RECORDAR E SER FELZ
Por FRANCISCO SILVA JÚNIOR | 08/06/2020 | PoesiasRECORDAR E SER FELIZ
Autor: Francisco Silva Júnior (@juniordocordel)
Hoje acordei pensativo
Um certo ar de nostalgia
Bem diferente de outrora
Onde minha marca, era alegria.
Vislumbrei a minha idade
E senti que a mocidade
Passou sem nem perceber.
Não, eu não estou reclamando
Estou apenas relembrando
O que de bom pude viver.
E nesse mar de emoções
Fiquei assim mesmo, perdido.
Como se o tempo passado
Não fizesse qualquer sentido
Parei, pensei num instante
No conselho incessante
Que mãinha me dizia:
-Meu fi, não olha para trás
O que foi não volta mais
Relembre tudo com alegria
E nos conselhos de mãe
Procurei ver o sentido.
Rezei, de joelhos agradeci
Por tanta coisa ter vivido.
Como num trailer, relembrei
Tudo de bom que passei
Deletando o que foi ruim.
Pois nessa nossa passagem
Um dia a carruagem
Certamente chega ao fim.
Por um momento entregue
No meu espaço da maldade.
Por pouco não jogo ao lixo
Meu estoque de felicidade.
Uma enorme ingratidão
Uma facada no coração
Em tudo que conquistei.
Me entreguei ao pensamento
Lembrei de cada momento
Tudo de bom que passei.
Lembrei da voz dos meus pais
A beleza da paisagem.
Do cantar cedo do galo
Os momentos de traquinagem.
Da rede armada no canto
Dos dores, até do pranto
Por medo de ficar só.
Das histórias surreais
Dos momentos matinais
Com meu vô e minha vó.
Lembrei dos banhos no rio
De correr no mei do pasto.
A pescaria com meu pai
Com anzol, rede de arrasto.
Do almoço e da fartura
E de cada gostosura
Temperadas com o coração.
Pois mesmo com dificuldade
Passar fome, ou necessidade
Meus pais num deixavam não.
Lembrei do jogo de bola
Da bila, da baladeira.
De correr sem ter destino
Sem respeitar a fronteira.
De subir na siriguela
Descer solto na banguela
No carrinho de rolimã.
Até das perversidades
Desprovidas de maldades
Que fazia com minha irmã.
Lembrei-me do leite mugido
Das galinhas no terreiro.
Das apostas que fazia
De quem chegava primeiro.
Da chuva que castigava
Do roçado que plantava
Querendo mostrar ser gente.
Lembrei até das palmadas
E também das escapadas
Eita, como ficava contente.
Lembrei da pressa danada
Quando quinze completei.
Doido pra ser de maior
Chegou, passou, nem notei.
Embarquei no trem da vida
E depois que segue partida
Não tem quem possa parar.
Exerci meu personagem
E tudo que fiz na viagem
Não há de que reclamar.
Vi que nada acrescenta
Guardar tristeza ou rancor.
Mais vale as alegrias
Do que chorar, sentir dor.
Se podemos ser feliz
A consciência nos diz:
-Não vale a pena sofrer.
Sou dono do meu destino
Mas nem passava no sentido
Que era feliz sem saber.
A duras penas compreendi
Com o tempo, senhor da razão.
Que o importante, é agora
E dele não abro mão.
O que passou, tá passado.
Ficou somente o legado
E as lições que aprendi.
Hoje sei que o importante
É ser feliz nesse instante
E recordar o que vivi.