psicomotricidade nada mais é que a educação pelo movimento, levando em consideração os fatores externos e internos que atingem o aluno, que podem assim influenciar no seu desenvolvimento dentro e fora do âmbito escolar.

 

 

3.3 Recreação: uma nova perspectiva.

 

Mesmo com o conceito de Psicomotricidade em destaque dentro da área de Educação Física Escolar, surge uma nova ideia de Educação Física. A Recreação, que veio para trabalhar a inclusão social dentro das aulas de Educação Física Escolar, pois como podemos ver nos conceitos citados anteriormente se dava uma grande importância para o esportivismo e a cultura do corpo como forma de obtenção e manutenção da saúde do corpo e da mente.

Podemos destacar assim que a Educação Física tem como um dos seus objetivos principais o desenvolvimento da consciência corporal, que nada mais é que o conhecimento do seu próprio corpo, das suas limitações, da sua capacidade física e mental para desenvolver qualquer atividade e buscar superar seus limites naturais BUCZEK, (2010) pg.9, de modo que a recreação veem de frente a este objetivo, pois respeita os limites da criança e possibilita que o mesmo desenvolve e realize as atividades propostas de acordo com suas possibilidades físicas e motoras. Permitindo a vivência de diversas práticas corporais, de maneira lúdica e prazerosa, que possibilita que a criança desenvolva a expressão, a criatividade, a autodescoberta, a promoção social e consequentemente o sentimento de pertencimento, isso significa que devemos então construir atividades e situações para que nossos alunos possam criar e perceber de forma critica e construtiva todas as manifestações culturais e sociais que estão interligadas a estas atividades e jogos recreativos GONÇALVEZ, PINTO & TEUBER, 2009.

 

ENDERLE & MORAIS JUNIOR (2009) descreve a recreação e seus conceitos, dizendo que:

 

 

A palavra recreação provém do verbo latino Recreare, que significa recrear, reproduzir, renovar. E compreendera as atividades espontâneas, criadoras e prazerosas, que a pessoa busca para ocupar melhor seu tempo livre.

 

 

Já para ROSSEAU (1712-1771) apud  LIMA coloca que a:

 

 

...recreação é a “liberdade total da criança, não se deve obrigar o aluno a ficar quando não quiser ir e não constrangê-lo a ir, quando quer ficar. O aluno deve ser educado por e apara liberdade. É preciso que saltem, corram, gritem quando tiver vontade”.

 

 

 

Desta forma vemos que a recreação pode proporcionar diversos benefícios nas áreas psicomotora, cognitiva e afetiva da criança, pois não limita e nem submete a criança a realizar atividades que a mesma não deseja realizar. Possibilitando um ganho na capacidade de se expressar, agir e pensar, isso proporciona ao professor e ao aluno mais liberdade de comunicação entre os mesmos. Esta comunicação ajuda ao professor a elaborar atividades e brincadeiras dentro do contexto que estes alunos estão inseridos, respeitando a individualidade de cada aluno e da comunidade pertence, colocando o brincar recreativo como meio norteador para este processo.

Dentro da recreação devemos ressaltar principalmente o ato de brincar, assim:

 

O indivíduo que brinca é espontâneo, e no ato de brincar, a realidade é transformada, personagens e mundos de ilusão são criados, colocando-se diante de desafios, riscos, de imprevistos, de suspense.  O jogo lúdico apresenta uma dimensão humana que proporciona alegria e euforia a criança ao perceber suas possibilidades e a oportunidade de representá-las e retratá-las. SANTIN (1990, p.27).

 

 

Desde a criação e da promulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), veem se discutindo as suas colocações sobre a Educação Física Escolar dentro das series iniciais do Ensino Fundamental, assim:

 

 

Julga-se adequado nos dois primeiros ciclos uma ênfase nas atividades lúdicas por meio de jogos e brincadeiras, considerando os perigos de uma especialização técnica precoce e seus efeitos decorrentes. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1998).

 

 

Assim podemos considerar a recreação ou atividade lúdica de suma importante para a construção e desenvolvimento motor, físico, psicológico e social da criança, pois na recreação não se leva em consideração apenas o nível de destreza que a criança realiza a atividade, mas sim a participação e interação desta criança com seus colegas. Sendo que a recreação pode ser considerada um pré-requisito para o aprendizado futuro de modalidades esportivas, ou seja, é o alicerce que sustenta e possibilita o desenvolvimento de habilidades específicas que serão utilizados do contexto do esporte escolar.

Desta maneira é dever do professor proporcionar um ambiente saudável para sua prática cotidiana, sendo dever deste tornar a aula prazerosa e atrativa para seus alunos, possibilitando que esta criança se torne um sujeito critico e ciente das suas ações motoras, físicas e sociais dentro do ambiente que ela esta inserida (BEZERRA, 2006, p 5).

A recreação é muito importante no ambiente escolar, pois durante os anos iniciais da criança na escola, se interessa por realizar atividades voltadas para área motora, como corridas, salto e brincadeiras, e somente a partir dos oito anos que começam as práticas esportivas e assim o professor deve incluir os jogos e brincadeiras recreativas como auxilio para estas atividades. Desta maneira, o professor deve adequar as suas aulas e trabalhar o esporte de forma recreativa e não coloque regras mais rígidas e nem cobre exatidão na realização destas atividades, possibilitando assim o interesse da criança pela prática da Educação Física de uma maneira simples e divertida. Com a colocação deste enfoque nas aulas de Educação Física Escolar o profissional deve montar sua aula de forma que atenda as necessidades e interesses de seus alunos, assim a sua aula deverá ser montada de forma recreativa, lúdica, dinâmica e interessante, e jamais o professor realizará brincadeiras sem um foco norteador para sua aula, estas brincadeiras devem transmitir os conteúdos que ajudem no desenvolvimento motor e intelectual desta criança. MONTEIRO (2008).

Oportunizar os jogos e brincadeiras recreativas durante a infância proporciona ao professor informações do desempenho físico, motor, cognitivo, afetivo e social, demonstrando de forma clara que estágio cognitivo, seu nível de desenvolvimento motor e físico, além de possibilitar que o professor identifique o senso moral e ético que a criança possui por meio das suas vivências durante a atividade que esta sendo realizado, desta maneira o educador pode intervir de maneira adequada para que a criança possa corrigir pequenas falhas morais e éticas que possam vir nas suas relações interpessoais construídas durante a aula, assim como podemos ver em FRIEDMANN, 1996.

Para que recreação aconteça de fato é necessário um profissional qualificado e que esteja atento às necessidades de seu publico alvo, assim podemos dizer que para ser um bom professor ou educador é preciso que o profissional viva oque ele esta transmitindo para seus alunos, em condição de participante da atividade, escutando o interesse de todos seus alunos, procurando desta maneira intervir com eficiência na solução possíveis problemas que possam surgir durante as atividades dirigidas, sendo que seu trabalho deve trazer para criança uma sensação de bem estar, onde o individuo possa aproveitar o melhor possível de todas as interações que são possíveis durante as atividades e jogos recreativos desenvolvidos durante as aulas de Educação Física escolar (CAMPOS; GONÇALVES; VIANNA, 1998 p. 48).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No presente artigos buscamos demonstrar a importância da recreação para a Educação Física Escolar e como esta vertente pode ser usados em benefícios das praticas do professor e no desenvolvimento integral da criança e do adolescente. Devendo considerar que é direito da criança ao lazer e a brincadeira, que esta deve estar presente no cotidiano de nossas crianças, estes jogos e brincadeiras possibilita que a criança comece a construir suas próprias possibilidades por meios do conhecimento que a mesma já tem e dos novos que possam vir a surgir por meio destas atividades que são propostas pelo professor.

Assim sendo visando os possíveis benefícios desta atividade dentro das aulas de educação física escolar, pois a atividades recreativas possibilita uma gama de opções e de alternativas para um bom desenvolvimento da aula e também possui uma grande participação por parte dos alunos, devido ao fim não esportivo e agregador, onde todos os alunos sem exceção são capazes de desenvolver e usufruir de seus benefícios físicos, motores, sociais, culturais e afetivos.

Este benefícios só poderão ser concretos se o professor souber respeitar a faixa etária de criança, a maturidade motora e intelectual que ela esta inserida e atuar diretamente em beneficio da melhoria das dificuldades de cada criança e adolescentes que ali esta em suas mãos, proporcionando a elas inúmeras novas possibilidade para seu desenvolvimento integral.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA Alexsandra Maria. Lúdico: Uma Contribuição à Aprendizagem na Educação Infantil do município de Cedro-PE SERRITA - PE 2006, p.5. Disponível em http://gracamartins.com.br/monografias/Alexsandra%20Maria%20Bezerra%20monografia.doc%20CEDRO%20PE%202006. Acessado em 10/05/2012.

BUCZEK, Maria do Rocio Marinho. Movimento, expressão e criatividade pela Educação Física: metodologia, ensino fundamental, 1º ao 5º ano. Curitiba: 2 ed. Base Editora, 2010.

CAMPOS, Luiz Claudio de A. Menescal; GONÇALVES, Maria Helena Barreto; VIANNA, Maria da Conceição de O. Lazer e recreação. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1998.

ENDERLE, Natália Trombetta; MORAIS JUNIOR, Amilton Rogério. Jogos Recreativos: O Pensar de Professores de Educação Física. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. 2010.

FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender – O resgate do jogo infantil. São Paulo: ed. Moderna, 1996.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.  4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GONÇALVEZ, Maria Cristina. PINTO, Roberto Costacurta Alves. TEUBER, Silvia Pessôa. Repessando a Educação Física: Educação para o lazer. Módulo 3. Curitiba. Equipe BNL, 2009.

LIMA, Júlio Oliveira de. Conceitos e Diferenças entre Recreação, Lazer, Jogo e Brincadeira. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. 2010.

MOLINARI, Ângela Maria da Paz; SENS, Solange Mari. A Educação Física e sua Relação com a Psicomotricidade. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. 2010.

MONTEIRO, Érica. A Recreação no Esporte. Disponível em: . Acesso em: 05 abr. 2010.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3 ed. – Brasília: A Secretaria, 2001.

SANTIN, Vilvino. Educação Física: outros caminhos. Porto Alegre: EST, 1990.

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